Samuel Georgius

Me encaixo na categoria dos que detestam musicais, com D maiúsculo. Mas também faço parte dos amantes da língua francesa, mesmo que o cara esteja xingando a minha mãe sem eu entender. E esse filme...
A oportunidade de ver aquela mulher linda da Virginie Ledoyen, uma mistura de Audrey com Natalie Portman; Catherine Deneuve, em uma pequena mostra da sua sensualidade elegante; Danielle Darrieux, dando uma palhinha da sua fase matrona no cinema (a longevidade de uma carreira de 70 anos dispensa comentários), além de Ludivine Sagnier, a sempre sensual Emmanuelle Béart, barbaridade, nem precisa de enredo encorpado, que aliás, não é nem de longe a proposta do filme. É um musical divertido, com canções tradicionais francesas, um drama sequencial simples, um filme de Sessão da Tarde mas com muita elegância, daqueles, que claro, nunca vão passar depois do Vale a Pena Ver de Novo...

De certa forma, fico feliz de ter já acompanhado esse trabalho grandioso do Peter Dinklage antes da sua merecidíssima atual badalação, com uma atuação contínua nesse filme, um personagem taciturno, que consegue ser carismático, interage muto bem com a Patricia Clarkson e um Bobby Cannavale simpático e ingênuo, bem diferente do gângster igualmente muito bem-interpretado de A Boardwalk Empire. O filme, por ser independente, se escora basicamente nas atuações, e nos diálogos. Detalhe para, entre tantas outras de mesmo nível, a impagável cena de Finbar (Dinklage) entrando na loja de conveniências da cidade aonde vai morar pela primeira vez.
Um filme de delicadeza e consistência rara pelo mainstream que importamos dos EUA. Espero que o Cinemax volte a exibi-lo qualquer dia desses...