FELICIDADE VIRTUAL
Em uma manhã de sábado, ao chegar à casa de minha mãe -em uma dessas visitas sem avisar- eu tinha percebido os curativos da cirurgia no coração feita às pressas no meio da semana, eu nem tinha desconfiado deste problema já antigo, mas que ela sempre falava pelo celular que “não é nada, meu filho”, então comecei a pensar o quanto cada vez mais nós estamos nos distanciando das pessoas, do mundo, da realidade e de nós mesmos, tem até um slogan que diz “ * VOCÊ SEM FRONTEIRAS!” é a maior mentira desse mundo!, o celular, a internet, o SMS e etc. não nos aproxima das pessoas, nos distancia. Fazia dois meses que eu não via a minha mãe apesar de eu morar a seis quarteirões da minha família, meu contato com eles e com muitos dos meus amigos se limita a “e aí, como é que vai?”... “mais tarde eu te ligo, estou meio ocupado agora”... “vê se me manda os slides por email” e assim o mundo vai passando diante de nós enquanto ficamos em frente a um computador, trancados em um quarto ou escritório em que até o clima é artificial.
Nossas crianças aprendem a digitar antes mesmo de escrever, os adolescentes aprendem que :( é estar de mau humor, e se estão felizes :), ;) :* é sinal de paquera!, tudo isso é a maior #@*!£!.
As pessoas estão precisando ir mais lá fora, sentir o cheiro da rua, gastar o tempo com o jardim, brincar nas calçadas (meu sobrinho de dez anos se orgulha de ter 3000 amigos, virtuais, em sua rede social, e o impressionante é que ele nunca teve uma cicatriz ou um arranhão no joelho!), reclamar do clima na fila do banco (aliais, eu pago minhas contas via internet), perder tempo esperando o garçom trazer a comida errada (do outro lado da cidade tem um restaurante chinês que entrega em domicílio), receber o troco errado (o mesmo restaurante aceita cartão de crédito e débito em conta), sermos vítimas de tentativas de assalto em uma parada de ônibus deserta (semana passada uma quadrilha clonou o cartão de crédito do meu tio e desviou todo o dinheiro da sua poupança, TUDO VIA INTERNET). Nos tempos atuais até os bandidos são virtuais, meu Deus! O que aconteceu com “mãos para o alto!...passe a carteira e o celular!”?. Ha! Bons tempos aqueles!.
Tudo bem eu admito: todas essas tecnologias vieram, sim, para ajudar, mas caíram na graça do maior dos defeitos humanos: O EXAGERO. Agora, se me dão licença, tenho que ir para aminha partida semanal de poker com os amigos, e não é um desses jogos em rede que você joga ao mesmo tempo com um alemão, um japonês, uma italiana, um chinês (os chineses são bons no poker, e olha que eu nunca fui para China, aliais, o restaurante chinês do outro lado da cidade pertence a uma família de cearenses)... Eu vou passar meu tempo em uma praça ou no boteco da esquina onde “as pessoas são de verdade”.
Eu não sou grande fã de filme de terror, mas adimiro quando eles exageram no ketchup rsrsrsrs