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Últimas opiniões enviadas

  • Sonic Judeu

    Recentemente eu assisti "Last Days" (2005), o filme escrito e dirigido por Gus Van Sant ("Gênio Indomável") conta a história de Blake, um músico de rock que se encontra em um poço de solidão, cuja vida cotidiana envolve amigos e familiares em busca de dinheiro e favores. A obra faz alusão ao lendário Kurt Cobain e seus últimos momentos de vida.

    É interessante começar falando sobre a semelhança que o ator Michael Pitt tem com o Kurt Cobain, nem tanto de rosto, mas o cabelo, jeito de andar e a postura ficaram bem semelhantes. Uma grande performance do ator que através da sua voz arrastada consegue deixar as emoções do personagem sempre bem claras. Reprimindo os sentimentos quando está interagindo com outras pessoas (ou murmurando sozinho) e os soltando quando canta. Os dois momentos musicais do longa (principalmente o segundo) demonstram bem isso, soando como desabafos ou pequenos gritos de liberdade.

    A obra apresenta um bom grau de realismo. O diretor (na maior parte do tempo), utiliza de planos longos e mantém a câmera distante, fazendo com que o espectador não consiga se aproximar de Blake. Além disso, a casa onde o personagem mora é afastada de tudo, dando um ar muito grande de isolamento ao longa. A fotografia meio granulada e o trabalho de som - que capta os barulhos do ambiente de forma bem natural (vide a cena da fogueira) aumentam essa sensação de realismo, dando um ar de crueza, quase como se fosse uma gravação caseira. Esse experimentalismo do Van Sant lembra bastante outro filme dele, o "Elefante". Até na forma não linear de contar a história, voltando na trama, apresentando ângulos e diferentes pontos de vista dos personagens. Ademais, os dois filmes são inspirados em tragédias reais ("Elefante" é inspirado no Massacre de Columbine).

    E bom, assistir "Last Days" foi uma experiência peculiar, acompanhar a jornada de um homem que desde o início do filme já está consumido pela solidão e depressão é realmente incômodo. O disparo efetuado no final torna-se apenas um descanso para uma alma que há muito já estava morta.

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  • Sonic Judeu

    O tcheco Jan Svankmajer é um diretor peculiar, suas obras são marcadas pelo surreal e pelo bizarro, apresentam coisas que só podem vir diretamente dos sonhos, do subconsciente humano. E com "Conspiradores do Prazer" (do original "Spiklenci slasti", 1996) a coisa não é diferente. Na obra acompanhamos um grupo de seis pessoas, aparentemente comuns, mas que possuem desejos estranhos, que, ao longo dos 83 minutos da obra serão explorados.

    Dois desses personagens são vizinhos, um homem e uma mulher, ambos fantasiam em causar lesões um no outro. Ela, pensa em exercer o papel de dominatrix, para isso constrói uma espécie de boneco à imagem de seu vizinho. Ele, por sua vez deseja fazer uma espécie de ritual para se satisfazer, com isso constrói uma boneca que se assemelha com sua vizinha, além disso ele confecciona uma roupa estranha, com asas feitas de pedaços de guarda-chuvas e uma espécie de cabeça de galinha, feita de argila e revestida de penas e recortes de revistas pornográficas. Um balconista fica obcecado por uma apresentadora de TV, enquanto constrói uma máquina com 4 mãos para o massagear. A apresentadora, por sua vez tem sua própria fantasia, envolvendo peixes. Seu marido, que é indiferente a ela, rouba materiais para construir uma espécie de rolos revestidos com penas, pregos e alfinetes, que ele esfrega em seu corpo. E por fim, uma carteira que faz bolinhas com o miolo de pães, as quais ingere pelo nariz e ouvidos.

    Uma grande marca desse diretor é a criação de uma atmosfera surreal, algo que é visto em seus dois longas anteriores "Alice" (1988) e "Faust" (1994) e que, também é visto nesse. O Svankmajer é um diretor muito visual e que busca por um valor mais sensorial em suas obras. Ele quer que o espectador sinta algo, e seja, de alguma forma impactado pelas imagens. Em Conspiradores do Prazer, filme no qual o próprio categoriza como sendo uma "Comédia de Humor Negro", existe uma busca dos personagens em se satisfazer, explorando desejos ocultos e bizarros de suas mentes. Não há linhas de diálogo no filme, o que coloca ainda mais força nas imagens exibidas, a ponto do espectador se sentir dentro daquele universo, e estar junto, observando esses estranhos personagens e seus desejos bizarros. Apesar de não ter nenhuma fala direta, a obra possui sons e uma trilha sonora para cada um dos seus personagens, que chega em seu ápice no momento em que cada um atinge o seu peculiar ato de auto-satisfação.

    Outra grande marca do cineasta é o uso de animação stop motion, marionetes e fantoches misturados com live action. Aqui, o diretor também usa esse recurso, mas bem menos se comparado com seus dois longas anteriores e seus curtas-metragens. Ainda assim, a técnica é usada de maneira bem pontual, no ápice da obra.

    Assistir a "Conspiradores do Prazer" é uma experiência estranha e ao mesmo tempo fascinante. O Svankmajer pode definir seu filme como: “Uma comédia de humor negro", e bom, não deixa de ser isso, mas é uma obra que vai muito além. É explorar, através das imagens estranhas e personagens peculiares, o que há de mais oculto nos desejos da mente humana. E é essa entre muitas outras coisas que provam a genialidade de seu realizador.

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