Renato Murakami

Perfeito para o início de uma saga.
Apesar de não ter assistido muito da série de TV que deixou o personagem tão famoso, esse primeiro OVA (animação original para vídeo) tem a história que explica porque o personagem ficou tão famoso. Ou que pelo menos explica a origem e faz jus ao nome.
É um drama violento, com ação e um romance sutil daqueles casos únicos na história da animação... e talvez do cinema em geral.
Um dos poucos materiais que estou sempre revendo de tempos em tempos por ser do tipo de história que cada vez que você assiste, vai percebendo as sutilezas e os elementos que foram cuidadosamente orquestrados para formar a obra prima.
Quando assisti a primeira vez, gostei logo de cara... está entre as histórias que me viciaram no gênero. Mas semelhante a Ghost in the Shell, não entendi tanta coisa, e até a sequência ficou um pouco confusa pra mim - a trama é linear, mas pula entre memórias dos personagens - o que pode confundir num primeiro momento.
Agora que assisti pela n-ésima vez, tenho algum conhecimento de história japonesa, do personagem, e de técnicas de cinema.
E cada vez aprecio mais. Dá pra perceber o cuidado com enquadramentos, arte, construção do diálogo, composições, mudanças de foco e mais um monte de coisa que não conhecia qdo assisti a primeira vez, mais de 10 anos atrás.
A trilha sonora de Taku Iwasaki também é perfeita. Como Joe Hisaishi para o Studio Ghibli ou Clint Mansell pros filmes de Darren Aronofsky a composição não apenas acompanha a história, mas é parte essencial e complementar.
Apesar de ser bastante subestimado por ser uma animação para vídeo de um personagem mainstream do anime, com a série de TV como veículo principal, diria que é uma obra bastante diferente do que a maioria espera.
Mas a história transcende o gênero, e está na lista dos que recomendo mesmo pra quem não gosta de animação japonesa, ou não seja um fã como eu.

Extremamente desanimador, mas um dos documentários mais importantes, interessantes, com conteúdo mais relevante que devo ter visto nesta década... e quem sabe em toda uma vida.
Não sei se vai ser algum dia trazido para o Brasil, mas espero que sim.
O documentário é dividido em 3 partes, e em linhas gerais acompanha uma filosofia que nasceu junto a popularização dos computadores, e que apesar de ainda estar no subconsciente de muita gente, acaba caindo por terra pelos acontecimentos atuais - como mostrado no documentário.
A filosofia está no título: Uma ideia de que os computadores serão veículo de um futuro perfeito, que estes trarão ordem ao caos da natureza humana, e que seriam como um deus que observa e regula o funcionamento da sociedade.
O primeiro episódio trata especificamente da economia, focando em figuras como Alan Greenspan, Bill Clinton e a filósofa e autora Ayn Rand.
O segundo episódio faz ligação do tema com a natureza e a crença de que na natureza existiria um balanço natural que poderia ser decodificado e adaptado para computadores. Também mostra tentativas de sociedades alternativas (popular comunidades hippies) criadas nos anos 60 com forma descentralizada de poder que falharam em suas propostas em pouco tempo.
O terceiro e ultimo episódio discorre sobre temas como violência, exploração e conflitos em países do continente Africano, eugenia, a teoria do gene egoísta de Richard Dawkins, religião e outros temas bem conhecidos e polêmicos.
O documentário termina com a ideia fatalista de que seres humanos são como computadores controlados por genes, e por isso incapazes de "mudar o mundo".

O documentário é denso em filosofia, conteúdo e cultura.
E no final, você sente como se tivesse levado um soco no estômago.
É fatalista, porém extremamente relevante.
Para levar humildade para quem acredita demais na raça humana, e talvez para fazer pensar aqueles que discordam do conteúdo e ainda pensam em formas de mudar o mundo - ainda que seja apenas o nosso mundo.

As atuações são convincentes, o que é de se esperar de Adrien Brody e Forrest Whitaker.
E com certeza é um filme que vale a pena assistir. Porque pelo menos até certo ponto, é um filme muito bom que realmente faz pensar.

Existem pontos negativos, mas dá pra relevar.
Só fica um aviso - existe um original alemão que talvez não seja tecnicamente tão bom, mas que talvez não peque na ideia geral do filme:

É baseado em uma experiência que realmente aconteceu -

Daquelas histórias que colocam em reflexão certos temas que ou são tabus, ou são sensíveis, ou amplamente ignorados pela sociedade - o que provoca diversos efeitos perversos. Lembra do que nós somos ou podemos nos tornar em determinadas situações. E talvez seja uma lição de humildade pra alguns.

Me lembra de Die Welle.