Esse filme tem uma crítica sutil incrível às normas sociais, utilizando-se do cinismo. Se você for vê-lo de forma literal, vai terminar se prendendo somente ao aparente absurdo, que nada mais é, de forma metafórica, do que a realidade em que vivemos: da busca desenfreada por um(a) parceiro(a), quase como se fosse o sentido de nossas vidas, mesmo que isso implique que abdiquemos de nossas próprias convicções internas(vide apps de relacionamento e seus algoritmos detectores de 'afinidades'). Mas, ao mesmo tempo, mostra que o ser humano também não pode viver como um eremita, negando seus próprios instintos de socialização e reprodução.
Mesmo sendo rebelde do sistema, a personagem David constata a carência quase genética do ser humano por relacionamentos e, por trás da aparente liberdade do grupo rebelde, havia mais um outro sistema de poder e controle.
A maestria desse filme se define nos contrastes: por trás de toda a beleza da Ilha, das cores, dos sorrisos nos rostos das pessoas, da leveza com que elas levam a vida, se esconde uma verdadeira Ilha dos horrores, e o mais impressionante é ver que as crianças participam daquela maluquice toda. Você no final ainda pensa que 'só pode ser de brincadeira aquilo tudo', mas aí vê que a 'coisa' é literal mesmo. Bom filme!
O filme é bem interessante, mostrando a fragilidade das relações humanas e a frieza que aos poucos vamos incorporando ao nos tornarmos adultos, essa representada pelas cores bege e cinza em praticamente 100% dos cenários, além da cor pálida das personagens, como se elas fossem quase zumbis. Outro ponto forte é o sucesso dos autores em transmitir o deslocamento das 2 personagens principais, contrastando seus aspectos melancólicos com os seus trabalhos na área do entretenimento. Eu, pelo menos, cheguei a sentir constrangimento ao vê-los apresentando seus produtos. O ponto fraco foi que, apesar de toda a boa crítica, faltou um enredo mais consistente pra prender o espectador, porque em alguns momentos dá uma cansada. Apesar disso, não mancha a boa impressão que me causou.
Acredito que pra muitos esse filme possa ser desconfortável porque o cerne de todo o drama mexe com muitos valores sociais. Às vezes é mais fácil fingir que está tudo bem, que determinados acontecimentos em nossas vidas não passaram de um mal entendido ou que a vida pode ser tocada sem problemas. Considerar que 'Festen' é exagerado é tentar negar que a realidade pode ser dura para várias pessoas. Um filme em que a hipocrisia é exposta de forma escancarada(tudo em prol dos 'bons costumes') com a coragem de Christian. Um dos melhores filmes que vi nos últimos meses.
Lição do filme: "Não convide a garota dos seus sonhos pra assistir um pornô no primeiro encontro"
Brincadeiras à parte, o filme é bem cru e real, retratando a situação da marginalização que algumas pessoas viviam naquela época em NY. Vejo muita gente criticando Taxi Driver por ser overrated, mas o filme mostra a perspectiva de um louco, essa é a verdade. Então, lógica não pode ser muito exigida nesse filme, já que o Travis Bickle é um doido varrido haha. Mas faltou uma linha de raciocínio sim: em alguns momentos, o Travis parecia não saber exatamente o que queria. Mesmo sendo 'lelé', ele poderia ter um plano bem bolado. Outro ponto fraco desse filme foi a trilha sonora, que se repetia em vários momentos fora de contexto(a mesma música tocava em momentos de tristeza, apreensão, ou quando a bela Betsy aparecia). Fora isso, acho que é um bom filme sim.
O filme é bem interessante, levantando muitos pontos sobre religião e ciência. A postura do diretor foi excelente, porque ele não escolheu nenhum dos lados. Levanta a ideia de que a ciência não é infalível; ciência essa que, ironicamente, está se tornando uma verdadeira religião atualmente. A personagem Sofi representa o lado intuitivo que Dr. Ian Gray precisa desenvolver mais, já que ele é muito racional. A minha crítica 'negativa' é apenas a forçação de barra em algumas situações do filme, além de não conseguir fugir daquela ideia de amor idealizado, alma gêmea, e etc. Mas o importante é passar a mensagem, e I Origins conseguiu!
Nightcrawler surpreende justamente porque, ao contrário da maioria dos filmes, temos como personagem principal um verdadeiro sociopata, ao contrário do já batido 'bom moço'. O filme se desenrola num fluxo doentio, que é justamente o que passa na mente de Lou Bloom: obter o sucesso a qualquer custo, sem medir as consequências e com uma frieza incrível. À medida que os eventos acontecem, impossível não bater aquele pensamento moldado pelo cinema mainstream: "esse cara tem que se ferrar no final!". O que temos é pura realidade nesse filme. Sem falar no aspecto vampiresco(rosto pálido, olhos fundos, cabelo lambido) muito bem representado em Jake Gyllenhaal. Não é genial, mas muito bom!
Confesso que me assustei com o cenário de Dogville no início rs. E fiquei pensando: "como ter conteúdo em 178 min. num 'galpão' desses?!". Mas Lars von Trier conseguiu inserir esse conteúdo, criando uma obra de arte, na minha humilde opinião. Acho que acima de qualquer enredo ou lição que a gente possa tirar do filme, Dogville consegue desnudar as personagens verdadeiramente, justamente por sobrepô-las ao cenário em que vivem. As casas, construções, ruas, são apenas linhas, que representam as leis, normas, os valores da 'sociedade'. São projeções, idealizações de realidade, enquanto que as pessoas é que são reais, intensas. Bom filme!
Adotando uma visão mais científica poderíamos raciocinar:
Aquele frio no estômago, os arrepios, uma felicidade sem explicação, a sensação de ser querido, e outras sensações maravilhosas seriam apenas um belo coquetel hormonal entorpecendo nossas percepções, engenhosamente planejado pela natureza para nos induzir a cumprir seu objetivo principal: perpetuar a espécie.
Adotando uma visão mais mística:
Existe 'algo a mais' além de toda essa sopa orgânica que nos compõe. Algo divino, escrito nas estrelas, previsto nas cartas do tarô e nas casas zodiacais, e engendrado nos alinhamentos dos corpos celestes.
Eu levantaria uma questão que ao mesmo tempo pode ser resposta:
Será que o Amor não passa de um fenômeno psicossocial de espelhamento, onde refletimos no outro as nossas idealizações, e através de uma concretização de relacionamento nos sentimos aceitos por nós mesmos, no fim das contas? Talvez por isso existam tantas separações, decepções ou uniões infelizes, por conta desse choque 'idealização x realidade', onde percebemos o quanto o outro é demasiadamente humano e tão frágil quanto nós mesmos. Afinal, buscamos alguém ou algo na outra pessoa? Buscamos alguém para 'aprender junto, errar junto, crescer junto'? Ou buscamos apenas a sensação de aceitação, de ouvir o que queremos ouvir, de exclusividade, como uma criança mimada querendo o seu brinquedo?
Esse filme aborda de uma forma quase agonizante essa última reflexão, e apesar de mostrar um futuro hipotético, não deixa de estar contextualizado com a nossa realidade virtual contemporânea, onde aplicativos vêm se tornando mais reais que nós mesmos. Um exemplo claro é o app Lulu, que praticamente reduz toda a complexidade psicológica, orgânica e social a números frios e calculistas, pixelizados numa tela de celular. A representação metafórica no filme desse exemplo que dei é a personagem Isabella, que apesar de ser de 'carne e osso' se subjugou a uma abstração computacional, no caso, Samantha. Creio que um filme necessário, no momento certo, levantando alguns pontos que parecem estar ganhando forma na realidade, e que nos conduzem a um futuro bem sombrio.
O Lagosta
3.8 1,4K Assista AgoraEsse filme tem uma crítica sutil incrível às normas sociais, utilizando-se do cinismo. Se você for vê-lo de forma literal, vai terminar se prendendo somente ao aparente absurdo, que nada mais é, de forma metafórica, do que a realidade em que vivemos: da busca desenfreada por um(a) parceiro(a), quase como se fosse o sentido de nossas vidas, mesmo que isso implique que abdiquemos de nossas próprias convicções internas(vide apps de relacionamento e seus algoritmos detectores de 'afinidades'). Mas, ao mesmo tempo, mostra que o ser humano também não pode viver como um eremita, negando seus próprios instintos de socialização e reprodução.
Mesmo sendo rebelde do sistema, a personagem David constata a carência quase genética do ser humano por relacionamentos e, por trás da aparente liberdade do grupo rebelde, havia mais um outro sistema de poder e controle.
O Homem de Palha
4.0 483 Assista AgoraA maestria desse filme se define nos contrastes: por trás de toda a beleza da Ilha, das cores, dos sorrisos nos rostos das pessoas, da leveza com que elas levam a vida, se esconde uma verdadeira Ilha dos horrores, e o mais impressionante é ver que as crianças participam daquela maluquice toda. Você no final ainda pensa que 'só pode ser de brincadeira aquilo tudo', mas aí vê que a 'coisa' é literal mesmo. Bom filme!
Um Pombo Pousou Num Galho Refletindo Sobre a Existência
3.6 267 Assista AgoraO filme é bem interessante, mostrando a fragilidade das relações humanas e a frieza que aos poucos vamos incorporando ao nos tornarmos adultos, essa representada pelas cores bege e cinza em praticamente 100% dos cenários, além da cor pálida das personagens, como se elas fossem quase zumbis. Outro ponto forte é o sucesso dos autores em transmitir o deslocamento das 2 personagens principais, contrastando seus aspectos melancólicos com os seus trabalhos na área do entretenimento. Eu, pelo menos, cheguei a sentir constrangimento ao vê-los apresentando seus produtos. O ponto fraco foi que, apesar de toda a boa crítica, faltou um enredo mais consistente pra prender o espectador, porque em alguns momentos dá uma cansada. Apesar disso, não mancha a boa impressão que me causou.
Festa de Família
4.2 396 Assista AgoraAcredito que pra muitos esse filme possa ser desconfortável porque o cerne de todo o drama mexe com muitos valores sociais. Às vezes é mais fácil fingir que está tudo bem, que determinados acontecimentos em nossas vidas não passaram de um mal entendido ou que a vida pode ser tocada sem problemas. Considerar que 'Festen' é exagerado é tentar negar que a realidade pode ser dura para várias pessoas. Um filme em que a hipocrisia é exposta de forma escancarada(tudo em prol dos 'bons costumes') com a coragem de Christian. Um dos melhores filmes que vi nos últimos meses.
Taxi Driver
4.2 2,5K Assista AgoraLição do filme: "Não convide a garota dos seus sonhos pra assistir um pornô no primeiro encontro"
Brincadeiras à parte, o filme é bem cru e real, retratando a situação da marginalização que algumas pessoas viviam naquela época em NY. Vejo muita gente criticando Taxi Driver por ser overrated, mas o filme mostra a perspectiva de um louco, essa é a verdade. Então, lógica não pode ser muito exigida nesse filme, já que o Travis Bickle é um doido varrido haha.
Mas faltou uma linha de raciocínio sim: em alguns momentos, o Travis parecia não saber exatamente o que queria. Mesmo sendo 'lelé', ele poderia ter um plano bem bolado. Outro ponto fraco desse filme foi a trilha sonora, que se repetia em vários momentos fora de contexto(a mesma música tocava em momentos de tristeza, apreensão, ou quando a bela Betsy aparecia). Fora isso, acho que é um bom filme sim.
O Universo No Olhar
4.2 1,3KO filme é bem interessante, levantando muitos pontos sobre religião e ciência. A postura do diretor foi excelente, porque ele não escolheu nenhum dos lados. Levanta a ideia de que a ciência não é infalível; ciência essa que, ironicamente, está se tornando uma verdadeira religião atualmente. A personagem Sofi representa o lado intuitivo que Dr. Ian Gray precisa desenvolver mais, já que ele é muito racional. A minha crítica 'negativa' é apenas a forçação de barra em algumas situações do filme, além de não conseguir fugir daquela ideia de amor idealizado, alma gêmea, e etc. Mas o importante é passar a mensagem, e I Origins conseguiu!
O Abutre
4.0 2,5K Assista AgoraNightcrawler surpreende justamente porque, ao contrário da maioria dos filmes, temos como personagem principal um verdadeiro sociopata, ao contrário do já batido 'bom moço'. O filme se desenrola num fluxo doentio, que é justamente o que passa na mente de Lou Bloom: obter o sucesso a qualquer custo, sem medir as consequências e com uma frieza incrível. À medida que os eventos acontecem, impossível não bater aquele pensamento moldado pelo cinema mainstream: "esse cara tem que se ferrar no final!". O que temos é pura realidade nesse filme. Sem falar no aspecto vampiresco(rosto pálido, olhos fundos, cabelo lambido) muito bem representado em Jake Gyllenhaal. Não é genial, mas muito bom!
Eles Vivem
3.7 728 Assista AgoraFilme bacana! Boa crítica, mesmo que de uma forma meio caricata. Engraçada a parte que o John Nada tenta convencer o amigo a usar os óculos haha
Dogville
4.3 2,0K Assista AgoraConfesso que me assustei com o cenário de Dogville no início rs. E fiquei pensando: "como ter conteúdo em 178 min. num 'galpão' desses?!". Mas Lars von Trier conseguiu inserir esse conteúdo, criando uma obra de arte, na minha humilde opinião. Acho que acima de qualquer enredo ou lição que a gente possa tirar do filme, Dogville consegue desnudar as personagens verdadeiramente, justamente por sobrepô-las ao cenário em que vivem. As casas, construções, ruas, são apenas linhas, que representam as leis, normas, os valores da 'sociedade'. São projeções, idealizações de realidade, enquanto que as pessoas é que são reais, intensas. Bom filme!
O Labirinto do Fauno
4.2 2,9KCom certeza não é um conto de fadas infantil. E é um prato cheio para psicólogos e gnósticos.
Ela
4.2 5,8K Assista AgoraEsse filme nos faz pensar: o que é o Amor?
Adotando uma visão mais científica poderíamos raciocinar:
Aquele frio no estômago, os arrepios, uma felicidade sem explicação, a sensação de ser querido, e outras sensações maravilhosas seriam apenas um belo coquetel hormonal entorpecendo nossas percepções, engenhosamente planejado pela natureza para nos induzir a cumprir seu objetivo principal: perpetuar a espécie.
Adotando uma visão mais mística:
Existe 'algo a mais' além de toda essa sopa orgânica que nos compõe. Algo divino, escrito nas estrelas, previsto nas cartas do tarô e nas casas zodiacais, e engendrado nos alinhamentos dos corpos celestes.
Eu levantaria uma questão que ao mesmo tempo pode ser resposta:
Será que o Amor não passa de um fenômeno psicossocial de espelhamento, onde refletimos no outro as nossas idealizações, e através de uma concretização de relacionamento nos sentimos aceitos por nós mesmos, no fim das contas? Talvez por isso existam tantas separações, decepções ou uniões infelizes, por conta desse choque 'idealização x realidade', onde percebemos o quanto o outro é demasiadamente humano e tão frágil quanto nós mesmos. Afinal, buscamos alguém ou algo na outra pessoa? Buscamos alguém para 'aprender junto, errar junto, crescer junto'? Ou buscamos apenas a sensação de aceitação, de ouvir o que queremos ouvir, de exclusividade, como uma criança mimada querendo o seu brinquedo?
Esse filme aborda de uma forma quase agonizante essa última reflexão, e apesar de mostrar um futuro hipotético, não deixa de estar contextualizado com a nossa realidade virtual contemporânea, onde aplicativos vêm se tornando mais reais que nós mesmos. Um exemplo claro é o app Lulu, que praticamente reduz toda a complexidade psicológica, orgânica e social a números frios e calculistas, pixelizados numa tela de celular. A representação metafórica no filme desse exemplo que dei é a personagem Isabella, que apesar de ser de 'carne e osso' se subjugou a uma abstração computacional, no caso, Samantha. Creio que um filme necessário, no momento certo, levantando alguns pontos que parecem estar ganhando forma na realidade, e que nos conduzem a um futuro bem sombrio.