Ah, se as paixões e o acaso fossem assim tão cinematográficos!
Delicioso filme à la Cassavetes/Nouvelle Vague, uma obra que tão despretensiosamente me reacendeu o apetite pelo cinema. Estava precisando disso há um bom tempo...
Essencial assistir ao City on Fire, do diretor de Hong Kong Ringo Lam, de 1987.
O Tarantino é conhecido por pegar várias referências de seus filmes favoritos, seja nos nomes dos personagens, uma cena específica, uma frase de efeito, mas neste caso, e neste caso especificamente, ele foi um pouco além: o roteiro do City on Fire é idêntico ao Cães de Aluguel. Lembro-me que um cara ficou tão bravo que fez até um site denunciando o plágio. Se quiserem ver a comparação, vejam também o vídeo Who Do You Think You're Fooling? no youtube, não coloco o link aqui para o Filmow não bloquear.
Porém, o Cães de Aluguel é muito melhor, como filme, se analisarmos isoladamente. O tratamento cinematográfico, a direção, os diálogos, as referências pop e, principalmente, a narrativa não-linear, foram méritos do Tarantino em si. No City on Fire, a trama é contada cronologicamente, da maneira convencional até então.
É meu segundo favorito do Tarantino, ficando atrás do Pulp Fiction apenas; apenas acho que seria mais honesto ter creditado os autores do City on Fire no roteiro, portanto, dividindo os lucros e prestígios com eles. O Harvey Keitel aceitou bancar o projeto de tanto que ele gostou do roteiro até!
Nos Estados Unidos o filme terá a versão roadshow, com a apresentação em 70mm, Overture e Interlude, com um folheto do programa que irão assistir, assim como no cinema hollywoodiano dos anos 50. Infelizmente não teremos nada disso no Brasil. Apenas a versão digital, cortada e sem introduções e intervalos. Uma pena, pois tudo isso influenciou muito a experiência do filme, de acordo com o Tarantino: "você assiste à primeira metade, tem o intervalo, conversa com outras pessoas do cinema sobre o que achou até então, sobre o que imagina que virá depois e quando volta do intervalo é como se fosse um filme novo".
Lembrando que o Tarkovsky perdeu toda a fotografia do filme, e teve que refazer do início. Foram três filmagens no total. Um ano de trabalho perdido. Um pesadelo para chegar à tonalidade certa na revelação fotográfica. Uma troca de diretores de fotografia. A produção queria engavetar o filme. Tarkovsky dividiu então o filme em duas partes para conseguir um prazo maior. Apocalypse Now.
Filmado em uma usina nuclear parcialmente desativada na Estônia, no meio de tanto lixo tóxico (a água espumosa que descia em cascata em uma das cenas era puro veneno, de acordo com um dos membros da produção). Muitos dos envolvidos na filmagem dentro da Zona morreram de câncer após alguns anos. Aí passamos para a ficção: a filha do Stalker nasceu com deformidades corporais de tantas visitas do pai ao local proibido. Teríamos Chernobyl e Fukushima anos depois...
Um dos grandes méritos para mim é o fato de que, mesmo sem usar objetos e cenários futuristas, Tarkovsky nos leva até uma era pós-apocalíptica, gélida, se utilizando apenas da natureza e ruínas de construções.
Quanto às interpretações, ficamos com vários espaços que preenchemos individualmente. Daí a sensação de dificuldade, de até mesmo uma certa inquietação em tentar esclarecer logicamente diversos pontos. Claro, leituras acadêmicas e conversas com outros fãs de cinema sempre são bem-vindas, visando interpretar alguns simbolismos e o existencialismos destes personagens. Mas, após uma revisão, esta me parece ser uma obra mais sensorial do que intelectual.
Não vou arriscar a dizer o quanto gostei ou o que desgostei por enquanto. É do tipo de filme que necessita revisões, de preferência após um certo período para o filme 'fermentar' na cabeça. Tonino Guerra, roteirista do Fellini, Antonioni e Tarkovsky. E um pouco de cada um deles aqui com o Angelopoulos. O fantástico, o simbólico, o poético, a estética dos long takes como processo narrativo. Mas, algo não me agradou. Vou repetir então o que já foi dito antes por aqui: a poesia já está nas imagens, não era necessário verbalizá-la, através de declamações dos personagens, fica redundante.
Fiquei um sentimento de tremenda frustração ao ver este filme. Até o final do primeiro ato me parecia uma obra-prima, com uma atenção impecável ao mise-en-scène e um minimalismo de precisão cirúrgica. Mas, spoilers ahead, na segunda reviravolta o filme se tornou um tanto 'novelesco'. Foi um ato conveniente demais (no mal sentido) e um tanto previsível. Não encaixou naquele universo cinematográfico tão frio e meticuloso. Ou você é Haneke ou é Almodóvar - não os dois ao mesmo tempo, senão compromete um dos extremos.
Eu me sinto melhor quando assisto a um filme que é inteiramente insosso do quando me empolgo com uma obra promissora mas que perde a mão na metade do caminho.
Para irem aquecendo, recomendo o remake de The Thing (o original é de 1951), que o John Carpenter rodou em 1982. Além do clima/trama me remeterem a essa premissa do Hateful Eight, a trilha é do Morricone também e temos o protagonista de costume do Carpenter, Kurt Russell.
Um filme tão aguado que foi doloroso assistir 121 minutos seguidos. Me pareceu muito burocrático, seguindo insossamente uma fórmula: espionagem, exposição dos suspeitos, negociação entre informantes, questionamentos morais, um pouco de cena de perseguição para dar uma renovada na ação (e claro, se perdem dentro uma danceteria)... Isso sem falar na impressão de que alguns pontos estão soltos, como se fossem apenas desculpas para a história avançar.
Tudo isso seria ótimo se bem executado, por mais clichê que já fosse, mas eu me desapontei com o trabalho do Corbijn aqui.
Um dos últimos trabalhos do Philip Seymour Hoffman, dos maiores atores da nossa geração.
Alguns dos cineastas do período clássico de Hollywood (1930/1950s) tentaram se adaptar às novas ondas que vieram na segunda metade dos anos 60, com novos autores que trouxeram um ar fresco aos grandes estúdios dos Estados Unidos. Porém, não creio que o Kazan conseguiu aderir fluentemente a este 'novo mainstream', chegando a ter apelos um tanto estranhos - imagens de 'Sock! Bang! Pow!' como no programa de tv do Batman, flashbacks atrás de flashbacks, doses de surrealismo e um bocado de cinismo. O começo de fato é promissor, já que a história de um protagonista em completo abandono é geralmente sedutora, não é? Porém todo o restante do filme não me pareceu convincente quanto aos sentimentos de crise existencial, do absurdo e da banalidade do mundo material, deixando apenas um esboço do que poderia ter sido.
Este filme é um remake do horrível Death Game, com o Seymour Cassel. Já estava em dúvidas se assistiria a esta versão do Eli Roth, mas pelos comentários aqui tá dando até medo. No mal sentido. Estou curioso para saber se o final é tão súbito e "conveniente" como no original dos anos 70.
Descendente do Jacques Tati, com gags visuais à la desenhos animados, clima lúdico e a linguagem corporal do próprio Étaix como chave para este simpático filme.
Baseado no romance de William Somerset Maugham, este foi um dos casos em que vi um filme sem conseguir me desvencilhar do livro no qual foi baseado, assim como com o Ulysses do James Joyce. Eu sempre tento assistir a uma adaptação literária para as telas de maneira isolada, ignorando a sua matriz. Mas um ponto que eu acho válido notar é que neste ´kitchen sink drama' inglês, típico do começo dos anos 60, optaram por focar em apenas um dos diversos momentos e aspectos introspectivos do romance de Maugham. Philip Carey perde o seu passado, tendo apenas algumas breves cenas sobre a sua infância e a sua vida frustrada de artista em Paris.
Bela animação, com alto teor religioso (o Deus, o profeta, o êxodo, a reencarnação do profeta que sacrifica tudo pelo seu povo), seguido de social (conflitos entre raças, o holocausto e as subdivisões de interesses e tiranias dentro dos mesmos grupos) e de conscientização ambiental. E o John Hurt.
Noitão no Cine Belas Artes em SP: pré-estreia do Vício Inerente + Sangue Negro + Boogie Nights, na sequência. Serviram café da manhã para quem aguentou ficar até as 8:30 da manhã, eu sai antes.
P.S.: Caso alguns detalhes da trama tenham ficado meio confusos, foi a intenção do Pynchon e Paul Thomas Anderson. E fico muito feliz que este tenha voltado ao seus 'ensemble movies' à la Boogie Nights e Magnolia. Uma volta aos anos 90. Digo, aos anos 70 né. 'You're losin'! You're losin'! You're losin' yoooooour.... Vita-minnnn C!'
Alguns 'enfeites' um tanto estranhos no meio das cenas narrativas em si. É, os tais intercuts. Muito slow motion desmedido, músicas que entram quase que randomicamente, muitas cores à la Almodóvar, tudo isso para criar climas que aparentam artificiais e fora de tom. Exemplo: os dois personagens afetados pela presença do Nicolas, andando pela rua, separadamente, ao seu encontro. Me incomodo quando algum cineasta tenta desesperadamente utilizar de métodos estéticos para compensar lacunas no storytelling, na narrativa. Uma cena bonita vem à cabeça, filma-se ela, depois se encaixa ela no meio de algo. Em resumo: muito estilo, pouco conteúdo. Isso não necessariamente seria um problema para mim, porém o estilo em questão tenta alcançar mais do que tem capacidade.
Os fabulosos Irmãos Dardenne, constantes e confiáveis. Humanidade no cinema é muito difícil de se retratar, e estes belgas o conseguem de maneira sutil e fluente.
Já sabíamos que seria um filme mais focado no lado 'humano' do Stephen Hawking, ao invés das suas teorias astrofísicas que já foram tão divulgadas. Mas ainda assim, acho que o filme peca por uma condução narrativa um tanto desigual. A fluência da história ficou comprometida demais com uma direção tão comum, além de ter sido embrulhada por uma fotografia, trilha sonora, edição e tudo mais da maneira mais 'customizada para o Oscar' possível. Mas, não pode-se negar: melhor performance masculina da leva do Oscar 2015, sem dúvidas!
Melhor edição que vi da leva do Oscar, até agora. Pela história, quem leva essa estatueta costuma levar de melhor filme também. Este ano apostaria numa exceção...
Metalinguagem está cada vez mais em alta. Alguns anos atrás o Mickey Rourke interpretou um wrestler decadente tentando voltar ao auge depois de tantos anos no ostracismo. Agora a vez é do Michael Keaton, o Batman do Tim Burton, fazendo papel dum ator esquecido que interpretou um super herói duas décadas atrás, tentando ressurgir como um 'artista sério'.
'Estes não são mais os anos 90'.
'Eu virei a resposta de um quiz!'.
E dentre outras referências, temos também o caso do ator de método (o personagem do Edward Norton), que pode ou não ser um tremendo dum charlatão.
O falso plano-sequência é do tipo Festim Diabólico, do Hitchcock, 1948, se utilizando de emendas para aparentar continuidade, mesmo durante os pulos de tempo.
Não sou nem de longe fã do Iñarritu, sempre achei os conflitos dramáticos dele muito rasos e geralmente óbvios, mas, em outra metalinguagem do filme, 'você (que está apenas criticando o trabalho dos outros) não está arriscando nada!'. Então melhor eu calar a boca por enquanto, né? Estou falando sério, é realmente muito cômodo estar do 'seguro' da crítica (e isso inclui nós, que escrevemos informalmente em sites como este) perante o espetáculo de egos, talentos, fiascos, obsessões, fragilidades, glórias e escatologias que estão na tela. Qualquer tela. De Bergman a Bay.
A propósito, até o logo do Birdman no pôster é parecido com o do Batman de 1989.
Os Inocentes Charmosos
4.0 9Ah, se as paixões e o acaso fossem assim tão cinematográficos!
Delicioso filme à la Cassavetes/Nouvelle Vague, uma obra que tão despretensiosamente me reacendeu o apetite pelo cinema. Estava precisando disso há um bom tempo...
Cães de Aluguel
4.2 1,9K Assista AgoraEssencial assistir ao City on Fire, do diretor de Hong Kong Ringo Lam, de 1987.
O Tarantino é conhecido por pegar várias referências de seus filmes favoritos, seja nos nomes dos personagens, uma cena específica, uma frase de efeito, mas neste caso, e neste caso especificamente, ele foi um pouco além: o roteiro do City on Fire é idêntico ao Cães de Aluguel. Lembro-me que um cara ficou tão bravo que fez até um site denunciando o plágio. Se quiserem ver a comparação, vejam também o vídeo Who Do You Think You're Fooling? no youtube, não coloco o link aqui para o Filmow não bloquear.
Porém, o Cães de Aluguel é muito melhor, como filme, se analisarmos isoladamente. O tratamento cinematográfico, a direção, os diálogos, as referências pop e, principalmente, a narrativa não-linear, foram méritos do Tarantino em si. No City on Fire, a trama é contada cronologicamente, da maneira convencional até então.
É meu segundo favorito do Tarantino, ficando atrás do Pulp Fiction apenas; apenas acho que seria mais honesto ter creditado os autores do City on Fire no roteiro, portanto, dividindo os lucros e prestígios com eles. O Harvey Keitel aceitou bancar o projeto de tanto que ele gostou do roteiro até!
Os Oito Odiados
4.1 2,4K Assista AgoraNos Estados Unidos o filme terá a versão roadshow, com a apresentação em 70mm, Overture e Interlude, com um folheto do programa que irão assistir, assim como no cinema hollywoodiano dos anos 50. Infelizmente não teremos nada disso no Brasil. Apenas a versão digital, cortada e sem introduções e intervalos. Uma pena, pois tudo isso influenciou muito a experiência do filme, de acordo com o Tarantino: "você assiste à primeira metade, tem o intervalo, conversa com outras pessoas do cinema sobre o que achou até então, sobre o que imagina que virá depois e quando volta do intervalo é como se fosse um filme novo".
A Morte de um Burocrata
4.2 20 Assista AgoraO absurdo do Kafka, o deboche surrealista do Buñuel, e o pastelão do Harold Lloyd. Temos até mesmo cenas que remetem ao Chien Andalou e Safety Last!
Stalker
4.3 504 Assista AgoraLembrando que o Tarkovsky perdeu toda a fotografia do filme, e teve que refazer do início. Foram três filmagens no total. Um ano de trabalho perdido. Um pesadelo para chegar à tonalidade certa na revelação fotográfica. Uma troca de diretores de fotografia. A produção queria engavetar o filme. Tarkovsky dividiu então o filme em duas partes para conseguir um prazo maior. Apocalypse Now.
Filmado em uma usina nuclear parcialmente desativada na Estônia, no meio de tanto lixo tóxico (a água espumosa que descia em cascata em uma das cenas era puro veneno, de acordo com um dos membros da produção). Muitos dos envolvidos na filmagem dentro da Zona morreram de câncer após alguns anos. Aí passamos para a ficção: a filha do Stalker nasceu com deformidades corporais de tantas visitas do pai ao local proibido. Teríamos Chernobyl e Fukushima anos depois...
Um dos grandes méritos para mim é o fato de que, mesmo sem usar objetos e cenários futuristas, Tarkovsky nos leva até uma era pós-apocalíptica, gélida, se utilizando apenas da natureza e ruínas de construções.
Quanto às interpretações, ficamos com vários espaços que preenchemos individualmente. Daí a sensação de dificuldade, de até mesmo uma certa inquietação em tentar esclarecer logicamente diversos pontos. Claro, leituras acadêmicas e conversas com outros fãs de cinema sempre são bem-vindas, visando interpretar alguns simbolismos e o existencialismos destes personagens. Mas, após uma revisão, esta me parece ser uma obra mais sensorial do que intelectual.
Paisagem na Neblina
4.3 129Não vou arriscar a dizer o quanto gostei ou o que desgostei por enquanto. É do tipo de filme que necessita revisões, de preferência após um certo período para o filme 'fermentar' na cabeça.
Tonino Guerra, roteirista do Fellini, Antonioni e Tarkovsky. E um pouco de cada um deles aqui com o Angelopoulos. O fantástico, o simbólico, o poético, a estética dos long takes como processo narrativo.
Mas, algo não me agradou. Vou repetir então o que já foi dito antes por aqui: a poesia já está nas imagens, não era necessário verbalizá-la, através de declamações dos personagens, fica redundante.
O próximo da lista será Um Olhar A Cada Dia.
Revanche
3.9 24 Assista AgoraFiquei um sentimento de tremenda frustração ao ver este filme. Até o final do primeiro ato me parecia uma obra-prima, com uma atenção impecável ao mise-en-scène e um minimalismo de precisão cirúrgica.
Mas, spoilers ahead, na segunda reviravolta o filme se tornou um tanto 'novelesco'. Foi um ato conveniente demais (no mal sentido) e um tanto previsível. Não encaixou naquele universo cinematográfico tão frio e meticuloso.
Ou você é Haneke ou é Almodóvar - não os dois ao mesmo tempo, senão compromete um dos extremos.
Eu me sinto melhor quando assisto a um filme que é inteiramente insosso do quando me empolgo com uma obra promissora mas que perde a mão na metade do caminho.
Os Oito Odiados
4.1 2,4K Assista AgoraPara irem aquecendo, recomendo o remake de The Thing (o original é de 1951), que o John Carpenter rodou em 1982. Além do clima/trama me remeterem a essa premissa do Hateful Eight, a trilha é do Morricone também e temos o protagonista de costume do Carpenter, Kurt Russell.
O Homem Mais Procurado
3.5 200 Assista AgoraUm filme tão aguado que foi doloroso assistir 121 minutos seguidos. Me pareceu muito burocrático, seguindo insossamente uma fórmula: espionagem, exposição dos suspeitos, negociação entre informantes, questionamentos morais, um pouco de cena de perseguição para dar uma renovada na ação (e claro, se perdem dentro uma danceteria)... Isso sem falar na impressão de que alguns pontos estão soltos, como se fossem apenas desculpas para a história avançar.
Tudo isso seria ótimo se bem executado, por mais clichê que já fosse, mas eu me desapontei com o trabalho do Corbijn aqui.
Um dos últimos trabalhos do Philip Seymour Hoffman, dos maiores atores da nossa geração.
Movidos Pelo Ódio
3.3 13Alguns dos cineastas do período clássico de Hollywood (1930/1950s) tentaram se adaptar às novas ondas que vieram na segunda metade dos anos 60, com novos autores que trouxeram um ar fresco aos grandes estúdios dos Estados Unidos. Porém, não creio que o Kazan conseguiu aderir fluentemente a este 'novo mainstream', chegando a ter apelos um tanto estranhos - imagens de 'Sock! Bang! Pow!' como no programa de tv do Batman, flashbacks atrás de flashbacks, doses de surrealismo e um bocado de cinismo.
O começo de fato é promissor, já que a história de um protagonista em completo abandono é geralmente sedutora, não é? Porém todo o restante do filme não me pareceu convincente quanto aos sentimentos de crise existencial, do absurdo e da banalidade do mundo material, deixando apenas um esboço do que poderia ter sido.
Bela fotografia, porém!
Bata Antes de Entrar
2.3 997 Assista AgoraEste filme é um remake do horrível Death Game, com o Seymour Cassel. Já estava em dúvidas se assistiria a esta versão do Eli Roth, mas pelos comentários aqui tá dando até medo. No mal sentido. Estou curioso para saber se o final é tão súbito e "conveniente" como no original dos anos 70.
Montanha Cega
3.8 23 Assista AgoraZhang Yimou vai à Dogville.
Esse Louco, Louco Amor
3.9 8Descendente do Jacques Tati, com gags visuais à la desenhos animados, clima lúdico e a linguagem corporal do próprio Étaix como chave para este simpático filme.
Servidão Humana
3.9 10Baseado no romance de William Somerset Maugham, este foi um dos casos em que vi um filme sem conseguir me desvencilhar do livro no qual foi baseado, assim como com o Ulysses do James Joyce. Eu sempre tento assistir a uma adaptação literária para as telas de maneira isolada, ignorando a sua matriz. Mas um ponto que eu acho válido notar é que neste ´kitchen sink drama' inglês, típico do começo dos anos 60, optaram por focar em apenas um dos diversos momentos e aspectos introspectivos do romance de Maugham. Philip Carey perde o seu passado, tendo apenas algumas breves cenas sobre a sua infância e a sua vida frustrada de artista em Paris.
Uma Grande Aventura
4.0 59Bela animação, com alto teor religioso (o Deus, o profeta, o êxodo, a reencarnação do profeta que sacrifica tudo pelo seu povo), seguido de social (conflitos entre raças, o holocausto e as subdivisões de interesses e tiranias dentro dos mesmos grupos) e de conscientização ambiental. E o John Hurt.
Vício Inerente
3.5 554 Assista AgoraNoitão no Cine Belas Artes em SP: pré-estreia do Vício Inerente + Sangue Negro + Boogie Nights, na sequência. Serviram café da manhã para quem aguentou ficar até as 8:30 da manhã, eu sai antes.
P.S.: Caso alguns detalhes da trama tenham ficado meio confusos, foi a intenção do Pynchon e Paul Thomas Anderson. E fico muito feliz que este tenha voltado ao seus 'ensemble movies' à la Boogie Nights e Magnolia. Uma volta aos anos 90. Digo, aos anos 70 né. 'You're losin'! You're losin'! You're losin' yoooooour.... Vita-minnnn C!'
Amores Imaginários
3.8 1,5KAlguns 'enfeites' um tanto estranhos no meio das cenas narrativas em si. É, os tais intercuts. Muito slow motion desmedido, músicas que entram quase que randomicamente, muitas cores à la Almodóvar, tudo isso para criar climas que aparentam artificiais e fora de tom. Exemplo: os dois personagens afetados pela presença do Nicolas, andando pela rua, separadamente, ao seu encontro.
Me incomodo quando algum cineasta tenta desesperadamente utilizar de métodos estéticos para compensar lacunas no storytelling, na narrativa. Uma cena bonita vem à cabeça, filma-se ela, depois se encaixa ela no meio de algo.
Em resumo: muito estilo, pouco conteúdo. Isso não necessariamente seria um problema para mim, porém o estilo em questão tenta alcançar mais do que tem capacidade.
Perversidade Satânica
4.0 2Outro dos maestrais suspenses franceses inspirados pelo Hitchcock. Gostou do Ascensor Para O Cadafalso do Louis Malle? Passe por aqui também, então.
Dois Dias, Uma Noite
3.9 542Os fabulosos Irmãos Dardenne, constantes e confiáveis. Humanidade no cinema é muito difícil de se retratar, e estes belgas o conseguem de maneira sutil e fluente.
Burden of Dreams
4.2 19"Está acabando a minha fantasia. Não sei mais o que pode ocorrer."
A Teoria de Tudo
4.1 3,4K Assista AgoraJá sabíamos que seria um filme mais focado no lado 'humano' do Stephen Hawking, ao invés das suas teorias astrofísicas que já foram tão divulgadas. Mas ainda assim, acho que o filme peca por uma condução narrativa um tanto desigual. A fluência da história ficou comprometida demais com uma direção tão comum, além de ter sido embrulhada por uma fotografia, trilha sonora, edição e tudo mais da maneira mais 'customizada para o Oscar' possível.
Mas, não pode-se negar: melhor performance masculina da leva do Oscar 2015, sem dúvidas!
Whiplash: Em Busca da Perfeição
4.4 4,1K Assista AgoraMelhor edição que vi da leva do Oscar, até agora.
Pela história, quem leva essa estatueta costuma levar de melhor filme também. Este ano apostaria numa exceção...
Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)
3.8 3,4K Assista AgoraMetalinguagem está cada vez mais em alta. Alguns anos atrás o Mickey Rourke interpretou um wrestler decadente tentando voltar ao auge depois de tantos anos no ostracismo. Agora a vez é do Michael Keaton, o Batman do Tim Burton, fazendo papel dum ator esquecido que interpretou um super herói duas décadas atrás, tentando ressurgir como um 'artista sério'.
'Estes não são mais os anos 90'.
'Eu virei a resposta de um quiz!'.
E dentre outras referências, temos também o caso do ator de método (o personagem do Edward Norton), que pode ou não ser um tremendo dum charlatão.
O falso plano-sequência é do tipo Festim Diabólico, do Hitchcock, 1948, se utilizando de emendas para aparentar continuidade, mesmo durante os pulos de tempo.
Não sou nem de longe fã do Iñarritu, sempre achei os conflitos dramáticos dele muito rasos e geralmente óbvios, mas, em outra metalinguagem do filme, 'você (que está apenas criticando o trabalho dos outros) não está arriscando nada!'. Então melhor eu calar a boca por enquanto, né? Estou falando sério, é realmente muito cômodo estar do 'seguro' da crítica (e isso inclui nós, que escrevemos informalmente em sites como este) perante o espetáculo de egos, talentos, fiascos, obsessões, fragilidades, glórias e escatologias que estão na tela. Qualquer tela. De Bergman a Bay.
A propósito, até o logo do Birdman no pôster é parecido com o do Batman de 1989.
Dig!
4.3 6 Assista AgoraDaqueles documentários que esclarecem muito bem o contexto de uma banda, quer você goste dela ou não.