Daniel Ferreira de Mendonça

Estou assistindo um filme sobre um motorista de ônibus que deveria investir numa carreira como escritor e que tem uma esposa multi-talentosa que poderia ser uma ótima pintora/decoradora/estilista. No filme tem também um homem no bar que poderia ser um grande ator, um cara na lavanderia que deveria investir em suas composições, entre outros ...
Sei que deveria refletir sobre esse déficit inspiracional diante de tantos talentos invisíveis que tanto precisamos ter acesso mas não merecemos... Só que eu, que tento viver de arte, não paro de pensar em ser motorista de ônibus.

Uma outra pessoa dizer que um filme é bom ou ruim pra mim é quase a mesma coisa que nada -principalmente num filme desses- pq as pessoas tem tantas motivações e bagagens diferentes, só conhecendo muito a pessoa ou ela embasando muito bem. Então não acho que minha opinião vai ajudar tanto, mas vou tentar.

Vale muito pra quem é do cinema e do teatro mas pra maioria vai ser um filme muito sacal pq muitos temas abordados não são de interesse comum e sim de um público mais segmentado.. Acho até que o diretor deve ter colocado muitas das suas questões pessoais ali como quando o Birdman diz que as pessoas querem ver ação e explosão, quando o protagonista esculacha a crítica do NY Times (concordo com ele), a questão ator X celebridade, ego, conflitos profissionais e pessoais...

Os planos sequencias fodões todos emendados me fez lembrar que Hitchcock já fez isso uns 50/60 anos antes no Festim Diabólico mas mesmo assim não deixou de ser bem ousado apesar das facilidades atuais.

O filme tem muita coisa que decepciona, como filme no todo deixa a desejar.
Mas tem uns conceitos filosóficos e umas viagens em relação aos limites da mente humana que são muito interessantes, gostei da ideia que lançam que a única unidade de medida é o tempo. Que 1 +1 nunca foi dois, e sim uma generalização para ser compreendida na nossa mentalidade. ehehhe
Como disseram, tem uma cara de quadrinho, parece algo escrito pelo Grant Morrisson.
Mas no meio de um monte de teoria maluca interessante, tem muita coisa forçada que chega a incomodar.
E a atuação da Scarllet Johanson não convenceu também.