Comédia romântica charmosa e inteligente que merecia mais reconhecimento. No início, até achei que o Elliot se tornaria um daqueles personagens irritantes e implicantes típicos, mas ainda bem que eu tava enganado! Dreyfuss esbanja carisma e faz rir a toda hora com os hábitos excêntricos do ator que interpreta, onde se destaca a sua performance sensacional na peça sobre Ricardo III, rs. Marsha Mason também tá adorável e a química entre eles funciona maravilhosamente bem, coisa rara de se ver nos romances de hoje em dia. Uma curiosidade: a então garotinha Quinn Cummings, a Lucy, foi indicada ao Oscar de atriz coadjuvante pelo longa, completando o trio de talentos que elevaram o nível em A Garota do Adeus e fizeram desta divertida produção um pequeno clássico do gênero. Os diálogos são um show à parte e o desfecho é pra estampar um sorriso de orelha a orelha.
Tocante ao extremo! Preenche com louvor a vaga de filme que leva às lágrimas no Oscar de cada ano e, juntamente com La La Land, meu favorito da safra 2017. Se você não desabou no final, melhor consultar um cardiologista, rs. A história, por ser verídica, já é impactante por si só, mas é potencializada pelo talento de todos os envolvidos. Nicole Kidman brilha mais uma vez com sua versatilidade e conquista a todos com a simplicidade e nobreza de sua personagem Sue. Não tem como ficar indiferente à cena em que ela e Saroo discutem sobre adoção, demonstrando toda a sensibilidade do roteiro. Dev Patel tá muito bem, mas o destaque fica por conta do gigantesco carisma de Sunny Pawar: esperamos todos que ele não pare por aí! Direção convencional e competente, sendo que em momento algum a produção apela pro piegas ou se torna cansativa. As duas horas voaram e senti uma profunda gratidão por conhecer essa arrebatadora lição de perseverança. Gostaria muito de adquirir o DVD, mas o filme foi direto pra Netflix e não lançaram. Alguém sabe se tem previsão pros próximos meses?!
Manchester à Beira-Mar divide opiniões, mas eu achei justa a atenção recebida nas premiações desse ano. De fato, não é um filme fácil e nem o roteiro de Lonergan preocupa-se em tornar a experiência algo confortável para o espectador. É tudo muito denso e implacável, num choque de realidade em que não há espaço para clichês, redenção e o que possa amenizar tal dor. Apesar da longa duração e do ritmo lento, me mantive interessado todo o tempo no retorno de Lee à sua cidade natal, na interação com o sobrinho e, principalmente, no trauma que o levou a mudar de forma tão drástica. Impossível não sofrer junto com o personagem depois que você compreende a desesperança profunda que o acompanhava. Michelle Williams tá incrível nos poucos minutos em que aparece na tela e Lucas Hedges revela-se uma promessa futura, mas o grande destaque é Casey Affleck. Ele é a alma (destroçada) do filme e a Academia fez bem em agraciá-lo com a estatueta de ator, mostrando que uma ótima performance deve sempre se sobrepor à qualquer fator secundário que envolva o nome de seu intérprete. Merecido sim.
Guarda algumas semelhanças com o Death Ship de 1980, mesmo não sendo considerado um remake deste. O fato é que as poucas qualidades e os muitos defeitos são praticamente os mesmos: ambos iniciam a viagem de forma empolgante e vão afundando desastrosamente à medida que a trama avança. Aliás, a sequência de abertura de Navio Fantasma é nada menos do que memorável, sinistra e merecedora de todos os elogios dentro do gênero. Gabriel Byrne e Julianna Margulies trazem alguma credibilidade, mas estão pouco à vontade em seus papéis. A ambientação é o que há de melhor no longa, mas a direção ruim acaba por atrapalhar qualquer tentativa de causar apreensão no público. O mistério todo não convence, o verdadeiro vilão da história é previsível (alguns minutos e você já sabe de quem se trata) e a última cena consegue a proeza de tornar o filme ainda mais descartável.
Falar da(s) inspiradíssima(s) performance(s) de James McAvoy é chover no molhado, já que o ator é praticamente uma unanimidade. Então, vamos às outras qualidades que o longa possui! O roteiro é muito inteligente, original e nada ali é aleatório. Fragmentado é intrigante do início ao fim que, aliás, não me decepcionou.
O surgimento d'A Besta foi surpreendente e deu aquele tom fantástico que tava faltando pra ser uma legítima obra do controverso diretor, por mais que pareça destoar num primeiro momento. A convivência com os animais do zoológico e o meio como fatores determinantes na evolução da 24ª identidade deram um toque de genialidade ao desfecho. E a referência ao cultuado Corpo Fechado entusiasma até mesmo quem não é fã de heróis, quadrinhos e possíveis elementos de um universo compartilhado.
Um thriller divertido e muito bem construído que, apesar de ser entretenimento puro, cativa ainda mais por manter um dos pés na realidade.
Além do Transtorno Dissociativo de Identidade e distúrbios psicológicos em geral, a produção aborda diversos assuntos sempre pertinentes de serem discutidos como o poder da mente, a pedofilia e a empatia entre vítimas de abusos e traumas.
Anya Taylor-Joy é promissora e a veterana Betty Buckley destaca-se como coadjuvante, mas nós sabemos quem domina aqui: o multifacetado protagonista e o grande contador de histórias que, felizmente, não perdeu sua capacidade de envolver o público. Shyamalan vive!
São duas atuações poderosíssimas e complementares. De um lado, Anne Bancroft dá vida à personagem-título com precisão, autenticidade e sem excessos. Do outro está Patty Duke, numa das maiores interpretações infanto-juvenis de que se tem notícia. Fiquei totalmente impressionado com a garota e esse talento absurdo. Mas também me senti incomodado, aflito, tocado e, em certos momentos, me peguei rindo de nervoso tamanho o desafio que era para a professora em fazer Helen libertar-se das limitações e da falta de entendimento. A direção de Arthur Penn é firme e jamais renega a origem teatral da obra, onde a casa dos Keller é praticamente o único cenário que temos, os embates entre as protagonistas chegam a ser coreográficos e o texto é primoroso, com diálogos que ecoam na mente muito tempo após o término do filme. A sequência da sala de jantar desestabiliza qualquer um e o desfecho é inesquecível. A superproteção e despreparo da família com relação à deficiência de Helen é algo tão presente até hoje, o que faz de O Milagre de Anne Sullivan uma produção atemporal e de suma importância. Assistam!
Eis um filme de essência feminista que não se rende a pedantismos e banalizações, assim como alguns que abordam essa causa. É tudo passado com muita naturalidade, o que acaba por cativar o espectador enquanto acompanha-se o amadurecimento das irmãs, a convivência no âmbito familiar e as adversidades enfrentadas. E que elenco fabuloso é esse?! Winona imprime uma personalidade radiante à sua Jo e demonstra o porquê de ter feito tanto sucesso nas décadas de 80 e 90. Mais uma excelente interpretação! A sempre ótima e talentosa Claire Danes comove sem muito esforço, mesmo sendo coadjuvante. Kirsten Dunst ainda criança, Susan Sarandon, Christian Bale, Eric Stoltz e Gabriel Byrne completam essa constelação apaixonante, todos brilhando em seus respectivos papéis. Certamente, um dos melhores romances de época que eu já tive o prazer de assistir.
Em um primeiro momento, também achei que Laurie e Jo deveriam ter ficado juntos, mas ela era tão à frente de seu tempo e madura para a idade que nada como um homem mais velho tal qual Bhaer para entrar nesse páreo. Sem contar que compartilhavam muitas afinidades e ele tinha um espírito incentivador. Ah, e a cena do reencontro na chuva é uma beleza!
Como pude conferir este clássico recém agora, mais de duas décadas após o seu lançamento?! Encantador define.
Tão maravilhoso! E parece que virou modinha desmerecer essa ode ao cinema e aos grandes musicais de antigamente... Entendo que a produção tenha seguido uma fórmula infalível e conveniente para fazê-la funcionar, mas que mal há nisso?! Primeiramente, achei o Oscar de direção pro Chazelle um dos mais justos dos últimos anos. Só pela sequência inicial no engarrafamento ele já merecia o prêmio, mas seu árduo trabalho vai bem além disso. Gosto bastante do gênero, mas costumo torcer o nariz para filmes excessivamente 'cantados e dançados'. Mais um ponto para o diretor, que trouxe o equilíbrio perfeito entre fantasia, romance, drama, os tais números musicais e as discussões/diálogos entre a dupla de protagonistas. Aliás, a química entre eles é incrível e já penso em assistir aos outros dois longas em que atuaram juntos. Ryan Gosling e Emma Stone estão igualmente ótimos e carismáticos, mas nada que justifique a Academia tê-la agraciado como melhor atriz (a francesa Huppert merecia ter levado e todos sabemos disso). Quanto aos aspectos técnicos, La La Land é uma obra de encher os olhos: cinematografia, cenários e figurinos lindos, mas nunca extravagantes. A atmosfera retrô é irresistível e o desfecho, memorável.
Daqueles que chegam ao fim e te deixam na dúvida sobre ter gostado ou não, enquanto os créditos passam. O filme é cru, difícil e incômodo, por vezes intragável. É diferente de qualquer outra produção sobre o Holocausto e isso é um feito e tanto. A câmera é eficiente e desconcertante ao evitar o horror explícito e literalmente apoia-se na enigmática persona de Saul, muito bem defendida por Géza Röhrig. O diretor não almeja emocionar ou chocar, apenas contar uma história de sobrevivência sob um viés de fuga da realidade que o protagonista experimentava. Tudo isso sem respostas fáceis e sem julgamentos acerca das motivações que conduziam o prisioneiro em sua obstinada (obsessiva, talvez) jornada.
E o filho, que dá a entender nem ser seu, serviria como força motriz para ele seguir seu curso diante do caos.
Um longa pra se ver uma única vez na vida. E quanto ao Oscar de filme em língua estrangeira, creio que tenha levado mais pela temática do que por ser excepcional.
Bom filme, elenco afiado e a história do livro é o grande destaque dentre as três narrativas, sem sombra de dúvidas. Há tensão, dor e perigo de sobra na trama onde Jake Gyllenhaal mostra o porquê de ser um ator subestimado apesar de todo o talento e presença que possui. O sofrimento de seu personagem Tony é palpável e a perseguição aos responsáveis pelos eventos trágicos daquela fatídica noite é o que mantém o interesse do público. Amy Adams, competente como de costume, e Aaron Taylor-Johnson repugnante e surpreendente. O ladrão de cenas Michael Shannon fazendo jus à indicação como coadjuvante mais uma vez. Mesmo assim, algumas coisas me incomodaram. O filme é pretensioso e faz uso de metáforas pouco sutis para tentar parecer mais inteligente do que realmente é. Mais estilo do que substância, eu diria. A sequência de abertura é marcante, porém não no bom sentido e parece estar ali apenas pra causar! O desfecho é vago e poderia ter sido melhor trabalhado pra mensagem que pretendia passar... De qualquer forma, o saldo é positivo e o longa, recomendável.
Precisei assisti-lo pela segunda vez pra só então vir aqui comentar. A Chegada faz parte daquele grupo de filmes que não te abandonam por semanas, que desafiam, instigam e provocam todo tipo de reflexão. Denis Villeneuve merece aplausos por conduzir um drama de sci-fi inteligente sem recorrer a cenas de ação gratuitas. No geral, é um longa bem parado que prende o espectador com poucos recursos desse tipo: sim, existem algumas sequências de tirar o fôlego, mas elas estão ali a serviço do roteiro e não para deslumbrar o público. Aliás, a produção é grandiosa e impressionante, mas são os momentos de pura melancolia e contemplação que ficam na memória.
Os falsos flashbacks, que depois revelam-se posteriores à invasão e o conceito da não-linearidade do tempo a partir do contato entre a Dra. Banks e os aliens explodiram minha mente! E esse tipo de sensação é muito mais gratificante do que explosões no sentido literal, rs.
Amy Adams, talentosa como sempre, merecia ao menos uma indicação ao Oscar de atriz. Mas até entendo a esnobada, pois o páreo seria duro e ela já foi nomeada outras tantas vezes, sem vencer. De qualquer forma, sua hora ainda há de chegar!
E a gente até perdoa o clichê patriótico onde os EUA evitam uma guerra de proporções globais com os heptápodes salvando o mundo mais uma vez, não é mesmo?!
Achei Elle brilhante e polêmico, mas não tão perturbador quanto eu imaginei que seria. Só para efeito de comparação, A Professora de Piano, também protagonizado por Huppert, me deixou muito mais incomodado, perdido e perplexo. O fato é que acabei apreciando bem mais o thriller de Verhoeven do que o (bom) filme produzido em 2001. Entendo que o longa dê pano pra manga quanto à problematização do estupro sofrido pela protagonista, mas não vejo isso de forma negativa. Também não vejo romantização.
Michèle é uma mulher forte, independente, fria e com uma herança maldita do pai psicopata. Diria que ela mesma possui traços de sociopatia bem claros e, apesar da posição de vítima da violência, havia a necessidade de estar no controle da situação. Sempre um passo à frente em todas as áreas de sua vida. A atração que ela sentia por Patrick era anterior à revelação da identidade do estuprador e, de certa forma, tudo isso tenta justificar o jogo doentio entre eles.
A hipnotizante Isabelle Huppert oferece ao espectador a melhor performance feminina do ano passado e é, indiscutivelmente, a vencedora moral do Oscar na categoria. Nada contra a Emma Stone, que fez um belo trabalho em La La Land, mas pensei que os votantes tivessem aprendido alguma coisa sobre mérito após as injustiças cometidas com Riva, Montenegro e outras. Fiquei um tanto desapontado com a premiação mais uma vez.
Cinebiografia da MC Melody aos 70 anos, hahaha. É uma 'dramédia' bem realizada, onde destacam-se a direção de arte e, é claro, as interpretações de Meryl Streep e Hugh Grant. A nunca superestimada e veteraníssima atriz fez valer sua vigésima indicação ao Oscar no papel da aristocrata desafinada Florence Jenkins, mas quem surpreende mesmo é o outrora galã de comédias românticas. Sua atuação é ótima a ponto de convencer-nos do amor e devoção que tinha pela esposa.
Por mais que se relacionasse com outra mulher, Bayfield fazia de tudo para protegê-la das críticas negativas e do deboche do público, tornando a ligação entre eles ainda mais nobre e cativante.
Simon Helberg tá um tanto caricato na pele de Cosme, mas não chega a ofender. Impossível não rir quando Florence solta a voz nos ensaios e também na apresentação do Carnegie Hall! Guardadas as devidas proporções, o filme me lembrou o Ed Wood de Tim Burton por ambos retratarem o amor pela arte esbarrando nas limitações e na falta de talento de seus obstinados protagonistas. Fiquei curioso sobre Marguerite e a abordagem dada à história na produção francesa...
Extremamente enigmático e incômodo. Sim, concordo que o mistério condutor da trama é um tanto previsível já que várias pistas são apresentadas desde o início, cabendo ao espectador sacá-las, mas isso não é demérito algum quando tais rastros surgem propositalmente e o foco parece ser outro.
Boa Noite, Mamãe tá longe de ser apenas uma história de fantasmas onde um dos personagens tava morto o tempo todo ou um caso de dupla personalidade gerado por culpa de um acontecimento trágico. O grande achado é preenchermos as lacunas sem respostas fáceis, seja com relação à morte de Lukas e em que instante ela se deu, a dúvida sobre a identidade da suposta mãe, a tal cirurgia, o desfecho desolador e qualquer outro fato que possa ser interpretado de diferentes formas.
O filme é muito atmosférico e só por isso já merece destaque entre os suspenses atuais. Vale ressaltar que a fotografia é sensacional e os irmãos Schwarz atuaram brilhantemente pra tão pouca idade. As cenas de gore/torture porn não ficam devendo em nada para os thrillers americanos e são ainda mais desconcertantes devido ao horror psicológico que a direção foi capaz de instaurar. Nesse quesito, é bem melhor que o recente e superestimado A Bruxa, por exemplo.
Delícia de filme, e acredito que mereça um lugar na lista de longas subestimados do diretor. Gostei de ambas as histórias, mas a de contornos trágicos leva uma pequena vantagem. Adorei o fato do contraste entre as duas situações ser bem sutil, sem um grande melodrama em contrapartida a uma comédia rasgada, com elementos em comum ilustrando os dois casos e demonstrando que, na vida, é tudo questão de perspectiva. A comédia e o drama fazem parte do nosso dia a dia, fundindo-se até. E sabe aquele velho ditado do 'seria cômico se não fosse trágico'?! Nunca fez tanto sentido na tela. Woody Allen também merece créditos por extrair uma boa atuação de Will Ferrell, e eu achando que Mais Estranho que a Ficção era seu único trabalho digno de atenção. Radha Mitchell é outra que tá bem, conseguindo imprimir personalidade nas duas Melindas, ainda que remetam à Cate Blanchett e sua oscarizada performance em Blue Jasmine.
Bem divertido e satírico, com piadas muito boas e, ouso dizer, tem um dos elencos mais inacreditáveis com quem Allen já trabalhou. John Malkovich, John Cusack, Kathy Bates, Jodie Foster, Donald Pleasence, William H. Macy, Madonna... Isso sem contar a infalível Mia Farrow e o próprio diretor. Só por todas essas participações ilustres, o filme já valeria a pena. A fotografia é primorosa e a ambientação é perfeita dentro da estética que o cineasta pretendia homenagear. A aura de mistério e a sensação de perigo iminente, mescladas ao humor e ao drama, funcionam na maior parte do tempo. Além disso, Woody é mestre em personagens covardes e carismáticos como Kleinman e o roteiro é bastante criativo, mesmo que não figure entre seus melhores.
A premissa acaba se sobressaindo à execução da obra mas, mesmo assim, não deixa de ser um filme interessante. Primeiramente, adorei o personagem Jamie, interpretado pelo promissor Adam Driver.
E o quanto ele acaba, a sua maneira, desconstruindo a suposta autenticidade de um hipster típico: 'diferentão' e desapegado apenas na fachada, já que o conteúdo se mostra dissimulado e calculista.
Naomi Watts nunca decepciona, mas Seyfried tá bem apagadinha. Stiller até surpreende com um personagem menos histérico e bem diferente dos que costuma interpretar nas muitas comédias que faz. A primeira metade do longa é um pouco superior à segunda, especialmente no que se refere ao contraste entre os hábitos dos dois casais e como se dá a aproximação entre eles. Filmes que retratam crise de meia-idade e medo de envelhecer geralmente são ótimos, mas Enquanto Somos Jovens ficou no meio do caminho. Algo faltou, mas não é de se jogar fora se visto sem maiores pretensões.
Singelo, humano e cativante. São adjetivos que descrevem perfeitamente este vencedor do Oscar de melhor filme em 1990, e o fato de ter disputado o prêmio com o inesquecível Sociedade dos Poetas Mortos não o torna indigno de tal reconhecimento. Muito pelo contrário, já que trata-se de uma belíssima história a qual assistimos com prazer, emoção e admiração. Jessica Tandy e Morgan Freeman estão sensacionais em seus papéis: ela, representando a típica intransigência da terceira idade, e ele, em um de seus melhores trabalhos, correspondendo com toda a paciência e lealdade que só um verdadeiro e generoso amigo é capaz de ofertar. Oscar merecido para Miss Tandy! Dan Aykroyd também tá muito bem e, de certa forma, é através da eficiente maquiagem de seu personagem que acompanhamos a passagem do tempo nos vinte e poucos anos de afinidades e diferenças entre os adoráveis protagonistas. Inexplicavelmente, um clássico que fui conferir somente agora.
Um tanto irregular na filmografia de Woody Allen! Digamos que aquele estilo delirante e agridoce que casou perfeitamente no maravilhoso A Rosa Púrpura do Cairo deixa a desejar aqui. Dr. Yang, as ervas e seus efeitos alucinógenos causam uma certa estranheza, mas há o que se gostar no filme. Mia Farrow e sua competência habitual (eternamente subestimada, aliás), com uma personagem de fácil identificação, o desfecho inesperado e a mensagem através deste, são alguns dos pontos positivos. A fotografia e a ambientação, que não deixam dúvidas sobre estarmos assistindo a um longa do início da década de 90, também são marcantes. Joe Mantegna e William Hurt possuem forte presença mas, no geral, o romance é morno e a narrativa, cansativa. Futuramente, darei uma segunda chance a este filme não tão inspirado de um diretor que eu adoro...
Sério que tem gente comparando essa bobagem com o divertidíssimo Gremlins?! Podia ter ficado bom, já que a premissa prometia deixar o espectador apreensivo e não é isso o que acontece. OK, foi baseado em uma lenda natalina dark e até dá uns sustinhos, mas pra mim não funcionou. Toni Collette traz alguma credibilidade à produção e o menino que interpreta Max acaba se saindo bem, sendo os únicos que conseguem se destacar no elenco. A melhor sequência do filme inteiro é aquela onde é mostrada a história de Omi (e olha que eu nem sou tão fã de animações!), mas não curti os monstros, nem os personagens e nem os efeitos especiais. E não sei que graça viram naquele desfecho, pois me pareceu mais do mesmo, assim como a mensagem batida sobre o valor da família. Filme esquecível e equivocado pra se assistir (ou não) apenas na época do Natal...
Em um de seus filmes mais reflexivos, divertidos, irônicos e surpreendentes, Woody Allen conduz magistralmente todo tipo de debate sobre moral, culpa e temência a Deus. Somos passíveis de absolvição?! No crime e/ou no pecado?! Mas o pecado existe ou nos foi imposto como forma de não ultrapassarmos o limite da tal moralidade?! Interessantíssimo aquele diálogo final, quando ambas as tramas, de certa forma, se fundem. Martin Landau tá soberbo como o atormentado e infiel Dr. Judah, bem como o ator/diretor brilha na pele do documentarista fracassado Cliff. Anjelica Huston também se destaca, apesar de aparecer pouco. O cineasta retornaria à temática 'dostoiévskiana' com Match Point (2005), em outro inspirado momento de sua filmografia que, diga-se de passagem, sempre primou pelo anti-clichê e nestas duas produções atingiu níveis altíssimos.
Longo e teatral, mas nunca cansativo ou artificial, O Leão no Inverno é um primor cinematográfico em termos de diálogos, atuações e recriação de época. Katharine Hepburn tá maravilhosa, gigante, absurda! Não à toa, é considerada uma das melhores performances femininas de todos os tempos, o que eu sou obrigado a concordar. Peter O'Toole também merecia o Oscar por seu desempenho brilhante como Rei Henry II. De fato, um dos maiores duelos de talentos que o cinema já teve o prazer de testemunhar. Os personagens são complexos, ambíguos e muitas vezes deixam o espectador em dúvida sobre suas reais intenções e sentimentos. É quase um drama sobre desintegração familiar típico, não fossem as traições, alianças, segredos, conveniências, e a disputa pelo trono na Inglaterra de 1183 como cenário. Um belo de um clássico, onde Anthony Hopkins também se destaca em meio aos monstros sagrados que interpretam seus pais.
Ironicamente, este especial ficou parecendo um daqueles slashers genéricos que eram lançados aos montes no final da década de 90, tentando repetir o sucesso de Pânico (1996). É até divertido, pois as mortes seguem em bom número, sangrentas e com uma certa dose de suspense. O que mata (trocadilho inevitável) é o assassino ser tão previsível. Parece que os roteiristas estavam com preguiça e nem tentaram despistar o público, o que para este subgênero é fatal. Assim como na segunda temporada da série da MTV, Emma aparece mais preparada pra enfrentar os psicóticos que a rodeiam, e Noah continua sendo o personagem mais legal! Lógico que curti as referências à Chamas da Morte, Sexta-Feira 13, etc. Assistível, ainda que forçado! Sigo insistindo em Scream e não sei o que esperar dos próximos episódios...
Profondo Rosso é, de fato, O giallo (thriller de procedência italiana). Assisti a este cult dirigido por Dario Argento com uma certa expectativa e não me decepcionei. Talvez tenha uns 20 minutos a mais do que deveria e a trama fique confusa lá pela metade, mas são apenas detalhes. É uma produção rica em todos os sentidos! Roteiro intrigante e repleto de pistas falsas, assassino imprevisível, personagens carismáticos, e o que dizer daquela trilha sonora inusitada?! Certamente uma das mais marcantes e diferenciadas dentro do gênero. As cenas de morte são ótimas e a cinematografia é fabulosa, o que eu já esperava após conferir Suspiria e O Pássaro das Plumas de Cristal. Mas aqui Argento se superou, com um quebra-cabeças bem construído, belo, envolvente e sangrento. Uma segunda sessão do filme é praticamente obrigatória.
A Garota do Adeus
3.9 55 Assista AgoraComédia romântica charmosa e inteligente que merecia mais reconhecimento. No início, até achei que o Elliot se tornaria um daqueles personagens irritantes e implicantes típicos, mas ainda bem que eu tava enganado! Dreyfuss esbanja carisma e faz rir a toda hora com os hábitos excêntricos do ator que interpreta, onde se destaca a sua performance sensacional na peça sobre Ricardo III, rs. Marsha Mason também tá adorável e a química entre eles funciona maravilhosamente bem, coisa rara de se ver nos romances de hoje em dia. Uma curiosidade: a então garotinha Quinn Cummings, a Lucy, foi indicada ao Oscar de atriz coadjuvante pelo longa, completando o trio de talentos que elevaram o nível em A Garota do Adeus e fizeram desta divertida produção um pequeno clássico do gênero. Os diálogos são um show à parte e o desfecho é pra estampar um sorriso de orelha a orelha.
No final das contas, é um La La Land com final feliz!
Pode ser coisa da minha cabeça, mas lembrei do musical mais de uma vez durante o filme.
Lion: Uma Jornada para Casa
4.3 1,9K Assista AgoraTocante ao extremo! Preenche com louvor a vaga de filme que leva às lágrimas no Oscar de cada ano e, juntamente com La La Land, meu favorito da safra 2017. Se você não desabou no final, melhor consultar um cardiologista, rs. A história, por ser verídica, já é impactante por si só, mas é potencializada pelo talento de todos os envolvidos. Nicole Kidman brilha mais uma vez com sua versatilidade e conquista a todos com a simplicidade e nobreza de sua personagem Sue. Não tem como ficar indiferente à cena em que ela e Saroo discutem sobre adoção, demonstrando toda a sensibilidade do roteiro. Dev Patel tá muito bem, mas o destaque fica por conta do gigantesco carisma de Sunny Pawar: esperamos todos que ele não pare por aí! Direção convencional e competente, sendo que em momento algum a produção apela pro piegas ou se torna cansativa. As duas horas voaram e senti uma profunda gratidão por conhecer essa arrebatadora lição de perseverança. Gostaria muito de adquirir o DVD, mas o filme foi direto pra Netflix e não lançaram. Alguém sabe se tem previsão pros próximos meses?!
Manchester à Beira-Mar
3.8 1,4K Assista AgoraManchester à Beira-Mar divide opiniões, mas eu achei justa a atenção recebida nas premiações desse ano. De fato, não é um filme fácil e nem o roteiro de Lonergan preocupa-se em tornar a experiência algo confortável para o espectador. É tudo muito denso e implacável, num choque de realidade em que não há espaço para clichês, redenção e o que possa amenizar tal dor. Apesar da longa duração e do ritmo lento, me mantive interessado todo o tempo no retorno de Lee à sua cidade natal, na interação com o sobrinho e, principalmente, no trauma que o levou a mudar de forma tão drástica. Impossível não sofrer junto com o personagem depois que você compreende a desesperança profunda que o acompanhava. Michelle Williams tá incrível nos poucos minutos em que aparece na tela e Lucas Hedges revela-se uma promessa futura, mas o grande destaque é Casey Affleck. Ele é a alma (destroçada) do filme e a Academia fez bem em agraciá-lo com a estatueta de ator, mostrando que uma ótima performance deve sempre se sobrepor à qualquer fator secundário que envolva o nome de seu intérprete. Merecido sim.
Navio Fantasma
2.8 824 Assista AgoraGuarda algumas semelhanças com o Death Ship de 1980, mesmo não sendo considerado um remake deste. O fato é que as poucas qualidades e os muitos defeitos são praticamente os mesmos: ambos iniciam a viagem de forma empolgante e vão afundando desastrosamente à medida que a trama avança. Aliás, a sequência de abertura de Navio Fantasma é nada menos do que memorável, sinistra e merecedora de todos os elogios dentro do gênero. Gabriel Byrne e Julianna Margulies trazem alguma credibilidade, mas estão pouco à vontade em seus papéis. A ambientação é o que há de melhor no longa, mas a direção ruim acaba por atrapalhar qualquer tentativa de causar apreensão no público. O mistério todo não convence, o verdadeiro vilão da história é previsível (alguns minutos e você já sabe de quem se trata) e a última cena consegue a proeza de tornar o filme ainda mais descartável.
Fragmentado
3.9 3,0K Assista AgoraFalar da(s) inspiradíssima(s) performance(s) de James McAvoy é chover no molhado, já que o ator é praticamente uma unanimidade. Então, vamos às outras qualidades que o longa possui! O roteiro é muito inteligente, original e nada ali é aleatório. Fragmentado é intrigante do início ao fim que, aliás, não me decepcionou.
O surgimento d'A Besta foi surpreendente e deu aquele tom fantástico que tava faltando pra ser uma legítima obra do controverso diretor, por mais que pareça destoar num primeiro momento. A convivência com os animais do zoológico e o meio como fatores determinantes na evolução da 24ª identidade deram um toque de genialidade ao desfecho. E a referência ao cultuado Corpo Fechado entusiasma até mesmo quem não é fã de heróis, quadrinhos e possíveis elementos de um universo compartilhado.
Um thriller divertido e muito bem construído que, apesar de ser entretenimento puro, cativa ainda mais por manter um dos pés na realidade.
Além do Transtorno Dissociativo de Identidade e distúrbios psicológicos em geral, a produção aborda diversos assuntos sempre pertinentes de serem discutidos como o poder da mente, a pedofilia e a empatia entre vítimas de abusos e traumas.
Anya Taylor-Joy é promissora e a veterana Betty Buckley destaca-se como coadjuvante, mas nós sabemos quem domina aqui: o multifacetado protagonista e o grande contador de histórias que, felizmente, não perdeu sua capacidade de envolver o público. Shyamalan vive!
O Milagre de Anne Sullivan
4.4 217 Assista AgoraSão duas atuações poderosíssimas e complementares. De um lado, Anne Bancroft dá vida à personagem-título com precisão, autenticidade e sem excessos. Do outro está Patty Duke, numa das maiores interpretações infanto-juvenis de que se tem notícia. Fiquei totalmente impressionado com a garota e esse talento absurdo. Mas também me senti incomodado, aflito, tocado e, em certos momentos, me peguei rindo de nervoso tamanho o desafio que era para a professora em fazer Helen libertar-se das limitações e da falta de entendimento. A direção de Arthur Penn é firme e jamais renega a origem teatral da obra, onde a casa dos Keller é praticamente o único cenário que temos, os embates entre as protagonistas chegam a ser coreográficos e o texto é primoroso, com diálogos que ecoam na mente muito tempo após o término do filme. A sequência da sala de jantar desestabiliza qualquer um e o desfecho é inesquecível. A superproteção e despreparo da família com relação à deficiência de Helen é algo tão presente até hoje, o que faz de O Milagre de Anne Sullivan uma produção atemporal e de suma importância. Assistam!
Adoráveis Mulheres
3.8 231 Assista AgoraEis um filme de essência feminista que não se rende a pedantismos e banalizações, assim como alguns que abordam essa causa. É tudo passado com muita naturalidade, o que acaba por cativar o espectador enquanto acompanha-se o amadurecimento das irmãs, a convivência no âmbito familiar e as adversidades enfrentadas. E que elenco fabuloso é esse?! Winona imprime uma personalidade radiante à sua Jo e demonstra o porquê de ter feito tanto sucesso nas décadas de 80 e 90. Mais uma excelente interpretação! A sempre ótima e talentosa Claire Danes comove sem muito esforço, mesmo sendo coadjuvante. Kirsten Dunst ainda criança, Susan Sarandon, Christian Bale, Eric Stoltz e Gabriel Byrne completam essa constelação apaixonante, todos brilhando em seus respectivos papéis. Certamente, um dos melhores romances de época que eu já tive o prazer de assistir.
Em um primeiro momento, também achei que Laurie e Jo deveriam ter ficado juntos, mas ela era tão à frente de seu tempo e madura para a idade que nada como um homem mais velho tal qual Bhaer para entrar nesse páreo. Sem contar que compartilhavam muitas afinidades e ele tinha um espírito incentivador. Ah, e a cena do reencontro na chuva é uma beleza!
Como pude conferir este clássico recém agora, mais de duas décadas após o seu lançamento?! Encantador define.
La La Land: Cantando Estações
4.1 3,6K Assista AgoraTão maravilhoso! E parece que virou modinha desmerecer essa ode ao cinema e aos grandes musicais de antigamente... Entendo que a produção tenha seguido uma fórmula infalível e conveniente para fazê-la funcionar, mas que mal há nisso?! Primeiramente, achei o Oscar de direção pro Chazelle um dos mais justos dos últimos anos. Só pela sequência inicial no engarrafamento ele já merecia o prêmio, mas seu árduo trabalho vai bem além disso. Gosto bastante do gênero, mas costumo torcer o nariz para filmes excessivamente 'cantados e dançados'. Mais um ponto para o diretor, que trouxe o equilíbrio perfeito entre fantasia, romance, drama, os tais números musicais e as discussões/diálogos entre a dupla de protagonistas. Aliás, a química entre eles é incrível e já penso em assistir aos outros dois longas em que atuaram juntos. Ryan Gosling e Emma Stone estão igualmente ótimos e carismáticos, mas nada que justifique a Academia tê-la agraciado como melhor atriz (a francesa Huppert merecia ter levado e todos sabemos disso). Quanto aos aspectos técnicos, La La Land é uma obra de encher os olhos: cinematografia, cenários e figurinos lindos, mas nunca extravagantes. A atmosfera retrô é irresistível e o desfecho, memorável.
Outro ponto para Chazelle, que foi capaz de quebrar nossas expectativas (e corações) com o final desolador dessa história de amor e de sonhos...
Ps.: Também não há mal algum em ser romântico. Vai para os favoritos!
O Filho de Saul
3.7 254 Assista AgoraDaqueles que chegam ao fim e te deixam na dúvida sobre ter gostado ou não, enquanto os créditos passam. O filme é cru, difícil e incômodo, por vezes intragável. É diferente de qualquer outra produção sobre o Holocausto e isso é um feito e tanto. A câmera é eficiente e desconcertante ao evitar o horror explícito e literalmente apoia-se na enigmática persona de Saul, muito bem defendida por Géza Röhrig. O diretor não almeja emocionar ou chocar, apenas contar uma história de sobrevivência sob um viés de fuga da realidade que o protagonista experimentava. Tudo isso sem respostas fáceis e sem julgamentos acerca das motivações que conduziam o prisioneiro em sua obstinada (obsessiva, talvez) jornada.
E o filho, que dá a entender nem ser seu, serviria como força motriz para ele seguir seu curso diante do caos.
Um longa pra se ver uma única vez na vida. E quanto ao Oscar de filme em língua estrangeira, creio que tenha levado mais pela temática do que por ser excepcional.
Animais Noturnos
4.0 2,2K Assista AgoraBom filme, elenco afiado e a história do livro é o grande destaque dentre as três narrativas, sem sombra de dúvidas. Há tensão, dor e perigo de sobra na trama onde Jake Gyllenhaal mostra o porquê de ser um ator subestimado apesar de todo o talento e presença que possui. O sofrimento de seu personagem Tony é palpável e a perseguição aos responsáveis pelos eventos trágicos daquela fatídica noite é o que mantém o interesse do público. Amy Adams, competente como de costume, e Aaron Taylor-Johnson repugnante e surpreendente. O ladrão de cenas Michael Shannon fazendo jus à indicação como coadjuvante mais uma vez. Mesmo assim, algumas coisas me incomodaram. O filme é pretensioso e faz uso de metáforas pouco sutis para tentar parecer mais inteligente do que realmente é. Mais estilo do que substância, eu diria. A sequência de abertura é marcante, porém não no bom sentido e parece estar ali apenas pra causar! O desfecho é vago e poderia ter sido melhor trabalhado pra mensagem que pretendia passar... De qualquer forma, o saldo é positivo e o longa, recomendável.
A Chegada
4.2 3,4K Assista AgoraPrecisei assisti-lo pela segunda vez pra só então vir aqui comentar. A Chegada faz parte daquele grupo de filmes que não te abandonam por semanas, que desafiam, instigam e provocam todo tipo de reflexão. Denis Villeneuve merece aplausos por conduzir um drama de sci-fi inteligente sem recorrer a cenas de ação gratuitas. No geral, é um longa bem parado que prende o espectador com poucos recursos desse tipo: sim, existem algumas sequências de tirar o fôlego, mas elas estão ali a serviço do roteiro e não para deslumbrar o público. Aliás, a produção é grandiosa e impressionante, mas são os momentos de pura melancolia e contemplação que ficam na memória.
Os falsos flashbacks, que depois revelam-se posteriores à invasão e o conceito da não-linearidade do tempo a partir do contato entre a Dra. Banks e os aliens explodiram minha mente! E esse tipo de sensação é muito mais gratificante do que explosões no sentido literal, rs.
Amy Adams, talentosa como sempre, merecia ao menos uma indicação ao Oscar de atriz. Mas até entendo a esnobada, pois o páreo seria duro e ela já foi nomeada outras tantas vezes, sem vencer. De qualquer forma, sua hora ainda há de chegar!
E a gente até perdoa o clichê patriótico onde os EUA evitam uma guerra de proporções globais com os heptápodes salvando o mundo mais uma vez, não é mesmo?!
Elle
3.8 886Achei Elle brilhante e polêmico, mas não tão perturbador quanto eu imaginei que seria. Só para efeito de comparação, A Professora de Piano, também protagonizado por Huppert, me deixou muito mais incomodado, perdido e perplexo. O fato é que acabei apreciando bem mais o thriller de Verhoeven do que o (bom) filme produzido em 2001. Entendo que o longa dê pano pra manga quanto à problematização do estupro sofrido pela protagonista, mas não vejo isso de forma negativa. Também não vejo romantização.
Michèle é uma mulher forte, independente, fria e com uma herança maldita do pai psicopata. Diria que ela mesma possui traços de sociopatia bem claros e, apesar da posição de vítima da violência, havia a necessidade de estar no controle da situação. Sempre um passo à frente em todas as áreas de sua vida. A atração que ela sentia por Patrick era anterior à revelação da identidade do estuprador e, de certa forma, tudo isso tenta justificar o jogo doentio entre eles.
A hipnotizante Isabelle Huppert oferece ao espectador a melhor performance feminina do ano passado e é, indiscutivelmente, a vencedora moral do Oscar na categoria. Nada contra a Emma Stone, que fez um belo trabalho em La La Land, mas pensei que os votantes tivessem aprendido alguma coisa sobre mérito após as injustiças cometidas com Riva, Montenegro e outras. Fiquei um tanto desapontado com a premiação mais uma vez.
Florence: Quem é Essa Mulher?
3.5 351 Assista AgoraCinebiografia da MC Melody aos 70 anos, hahaha. É uma 'dramédia' bem realizada, onde destacam-se a direção de arte e, é claro, as interpretações de Meryl Streep e Hugh Grant. A nunca superestimada e veteraníssima atriz fez valer sua vigésima indicação ao Oscar no papel da aristocrata desafinada Florence Jenkins, mas quem surpreende mesmo é o outrora galã de comédias românticas. Sua atuação é ótima a ponto de convencer-nos do amor e devoção que tinha pela esposa.
Por mais que se relacionasse com outra mulher, Bayfield fazia de tudo para protegê-la das críticas negativas e do deboche do público, tornando a ligação entre eles ainda mais nobre e cativante.
Simon Helberg tá um tanto caricato na pele de Cosme, mas não chega a ofender. Impossível não rir quando Florence solta a voz nos ensaios e também na apresentação do Carnegie Hall! Guardadas as devidas proporções, o filme me lembrou o Ed Wood de Tim Burton por ambos retratarem o amor pela arte esbarrando nas limitações e na falta de talento de seus obstinados protagonistas. Fiquei curioso sobre Marguerite e a abordagem dada à história na produção francesa...
Boa Noite, Mamãe
3.5 1,5K Assista AgoraExtremamente enigmático e incômodo. Sim, concordo que o mistério condutor da trama é um tanto previsível já que várias pistas são apresentadas desde o início, cabendo ao espectador sacá-las, mas isso não é demérito algum quando tais rastros surgem propositalmente e o foco parece ser outro.
Boa Noite, Mamãe tá longe de ser apenas uma história de fantasmas onde um dos personagens tava morto o tempo todo ou um caso de dupla personalidade gerado por culpa de um acontecimento trágico. O grande achado é preenchermos as lacunas sem respostas fáceis, seja com relação à morte de Lukas e em que instante ela se deu, a dúvida sobre a identidade da suposta mãe, a tal cirurgia, o desfecho desolador e qualquer outro fato que possa ser interpretado de diferentes formas.
O filme é muito atmosférico e só por isso já merece destaque entre os suspenses atuais. Vale ressaltar que a fotografia é sensacional e os irmãos Schwarz atuaram brilhantemente pra tão pouca idade. As cenas de gore/torture porn não ficam devendo em nada para os thrillers americanos e são ainda mais desconcertantes devido ao horror psicológico que a direção foi capaz de instaurar. Nesse quesito, é bem melhor que o recente e superestimado A Bruxa, por exemplo.
Melinda e Melinda
3.5 229 Assista AgoraDelícia de filme, e acredito que mereça um lugar na lista de longas subestimados do diretor. Gostei de ambas as histórias, mas a de contornos trágicos leva uma pequena vantagem. Adorei o fato do contraste entre as duas situações ser bem sutil, sem um grande melodrama em contrapartida a uma comédia rasgada, com elementos em comum ilustrando os dois casos e demonstrando que, na vida, é tudo questão de perspectiva. A comédia e o drama fazem parte do nosso dia a dia, fundindo-se até. E sabe aquele velho ditado do 'seria cômico se não fosse trágico'?! Nunca fez tanto sentido na tela. Woody Allen também merece créditos por extrair uma boa atuação de Will Ferrell, e eu achando que Mais Estranho que a Ficção era seu único trabalho digno de atenção. Radha Mitchell é outra que tá bem, conseguindo imprimir personalidade nas duas Melindas, ainda que remetam à Cate Blanchett e sua oscarizada performance em Blue Jasmine.
Neblina e Sombras
3.7 99 Assista AgoraBem divertido e satírico, com piadas muito boas e, ouso dizer, tem um dos elencos mais inacreditáveis com quem Allen já trabalhou. John Malkovich, John Cusack, Kathy Bates, Jodie Foster, Donald Pleasence, William H. Macy, Madonna... Isso sem contar a infalível Mia Farrow e o próprio diretor. Só por todas essas participações ilustres, o filme já valeria a pena. A fotografia é primorosa e a ambientação é perfeita dentro da estética que o cineasta pretendia homenagear. A aura de mistério e a sensação de perigo iminente, mescladas ao humor e ao drama, funcionam na maior parte do tempo. Além disso, Woody é mestre em personagens covardes e carismáticos como Kleinman e o roteiro é bastante criativo, mesmo que não figure entre seus melhores.
Enquanto Somos Jovens
3.2 231 Assista AgoraA premissa acaba se sobressaindo à execução da obra mas, mesmo assim, não deixa de ser um filme interessante. Primeiramente, adorei o personagem Jamie, interpretado pelo promissor Adam Driver.
E o quanto ele acaba, a sua maneira, desconstruindo a suposta autenticidade de um hipster típico: 'diferentão' e desapegado apenas na fachada, já que o conteúdo se mostra dissimulado e calculista.
Naomi Watts nunca decepciona, mas Seyfried tá bem apagadinha. Stiller até surpreende com um personagem menos histérico e bem diferente dos que costuma interpretar nas muitas comédias que faz. A primeira metade do longa é um pouco superior à segunda, especialmente no que se refere ao contraste entre os hábitos dos dois casais e como se dá a aproximação entre eles. Filmes que retratam crise de meia-idade e medo de envelhecer geralmente são ótimos, mas Enquanto Somos Jovens ficou no meio do caminho. Algo faltou, mas não é de se jogar fora se visto sem maiores pretensões.
Conduzindo Miss Daisy
3.9 416 Assista AgoraSingelo, humano e cativante. São adjetivos que descrevem perfeitamente este vencedor do Oscar de melhor filme em 1990, e o fato de ter disputado o prêmio com o inesquecível Sociedade dos Poetas Mortos não o torna indigno de tal reconhecimento. Muito pelo contrário, já que trata-se de uma belíssima história a qual assistimos com prazer, emoção e admiração. Jessica Tandy e Morgan Freeman estão sensacionais em seus papéis: ela, representando a típica intransigência da terceira idade, e ele, em um de seus melhores trabalhos, correspondendo com toda a paciência e lealdade que só um verdadeiro e generoso amigo é capaz de ofertar. Oscar merecido para Miss Tandy! Dan Aykroyd também tá muito bem e, de certa forma, é através da eficiente maquiagem de seu personagem que acompanhamos a passagem do tempo nos vinte e poucos anos de afinidades e diferenças entre os adoráveis protagonistas. Inexplicavelmente, um clássico que fui conferir somente agora.
Simplesmente Alice
3.5 95Um tanto irregular na filmografia de Woody Allen! Digamos que aquele estilo delirante e agridoce que casou perfeitamente no maravilhoso A Rosa Púrpura do Cairo deixa a desejar aqui. Dr. Yang, as ervas e seus efeitos alucinógenos causam uma certa estranheza, mas há o que se gostar no filme. Mia Farrow e sua competência habitual (eternamente subestimada, aliás), com uma personagem de fácil identificação, o desfecho inesperado e a mensagem através deste, são alguns dos pontos positivos. A fotografia e a ambientação, que não deixam dúvidas sobre estarmos assistindo a um longa do início da década de 90, também são marcantes. Joe Mantegna e William Hurt possuem forte presença mas, no geral, o romance é morno e a narrativa, cansativa. Futuramente, darei uma segunda chance a este filme não tão inspirado de um diretor que eu adoro...
Krampus: O Terror do Natal
2.8 322 Assista AgoraSério que tem gente comparando essa bobagem com o divertidíssimo Gremlins?! Podia ter ficado bom, já que a premissa prometia deixar o espectador apreensivo e não é isso o que acontece. OK, foi baseado em uma lenda natalina dark e até dá uns sustinhos, mas pra mim não funcionou. Toni Collette traz alguma credibilidade à produção e o menino que interpreta Max acaba se saindo bem, sendo os únicos que conseguem se destacar no elenco. A melhor sequência do filme inteiro é aquela onde é mostrada a história de Omi (e olha que eu nem sou tão fã de animações!), mas não curti os monstros, nem os personagens e nem os efeitos especiais. E não sei que graça viram naquele desfecho, pois me pareceu mais do mesmo, assim como a mensagem batida sobre o valor da família. Filme esquecível e equivocado pra se assistir (ou não) apenas na época do Natal...
Crimes e Pecados
4.0 184Em um de seus filmes mais reflexivos, divertidos, irônicos e surpreendentes, Woody Allen conduz magistralmente todo tipo de debate sobre moral, culpa e temência a Deus. Somos passíveis de absolvição?! No crime e/ou no pecado?! Mas o pecado existe ou nos foi imposto como forma de não ultrapassarmos o limite da tal moralidade?! Interessantíssimo aquele diálogo final, quando ambas as tramas, de certa forma, se fundem. Martin Landau tá soberbo como o atormentado e infiel Dr. Judah, bem como o ator/diretor brilha na pele do documentarista fracassado Cliff. Anjelica Huston também se destaca, apesar de aparecer pouco. O cineasta retornaria à temática 'dostoiévskiana' com Match Point (2005), em outro inspirado momento de sua filmografia que, diga-se de passagem, sempre primou pelo anti-clichê e nestas duas produções atingiu níveis altíssimos.
O Leão no Inverno
4.2 73Longo e teatral, mas nunca cansativo ou artificial, O Leão no Inverno é um primor cinematográfico em termos de diálogos, atuações e recriação de época. Katharine Hepburn tá maravilhosa, gigante, absurda! Não à toa, é considerada uma das melhores performances femininas de todos os tempos, o que eu sou obrigado a concordar. Peter O'Toole também merecia o Oscar por seu desempenho brilhante como Rei Henry II. De fato, um dos maiores duelos de talentos que o cinema já teve o prazer de testemunhar. Os personagens são complexos, ambíguos e muitas vezes deixam o espectador em dúvida sobre suas reais intenções e sentimentos. É quase um drama sobre desintegração familiar típico, não fossem as traições, alianças, segredos, conveniências, e a disputa pelo trono na Inglaterra de 1183 como cenário. Um belo de um clássico, onde Anthony Hopkins também se destaca em meio aos monstros sagrados que interpretam seus pais.
Scream: Especial de Halloween
3.2 54Ironicamente, este especial ficou parecendo um daqueles slashers genéricos que eram lançados aos montes no final da década de 90, tentando repetir o sucesso de Pânico (1996). É até divertido, pois as mortes seguem em bom número, sangrentas e com uma certa dose de suspense. O que mata (trocadilho inevitável) é o assassino ser tão previsível. Parece que os roteiristas estavam com preguiça e nem tentaram despistar o público, o que para este subgênero é fatal. Assim como na segunda temporada da série da MTV, Emma aparece mais preparada pra enfrentar os psicóticos que a rodeiam, e Noah continua sendo o personagem mais legal! Lógico que curti as referências à Chamas da Morte, Sexta-Feira 13, etc. Assistível, ainda que forçado! Sigo insistindo em Scream e não sei o que esperar dos próximos episódios...
Prelúdio Para Matar
4.0 257 Assista AgoraProfondo Rosso é, de fato, O giallo (thriller de procedência italiana). Assisti a este cult dirigido por Dario Argento com uma certa expectativa e não me decepcionei. Talvez tenha uns 20 minutos a mais do que deveria e a trama fique confusa lá pela metade, mas são apenas detalhes. É uma produção rica em todos os sentidos! Roteiro intrigante e repleto de pistas falsas, assassino imprevisível, personagens carismáticos, e o que dizer daquela trilha sonora inusitada?! Certamente uma das mais marcantes e diferenciadas dentro do gênero. As cenas de morte são ótimas e a cinematografia é fabulosa, o que eu já esperava após conferir Suspiria e O Pássaro das Plumas de Cristal. Mas aqui Argento se superou, com um quebra-cabeças bem construído, belo, envolvente e sangrento. Uma segunda sessão do filme é praticamente obrigatória.
E ainda tem uma sequência arrepiante com um boneco, o que me pegou totalmente de surpresa...