Mommy compôs uma das melhores experiências cinematográficas que já vivi, pois tive o prazer de vê-lo ao lado da minha mommy, que no final me brindou falando do sentimento maternal. Não sou entusiasta do trabalho de Xavier Dolan, é algo intimo e talvez precise rever algumas de suas obras, mas não é por isso que não se pode perceber que o talento e idade de Dolan são inversamente proporcionais, além de admitir que, finalmente, uma de suas obras me rendeu.
Eu estava totalmente entregue, 3 personalidades distintas criando uma relação de extrema dependência que era uma tragédia anunciada e se desenrolava nos conduzindo por um caminho apertado, um quadrado claustrofóbico que potencializava todos os sentimentos que as cenas carregavam, não havia outra opção que não fosse mergulhar nos problemas das 3 personagens e senti-los com todo peso e complexidade. Mas essa ópera triste também tinha picos de harmonia, tranquilidade e alívio, a tela expandia e respirávamos aliviados. A transição ao som de Oasis foi a melhor, o grito de Liberté também era expressão do que sentíamos junto com. Não poderia deixar de citar a cena em que Die idealiza o futuro, carregando ainda mais o bonde das emoções. As transições de formato foram um jogo bastante sensitivo e usado na medida e momento certos por Dolan. E aqui somo ao meu comentário a visão de alguém bastante competente para entrar no mérito, minha mãe, uma mãe que "julgou" Die por ter sido "fraca". Era notável que o dom da maternidade não estava em Die, que acabou se tornando totalmente dependente de Kyla e também da lei fictícia feita para apoiar sua “incapacidade”. E sim, também podemos lutar em favor de Die, há razões, mas me limito a falar da interpretação que minha mãe fez sobre a rendição diante da situação, e que em uma visão mais holística, estou de acordo. Foi satisfatório ouvir da minha mãe que é possível ir além do que Diane foi.
A relação entre as três almas, entre as cenas, passagens e musicas, sobretudo a expressão de liberdade combinada com o som de Oasis, o amor ágape em exceção, limitado e condicionado (ou não). Ah, dessa vez Dolan acertou em cheio e me derrubou com força.
Existia no Alain uma frieza/distância afetiva natural, o problema não era ela, o problema era ele. A atitude dele com Marie era incômoda, ele não sentia pena (o que era bom), ele não ultrapassava alguns limites e se envolvia afetivamente, ele era apenas ele, era verdadeiro, e a situação dela não afetava em nada os seus sentimentos. Se isso era bom naquela situação? de certa forma sim, afinal ele era cru e sincero. Mas não nego ter incomodado um pouco pois queria que partisse logo para a história de amor de aventura e de magia, mas é claro, como é característico da vida, não é bem por aí. O filme inteiro eles estavam em uma relação paradoxal, tão perto mas tão longe, e no final o afago que tanto esperei veio, o acidente os aproximou, ele se tornou mais parecido com ela, limitado e quebrado, a figura dela passou a ter um significado e fazer mais sentido na vida dele, e ela o completou de alguma forma. Ele cresceu com o acontecido, quebrou o gelo e salvou o filho, e a partir daquele momento um gelo dentro dele também foi, de alguma forma, quebrado. "E a beleza está na superação dele?" sim, está. "Mas a outra perdeu as pernas e se refez, isso me pareceu bem mais impactante". Bem, pra mim, a história dela foi o melhor pano de fundo para a dele, ela foi a grande inspiração para ele levantar e lutar com o adversário, para ele levantar e continuar lutando com pessoas e por sonhos mesmo estando quebrado. Entretanto, como falamos de cinema e cada um vê de um ângulo diferente, esse foi o meu. Mas uma coisa é certa: a capacidade que temos de nos reinventar é incrível.
Temos aqui mais um belo e fiel retrato da vida real.
Seria possível alcançar a plenitude da liberdade depois de uma tragédia? Kieslowski retratou como é triste a tentativa de viver uma liberdade plena, sem vínculos, sem amor e na tentativa de amenizar o sofrimento. Juliette Binoche atuou brilhantemente, não senti falta de diálogos expressivos, no olhar e no silêncio estavam toda tristeza e melancolia de Julie, que preferia sofrer calada e que no desenrolar da trama foi se desconstruindo e libertando da controversa prisão que a busca pela "liberdade" lhe proporcionou.
A trilogia moveu ideias e sentimentos. Foi uma experiência ímpar, cheia de sentimento, percepções e aprendizados sobre alma. A obra não limitou as interpretações, mas atingiu cada espectador de forma intima e diferente (espero), é cinema em sua melhor expressão: aquele que nos faz crescer.
O conflito psicológico dos irmãos teve um retrato perfeito. Inteligentes, fortes, dotados de potencial, mas em contrapartida, eram psicologicamente fracos, eram levados por qualquer vento, e nesse filme, foram levados por um vento devastador que destruiu povos, uma ideologia que ainda vive entre nós em vários grupos, seja na sua totalidade ou parte dela. Ver Derek abandonando seus ideais, reconhecendo sua fragilidade por ter sido persuadido a aplicar seu potencial em prol de uma política insana foi exemplar para aqueles que não abrem mão de suas “verdades”. Tudo pra mim foi excepcional e eficiente, os diálogos, filosofias, as relações familiares, atuações, e destaco a agonia que as cenas preto e branco me causaram, retratando o passado imundo e desprezível de Derek, mas em contrapartida, sua nova realidade em cores vivas, aliviando-me com sua postura. A representatividade desse filme para os americanos, ou melhor, para qualquer sociedade é imensurável. Parafraseando... Seus valores, conceitos e preconceitos, paradigmas, filosofias entre outras coisas têm tornado sua vida melhor?
Digo genial por propor algo e sustentar isso por toda a trama com um roteiro bem trabalhado, e por fim, fazer com que exercitemos a proposta ao refletirmos sobre o filme. "Qual o parasita mais resistente que existe?". Pois é, com aquele final uma ideia foi plantada em cada espectador, que ao desprender tempo pensando ou discutindo com aquele amigo as teorias sobre se tratar ou não de realidade, prova o quanto uma simples ideia pode ser resistente.
O maior diferencial do filme (pra mim) foi ir além de uma punheta mental e provar a ideia central, a resistência da ideia, por atitudes que tive.
Birdman veio recheado de colocações pertinentes para os dias atuais, ultrapassou o limite da boa abordagem crítica de um tema e se fez a própria crítica, uma crítica completa, daquelas que não é enfadonha, não existe dificuldade de compreensão e sua leitura e absorção fluem de uma forma envolvente e natural. Uma crítica rica em conteúdo, personagens incríveis em sua essência, diálogos, conteúdo este produzido por uma grande equipe, grande direção, grandes atuações, e escolhas sábias desses atores, sobretudo Keaton, que dá um tom autobiográfico, fazendo tudo soar familiar e compreensível. Genial por seu diferencial, misturando insanidade, fantasia e vida real, mostrando que a vida imita a arte, a nossa vida imita a arte, somos como Riggan, inflados de vaidade e dotados de insegurança, buscando de forma incansável satisfação no próprio vazio da vaidade. (entre outras reflexões)
Não vou citar os diversos e controversos questionamentos que poderiam ser feitos em relação ao comportamento da criança, deixo isso para os psicólogos. E sob o aspecto cinematográfico temos uma obra sensacional. Passei o filme inteiro perturbada com reação de todos, mas apenas por saber da verdade, porque a reação da sociedade em relação ao Lucas é bem corriqueira em nosso cotidiano, pois por diversas vezes julgamos pessoas com base no depoimento de alguém em que confiamos, ou até mesmo sem base alguma para tais julgamentos. E o final?
Jules e Jim não poderia ser mais belo. A perspectiva abordada por Truffaut foi encantadora, pois se ateve apenas em mostrar o amor intenso que unia o trio, desconsiderando a abordagem da suposta imoralidade no comportamento dos personagens, ainda mais considerando a época em que o filme foi produzido. Empatia para entender Catherine, a mais inconstante de todos, amor/amizade explicando a relação de Jules e Jim, que foi capaz de sobreviver em tempos de guerra, um amor que mudou a forma de cada um deles interagir com o mundo, grande precursor na abordagem de temas que hoje são recorrentes, atuações sem exageros, uma obra prima. Amor filéo? Amor eros? Bom, pude ver um pouco (muito) de ambos em atitudes e gestos de cada um dos personagens em diferentes momentos e também demonstrações de erotismo e amizade simultaneamente, mas acho que não seria justo classificar a relação do trio, a melhor definição pra mim é apenas uma, o amor e suas infinitas vertentes.
Nenhuma obra cinematográfica jamais poderá mensurar a loucura de um artista, sua excentricidade, sua natureza livre, sensível e intensa. Para todos aqueles que não conviveram com Frida, restou conhecê-la por meio de suas obras, que são o melhor reflexo de suas características. Mas é notável que esse filme alcançou com êxito seu objetivo, tivemos uma pequena dose de Frida Kahlo, de tudo que ela foi, de sua vida, seus tombos, suas conquistas, e sobretudo, as suas inspirações. A vida de um artista não é fácil de se colocar em um roteiro, limitar uma vida em alguns minutos e ficar longe das críticas pelos diversos pontos não abordados ou superficialmente colocados, mas como "alguém que gosta de ver filmes" e ainda por cima admiradora da arte de Frida, não tenho do que reclamar desse filme, foi espetacular. Ótimo roteiro, atuações impecáveis e uma fotografia com um colorido encantador, intenso como Frida. Pra a babação não ficar muito forte, minha critica aborda apenas a mistura dos idiomas, achei meio sem nexo, poderiam tomar apenas o inglês como idioma mesmo a artista sendo mexicana, mas aí entra como argumento a licença poética da 7ª arte.
Como não se envolver com tantas cores? Como não se envolver com uma história de amor infantil? Nada parecido com minhas experiências, mas ao mesmo tempo era tudo igual. Fiz uma viagem no tempo, me senti na pele do casal apaixonado, me senti criança novamente e amei isso.
Nos minutos iniciais me apaixonei por Travis, por sua melancolia, seu jeito incomum, seu comportamento meio que desajustado mas ao mesmo tempo extremamente seguro, estava com um sorriso bobo no rosto enquanto o romance se desenrolava, fiquei tão empolgada com tudo que até parecia que era eu, até que tudo se desajustou, tanto pra Travis como pra mim. A “nova” personalidade assumida por Travis me fez querer que ele voltasse ao Travis inicial e fosse correndo pra a Betsy (e tudo seria como aqueles romances mimimi) mas ao mesmo tempo pude entendê-lo, quis que ele fosse aquilo, até porque “aquilo” era parte dele. Pra mim foi extremamente empolgante vê-lo “limpando a cidade” e confortante, pois me apaixonei pelo “1º Travis”, vê-lo novamente com o mesmo semblante olhando sua amada (se é que ainda era amada naquele momento) pelo retrovisor, olhando inconformado para a podridão da cidade.
Delicioso ver uma crítica à natureza humana de tamanha delicadeza, sem agressões. O comportamento de cada personagem poderia causar extrema repulsão, mas não era possível recriminar nenhum deles, pois com um pouco de sensibilidade é possível perceber e entender o vazio de Magda e a obsessão de Tomek. Kieslowski mais uma vez encanta com uma obra sensitiva, prendendo-me a atenção pelo prazer de pensar na infinidade de respostas para os inúmeros questionamentos do filme. A mistura de sentimentos, a variedade de interpretações, a simplicidade da produção e aquele final
A profundidade das conversações que vão de Madonna até a vida da garçonete desconhecida, a intimidade que os personagens transmitiam mesmo não se conhecendo, as atitudes demonstrando a personalidade de cada um deles, a maneira não-linear onde tudo vai e volta no tempo com naturalidade, a originalidade, tudo foi um prato cheio pra mim. E claro, violência gratuita e hilária de Tarantino é extasiante
A situação a qual a atendente é submetida é imoral, pensar que existem sádicos que sentem prazer nisso é absurdo, mas acontece. Porém, acho que foi arrastado demais, é um suspense/drama psicológico que vai prendendo apenas pela curiosidade de saber até onde vai a perversão do ser humano, e até onde outros são levados pela falta de conhecimento de regras/leis/protocolos básicos. Acredito que no caso mostrado no filme a relação um tanto quando abalada da chefe com a funcionária tenha influído bastante na atitude da chefe de levar a situação até o limite que chegou. Por fim, acho que um documentário/curta de 40 min funcionaria melhor.
Pra confortar todo sentimento pesado melancólico provocado por Azul, as reflexões trazidas pela cômica crítica que foi o Branco, o Vermelho veio para arrebatar o coração com a doçura de Valentine, que nos fez ver o quão importante são os laços afetivos, estes que a Julie em Azul tanto tentava se desfazer, ver que Valentine se importou com o sofrimento de um cão, de um desconhecido, talvez tivesse se importado com alguém como o Karol, nos inspirando a fazer o mesmo. Talvez não seja possível alcançar todas as metáforas usadas na trilogia, até porque achei tudo bem mais sensitivo do que interpretativo-descritivo, mas um olhar especial para a velhinha com a garrafa, que em Azul nos vimos egoístas e cegos como a Julie, no Branco vimos como podemos ser maus ao apenas observar o sofrimento alheio e nada fazer, e até achar bom que essa igualdade exista, pois é mais confortante saber que não somos os únicos a sofrer. Já o vermelho veio para nos ensinar que a fraternidade é vermelha, vibrante, que sofremos mas podemos ser empáticos, que precisamos de alguém pra dividir a nossa dor, e não apenas saber que alguém sofre como nós. Uma trilogia genial construída com alma.
Com um toque de genialidade Kieslowski colocou a igualdade em xeque nas entrelinhas de uma estória envolvente, onde observar e tentar compreender cada atitude do Karol tornou-se um grato exercício de empatia.
Demorei bastante pra ver, foram brilhantes as atuações do Matthew, do Jared, a transformação de ambos, em destaque Matthew, para dar vida a seus personagens. Uma grande história triste, mas que preenche a frustração do cruel desfecho dos portadores de HIV, principalmente nessa época de estudos pouco maduros, ao ver o crescimento do Ron como pessoa no desenrolar do filme, foi lindo vê-lo superando preconceitos, estreitando laços afetivos, demonstrando empatia, tomando para si a dor de quem sofria com o mal que também o atingia.
Travis na pele de Malcolm, lutando pela liberdade de jovens que estavam presos ao sistema opressor da Academia, e fazendo nascer Alex, que tornou-se a maior referência de revolta e insubordinação com a sociedade que ele não conseguia se inserir. If nos presenteou com Travis, que é único, mas que podemos associar ao Alex sem prejudicar a singularidade e prestígio de cada um, pois ambos são grandes referências de ousadia.
Mommy
4.3 1,2K Assista AgoraMommy compôs uma das melhores experiências cinematográficas que já vivi, pois tive o prazer de vê-lo ao lado da minha mommy, que no final me brindou falando do sentimento maternal.
Não sou entusiasta do trabalho de Xavier Dolan, é algo intimo e talvez precise rever algumas de suas obras, mas não é por isso que não se pode perceber que o talento e idade de Dolan são inversamente proporcionais, além de admitir que, finalmente, uma de suas obras me rendeu.
Eu estava totalmente entregue, 3 personalidades distintas criando uma relação de extrema dependência que era uma tragédia anunciada e se desenrolava nos conduzindo por um caminho apertado, um quadrado claustrofóbico que potencializava todos os sentimentos que as cenas carregavam, não havia outra opção que não fosse mergulhar nos problemas das 3 personagens e senti-los com todo peso e complexidade. Mas essa ópera triste também tinha picos de harmonia, tranquilidade e alívio, a tela expandia e respirávamos aliviados. A transição ao som de Oasis foi a melhor, o grito de Liberté também era expressão do que sentíamos junto com. Não poderia deixar de citar a cena em que Die idealiza o futuro, carregando ainda mais o bonde das emoções. As transições de formato foram um jogo bastante sensitivo e usado na medida e momento certos por Dolan.
E aqui somo ao meu comentário a visão de alguém bastante competente para entrar no mérito, minha mãe, uma mãe que "julgou" Die por ter sido "fraca". Era notável que o dom da maternidade não estava em Die, que acabou se tornando totalmente dependente de Kyla e também da lei fictícia feita para apoiar sua “incapacidade”. E sim, também podemos lutar em favor de Die, há razões, mas me limito a falar da interpretação que minha mãe fez sobre a rendição diante da situação, e que em uma visão mais holística, estou de acordo. Foi satisfatório ouvir da minha mãe que é possível ir além do que Diane foi.
A relação entre as três almas, entre as cenas, passagens e musicas, sobretudo a expressão de liberdade combinada com o som de Oasis, o amor ágape em exceção, limitado e condicionado (ou não). Ah, dessa vez Dolan acertou em cheio e me derrubou com força.
Ferrugem e Osso
3.9 821 Assista AgoraExistia no Alain uma frieza/distância afetiva natural, o problema não era ela, o problema era ele. A atitude dele com Marie era incômoda, ele não sentia pena (o que era bom), ele não ultrapassava alguns limites e se envolvia afetivamente, ele era apenas ele, era verdadeiro, e a situação dela não afetava em nada os seus sentimentos. Se isso era bom naquela situação? de certa forma sim, afinal ele era cru e sincero. Mas não nego ter incomodado um pouco pois queria que partisse logo para a história de amor de aventura e de magia, mas é claro, como é característico da vida, não é bem por aí.
O filme inteiro eles estavam em uma relação paradoxal, tão perto mas tão longe, e no final o afago que tanto esperei veio, o acidente os aproximou, ele se tornou mais parecido com ela, limitado e quebrado, a figura dela passou a ter um significado e fazer mais sentido na vida dele, e ela o completou de alguma forma. Ele cresceu com o acontecido, quebrou o gelo e salvou o filho, e a partir daquele momento um gelo dentro dele também foi, de alguma forma, quebrado.
"E a beleza está na superação dele?" sim, está.
"Mas a outra perdeu as pernas e se refez, isso me pareceu bem mais impactante". Bem, pra mim, a história dela foi o melhor pano de fundo para a dele, ela foi a grande inspiração para ele levantar e lutar com o adversário, para ele levantar e continuar lutando com pessoas e por sonhos mesmo estando quebrado. Entretanto, como falamos de cinema e cada um vê de um ângulo diferente, esse foi o meu. Mas uma coisa é certa: a capacidade que temos de nos reinventar é incrível.
Temos aqui mais um belo e fiel retrato da vida real.
A Liberdade é Azul
4.1 650 Assista AgoraSeria possível alcançar a plenitude da liberdade depois de uma tragédia?
Kieslowski retratou como é triste a tentativa de viver uma liberdade plena, sem vínculos, sem amor e na tentativa de amenizar o sofrimento.
Juliette Binoche atuou brilhantemente, não senti falta de diálogos expressivos, no olhar e no silêncio estavam toda tristeza e melancolia de Julie, que preferia sofrer calada e que no desenrolar da trama foi se desconstruindo e libertando da controversa prisão que a busca pela "liberdade" lhe proporcionou.
Vê-la chorar na cena da piscina foi arrebatador.
A trilogia moveu ideias e sentimentos. Foi uma experiência ímpar, cheia de sentimento, percepções e aprendizados sobre alma. A obra não limitou as interpretações, mas atingiu cada espectador de forma intima e diferente (espero), é cinema em sua melhor expressão: aquele que nos faz crescer.
As Sufragistas
4.1 778 Assista AgoraE eu pensando que o feminismo começou com Rita Lee cantando que era mais macho que muito homem.
A Outra História Americana
4.4 2,2K Assista AgoraO conflito psicológico dos irmãos teve um retrato perfeito. Inteligentes, fortes, dotados de potencial, mas em contrapartida, eram psicologicamente fracos, eram levados por qualquer vento, e nesse filme, foram levados por um vento devastador que destruiu povos, uma ideologia que ainda vive entre nós em vários grupos, seja na sua totalidade ou parte dela. Ver Derek abandonando seus ideais, reconhecendo sua fragilidade por ter sido persuadido a aplicar seu potencial em prol de uma política insana foi exemplar para aqueles que não abrem mão de suas “verdades”.
Tudo pra mim foi excepcional e eficiente, os diálogos, filosofias, as relações familiares, atuações, e destaco a agonia que as cenas preto e branco me causaram, retratando o passado imundo e desprezível de Derek, mas em contrapartida, sua nova realidade em cores vivas, aliviando-me com sua postura.
A representatividade desse filme para os americanos, ou melhor, para qualquer sociedade é imensurável.
Parafraseando... Seus valores, conceitos e preconceitos, paradigmas, filosofias entre outras coisas têm tornado sua vida melhor?
A Garota Ideal
3.8 1,2K Assista AgoraGostaria de ver mais trabalhos da Bianca, mas ela nem consta no elenco.
Perdido em Marte
4.0 2,3K Assista AgoraÔ cara, tu não tinhas explodido lá na manobra pra encaixar na endurance?¿
(spoiler interstellar)
A Origem
4.4 5,9K Assista AgoraCobb ainda estaria em um sonho ou seria realidade?
Bom, longe de mim ditar um final para o filme, mas tenho comigo firmes convicções e, dentre elas, a maior de todas é: O filme é genial.
Digo genial por propor algo e sustentar isso por toda a trama com um roteiro bem trabalhado, e por fim, fazer com que exercitemos a proposta ao refletirmos sobre o filme. "Qual o parasita mais resistente que existe?". Pois é, com aquele final uma ideia foi plantada em cada espectador, que ao desprender tempo pensando ou discutindo com aquele amigo as teorias sobre se tratar ou não de realidade, prova o quanto uma simples ideia pode ser resistente.
O maior diferencial do filme (pra mim) foi ir além de uma punheta mental e provar a ideia central, a resistência da ideia, por atitudes que tive.
Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)
3.8 3,4K Assista AgoraBirdman- A inesperada vitória sobre (em cima da) a ignorância.
Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)
3.8 3,4K Assista AgoraBirdman veio recheado de colocações pertinentes para os dias atuais, ultrapassou o limite da boa abordagem crítica de um tema e se fez a própria crítica, uma crítica completa, daquelas que não é enfadonha, não existe dificuldade de compreensão e sua leitura e absorção fluem de uma forma envolvente e natural. Uma crítica rica em conteúdo, personagens incríveis em sua essência, diálogos, conteúdo este produzido por uma grande equipe, grande direção, grandes atuações, e escolhas sábias desses atores, sobretudo Keaton, que dá um tom autobiográfico, fazendo tudo soar familiar e compreensível.
Genial por seu diferencial, misturando insanidade, fantasia e vida real, mostrando que a vida imita a arte, a nossa vida imita a arte, somos como Riggan, inflados de vaidade e dotados de insegurança, buscando de forma incansável satisfação no próprio vazio da vaidade.
(entre outras reflexões)
A Caça
4.2 2,0K Assista AgoraNão vou citar os diversos e controversos questionamentos que poderiam ser feitos em relação ao comportamento da criança, deixo isso para os psicólogos. E sob o aspecto cinematográfico temos uma obra sensacional. Passei o filme inteiro perturbada com reação de todos, mas apenas por saber da verdade, porque a reação da sociedade em relação ao Lucas é bem corriqueira em nosso cotidiano, pois por diversas vezes julgamos pessoas com base no depoimento de alguém em que confiamos, ou até mesmo sem base alguma para tais julgamentos. E o final?
ah, o final foi aquele grato presente mostrando a realidade, jamais Lucas será o mesmo,nada jamais será igual.
Garota Exemplar
4.2 5,0K Assista AgoraSem sobra de duvidas, uma vilã exemplar.
Jules e Jim - Uma Mulher Para Dois
4.1 335 Assista AgoraJules e Jim não poderia ser mais belo. A perspectiva abordada por Truffaut foi encantadora, pois se ateve apenas em mostrar o amor intenso que unia o trio, desconsiderando a abordagem da suposta imoralidade no comportamento dos personagens, ainda mais considerando a época em que o filme foi produzido.
Empatia para entender Catherine, a mais inconstante de todos, amor/amizade explicando a relação de Jules e Jim, que foi capaz de sobreviver em tempos de guerra, um amor que mudou a forma de cada um deles interagir com o mundo, grande precursor na abordagem de temas que hoje são recorrentes, atuações sem exageros, uma obra prima.
Amor filéo? Amor eros? Bom, pude ver um pouco (muito) de ambos em atitudes e gestos de cada um dos personagens em diferentes momentos e também demonstrações de erotismo e amizade simultaneamente, mas acho que não seria justo classificar a relação do trio, a melhor definição pra mim é apenas uma, o amor e suas infinitas vertentes.
Frida
4.1 1,2K Assista AgoraNenhuma obra cinematográfica jamais poderá mensurar a loucura de um artista, sua excentricidade, sua natureza livre, sensível e intensa. Para todos aqueles que não conviveram com Frida, restou conhecê-la por meio de suas obras, que são o melhor reflexo de suas características. Mas é notável que esse filme alcançou com êxito seu objetivo, tivemos uma pequena dose de Frida Kahlo, de tudo que ela foi, de sua vida, seus tombos, suas conquistas, e sobretudo, as suas inspirações.
A vida de um artista não é fácil de se colocar em um roteiro, limitar uma vida em alguns minutos e ficar longe das críticas pelos diversos pontos não abordados ou superficialmente colocados, mas como "alguém que gosta de ver filmes" e ainda por cima admiradora da arte de Frida, não tenho do que reclamar desse filme, foi espetacular. Ótimo roteiro, atuações impecáveis e uma fotografia com um colorido encantador, intenso como Frida.
Pra a babação não ficar muito forte, minha critica aborda apenas a mistura dos idiomas, achei meio sem nexo, poderiam tomar apenas o inglês como idioma mesmo a artista sendo mexicana, mas aí entra como argumento a licença poética da 7ª arte.
Moonrise Kingdom
4.2 2,1K Assista AgoraComo não se envolver com tantas cores? Como não se envolver com uma história de amor infantil?
Nada parecido com minhas experiências, mas ao mesmo tempo era tudo igual. Fiz uma viagem no tempo, me senti na pele do casal apaixonado, me senti criança novamente e amei isso.
Taxi Driver
4.2 2,5K Assista AgoraNos minutos iniciais me apaixonei por Travis, por sua melancolia, seu jeito incomum, seu comportamento meio que desajustado mas ao mesmo tempo extremamente seguro, estava com um sorriso bobo no rosto enquanto o romance se desenrolava, fiquei tão empolgada com tudo que até parecia que era eu, até que tudo se desajustou, tanto pra Travis como pra mim.
A “nova” personalidade assumida por Travis me fez querer que ele voltasse ao Travis inicial e fosse correndo pra a Betsy (e tudo seria como aqueles romances mimimi) mas ao mesmo tempo pude entendê-lo, quis que ele fosse aquilo, até porque “aquilo” era parte dele.
Pra mim foi extremamente empolgante vê-lo “limpando a cidade” e confortante, pois me apaixonei pelo “1º Travis”, vê-lo novamente com o mesmo semblante olhando sua amada (se é que ainda era amada naquele momento) pelo retrovisor, olhando inconformado para a podridão da cidade.
Não Amarás
4.2 297 Assista AgoraDelicioso ver uma crítica à natureza humana de tamanha delicadeza, sem agressões. O comportamento de cada personagem poderia causar extrema repulsão, mas não era possível recriminar nenhum deles, pois com um pouco de sensibilidade é possível perceber e entender o vazio de Magda e a obsessão de Tomek.
Kieslowski mais uma vez encanta com uma obra sensitiva, prendendo-me a atenção pelo prazer de pensar na infinidade de respostas para os inúmeros questionamentos do filme. A mistura de sentimentos, a variedade de interpretações, a simplicidade da produção e aquele final
onde eles podem, enfim, compreender um ao outro
Gran Torino
4.2 1,5K Assista Agora"O que você sabe sobre a vida e da morte?"
Bom, Walt mostrou que sabia sobre ambas.
Cães de Aluguel
4.2 1,9K Assista AgoraA profundidade das conversações que vão de Madonna até a vida da garçonete desconhecida, a intimidade que os personagens transmitiam mesmo não se conhecendo, as atitudes demonstrando a personalidade de cada um deles, a maneira não-linear onde tudo vai e volta no tempo com naturalidade, a originalidade, tudo foi um prato cheio pra mim.
E claro, violência gratuita e hilária de Tarantino é extasiante
Obediência
3.4 309A situação a qual a atendente é submetida é imoral, pensar que existem sádicos que sentem prazer nisso é absurdo, mas acontece. Porém, acho que foi arrastado demais, é um suspense/drama psicológico que vai prendendo apenas pela curiosidade de saber até onde vai a perversão do ser humano, e até onde outros são levados pela falta de conhecimento de regras/leis/protocolos básicos. Acredito que no caso mostrado no filme a relação um tanto quando abalada da chefe com a funcionária tenha influído bastante na atitude da chefe de levar a situação até o limite que chegou.
Por fim, acho que um documentário/curta de 40 min funcionaria melhor.
A Fraternidade é Vermelha
4.2 440 Assista AgoraPra confortar todo sentimento pesado melancólico provocado por Azul, as reflexões trazidas pela cômica crítica que foi o Branco, o Vermelho veio para arrebatar o coração com a doçura de Valentine, que nos fez ver o quão importante são os laços afetivos, estes que a Julie em Azul tanto tentava se desfazer, ver que Valentine se importou com o sofrimento de um cão, de um desconhecido, talvez tivesse se importado com alguém como o Karol, nos inspirando a fazer o mesmo.
Talvez não seja possível alcançar todas as metáforas usadas na trilogia, até porque achei tudo bem mais sensitivo do que interpretativo-descritivo, mas um olhar especial para a velhinha com a garrafa, que em Azul nos vimos egoístas e cegos como a Julie, no Branco vimos como podemos ser maus ao apenas observar o sofrimento alheio e nada fazer, e até achar bom que essa igualdade exista, pois é mais confortante saber que não somos os únicos a sofrer. Já o vermelho veio para nos ensinar que a fraternidade é vermelha, vibrante, que sofremos mas podemos ser empáticos, que precisamos de alguém pra dividir a nossa dor, e não apenas saber que alguém sofre como nós.
Uma trilogia genial construída com alma.
A Igualdade é Branca
4.0 366 Assista AgoraCom um toque de genialidade Kieslowski colocou a igualdade em xeque nas entrelinhas de uma estória envolvente, onde observar e tentar compreender cada atitude do Karol tornou-se um grato exercício de empatia.
Clube de Compras Dallas
4.3 2,8K Assista AgoraDemorei bastante pra ver, foram brilhantes as atuações do Matthew, do Jared, a transformação de ambos, em destaque Matthew, para dar vida a seus personagens.
Uma grande história triste, mas que preenche a frustração do cruel desfecho dos portadores de HIV, principalmente nessa época de estudos pouco maduros, ao ver o crescimento do Ron como pessoa no desenrolar do filme, foi lindo vê-lo superando preconceitos, estreitando laços afetivos, demonstrando empatia, tomando para si a dor de quem sofria com o mal que também o atingia.
Se...
3.9 170Travis na pele de Malcolm, lutando pela liberdade de jovens que estavam presos ao sistema opressor da Academia, e fazendo nascer Alex, que tornou-se a maior referência de revolta e insubordinação com a sociedade que ele não conseguia se inserir.
If nos presenteou com Travis, que é único, mas que podemos associar ao Alex sem prejudicar a singularidade e prestígio de cada um, pois ambos são grandes referências de ousadia.