Pra quem não sabe, Midsommar é um filme sobre um grupo de pessoas esquisitas que cresceram em um ambiente exótico e acreditam em coisas duvidáveis, como...
liberdade, igualdade e fraternidade, os princípios da sociedade liberal moderna. O outro grupo do filme é o de pessoas normais, que usualmente matam forasteiros.
Mas agora falando sério. O filme tem uma pegada culturalista bem notável, e remete à época em que os etnógrafos ficavam procurando exoticidade e partiam do pressuposto de que o comportamento humano é completamente maleável e dependente das condições sociais.
É claro que uma população aos moldes do culto de Harga não existiria, mas, entre outros exemplos, como todas as mortes não consentidas foram direcionadas àqueles de fora do grupo, é válido refletir sobre o filme em uma perspectiva relativista cultural (e, portanto, moral). Isso faz sentido se for verdade que a moral humana é altruísta paroquial (vejam "parochial altruism"), o que significa que tendemos a manter vivos aqueles de dentro do nosso grupo e a matar (ou pelo menos não ligar para a morte) daqueles de fora dele.
Dito isso, o filme poderia muito ter explorado um pouco mais a questão da natureza humana; o que é mais ou menos natural ali, considerando que os exóticos e esquisitos não são somente os habitantes do povoado, mas também aqueles jovens, que moram em grandes cidades com energia elétrica -- novidades culturais muito mais recentes do que os povoados agrícolas.
Convém ressaltar o seguinte. Eu conheço ao menos um antropólogo que escreve sobre folclore, violência e organização social. Seu nome é William Buckner e ele publica sobre a relação entre religião, cooperação e violência em sociedades antigas e contemporâneas de pequena-escala, seja em tribos ou povoados agrícolas como o de Midsommar. (Infelizmente, ele não fez uma resenha sobre Midsommar, mas fez de filmes similares.) Outra coisa legal é que Buckner não é culturalista, mas evolucionista. Embora ele tenha um interesse em religião primitiva e uma formação forte em antropologia cultural, ele também estuda biologia e tenta entender como os humanos parecem ter comportamentos que, à primeira vista, contradizem uma natureza humana universal. Um exemplo que me vem à mente agora é seu texto sobre o culto dos homens (The Point of Mens Cult, Nautilus), em que mostra que em várias sociedades tradicionais pelo mundo os homens mantêm um culto opressivo e secreto que, se violado, permite a seus membros estuprar mulheres e crianças.
Por fim, como biólogo interessado na relação entre antropologia e biologia, eu só consigo pensar que queria muito ter tido a oportunidade daqueles dois, no filme. Mas sem a parte final.
Tem mais semelhanças com A Onda do que podemos imaginar. Os produtores estão de parabéns em mostrar o lado tribalista de tudo isso, convocando especialistas para esmiuçar o modus operandi do mecanismo psicológico da identidade de grupo. Isso não é um documentário sobre gente estúpida, mas um experimento de psicologia social.
Uma jornada pelas aflições, alegrias, tristezas, angústias, desejos, arrependimentos e vivências humanas. Dentre todos esses atributos, Arthus-Bertrand retrata muito bem tanto seu escopo natural como seu escopo cultural, dando a devida atenção tanto ao nível universal e qualitativo do primeiro como ao variável e quantitativo do segundo.
Ponto positivo: no geral, um bom documentário sobre o tribalismo inerente às escolas divergentes de pensamento na antropologia e a anticiência dos antropólogos avessos às explicações que envolvem a biologia. Ponto negativo: Padilha não fez um trabalho equilibrado o suficiente, pois não desmentiu as acusações de Tierney contra Chagnon.
Pela primeira vez senti na pele o que uma mulher sente a vida toda: o medo de ser estuprada. Senti também muitas outras coisas, o que inclui desde aflição à felicidade. Afinal, o filme te contagia de uma forma altruísta e do começo ao fim ele te põe no lugar dela te fazendo sentir o que ela sente.
"Para alguém que não foi feito para este mundo, devo admitir: de repente, está sendo difícil deixá-lo. Dizem que cada átomo do seu corpo, um dia, já foi parte de uma estrela. Talvez eu não esteja partindo, talvez eu esteja indo pra casa."
Eu diria ótimo, mas perturbador cai melhor. Não apostei nesse filme... achei que dormiria assistindo. Talvez tenha sido esse o motivo de tanta surpresa.
Eu jurava que ele mataria o pai mesmo, desde o começo. O moleque fazia merda e ele o presenteava(!), ele praticamente ignorou a psicopatia do filho e o "equipou" para treina-la melhor. O fato d'a mãe ter uma rincha com ele e vice-versa desde a infância dele e ele ter feito tudo só pra atingi-la foi foda, mas muito foda. Eu acho que se uma pessoa dessa existe na vida real, ela se mata. O filme deixa muitos (muitos mesmo) questionamentos acerca do próprio enredo e sobre psiciopatia em si (até a dúvida de ter ou não ter filhos) e isso é bom (ou não).
"Nonsense" é a melhor definição que avalie esse desserviço a quem gostaria (como a proposta insinua) de ver algo novo e bem feito sobre a dramática vida de uma amante do black metal escandinavo. É uma total dislexia. A cada acontecimento minha reação foi a de "que caralhos eu acabo de ver?". Fatos aleatórios e sem ligação, não há conexão entre os acontecimentos, nada. Uma hora a personagem principal pode queimar uma igreja por desilusões amorosas e, noutra, ajuda a reconstruir a mesma igreja por livre e espontânea vontade (e, bem lembrado, o que totaliza a minha reação de "hein?" foi quando o Dead e os dois outros que não me lembro o nome também ajudam a construir essa igreja). Cacete, hilário. Essa merda deve ter sido feita pra ridicularizar o Black Metal (e também o metal em si), não há outra explicação. A garota se comporta como uma retardada; vê na televisão reportagens sobre a Segunda Onda do Black Metal e pronto, passa a usar corpse paint como hobbie e, nisso, espera-se por algo mais imprevisível, fora do comum; mas não, não acontece absolutamente caralho algum que dê algum decorrer, que acrescente na história. A sinopse disso deveria ser "Este filme não é, de fato, sobre uma Metalhead, mas de uma uma (retardada) menina que perde o irmão num acidente e é obrigada a carregar este fardo por toda a vida toda e, para lidar com isso, se rebela usando o metal e agindo feito uma pré-adolescente (mesmo já com seus 20 e poucos anos), sofre de esquizofrenia e tudo acaba num misto de cenas aleatórias.". Enredo sem pé nem cabeça, história ruim (e muito ruim), proposta falha... em suma, uma total perda de tempo.
Midsommar: O Mal Não Espera a Noite
3.6 2,8K Assista AgoraPra quem não sabe, Midsommar é um filme sobre um grupo de pessoas esquisitas que cresceram em um ambiente exótico e acreditam em coisas duvidáveis, como...
liberdade, igualdade e fraternidade, os princípios da sociedade liberal moderna. O outro grupo do filme é o de pessoas normais, que usualmente matam forasteiros.
Mas agora falando sério. O filme tem uma pegada culturalista bem notável, e remete à época em que os etnógrafos ficavam procurando exoticidade e partiam do pressuposto de que o comportamento humano é completamente maleável e dependente das condições sociais.
É claro que uma população aos moldes do culto de Harga não existiria, mas, entre outros exemplos, como todas as mortes não consentidas foram direcionadas àqueles de fora do grupo, é válido refletir sobre o filme em uma perspectiva relativista cultural (e, portanto, moral). Isso faz sentido se for verdade que a moral humana é altruísta paroquial (vejam "parochial altruism"), o que significa que tendemos a manter vivos aqueles de dentro do nosso grupo e a matar (ou pelo menos não ligar para a morte) daqueles de fora dele.
Dito isso, o filme poderia muito ter explorado um pouco mais a questão da natureza humana; o que é mais ou menos natural ali, considerando que os exóticos e esquisitos não são somente os habitantes do povoado, mas também aqueles jovens, que moram em grandes cidades com energia elétrica -- novidades culturais muito mais recentes do que os povoados agrícolas.
Convém ressaltar o seguinte. Eu conheço ao menos um antropólogo que escreve sobre folclore, violência e organização social. Seu nome é William Buckner e ele publica sobre a relação entre religião, cooperação e violência em sociedades antigas e contemporâneas de pequena-escala, seja em tribos ou povoados agrícolas como o de Midsommar. (Infelizmente, ele não fez uma resenha sobre Midsommar, mas fez de filmes similares.) Outra coisa legal é que Buckner não é culturalista, mas evolucionista. Embora ele tenha um interesse em religião primitiva e uma formação forte em antropologia cultural, ele também estuda biologia e tenta entender como os humanos parecem ter comportamentos que, à primeira vista, contradizem uma natureza humana universal. Um exemplo que me vem à mente agora é seu texto sobre o culto dos homens (The Point of Mens Cult, Nautilus), em que mostra que em várias sociedades tradicionais pelo mundo os homens mantêm um culto opressivo e secreto que, se violado, permite a seus membros estuprar mulheres e crianças.
Por fim, como biólogo interessado na relação entre antropologia e biologia, eu só consigo pensar que queria muito ter tido a oportunidade daqueles dois, no filme. Mas sem a parte final.
A Terra é Plana
3.5 196Tem mais semelhanças com A Onda do que podemos imaginar. Os produtores estão de parabéns em mostrar o lado tribalista de tudo isso, convocando especialistas para esmiuçar o modus operandi do mecanismo psicológico da identidade de grupo. Isso não é um documentário sobre gente estúpida, mas um experimento de psicologia social.
Humano - Uma Viagem pela Vida
4.7 326 Assista AgoraUma jornada pelas aflições, alegrias, tristezas, angústias, desejos, arrependimentos e vivências humanas. Dentre todos esses atributos, Arthus-Bertrand retrata muito bem tanto seu escopo natural como seu escopo cultural, dando a devida atenção tanto ao nível universal e qualitativo do primeiro como ao variável e quantitativo do segundo.
Segredos da Tribo
3.8 25Ponto positivo: no geral, um bom documentário sobre o tribalismo inerente às escolas divergentes de pensamento na antropologia e a anticiência dos antropólogos avessos às explicações que envolvem a biologia.
Ponto negativo: Padilha não fez um trabalho equilibrado o suficiente, pois não desmentiu as acusações de Tierney contra Chagnon.
Accidental Courtesy: Daryl Davis, Race & America
3.9 2Ele consegue conversar com neonazistas e racistas dos mais variados tipos,
menos com os próprios negros. Tem algo errado.
Conta Comigo
4.3 1,9K Assista AgoraSenti saudades de ser criança.
Notícias de uma Guerra Particular
4.4 118Mais de quinze anos depois e nada mudou. Nunca mudará enquanto os governantes insistirem nessa guerra perdida que é a guerra às drogas.
O Vento Será Tua Herança
4.4 104 Assista AgoraUma obra prima.
Livre
3.8 1,2K Assista AgoraPela primeira vez senti na pele o que uma mulher sente a vida toda: o medo de ser estuprada. Senti também muitas outras coisas, o que inclui desde aflição à felicidade. Afinal, o filme te contagia de uma forma altruísta e do começo ao fim ele te põe no lugar dela te fazendo sentir o que ela sente.
Gattaca, uma Experiência Genética
3.9 649 Assista Agora"Para alguém que não foi feito para este mundo, devo admitir: de repente, está sendo difícil deixá-lo. Dizem que cada átomo do seu corpo, um dia, já foi parte de uma estrela. Talvez eu não esteja partindo, talvez eu esteja indo pra casa."
Isto é Inglaterra
4.1 256Chocante.
Precisamos Falar Sobre o Kevin
4.1 4,2K Assista AgoraEu diria ótimo, mas perturbador cai melhor. Não apostei nesse filme... achei que dormiria assistindo. Talvez tenha sido esse o motivo de tanta surpresa.
Eu jurava que ele mataria o pai mesmo, desde o começo. O moleque fazia merda e ele o presenteava(!), ele praticamente ignorou a psicopatia do filho e o "equipou" para treina-la melhor. O fato d'a mãe ter uma rincha com ele e vice-versa desde a infância dele e ele ter feito tudo só pra atingi-la foi foda, mas muito foda. Eu acho que se uma pessoa dessa existe na vida real, ela se mata.
O filme deixa muitos (muitos mesmo) questionamentos acerca do próprio enredo e sobre psiciopatia em si (até a dúvida de ter ou não ter filhos) e isso é bom (ou não).
O Ataque dos Vermes Malditos
3.3 675 Assista AgoraAssisti na infância e fiquei traumatizado pra caralho. Nem consegui terminar de ver.
Mudando o Destino
3.5 170"Nonsense" é a melhor definição que avalie esse desserviço a quem gostaria (como a proposta insinua) de ver algo novo e bem feito sobre a dramática vida de uma amante do black metal escandinavo. É uma total dislexia. A cada acontecimento minha reação foi a de "que caralhos eu acabo de ver?". Fatos aleatórios e sem ligação, não há conexão entre os acontecimentos, nada. Uma hora a personagem principal pode queimar uma igreja por desilusões amorosas e, noutra, ajuda a reconstruir a mesma igreja por livre e espontânea vontade (e, bem lembrado, o que totaliza a minha reação de "hein?" foi quando o Dead e os dois outros que não me lembro o nome também ajudam a construir essa igreja). Cacete, hilário. Essa merda deve ter sido feita pra ridicularizar o Black Metal (e também o metal em si), não há outra explicação. A garota se comporta como uma retardada; vê na televisão reportagens sobre a Segunda Onda do Black Metal e pronto, passa a usar corpse paint como hobbie e, nisso, espera-se por algo mais imprevisível, fora do comum; mas não, não acontece absolutamente caralho algum que dê algum decorrer, que acrescente na história. A sinopse disso deveria ser "Este filme não é, de fato, sobre uma Metalhead, mas de uma uma (retardada) menina que perde o irmão num acidente e é obrigada a carregar este fardo por toda a vida toda e, para lidar com isso, se rebela usando o metal e agindo feito uma pré-adolescente (mesmo já com seus 20 e poucos anos), sofre de esquizofrenia e tudo acaba num misto de cenas aleatórias.". Enredo sem pé nem cabeça, história ruim (e muito ruim), proposta falha... em suma, uma total perda de tempo.