daqueles filmes que mostram que o brasil não muda. a violência canalha da polícia e da sociedade brasileira contra si mesma onde o individualismo engole todo mundo no fim. o tom quase documental do filme funciona bem e tarcísio meira consegue entregar um personagem muito desconectado da visão de bom moço que ele carregava. seu mateus romeiro é uma síntese de tudo que o filme carrega, uma espécie de violência vaidosa. o filme seria dele se não fosse a personagem eloina interpretada maravilhosamente por anselmo vasconcelos: ela tem seu passado, tem suas ambições, tem seu talento, tem função e participação na história e simplesmente existe, sem função cômica, de exploração ou representatividade vazia (até porque nessa época nem se falava sobre representatividade). se fosse gringo teria levado oscar por essa personagem
um bom filme policial com muita violência crua: não só física mas também na relação violenta entre todas as pessoas envolvidas
a sensação foi que o filme não sabia exatamente pra onde ir. há um clima sensual misturado com tensão reforçados pela vida noturna da personagem e o ótimo uso de luzes em todas as cenas, mas pareceu que a história seguia dizendo "não é sobre isso" pra todas as temáticas que o filme parecia que entraria. um filme-ansiedade que abre diversas situações mas não entra exatamente em nenhuma, já que não aprofunda as motivações e a psicologia interessantíssima de china blue/joanna, não explora o mistério investigativo de bobby (e envolve um arco de drama familiar chatíssimo) e ainda insere o anthony perkins que, mesmo em ótima atuação, parece ter sido o motivo pro filme existir, já que o final
uma das melhores coisas que assisti ultimamente. é um filme que ama e respeita o cinema mas ao mesmo tempo sabe como o desrespeitar e usar isso a seu favor. o grupo do cecil é muito carismático e a apresentação de cada um funciona muito bem pra dar o tom de cada personagem já de cara. a honey como representação de hollywood e sua transformação após o cinema underground é espetacular, tanto a ideia, tanto a execução. com certeza há de alguma forma certa autoreferência do john waters e seus dreamlanders e por isso há tanta sinceridade na representação do underground: o amor pelo cinema, não pelo mainstream, não por hollywood - há varias alfinetadas em questões como remakes e adaptação também em produtores. o filme tem ótimo ritmo e consegue manter sua intensidade até a última cena, além de desenvolver e criar background pra praticamente todos os personagens.
make good movies or die e por isso john waters está vivíssimo
a química do perry salles com a vera fischer é a única coisa boa do filme. a comédia não funciona em nenhum episódio e o filme em si vai se tornando bem massante
uma ótima comédia de virada de década, explorando o ritmo teatral no cinema. o filme é verborrágico não como problema, mas como escolha: a correria e gritaria dão a atmosfera de jornal que o filme pede e nos coloca no meio dos acontecimentos sem tempo de questionar exatamente seus motivos. é exatamente o que o personagem do cary grant faz com a hildy, ao reinserir a repórter em um grande trabalho sem que ela possa questionar porque está fazendo isso e, principalmente, consiga largar tudo e se mudar com o noivo. burns é manipulador e não só sabe disso, como também aproveita esse "poder" com os outros personagens e com seu próprio jornal a relação teatro/cinema parece ter sido uma dificuldade pros protagonistas. cary grant muitas vezes destoa do estilo de atuação de rosalind russell e parece não ter tido um acordo do tom dos personagens. é um filme que ou prende o espectador ou o afasta de vez e felizmente comigo me segurou até o final - mesmo assim, foi uma experiência um pouco cansativa
um filme com muito estilo de direção: assisti sem lembrar quem era danny boyle e mesmo assim lembrei de trainspotting assistindo. a premissa é ótima mas achei que o filme cairia pra um lado mais tragicômico, o que talvez fizesse até mais sentido em alguns momentos (como a parte de ocultar o corpo) e até ajudaria no desenvolvimento da relação entre os personagens, que ficam sombrios quase que de uma hora pra outra e vão se tornando cada vez mais antipáticos entre eles e com o espectador. o ápice é aquela "loucura" do david, completamente insuportável e o ótimo ritmo do começo da história vai se perdendo pelo meio do filme, um problema grande pra um filme relativamente curto. felizmente o final recupera esse ritmo e até surpreende na tomada de decisão, mas que sinceramente já tinha me cansado até lá
a premissa tinha mais potencial em relação ao que o filme entrega
pra quem gosta do terror dos anos 70 (e dos anos 70 como um todo) esse filme é um presente. a conexão do sexo com o terror, uso fácil da época, retorna aqui numa era bem puritana do cinema e molda vários conflitos da história: a gravação do filme deles, o incômodo com a pearl, o ciúmes do RJ e liberdade "incômoda" dos personagens contra o isolamento total do howard. o filme sabe ter charme com o uso das filmagens em super8 e explora a trilha sonora setentista pra reforçar algumas cenas. a de landslide, por mais que numa cena fofa, é um pouco gratuita. já a don't fear the reaper é muito bem utilizada. no mais é aquela clássica estrutura do terror 70s: todos os personagens são autoconfiantes, o que leva às decisões burras. essas "decisões" dos personagens acabam sendo corridas demais pro filme, já que esse é o "ápice" da história se tratando de um slasher. a relação com o evangelista é bem sacada e o filme aponta pra uma continuação já planejada, o que acaba pondo em risco a individualidade do filme caso a sequência não funcione tão bem mia goth está espetacular (assim como o trabalho de maquiagem) e me surpreendi com a atuação do kid cudi, tanto que nem o reconheci no personagem
um dos maiores filmes rape-revenge. o filme sabe criar empatia rápida pela jennifer e sabe explorar o terror da sua cena de abuso. não acho que tenha sido desnecessariamente longa, já que o intuito era chocar e passar essa sensação de desespero - não tinha como ela escapar do abuso e o espectador não tem como fugir de ver aquilo
o retorno dela é meio furado e a maioria das vinganças também, mas acho que não se buscava muito uma lógica pra isso. o ponto era causar satisfação com a vingança e o filme, aí sim, peca no ritmo, deixando a vingança rápida demais. os abusadores são extremamente burros mas acho que fazer ela flertar com todos eles depois foi uma escolha meio absurda.
um filme bastante pesado na temática mas não sei se atinge exatamente a vingança que buscava e que promete. aparentemente o remake (que não assisti) soube fazer isso melhor
talvez a maior blaxploitation, tem pam grier conduzindo o filme todo: tudo gira em volta dela e ela sabe segurar qualquer responsabilidade sendo FODONA. o filme em si tem uma história até básica, mas que soube executar de uma maneira bem estilosa. o final infelizmente foi bem corrido, parece que enrolaram no meio e faltou tempo pro final. pra um filme de baixo orçamento, até tem suas cenas de ação muito bem executadas. a atuação é bem exagerada mas não parece ser por falta de técnica, mas por opção de estilo. a cena do bar de lésbicas é ótima, ainda mais pros anos 70. a trilha sonora é espetacular também.
uma pena que esse filme é pornô, porque seria uma das comédias mais engraçadas já feitas no brasil. a quantidade de trocadilho sexual, referência à bíblia e inserções dos anos 80 no filme é espetacular, coisa que o porta dos fundos NUNCA conseguiu naqueles filmes bíblicos de comédia
a melhor coisa é o personagem do fernando benini que é absurdo por si só visualmente mas ainda por cima fala um MONTE de absurdos e conduz a história. deus com a voz do fred flinstone é sensacional também
se bobear esse filme é mais engraçado e mais absurdo que o papaco
tem seus poucos momentos engraçados e explora pouco a graça do "programa barulho da cidade" que é a melhor piada dos outros filmes da série. o episódio 4 (sonhos que matam) é completamente INSUPORTÁVEL, não é engraçado e nem dramático e dura MUITO TEMPO a mais que o necessário pra contar a história. muito muito muito ruim o do peru também peca no tempo e tem seus momentos bem problemáticos tipo bater no bicho
pela descrição aqui do filmow esse filme foi sucesso, mas ao assistir não é o que parece. é um filme bem irregular no humor, no ritmo, no desenvolvimento e inclusive pra própria época de lançamento. a premissa é boba mas ainda apontava um certo potencial de cenas engraçadas com a confusão, mas foi pouquíssimo explorada. a história vai pra um lado bem oposto do que esperava e, novamente, não sabe explorar muito bem o seu próprio humor. eu realmente não entendo a graça do pedro de lara o final é absurdamente tosco e se arriscou até em criar momentos de cenas de ação, o que provavelmente tava na moda na época. achei principalmente o humor visual muito abaixo pro mossy (estranhei, mas depois lembrei que a direção era do macdowell).
o pessoal de 1975 podia ter lotado a sala do aventuras amorosas de um padeiro ou do guerra conjugal que compensava bem mais
um espetáculo visual, como se deve ser qualquer coisa relacionada à david bowie. é um documentário claramente pra fãs, já que não necessariamente localiza algumas coisas "óbvias" - mas que são óbvias, claro, pra quem é fã o filme sabe usar a enorme discografia do bowie sem parecer por obrigação, inclusive algumas músicas aparecem só como elementos curtos pra trilha, brincando muito com a mixagem e os instrumentos. o espírito de época é muito bem executado pelas imagens, dizendo muita coisa sem necessariamente colocar em palavras. o que foi o fim dos anos 60 e sua transição pros anos 70, como era a mentalidade dos jovens, como era a mentalidade da mídia, quem era famoso, que assuntos estavam no ar, etc. o trabalho de pesquisa é magnífico por utilizar das entrevistas pra mostrar o amadurecimento do bowie como pessoa e como artista, se é que já houve essa separação por ele. é um filme que dá vontade de largar tudo e se dedicar inteiramente à arte. ps: vi no cinema e sou muito fã, então provavelmente isso potencializou a experiência pra mim
a única coisa que posso reclamar desse filme é o uso muuuuuuuito brega de imagens espaciais que pegaram da NASA e são repetidas milhares de vezes. parece que toda vez que não sabiam o que colocar, colocavam a mesma sequência espacial
concordo que seja menos pornochanchada. a história tem como personagem principal o aurora boreal de carlos leite dando uma entrevista para o mossy, numa situação de metalinguagem muito interessante. a história tem muitos elementos engraçados e que funcionam pra amarrar a trajetória, como as milhares tentativas de suicídio. ironicamente o filme perde um pouco do ritmo na parte que tenta ser mais pornochanchada, quando insere a bela marta moyano nas situações de conseguir dinheiro pro salão. ali, ao menos, há elementos engraçados, como a secretária do dr curto. depois o filme se recupera até o plot twist do final que é bastante funcional até hoje, pelo menos comigo!!
o filme usa beatles (!) numa trilha provavelmente não autorizada, já que chegou a usar eleanor rigby inteira numa cena. achei interessante o mossy usar um personagem gay (ou pelo jeito bi) como personagem principal, mesmo que não tenha nenhuma profundidade ou representatividade
é um filme bastante bobo em vários aspectos mas discordo que seja mal dirigido. há cenas com enquadramentos e uso de câmera muito interessantes, principalmente às do consultório com o hugo bidet. o filme brinca com uma estrutura de começar no final e mostrar o desenvolvimento até chegar ao final novamente e foi uma escolha que sinceramente não muda muita coisa, inclusive o mossy usou isso melhor no manicures à domicílio (1978) é aquele tipo de humor que até dá pra achar engraçado em alguns momentos mas não a ponto de dar risada. talvez a coisa mais interessante do filme seja a relevância de fazer referência ao exorcista, que estreou um ano antes no brasil e foi um sucesso. muita coisa (ou praticamente o filme inteiro) envelheceu mal, como basicamente tudo que o mossy fez
3 histórias bastante distintas não só pela premissa mas também no modo de dirigir. o que une tudo é a questão científica (?) em todos eles. a primeira é aquela coisa quase americana dos colegiais em busca de sexo com ajuda de uma poção mágica (os besteiróis anos 2000 deles devem ter usado essa história em algum momento) sem grandes momentos em si. o segundo é interessante pela diversidade sexual que arrisca abordar e pelo sempre ótimo benjamin cattan - aliás ele não está no elenco aqui do filmow a terceira com presença de john hebert é bem enrolada e demora pra chegar em algum lugar, acho que foi a única que durou mais do que deveria
uma pornochanchada clássica em sua temática e estrutura mas imemorável
confesso que pelo o que eu sabia do visual do filme, esperava um filme frenético como geralmente são as exploitations. só esqueci do detalhe do filme ser sueco
a história segue a linha padrão do rape/revenge mas conseguiu aprofundar mais de diversas maneiras, já que o rape em si é muito mais do que uma violência sexual: é o roubo da vida, da identidade, do corpo, de TUDO. não sei se isso chegava a acontecer de verdade mas é uma coisa absolutamente bizarra, desconfortável ao máximo de muitas maneiras. fiquei numa expectativa pra saber o motivo do tapa olho e o filme soube me entregar uma situação absurdamente pior que eu esperava - achei que seria uma coisa não tão explicitamente proposital como foi a atuação da christina lindberg é bastante interessante porque ela não mostra total desespero (assim como sua "companheira" de casa) como posteriormente também não mostrou total raiva em suas ações - uma coisa muito mais para o lado do ÓDIO genuíno. os outros atores, no entanto, são bem ruins e o filme tem uma cara um pouco amadora muitas vezes por causa deles e também por causa da edição um pouco incorreta. mesmo não sendo um filme exatamente mal dirigido, o final com as sequências em câmera lenta são bem broxantes, já que tira a intensidade do que tava acontecendo - se você vai inserir explosão de carro, ao menos dê um ritmo pra justificar as explosões. era só encostar pro carro explodir kkkkkk??? o vazio de trilha sonora do filme consegue ajudar na parte desconfortável mas pro final há a mesma questão broxante e de intensidade
as cenas de sexo são desnecessárias e obviamente dubladas, mas quem conhece o mínimo de cinema baixo orçamento da época sabe como isso era quase obrigatório pra atrair público - o cinema da boca do lixo também chegou nessa fase, mas 10 anos depois
um filme com severos problemas de ritmo e de roteiro, explorando uma jornada tão emblemática como um militar que vira militante de uma maneira pouco criativa. as falas são artificiais e a motivação do lamarca não fica clara, parecendo que a luta armada foi uma enorme birra de um personagem teimoso. sem essas motivações claras, há o eterno problema do tropa de elite: a figura que deveria servir como denúncia se torna cultuada, já que o flores (fleury) e o major (do josé de abreu) pareciam ter uma motivação muito mais clara e agiam de uma forma muito mais badass em contraste à um enfraquecido lamarca. o desenvolvimento pro final é devagar e a jornada fica pouco clara, parecendo que lamarca não obteve sucesso em suas tentativas. pro final ainda inserem uma analogia visual BREGA à crucificação, que o roteiro fez questão de deixar ainda mais óbvia que aconteceria inserindo um diálogo sobre cristo na cena anterior. esperava muito mais
engraçado como esse filme SUPER anos 70 foi feito exatamente no ano de 1970. o filme usa a figura da banda de rock e cultura jovem ao máximo, explorando as questões que a fama poderia trazer numa época tão caótica. a atuação beira a ironia e por ser uma "resposta" de russ meyer, fica como uma admiração à esse cinema do caos. a história vai explorando as relações das pessoas relacionadas à banda e cria longas cenas de comportamento, quase numa forma de exportar como o jovem americano agia para o mundo, remetendo ao inevitável bordão sexo, drogas e rock n roll. após inserir algumas situações até meio fora de tom, como
matança gratuita muito bem executada - sempre admiro como a morte e o sangue no cinema anos 70 era algo BELO
tarantino usa muito dessa estrutura de aprofundamento na cultura e vida de personagens "exóticos" com um final de violência grandiosa em death proof (2007) e, de alguma forma, até em once upon a time in hollywood (2019)
uma ótima história de nelson rodrigues amplificada por uma ótima direção de bruno barreto e nas ótimas atuações de tarcísio meira e ney latorraca. a história em si é simples, mas a criação de personagens é tão bem feita que diversas camadas são adicionadas por tomadas de decisão. desde o jornalista sensacionalista (ÓTIMO papel de daniel filho) ter mais poder que o delegado, o filme já apresenta as clássicas discussões morais de nelson, passando pelo beijo gay e as paixões familiares. selminha de torloni é completamente omissa em relação à tudo e isso parece ser até pior pra arandir pois isso não significava exatamente um perdão. ele encontraria esse perdão
justamente na paixão reprimida de dália, que com isso, estaria cometendo um "crime moral" também
a direção sabe explorar os cenários apertados e usa isso muito bem, além de inserir o ritmo que a história exige. é muito clara a sensação de desconforto em praticamente todas as cenas e ney latorraca consegue transmitir a humilhação moral do homem, nesse que provavelmente é seu maior papel no cinema.
o ritmo é tão bom e frenético que o filme acaba até ficando com a sensação de ser curto demais. não posso deixar de dizer como a cena da dália assistindo zé do caixão é ESPETACULAR
amo de niro e pacino, mas sempre enrolei muito pra ver esse filme por muitos motivos pessoais: um filme claramente do gênero AÇÃO numa estética noventista e de longa duração, um combo máximo de filme da temperatura máxima. há, realmente, seus momentos temperatura máxima como a execução dos assaltos e a enorme cena de tiroteio, mas a composição da relação entre vincent hanna e mccauley é o que diferencia esse filme dos simples filmes de ação: há uma questão de rivalidade que se transcende tornando admiração. ambos reconhecem como são bons no que fazem, mesmo que isso se torne o motivo de conflito. a cena que sintetiza tudo é a do encontro entre eles, colocando na mesa as admirações e expondo os problemas de relacionamento e pesadelos de cada um - diminuindo para ambos os lados a obsessão em não poder cometer erros no que fazem para como isso afetou (e causou erros) em outros lugares da vida pessoal.
a gente sabe que o final é inevitável, mas mesmo assim ele funciona e causa impacto, principalmente pelas tomadas de decisão de mccauley - que preferiu
cometer o erro de não fugir e quebrar sua filosofia de vida, já que isso significaria causar um erro de hanna. a escolha de mccauley em morrer foi quase uma aprovação ao plano de busca liderado por hanna e sua morte coroaria isso
não sei se é justo afirmar que eu cortaria muitas cenas porque não sou um fã de filmes de ação, mas a duração de heat provavelmente é uma questão para que esse filme não seja tão exibido na TV ou reconhecido como o clássico que deveria ser
bergman insere victor sjostrom, uma figura lendária do cinema sueco (fez clássicos como he who get slapped e carruagem fantasma), numa posição de reconhecimento posterior, literalmente o entregando um diploma honorário - talvez uma forma de agradecimento? - à ele que não dirigia um filme há exatos 20 anos (seu último foi em 37, morangos é de 57).
a jornada do seu personagem, dr isak borg, até a universidade é cheia de memórias e lembranças, que se misturam como flashbacks, sonhos e até em recriações. a honraria e essas memórias o inserem numa posição de finalização ou encerramento, remetendo ao passado, enquanto o seu caminho até lá o aponta diversos futuros: agda esperando ter mais presença do professor, sara e seus 2 pretendentes, marianne e seu conflito com evald, filho de borg, em relação ao filho do casal. o filme equilibra a relação passado-presente com o mundo dos sonhos colocando todos em mesmo nível, num processo até psicanalítico do personagem.
ironicamente, a relação de sjostrom com borg se tornaria ainda maior devido à esse ter sido seu último filme no cinema, consolidando as questões de homenagem ao passado e aos sonhos (filmes), os apontamentos futuros (o próprio bergman e o cinema sueco) e o encerramento da sua vida em si.
a carreira do jabor foi cheia de altos e baixos. o circo não teve muita relevância, opinião pública o colocou no cenário de cinema como um bom documentarista, pindorama foi seu fracasso autoral e finalmente encontrou o grande sucesso com o toda nudez, adaptando nelson rodrigues. talvez tentando manter pela primeira vez uma constância na filmografia, não arriscou em mexer no time - e isso causaria, ironicamente, mais uma inconstância.
a fórmula de o casamento parecia clara: pegar outra história do nelson rodrigues e tentar repetir o sucesso, inclusive utilizando até do mesmo ator (paulo porto) como protagonista. o problema é que ao contrário de herculano, sabino tem uma linha muito mais canalha e paulo porto não convence nesse papel. não que seja uma má atuação, mas simplesmente não convence. e com um protagonista que não cativa, a história também não dá muita abertura para os outros personagens, reforçando a máxima do "todos nós somos leprosos". foi justamente nessa composição de personagens que o casamento perde a força em relação ao antecessor: toda nudez também possui muitos canalhas, mas também muito carisma (serginho, patrício, geni e o comissário do carvana; o próprio herculano consegue causar uma comoção). pelo que parece o filme toma algumas decisões diferentes do livro e isso talvez explique algumas questões mais gratuitas (ou até desconexas) na história. sabemos que o final de nelson será uma tragédia, mas nessa em específico há pouquíssima força de impacto - o que, novamente, perde muito em comparação ao toda nudez.
não funcionou pra me cativar (e pelo jeito nem o público da época) mas ao menos serviu para jabor perceber que filmar nelson não era sinônimo de sucesso instantâneo, levando ele a explorar novamente seu lado autoral e entrar em sua melhor fase: tudo bem (78), eu te amo (81) e eu sei que vou te amar (86)
começou com bastante mistério e até ameaçando uma possível referência à ilha dos prazeres de ângela carne e osso, do a mulher de todos que completava 10 anos em 1979. com a boa presença de neide ribeiro e provavelmente o ator preferido do carlão, roberto miranda, a relação entre os dois já apresentava bastante potencial para explorar em conflito, além da presença misteriosa da tal ilha. infelizmente se perde um pouco nos discursos e se torna bastante teatral, explícito na péssima atuação do lendário fernando benini. acaba que apenas os homens tem os tais prazeres proibidos, numa dinâmica que acaba até atrapalhando a história em si, que pouco muda com a mística que a ilha apresentava desde o começo. as cenas de
República dos Assassinos
3.6 26 Assista Agoradaqueles filmes que mostram que o brasil não muda. a violência canalha da polícia e da sociedade brasileira contra si mesma onde o individualismo engole todo mundo no fim. o tom quase documental do filme funciona bem e tarcísio meira consegue entregar um personagem muito desconectado da visão de bom moço que ele carregava. seu mateus romeiro é uma síntese de tudo que o filme carrega, uma espécie de violência vaidosa. o filme seria dele se não fosse a personagem eloina interpretada maravilhosamente por anselmo vasconcelos: ela tem seu passado, tem suas ambições, tem seu talento, tem função e participação na história e simplesmente existe, sem função cômica, de exploração ou representatividade vazia (até porque nessa época nem se falava sobre representatividade). se fosse gringo teria levado oscar por essa personagem
um bom filme policial com muita violência crua: não só física mas também na relação violenta entre todas as pessoas envolvidas
Crimes de Paixão
3.7 41 Assista Agoraa sensação foi que o filme não sabia exatamente pra onde ir. há um clima sensual misturado com tensão reforçados pela vida noturna da personagem e o ótimo uso de luzes em todas as cenas, mas pareceu que a história seguia dizendo "não é sobre isso" pra todas as temáticas que o filme parecia que entraria. um filme-ansiedade que abre diversas situações mas não entra exatamente em nenhuma, já que não aprofunda as motivações e a psicologia interessantíssima de china blue/joanna, não explora o mistério investigativo de bobby (e envolve um arco de drama familiar chatíssimo) e ainda insere o anthony perkins que, mesmo em ótima atuação, parece ter sido o motivo pro filme existir, já que o final
é uma grande referência à psycho
esperei muitas coisas e o filme não entregou nenhuma delas
Cecil Bem Demente
3.8 91uma das melhores coisas que assisti ultimamente. é um filme que ama e respeita o cinema mas ao mesmo tempo sabe como o desrespeitar e usar isso a seu favor. o grupo do cecil é muito carismático e a apresentação de cada um funciona muito bem pra dar o tom de cada personagem já de cara. a honey como representação de hollywood e sua transformação após o cinema underground é espetacular, tanto a ideia, tanto a execução. com certeza há de alguma forma certa autoreferência do john waters e seus dreamlanders e por isso há tanta sinceridade na representação do underground: o amor pelo cinema, não pelo mainstream, não por hollywood - há varias alfinetadas em questões como remakes e adaptação também em produtores. o filme tem ótimo ritmo e consegue manter sua intensidade até a última cena, além de desenvolver e criar background pra praticamente todos os personagens.
make good movies or die e por isso john waters está vivíssimo
As Mulheres Que Fazem Diferente
2.2 2a química do perry salles com a vera fischer é a única coisa boa do filme. a comédia não funciona em nenhum episódio e o filme em si vai se tornando bem massante
Jejum de Amor
4.0 90 Assista Agorauma ótima comédia de virada de década, explorando o ritmo teatral no cinema. o filme é verborrágico não como problema, mas como escolha: a correria e gritaria dão a atmosfera de jornal que o filme pede e nos coloca no meio dos acontecimentos sem tempo de questionar exatamente seus motivos. é exatamente o que o personagem do cary grant faz com a hildy, ao reinserir a repórter em um grande trabalho sem que ela possa questionar porque está fazendo isso e, principalmente, consiga largar tudo e se mudar com o noivo. burns é manipulador e não só sabe disso, como também aproveita esse "poder" com os outros personagens e com seu próprio jornal
a relação teatro/cinema parece ter sido uma dificuldade pros protagonistas. cary grant muitas vezes destoa do estilo de atuação de rosalind russell e parece não ter tido um acordo do tom dos personagens.
é um filme que ou prende o espectador ou o afasta de vez e felizmente comigo me segurou até o final - mesmo assim, foi uma experiência um pouco cansativa
Cova Rasa
3.9 313um filme com muito estilo de direção: assisti sem lembrar quem era danny boyle e mesmo assim lembrei de trainspotting assistindo.
a premissa é ótima mas achei que o filme cairia pra um lado mais tragicômico, o que talvez fizesse até mais sentido em alguns momentos (como a parte de ocultar o corpo) e até ajudaria no desenvolvimento da relação entre os personagens, que ficam sombrios quase que de uma hora pra outra e vão se tornando cada vez mais antipáticos entre eles e com o espectador. o ápice é aquela "loucura" do david, completamente insuportável
e o ótimo ritmo do começo da história vai se perdendo pelo meio do filme, um problema grande pra um filme relativamente curto. felizmente o final recupera esse ritmo e até surpreende na tomada de decisão, mas que sinceramente já tinha me cansado até lá
a premissa tinha mais potencial em relação ao que o filme entrega
X: A Marca da Morte
3.4 1,2K Assista Agorapra quem gosta do terror dos anos 70 (e dos anos 70 como um todo) esse filme é um presente. a conexão do sexo com o terror, uso fácil da época, retorna aqui numa era bem puritana do cinema e molda vários conflitos da história: a gravação do filme deles, o incômodo com a pearl, o ciúmes do RJ e liberdade "incômoda" dos personagens contra o isolamento total do howard. o filme sabe ter charme com o uso das filmagens em super8 e explora a trilha sonora setentista pra reforçar algumas cenas. a de landslide, por mais que numa cena fofa, é um pouco gratuita. já a don't fear the reaper é muito bem utilizada.
no mais é aquela clássica estrutura do terror 70s: todos os personagens são autoconfiantes, o que leva às decisões burras. essas "decisões" dos personagens acabam sendo corridas demais pro filme, já que esse é o "ápice" da história se tratando de um slasher. a relação com o evangelista é bem sacada e o filme aponta pra uma continuação já planejada, o que acaba pondo em risco a individualidade do filme caso a sequência não funcione tão bem
mia goth está espetacular (assim como o trabalho de maquiagem) e me surpreendi com a atuação do kid cudi, tanto que nem o reconheci no personagem
A Vingança de Jennifer
3.4 343um dos maiores filmes rape-revenge. o filme sabe criar empatia rápida pela jennifer e sabe explorar o terror da sua cena de abuso. não acho que tenha sido desnecessariamente longa, já que o intuito era chocar e passar essa sensação de desespero - não tinha como ela escapar do abuso e o espectador não tem como fugir de ver aquilo
o retorno dela é meio furado e a maioria das vinganças também, mas acho que não se buscava muito uma lógica pra isso. o ponto era causar satisfação com a vingança e o filme, aí sim, peca no ritmo, deixando a vingança rápida demais. os abusadores são extremamente burros mas acho que fazer ela flertar com todos eles depois foi uma escolha meio absurda.
um filme bastante pesado na temática mas não sei se atinge exatamente a vingança que buscava e que promete. aparentemente o remake (que não assisti) soube fazer isso melhor
(ps: o cartaz do filme é muito mentiroso kkkkkkk)
Foxy Brown
3.7 53 Assista Agoratalvez a maior blaxploitation, tem pam grier conduzindo o filme todo: tudo gira em volta dela e ela sabe segurar qualquer responsabilidade sendo FODONA. o filme em si tem uma história até básica, mas que soube executar de uma maneira bem estilosa. o final infelizmente foi bem corrido, parece que enrolaram no meio e faltou tempo pro final. pra um filme de baixo orçamento, até tem suas cenas de ação muito bem executadas. a atuação é bem exagerada mas não parece ser por falta de técnica, mas por opção de estilo. a cena do bar de lésbicas é ótima, ainda mais pros anos 70. a trilha sonora é espetacular também.
Macho, Fêmea & Cia. (A Vida Erótica de Caim e …
2.8 12uma pena que esse filme é pornô, porque seria uma das comédias mais engraçadas já feitas no brasil. a quantidade de trocadilho sexual, referência à bíblia e inserções dos anos 80 no filme é espetacular, coisa que o porta dos fundos NUNCA conseguiu naqueles filmes bíblicos de comédia
a melhor coisa é o personagem do fernando benini que é absurdo por si só visualmente mas ainda por cima fala um MONTE de absurdos e conduz a história. deus com a voz do fred flinstone é sensacional também
se bobear esse filme é mais engraçado e mais absurdo que o papaco
As Taradas Atacam
2.7 3tem seus poucos momentos engraçados e explora pouco a graça do "programa barulho da cidade" que é a melhor piada dos outros filmes da série. o episódio 4 (sonhos que matam) é completamente INSUPORTÁVEL, não é engraçado e nem dramático e dura MUITO TEMPO a mais que o necessário pra contar a história. muito muito muito ruim
o do peru também peca no tempo e tem seus momentos bem problemáticos tipo bater no bicho
o pior da série e talvez o pior filme do mossy
Quando as Mulheres Querem Provas
2.7 9pela descrição aqui do filmow esse filme foi sucesso, mas ao assistir não é o que parece. é um filme bem irregular no humor, no ritmo, no desenvolvimento e inclusive pra própria época de lançamento. a premissa é boba mas ainda apontava um certo potencial de cenas engraçadas com a confusão, mas foi pouquíssimo explorada. a história vai pra um lado bem oposto do que esperava e, novamente, não sabe explorar muito bem o seu próprio humor. eu realmente não entendo a graça do pedro de lara
o final é absurdamente tosco e se arriscou até em criar momentos de cenas de ação, o que provavelmente tava na moda na época. achei principalmente o humor visual muito abaixo pro mossy (estranhei, mas depois lembrei que a direção era do macdowell).
o pessoal de 1975 podia ter lotado a sala do aventuras amorosas de um padeiro ou do guerra conjugal que compensava bem mais
Moonage Daydream
4.2 69 Assista Agoraum espetáculo visual, como se deve ser qualquer coisa relacionada à david bowie. é um documentário claramente pra fãs, já que não necessariamente localiza algumas coisas "óbvias" - mas que são óbvias, claro, pra quem é fã
o filme sabe usar a enorme discografia do bowie sem parecer por obrigação, inclusive algumas músicas aparecem só como elementos curtos pra trilha, brincando muito com a mixagem e os instrumentos.
o espírito de época é muito bem executado pelas imagens, dizendo muita coisa sem necessariamente colocar em palavras. o que foi o fim dos anos 60 e sua transição pros anos 70, como era a mentalidade dos jovens, como era a mentalidade da mídia, quem era famoso, que assuntos estavam no ar, etc.
o trabalho de pesquisa é magnífico por utilizar das entrevistas pra mostrar o amadurecimento do bowie como pessoa e como artista, se é que já houve essa separação por ele. é um filme que dá vontade de largar tudo e se dedicar inteiramente à arte.
ps: vi no cinema e sou muito fã, então provavelmente isso potencializou a experiência pra mim
a única coisa que posso reclamar desse filme é o uso muuuuuuuito brega de imagens espaciais que pegaram da NASA e são repetidas milhares de vezes. parece que toda vez que não sabiam o que colocar, colocavam a mesma sequência espacial
Manicures a Domicílio
3.2 12concordo que seja menos pornochanchada. a história tem como personagem principal o aurora boreal de carlos leite dando uma entrevista para o mossy, numa situação de metalinguagem muito interessante. a história tem muitos elementos engraçados e que funcionam pra amarrar a trajetória, como as milhares tentativas de suicídio. ironicamente o filme perde um pouco do ritmo na parte que tenta ser mais pornochanchada, quando insere a bela marta moyano nas situações de conseguir dinheiro pro salão. ali, ao menos, há elementos engraçados, como a secretária do dr curto.
depois o filme se recupera até o plot twist do final que é bastante funcional até hoje, pelo menos comigo!!
o filme usa beatles (!) numa trilha provavelmente não autorizada, já que chegou a usar eleanor rigby inteira numa cena. achei interessante o mossy usar um personagem gay (ou pelo jeito bi) como personagem principal, mesmo que não tenha nenhuma profundidade ou representatividade
Com as Calças na Mão
2.4 6é um filme bastante bobo em vários aspectos mas discordo que seja mal dirigido. há cenas com enquadramentos e uso de câmera muito interessantes, principalmente às do consultório com o hugo bidet.
o filme brinca com uma estrutura de começar no final e mostrar o desenvolvimento até chegar ao final novamente e foi uma escolha que sinceramente não muda muita coisa, inclusive o mossy usou isso melhor no manicures à domicílio (1978)
é aquele tipo de humor que até dá pra achar engraçado em alguns momentos mas não a ponto de dar risada. talvez a coisa mais interessante do filme seja a relevância de fazer referência ao exorcista, que estreou um ano antes no brasil e foi um sucesso. muita coisa (ou praticamente o filme inteiro) envelheceu mal, como basicamente tudo que o mossy fez
Made in Brazil
2.5 63 histórias bastante distintas não só pela premissa mas também no modo de dirigir. o que une tudo é a questão científica (?) em todos eles.
a primeira é aquela coisa quase americana dos colegiais em busca de sexo com ajuda de uma poção mágica (os besteiróis anos 2000 deles devem ter usado essa história em algum momento) sem grandes momentos em si. o segundo é interessante pela diversidade sexual que arrisca abordar e pelo sempre ótimo benjamin cattan - aliás ele não está no elenco aqui do filmow
a terceira com presença de john hebert é bem enrolada e demora pra chegar em algum lugar, acho que foi a única que durou mais do que deveria
uma pornochanchada clássica em sua temática e estrutura mas imemorável
Thriller: Um Filme Cruel
3.7 258confesso que pelo o que eu sabia do visual do filme, esperava um filme frenético como geralmente são as exploitations. só esqueci do detalhe do filme ser sueco
a história segue a linha padrão do rape/revenge mas conseguiu aprofundar mais de diversas maneiras, já que o rape em si é muito mais do que uma violência sexual: é o roubo da vida, da identidade, do corpo, de TUDO. não sei se isso chegava a acontecer de verdade mas é uma coisa absolutamente bizarra, desconfortável ao máximo de muitas maneiras. fiquei numa expectativa pra saber o motivo do tapa olho e o filme soube me entregar uma situação absurdamente pior que eu esperava - achei que seria uma coisa não tão explicitamente proposital como foi
a atuação da christina lindberg é bastante interessante porque ela não mostra total desespero (assim como sua "companheira" de casa) como posteriormente também não mostrou total raiva em suas ações - uma coisa muito mais para o lado do ÓDIO genuíno.
os outros atores, no entanto, são bem ruins e o filme tem uma cara um pouco amadora muitas vezes por causa deles e também por causa da edição um pouco incorreta.
mesmo não sendo um filme exatamente mal dirigido, o final com as sequências em câmera lenta são bem broxantes, já que tira a intensidade do que tava acontecendo - se você vai inserir explosão de carro, ao menos dê um ritmo pra justificar as explosões. era só encostar pro carro explodir kkkkkk???
o vazio de trilha sonora do filme consegue ajudar na parte desconfortável mas pro final há a mesma questão broxante e de intensidade
as cenas de sexo são desnecessárias e obviamente dubladas, mas quem conhece o mínimo de cinema baixo orçamento da época sabe como isso era quase obrigatório pra atrair público - o cinema da boca do lixo também chegou nessa fase, mas 10 anos depois
boa história e bons visuais mas esperava ritmo
Lamarca
3.3 52 Assista Agoraum filme com severos problemas de ritmo e de roteiro, explorando uma jornada tão emblemática como um militar que vira militante de uma maneira pouco criativa. as falas são artificiais e a motivação do lamarca não fica clara, parecendo que a luta armada foi uma enorme birra de um personagem teimoso. sem essas motivações claras, há o eterno problema do tropa de elite: a figura que deveria servir como denúncia se torna cultuada, já que o flores (fleury) e o major (do josé de abreu) pareciam ter uma motivação muito mais clara e agiam de uma forma muito mais badass em contraste à um enfraquecido lamarca. o desenvolvimento pro final é devagar e a jornada fica pouco clara, parecendo que lamarca não obteve sucesso em suas tentativas. pro final ainda inserem uma analogia visual BREGA à crucificação, que o roteiro fez questão de deixar ainda mais óbvia que aconteceria inserindo um diálogo sobre cristo na cena anterior. esperava muito mais
De Volta ao Vale das Bonecas
3.4 33engraçado como esse filme SUPER anos 70 foi feito exatamente no ano de 1970. o filme usa a figura da banda de rock e cultura jovem ao máximo, explorando as questões que a fama poderia trazer numa época tão caótica. a atuação beira a ironia e por ser uma "resposta" de russ meyer, fica como uma admiração à esse cinema do caos. a história vai explorando as relações das pessoas relacionadas à banda e cria longas cenas de comportamento, quase numa forma de exportar como o jovem americano agia para o mundo, remetendo ao inevitável bordão sexo, drogas e rock n roll. após inserir algumas situações até meio fora de tom, como
tentativa de suicídio, traição, agressões, deficiência
o final chega como uma tragédia espetacular e traz um conflito ENORME simplesmente porque sim, numa
matança gratuita muito bem executada - sempre admiro como a morte e o sangue no cinema anos 70 era algo BELO
tarantino usa muito dessa estrutura de aprofundamento na cultura e vida de personagens "exóticos" com um final de violência grandiosa em death proof (2007) e, de alguma forma, até em once upon a time in hollywood (2019)
O Beijo no Asfalto
3.8 123uma ótima história de nelson rodrigues amplificada por uma ótima direção de bruno barreto e nas ótimas atuações de tarcísio meira e ney latorraca. a história em si é simples, mas a criação de personagens é tão bem feita que diversas camadas são adicionadas por tomadas de decisão. desde o jornalista sensacionalista (ÓTIMO papel de daniel filho) ter mais poder que o delegado, o filme já apresenta as clássicas discussões morais de nelson, passando pelo beijo gay e as paixões familiares. selminha de torloni é completamente omissa em relação à tudo e isso parece ser até pior pra arandir pois isso não significava exatamente um perdão. ele encontraria esse perdão
justamente na paixão reprimida de dália, que com isso, estaria cometendo um "crime moral" também
a direção sabe explorar os cenários apertados e usa isso muito bem, além de inserir o ritmo que a história exige. é muito clara a sensação de desconforto em praticamente todas as cenas e ney latorraca consegue transmitir a humilhação moral do homem, nesse que provavelmente é seu maior papel no cinema.
o ritmo é tão bom e frenético que o filme acaba até ficando com a sensação de ser curto demais. não posso deixar de dizer como a cena da dália assistindo zé do caixão é ESPETACULAR
Fogo Contra Fogo
4.0 662 Assista Agoraamo de niro e pacino, mas sempre enrolei muito pra ver esse filme por muitos motivos pessoais: um filme claramente do gênero AÇÃO numa estética noventista e de longa duração, um combo máximo de filme da temperatura máxima.
há, realmente, seus momentos temperatura máxima como a execução dos assaltos e a enorme cena de tiroteio, mas a composição da relação entre vincent hanna e mccauley é o que diferencia esse filme dos simples filmes de ação: há uma questão de rivalidade que se transcende tornando admiração. ambos reconhecem como são bons no que fazem, mesmo que isso se torne o motivo de conflito. a cena que sintetiza tudo é a do encontro entre eles, colocando na mesa as admirações e expondo os problemas de relacionamento e pesadelos de cada um - diminuindo para ambos os lados a obsessão em não poder cometer erros no que fazem para como isso afetou (e causou erros) em outros lugares da vida pessoal.
a gente sabe que o final é inevitável, mas mesmo assim ele funciona e causa impacto, principalmente pelas tomadas de decisão de mccauley - que preferiu
cometer o erro de não fugir e quebrar sua filosofia de vida, já que isso significaria causar um erro de hanna. a escolha de mccauley em morrer foi quase uma aprovação ao plano de busca liderado por hanna e sua morte coroaria isso
não sei se é justo afirmar que eu cortaria muitas cenas porque não sou um fã de filmes de ação, mas a duração de heat provavelmente é uma questão para que esse filme não seja tão exibido na TV ou reconhecido como o clássico que deveria ser
Morangos Silvestres
4.4 658bergman insere victor sjostrom, uma figura lendária do cinema sueco (fez clássicos como he who get slapped e carruagem fantasma), numa posição de reconhecimento posterior, literalmente o entregando um diploma honorário - talvez uma forma de agradecimento? - à ele que não dirigia um filme há exatos 20 anos (seu último foi em 37, morangos é de 57).
a jornada do seu personagem, dr isak borg, até a universidade é cheia de memórias e lembranças, que se misturam como flashbacks, sonhos e até em recriações. a honraria e essas memórias o inserem numa posição de finalização ou encerramento, remetendo ao passado, enquanto o seu caminho até lá o aponta diversos futuros: agda esperando ter mais presença do professor, sara e seus 2 pretendentes, marianne e seu conflito com evald, filho de borg, em relação ao filho do casal. o filme equilibra a relação passado-presente com o mundo dos sonhos colocando todos em mesmo nível, num processo até psicanalítico do personagem.
ironicamente, a relação de sjostrom com borg se tornaria ainda maior devido à esse ter sido seu último filme no cinema, consolidando as questões de homenagem ao passado e aos sonhos (filmes), os apontamentos futuros (o próprio bergman e o cinema sueco) e o encerramento da sua vida em si.
O Casamento
3.3 25a carreira do jabor foi cheia de altos e baixos. o circo não teve muita relevância, opinião pública o colocou no cenário de cinema como um bom documentarista, pindorama foi seu fracasso autoral e finalmente encontrou o grande sucesso com o toda nudez, adaptando nelson rodrigues. talvez tentando manter pela primeira vez uma constância na filmografia, não arriscou em mexer no time - e isso causaria, ironicamente, mais uma inconstância.
a fórmula de o casamento parecia clara: pegar outra história do nelson rodrigues e tentar repetir o sucesso, inclusive utilizando até do mesmo ator (paulo porto) como protagonista. o problema é que ao contrário de herculano, sabino tem uma linha muito mais canalha e paulo porto não convence nesse papel. não que seja uma má atuação, mas simplesmente não convence. e com um protagonista que não cativa, a história também não dá muita abertura para os outros personagens, reforçando a máxima do "todos nós somos leprosos". foi justamente nessa composição de personagens que o casamento perde a força em relação ao antecessor: toda nudez também possui muitos canalhas, mas também muito carisma (serginho, patrício, geni e o comissário do carvana; o próprio herculano consegue causar uma comoção).
pelo que parece o filme toma algumas decisões diferentes do livro e isso talvez explique algumas questões mais gratuitas (ou até desconexas) na história. sabemos que o final de nelson será uma tragédia, mas nessa em específico há pouquíssima força de impacto - o que, novamente, perde muito em comparação ao toda nudez.
não funcionou pra me cativar (e pelo jeito nem o público da época) mas ao menos serviu para jabor perceber que filmar nelson não era sinônimo de sucesso instantâneo, levando ele a explorar novamente seu lado autoral e entrar em sua melhor fase: tudo bem (78), eu te amo (81) e eu sei que vou te amar (86)
A Ilha dos Prazeres Proibidos
3.0 25começou com bastante mistério e até ameaçando uma possível referência à ilha dos prazeres de ângela carne e osso, do a mulher de todos que completava 10 anos em 1979. com a boa presença de neide ribeiro e provavelmente o ator preferido do carlão, roberto miranda, a relação entre os dois já apresentava bastante potencial para explorar em conflito, além da presença misteriosa da tal ilha. infelizmente se perde um pouco nos discursos e se torna bastante teatral, explícito na péssima atuação do lendário fernando benini. acaba que apenas os homens tem os tais prazeres proibidos, numa dinâmica que acaba até atrapalhando a história em si, que pouco muda com a mística que a ilha apresentava desde o começo. as cenas de
morte são bem esquisitas, tanto a do benini como principalmente a das moças no buraco
a trilha é espetacular, usa john lennon e pink floyd em momentos cruciais