Os Bons Companheiros (The Goodfellas) - Martin Scorsese, 1990. Definitivamente, os anos 90 têm os melhores filmes (digo isso até assistir filme dos anos 70 😛) Martin Scorsese é o diretor dos filmes sobre a máfia. Ele mesmo, filho de uma familia siciliana, cresceu nos Estados Unidos em um ambiente permeado por ligações perigosas. Os Bons Companheiros é um filme que dosa momentos engraçados com cenas de violência brutal e gratuita; mostra as facetas das famílias dos líderes e membros mafiosos: seus casamentos, suas festas, suas viagens, suas amantes, suas prisões, seus assassinatos etc... Scorsese não romantiza os personagens, pelo contrário apresenta as vantagens de ser um gangster, bem como o ônus desta vida. Poderíamos resumir o filme da seguinte maneira: A vida bandida tem seus prazeres e emoções mortais, mas o seu final pode ser bastante frustrante: você pode morrer, pode ser preso, ou pode terminar dedurando os seus "bons companheiros" ficando pobre e irrelevante. Poderia dizer muito mais, mas assistam. Vale muito à pena. Com uma fotografia impecável, jogos de câmera incríveis, Scorsese fez um filme lindo tecnicamente. Além do mais, Robert de Niro, Ray Liotta e o "pequeno grande" psicopata do Joe Pesci é um trio inesquecível. Nota: 8.5
"A guerra é a continuação da política por outros meios" (Carl von Clausewitz)
Path of glory é um filme muito direto em sua mensagem antibelicista. A guerra visualizada do ponto de vista da carnificina no campo de batalha, aparenta ser algo totalmente sem sentido. No entanto, a guerra começa muito antes nos salões governamentais, nas decisões políticas que selam o destino de milhões de seres humanos.
Neste filme, observamos as motivações políticas do ponto de vista micro sociológico. Não são as grandes discussões políticas que determinam o desenrolar dos eventos, mas um elemento que impulsiona a ação individual do General Mireau, a saber a busca da glória pessoal. E o caminho para a glória, naquele contexto, seria pavimentado com a vida dos seus soldados, mesmo que a missão "Formigueiro" de antemão estivesse fadada ao fracasso.
Há várias razões para se fazer política. Usualmente, os manuais afirmam que a política (em especial a política democrática) visa o bem comum da cidade (da pólis). Entretanto, há motivos implícitos nos indivíduos que induzem a este tipo de ação: a busca da glória, da fama, do reconhecimento, da luta por escrever seu nome na história. E o que melhor pode levar a isto do que uma grande vitória em uma batalha impossível?
Pois bem, ao lhe ter sido negado o caminho da glória, o General Mireau decide punir os seus próprios soldados, abandonando qualquer escrúpulo. O seu contraponto, o Coronel Dax é um homem que não visa a glória pessoal, mas a justiça e a honra. Pode-se pensar que este personagem se constitui em um ideal irreal na guerra, mas prefiro não adotar uma visão tão pessimista. O Coronel Dax personifica a ideia de que "soldados não são números", que um homem não é uma máquina pronta para se lançar à matança. O coronel Dax, neste sentido seria a anti-política da guerra.
Apesar de não evitar a punição aos soldados, o Coronel Dax faz questão de imprimir nas consciências dos comandantes o peso das suas decisões. A partir de então, quem ainda tivesse um pingo de humanidade deveria lidar para sempre com o fruto de suas escolhas.
Interessante pensarmos que a Europa vinha de um otimismo muito grande no início do século XX, o mundo moderno iria provar a inutilidade das guerras, até mesmo o apelido da Primeira Guerra Mundial foi "A Guerra Para Acabar com Todas as Guerras". O saldo final foi inúmeras mortes, destruição e infelicidade, tendo mais tarde outra guerra que acabaria de vez com qualquer otimismo. Eis a questão: existem lutas que precisam ser travadas, o nazismo e o fascismo são o maior exemplo, mas não se pode abandonar um senso moral, a visão das pessoas como seres humanos e não somente números, pois no fim não se trata apenas de se obter um cargo melhor, uma patente maior, ou de se obter uma glória vã.
Fargo, EUA/Reino Unido, 1996, Joel Cohen e Ethan Cohen.
Os irmãos Cohen ao fazerem um filme não dividem arte e entretenimento. Eles conseguem produzir filmes que dizem respeito à natureza humana, bem como à aleatoriedade da vida; mas, longe de tornarem seus roteiros maçantes, conseguem cativar sua plateia.
Em Fargo não é diferente. Jerry Lundegaard é o gerente de uma loja de carros, que por interesses próprios planeja o sequestro da própria esposa, a fim de que o seu milionário sogro pague o resgate e ele (Jerry) fique com dinheiro. Não teria como nada dar errado, "certo"?
Bem, amigo leitor, as coisas saem bastante da rota almejada. E é neste aspecto que o cinema dos Cohen é certeiro: você pode planejar suas ações, contar com a cooperação de todos os envolvidos, mas a vida vem e te dá uma rasteira, fazendo você cair de cara no chão! As ações humanas são sociais, pois nunca interferem na vida somente de quem as pratica; uma ação isolada pode afetar toda uma coletividade.
Max Weber, na sua sociologia, levava em consideração as "possibilidades objetivas". A saber, qual curso a história teria tomado se determinada coisa tivesse acontecido diferente do que ocorrera? Jerry não pensou em nenhum momento que uma simples decisão arruinaria a vida de sua família, bem como de pessoas que ele nunca viu na vida. Mas mesmo que ele considerasse tais coisas, a vida é tão imprevisível que a totalidade das possibilidades objetivas nos escapam, de modo que sempre algo vai ficar de fora das nossas previsões. Certas ações, mesmo que pareçam ser as melhores no momento, se melhor analisadas nunca deveriam ser postas em prática, pois suas consequências podem ser desastrosas.
Ao final, a policial Marge Gunderson, vivida por Frances McDormand (merecedora total do Oscar de melhor atriz, Que mulher!) pergunta a um dos sequestradores se valia a pena tudo aquilo por alguns milhares de dólares, e refletindo sobre o valor da vida, não consegue entender como as pessoas podem agir de determinadas maneiras brutais. Pois bem, Marge, como os Cohen deixam claro, os apetites humanos não medem consequências e nossos projetos, quando não consideram estes apetites, tem tudo para dar errado.
A Queda: as últimas horas de Hitler (Der Untergang), Alemanha, 2004. (Comecei a ver em junho, terminei em julho. Filme mais longo que um dia de fome) Vou logo dizendo que este filme é um dos melhores que já vi.
Bruno Ganz, o intérprete de Hitler, foi um ator maravilhoso (confiram: Asas do Desejo), que para este filme teve que criar, segundo suas palavras, uma espécie de muralha em volta de si mesmo, para se proteger do próprio papel desempenhado: afinal, "quando se olha para o abismo, o abismo olha de volta para você." Sua atuação foi tão boa, que lhe rendeu a indicação ao Oscar.
Como o nome em português deixa claro, trata-se dos momentos derradeiros da II Guerra Mundial, onde vemos Hitler acuado em seu bunker, enquanto o exército vermelho vai rompendo as combalidas linhas alemãs, finalmente tomando Berlim. Hitler começa o filme em estado de negação, pois ainda acredita que a raça superior não seria derrotada, apesar de tudo indicar o contrário naquele momento. E termina com o seu suicídio, negando render-se aos russos. (Pelo amor do pai, isto não é um spoiler, né?)
Há, no entanto, uma coisa que me deixou ora incomodado, ora surpreendido: como o filme nos leva a perceber o horror da guerra do ponto de vista dos alemães. Não costumamos pensar no período nazista por este ângulo; pelo contrário, abstraímos qualquer traço de humanidade dos nazistas. E foi isto, talvez que tenha levado Wim Wenders (diretor alemão que trabalhou com o Bruno Ganz) a criticar o filme da seguinte forma: "bolinho de creme comercial"..."a simples ausência de posição narrativa mergulha o público num buraco negro ao qual ele é conduzido quase imperceptivelmente, olhando pelos olhos dos perpetradores, e isso gera uma espécie de compreensão benevolente deles".
Mas eu não diria compreender no sentido de ser empático às motivações nazistas, Wim. Mas pensar nos próprios soldados ali envolvidos, nos civis vítimas da guerra, nos médicos lutando para salvar vidas, dor, sofrimento, lágrimas, angústia, arrependimento. Alguns, possivelmente, não tivessem noção do que estavam defendendo, talvez não tivessem outra opção a não ser lutar pelo próprio país. Não sei, não cabe dizer aqui. Mas do outro lado existiam pessoas.
O filme me fez pensar que o ser humano pode ser cruel, além daquilo que possamos imaginar. E é por não imaginamos que possamos praticar atrocidades, que as atrocidades acontecem. Um povo que escolheu adorar uma ideia e um homem, bem como o seu líder máximo e seus generais abafaram a própria consciência, gerando o mal. Em certo momento, Goebbels afirma com todas as letras: que não se importava com a morte dos civis, pois fora o povo que os colocara no poder, devendo, assim, lidar com as consequências da sua escolha. Ao abafar a própria consciência, pessoas são capazes de qualquer coisa.
Longe de isentar os culpados por algo tão animalesco, o filme nos faz refletir em nossa própria conduta. Seria eu capaz de mandar humanos para o campo de concentração, abraçar uma ideia nefasta e idolatrar um mortal?
Ao fim, soldados russos dançam com a rendição nazista. Alegres pelo fim da guerra, pois poderiam voltar para suas famílias e amados. Porém, no seu próprio país havia alguém um pouco mais inteligente que Hitler, mas tão sanguinário quanto, tão paranoico, tão destituído de humanidade, tão mergulhado na própria ideologia.
A história da humanidade é uma história de guerras e atrocidades. Em um grande sentido,não há vencedores na guerra, só vencidos. Perdedores que perdem a própria alma.
Gostei demais do filme. Descobri dando uma passeada pelo livro 1001 filmes para ver antes de morrer.
Roteiro objetivo, com uma história bem amarrada. Cenas fortes até mesmo para os padrões atuais. Chamo atenção para o papel dos sons neste filme, pois servem como extensão da mente dos personagens, especialmente dos "criminosos". O latido dos cães mostram mentes em confusão, a batida da ferramenta na tumba ressoa na mente da assistente Louise, mesmo ela querendo abafar sua consciência, a música que toca toda vez que Lousie sai "à caça" dá a sensação de estar vendo animais (humanos) no circo, prontos para cumprirem seu papel na trama.... muito bom! Filmaço...
Eu ia dar 3,5. Porém, resolvi alterar para 4 estrelas depois de entender melhor o filme. Como muitos já disseram, é uma crítica aos valores e estilo de vida dos yuppies da década de 80. Achei interessante como ao final não sabemos se o que foi feito em tela foi real ou apenas um delírio. De qualquer maneira, a ideia de que no mundo de Wall Street você precisa se encaixar numa maneira de viver e se relacionar com as pessoas, e literalmente ou figuradamente matar seus concorrentes, foi uma grande sacada.
Ah, eu gostei! Eu não sabia que tinha os irmãos Cohen no meio, nos créditos fui ver que aquela sensação de "tem os Cohen nisso aí" se confirmou. Não é o melhor filme do mundo, mas tem umas sacadas legais: enquanto você repara no seu vizinho """"anormal""", o outro vizinho tido como normal é um assassino desgraçado que deveria trabalhar no circo.
Que filmaço! Começa de uma forma despretensiosa e vai crescendo, crescendo, crescendo....até o ponto de terminar de uma forma nada convencional, nada esperada. O poder não corrompeu o Larry, "estrada solitária", mas ele mesmo já era um ser corrompido, sem escrúpulos. Escondido sob uma falsa humildade de homem comum, ao ganhar projeção nacional, seu ego, que sempre se apresentou inflado, elimina qualquer vestígio de simplicidade e passa a pisar e magoar qualquer um, especialmente Marcia, sem perceber que faz tal coisa (ou será que sim?). Todos os seres humanos carregam um pouco de cada personagem do filme, seja os defeitos do Larry, seja a ganância e desejo de manipulação dos homens da elite, seja a ingenuidade e idolatria que o público demonstra por um sujeito o qual eles nunca viram antes. O Antigo Testamento, em sua sabedoria médio oriental, apresenta Deus dizendo: "Não terás outros deuses diante de mim....", e mesmo numa sociedade secularizada, a lição fica: não tenha qualquer idiota como seu deus, uma hora ele irá desapontá-lo completamente. A verdade, em meio a toda sujeira midiática, é o difícil remédio que Marcia teve que utilizar para quem sabe....salvar a alma do seu amado Lonesome Rhodes.
Os clássicos possuem várias coisas que se podem destacar, mas o que mais me chamou atenção no filme foi: o amor não é conivente com o mal. Neste aspecto, ainda que sem tanto destaque, Ciro foi o personagem mais importante para mim, pois colocou fim a um ciclo de destruição.
"Satanás está no Kremlin. Ele é Satanás. Só Satanás pode hipnotizar uma nação inteira até o ponto onde as pessoas voluntariamente ficam cegas e surdas. Historicamente, o povo russo se une a Deus ou a Satã. Agora, somos dominados por uma força do mal, e o adoramos como deveríamos adorar a Deus". Que filme sensacional! Retrata bem o que acontece quando um sistema político transforma-se em uma religião sem o elemento divino.
Casamento Sangrento
3.5 943 Assista AgoraUm bom entretenimento.
Era uma Vez no Oeste
4.4 729 Assista AgoraEu gostei muito, mas não entendi muito bem a história. Talvez, isto se deva porque demorei uns 2 meses para assisti-lo por inteiro..kkkkk!
Os Bons Companheiros
4.4 1,2K Assista AgoraOs Bons Companheiros (The Goodfellas) - Martin Scorsese, 1990.
Definitivamente, os anos 90 têm os melhores filmes (digo isso até assistir filme dos anos 70 😛)
Martin Scorsese é o diretor dos filmes sobre a máfia. Ele mesmo, filho de uma familia siciliana, cresceu nos Estados Unidos em um ambiente permeado por ligações perigosas.
Os Bons Companheiros é um filme que dosa momentos engraçados com cenas de violência brutal e gratuita; mostra as facetas das famílias dos líderes e membros mafiosos: seus casamentos, suas festas, suas viagens, suas amantes, suas prisões, seus assassinatos etc...
Scorsese não romantiza os personagens, pelo contrário apresenta as vantagens de ser um gangster, bem como o ônus desta vida.
Poderíamos resumir o filme da seguinte maneira: A vida bandida tem seus prazeres e emoções mortais, mas o seu final pode ser bastante frustrante: você pode morrer, pode ser preso, ou pode terminar dedurando os seus "bons companheiros" ficando pobre e irrelevante.
Poderia dizer muito mais, mas assistam. Vale muito à pena. Com uma fotografia impecável, jogos de câmera incríveis, Scorsese fez um filme lindo tecnicamente. Além do mais, Robert de Niro, Ray Liotta e o "pequeno grande" psicopata do Joe Pesci é um trio inesquecível.
Nota: 8.5
Três Homens em Conflito
4.6 1,2K Assista AgoraA melhor relação trilha sonora e cena aconteceu com The Ecstasy of Gold. Coisa linda demais...
Glória Feita de Sangue
4.4 448 Assista Agora"A guerra é a continuação da política por outros meios" (Carl von Clausewitz)
Path of glory é um filme muito direto em sua mensagem antibelicista. A guerra visualizada do ponto de vista da carnificina no campo de batalha, aparenta ser algo totalmente sem sentido. No entanto, a guerra começa muito antes nos salões governamentais, nas decisões políticas que selam o destino de milhões de seres humanos.
Neste filme, observamos as motivações políticas do ponto de vista micro sociológico. Não são as grandes discussões políticas que determinam o desenrolar dos eventos, mas um elemento que impulsiona a ação individual do General Mireau, a saber a busca da glória pessoal. E o caminho para a glória, naquele contexto, seria pavimentado com a vida dos seus soldados, mesmo que a missão "Formigueiro" de antemão estivesse fadada ao fracasso.
Há várias razões para se fazer política. Usualmente, os manuais afirmam que a política (em especial a política democrática) visa o bem comum da cidade (da pólis). Entretanto, há motivos implícitos nos indivíduos que induzem a este tipo de ação: a busca da glória, da fama, do reconhecimento, da luta por escrever seu nome na história. E o que melhor pode levar a isto do que uma grande vitória em uma batalha impossível?
Pois bem, ao lhe ter sido negado o caminho da glória, o General Mireau decide punir os seus próprios soldados, abandonando qualquer escrúpulo. O seu contraponto, o Coronel Dax é um homem que não visa a glória pessoal, mas a justiça e a honra. Pode-se pensar que este personagem se constitui em um ideal irreal na guerra, mas prefiro não adotar uma visão tão pessimista. O Coronel Dax personifica a ideia de que "soldados não são números", que um homem não é uma máquina pronta para se lançar à matança. O coronel Dax, neste sentido seria a anti-política da guerra.
Apesar de não evitar a punição aos soldados, o Coronel Dax faz questão de imprimir nas consciências dos comandantes o peso das suas decisões. A partir de então, quem ainda tivesse um pingo de humanidade deveria lidar para sempre com o fruto de suas escolhas.
Interessante pensarmos que a Europa vinha de um otimismo muito grande no início do século XX, o mundo moderno iria provar a inutilidade das guerras, até mesmo o apelido da Primeira Guerra Mundial foi "A Guerra Para Acabar com Todas as Guerras". O saldo final foi inúmeras mortes, destruição e infelicidade, tendo mais tarde outra guerra que acabaria de vez com qualquer otimismo. Eis a questão: existem lutas que precisam ser travadas, o nazismo e o fascismo são o maior exemplo, mas não se pode abandonar um senso moral, a visão das pessoas como seres humanos e não somente números, pois no fim não se trata apenas de se obter um cargo melhor, uma patente maior, ou de se obter uma glória vã.
Fargo: Uma Comédia de Erros
3.9 920 Assista AgoraFargo, EUA/Reino Unido, 1996, Joel Cohen e Ethan Cohen.
Os irmãos Cohen ao fazerem um filme não dividem arte e entretenimento. Eles conseguem produzir filmes que dizem respeito à natureza humana, bem como à aleatoriedade da vida; mas, longe de tornarem seus roteiros maçantes, conseguem cativar sua plateia.
Em Fargo não é diferente. Jerry Lundegaard é o gerente de uma loja de carros, que por interesses próprios planeja o sequestro da própria esposa, a fim de que o seu milionário sogro pague o resgate e ele (Jerry) fique com dinheiro. Não teria como nada dar errado, "certo"?
Bem, amigo leitor, as coisas saem bastante da rota almejada. E é neste aspecto que o cinema dos Cohen é certeiro: você pode planejar suas ações, contar com a cooperação de todos os envolvidos, mas a vida vem e te dá uma rasteira, fazendo você cair de cara no chão! As ações humanas são sociais, pois nunca interferem na vida somente de quem as pratica; uma ação isolada pode afetar toda uma coletividade.
Max Weber, na sua sociologia, levava em consideração as "possibilidades objetivas". A saber, qual curso a história teria tomado se determinada coisa tivesse acontecido diferente do que ocorrera? Jerry não pensou em nenhum momento que uma simples decisão arruinaria a vida de sua família, bem como de pessoas que ele nunca viu na vida. Mas mesmo que ele considerasse tais coisas, a vida é tão imprevisível que a totalidade das possibilidades objetivas nos escapam, de modo que sempre algo vai ficar de fora das nossas previsões. Certas ações, mesmo que pareçam ser as melhores no momento, se melhor analisadas nunca deveriam ser postas em prática, pois suas consequências podem ser desastrosas.
Ao final, a policial Marge Gunderson, vivida por Frances McDormand (merecedora total do Oscar de melhor atriz, Que mulher!) pergunta a um dos sequestradores se valia a pena tudo aquilo por alguns milhares de dólares, e refletindo sobre o valor da vida, não consegue entender como as pessoas podem agir de determinadas maneiras brutais. Pois bem, Marge, como os Cohen deixam claro, os apetites humanos não medem consequências e nossos projetos, quando não consideram estes apetites, tem tudo para dar errado.
instagram: francapaulorenan
A Queda! As Últimas Horas de Hitler
4.1 775A Queda: as últimas horas de Hitler (Der Untergang), Alemanha, 2004. (Comecei a ver em junho, terminei em julho. Filme mais longo que um dia de fome)
Vou logo dizendo que este filme é um dos melhores que já vi.
Bruno Ganz, o intérprete de Hitler, foi um ator maravilhoso (confiram: Asas do Desejo), que para este filme teve que criar, segundo suas palavras, uma espécie de muralha em volta de si mesmo, para se proteger do próprio papel desempenhado: afinal, "quando se olha para o abismo, o abismo olha de volta para você." Sua atuação foi tão boa, que lhe rendeu a indicação ao Oscar.
Como o nome em português deixa claro, trata-se dos momentos derradeiros da II Guerra Mundial, onde vemos Hitler acuado em seu bunker, enquanto o exército vermelho vai rompendo as combalidas linhas alemãs, finalmente tomando Berlim. Hitler começa o filme em estado de negação, pois ainda acredita que a raça superior não seria derrotada, apesar de tudo indicar o contrário naquele momento. E termina com o seu suicídio, negando render-se aos russos. (Pelo amor do pai, isto não é um spoiler, né?)
Há, no entanto, uma coisa que me deixou ora incomodado, ora surpreendido: como o filme nos leva a perceber o horror da guerra do ponto de vista dos alemães. Não costumamos pensar no período nazista por este ângulo; pelo contrário, abstraímos qualquer traço de humanidade dos nazistas. E foi isto, talvez que tenha levado Wim Wenders (diretor alemão que trabalhou com o Bruno Ganz) a criticar o filme da seguinte forma: "bolinho de creme comercial"..."a simples ausência de posição narrativa mergulha o público num buraco negro ao qual ele é conduzido quase imperceptivelmente, olhando pelos olhos dos perpetradores, e isso gera uma espécie de compreensão benevolente deles".
Mas eu não diria compreender no sentido de ser empático às motivações nazistas, Wim. Mas pensar nos próprios soldados ali envolvidos, nos civis vítimas da guerra, nos médicos lutando para salvar vidas, dor, sofrimento, lágrimas, angústia, arrependimento. Alguns, possivelmente, não tivessem noção do que estavam defendendo, talvez não tivessem outra opção a não ser lutar pelo próprio país. Não sei, não cabe dizer aqui. Mas do outro lado existiam pessoas.
O filme me fez pensar que o ser humano pode ser cruel, além daquilo que possamos imaginar. E é por não imaginamos que possamos praticar atrocidades, que as atrocidades acontecem. Um povo que escolheu adorar uma ideia e um homem, bem como o seu líder máximo e seus generais abafaram a própria consciência, gerando o mal. Em certo momento, Goebbels afirma com todas as letras: que não se importava com a morte dos civis, pois fora o povo que os colocara no poder, devendo, assim, lidar com as consequências da sua escolha. Ao abafar a própria consciência, pessoas são capazes de qualquer coisa.
Longe de isentar os culpados por algo tão animalesco, o filme nos faz refletir em nossa própria conduta. Seria eu capaz de mandar humanos para o campo de concentração, abraçar uma ideia nefasta e idolatrar um mortal?
Ao fim, soldados russos dançam com a rendição nazista. Alegres pelo fim da guerra, pois poderiam voltar para suas famílias e amados. Porém, no seu próprio país havia alguém um pouco mais inteligente que Hitler, mas tão sanguinário quanto, tão paranoico, tão destituído de humanidade, tão mergulhado na própria ideologia.
A história da humanidade é uma história de guerras e atrocidades. Em um grande sentido,não há vencedores na guerra, só vencidos. Perdedores que perdem a própria alma.
instagram: @francapaulorenan
Os Olhos Sem Rosto
4.0 232Gostei demais do filme. Descobri dando uma passeada pelo livro 1001 filmes para ver antes de morrer.
Roteiro objetivo, com uma história bem amarrada. Cenas fortes até mesmo para os padrões atuais.
Chamo atenção para o papel dos sons neste filme, pois servem como extensão da mente dos personagens, especialmente dos "criminosos". O latido dos cães mostram mentes em confusão, a batida da ferramenta na tumba ressoa na mente da assistente Louise, mesmo ela querendo abafar sua consciência, a música que toca toda vez que Lousie sai "à caça" dá a sensação de estar vendo animais (humanos) no circo, prontos para cumprirem seu papel na trama.... muito bom! Filmaço...
A Marca da Maldade
4.1 221 Assista AgoraRoteiro chato demais...todo embolado, sem nexo.. odiei! kkkk
Psicopata Americano
3.7 1,9K Assista AgoraEu ia dar 3,5. Porém, resolvi alterar para 4 estrelas depois de entender melhor o filme. Como muitos já disseram, é uma crítica aos valores e estilo de vida dos yuppies da década de 80. Achei interessante como ao final não sabemos se o que foi feito em tela foi real ou apenas um delírio. De qualquer maneira, a ideia de que no mundo de Wall Street você precisa se encaixar numa maneira de viver e se relacionar com as pessoas, e literalmente ou figuradamente matar seus concorrentes, foi uma grande sacada.
Suburbicon: Bem-Vindos ao Paraíso
3.1 160 Assista AgoraAh, eu gostei! Eu não sabia que tinha os irmãos Cohen no meio, nos créditos fui ver que aquela sensação de "tem os Cohen nisso aí" se confirmou. Não é o melhor filme do mundo, mas tem umas sacadas legais: enquanto você repara no seu vizinho """"anormal""", o outro vizinho tido como normal é um assassino desgraçado que deveria trabalhar no circo.
Cinema Paradiso
4.5 1,4K Assista AgoraUm dos filmes mais belos que já assisti. Confesso: chorei..
Um Rosto na Multidão
4.3 42Que filmaço! Começa de uma forma despretensiosa e vai crescendo, crescendo, crescendo....até o ponto de terminar de uma forma nada convencional, nada esperada.
O poder não corrompeu o Larry, "estrada solitária", mas ele mesmo já era um ser corrompido, sem escrúpulos. Escondido sob uma falsa humildade de homem comum, ao ganhar projeção nacional, seu ego, que sempre se apresentou inflado, elimina qualquer vestígio de simplicidade e passa a pisar e magoar qualquer um, especialmente Marcia, sem perceber que faz tal coisa (ou será que sim?).
Todos os seres humanos carregam um pouco de cada personagem do filme, seja os defeitos do Larry, seja a ganância e desejo de manipulação dos homens da elite, seja a ingenuidade e idolatria que o público demonstra por um sujeito o qual eles nunca viram antes. O Antigo Testamento, em sua sabedoria médio oriental, apresenta Deus dizendo: "Não terás outros deuses diante de mim....", e mesmo numa sociedade secularizada, a lição fica: não tenha qualquer idiota como seu deus, uma hora ele irá desapontá-lo completamente.
A verdade, em meio a toda sujeira midiática, é o difícil remédio que Marcia teve que utilizar para quem sabe....salvar a alma do seu amado Lonesome Rhodes.
Onde os Fracos Não Têm Vez
4.1 2,4K Assista AgoraA vida é aleatória e longe de ser justa. A vida foge do roteiro e nem sempre tem o final que esperamos. Filmaço!
O Homem Que Não Estava Lá
4.0 229 Assista AgoraAs consequências de um ato são absolutamente imprevisíveis, assim como o cinema dos irmãos Coen.
Asas do Desejo
4.3 493 Assista AgoraGostei, mas reconheço que precisarei ver novamente para entender melhor. Acho que as legendas não me ajudaram muito..
Por uns Dólares a Mais
4.3 364 Assista AgoraMuito melhor do que o primeiro da "trilogia". Para mim, a dupla Monco e Coronel Mortimer é muito boa!
Antológica a cena dos tiros nos chapéus.
Por um Punhado de Dólares
4.2 421 Assista AgoraFoi uma boa introdução ao Western Spaghetti. Você precisa ignorar um pouco a lógica para curtir...kkkk! Mas é bom!
a cena em que o Clint liberta a mocinha do filme, os tiros são dados a uma distância em que os caras dificilmente ouviriam. [spoiler]
[spoiler]
Rocco e Seus Irmãos
4.4 125Os clássicos possuem várias coisas que se podem destacar, mas o que mais me chamou atenção no filme foi: o amor não é conivente com o mal. Neste aspecto, ainda que sem tanto destaque, Ciro foi o personagem mais importante para mim, pois colocou fim a um ciclo de destruição.
Fome de Poder
3.6 829 Assista AgoraEu já não comia no McDonalds, agora é que eu não como mesmo. kkk Se você ti er uma ideia boa, não compartilhe com qualquer um...
Até o Último Homem
4.2 2,0K Assista AgoraUm filme sobre convicções! Entrou para o hall dos meus filmes favoritos. O melhor de tudo: aconteceu mesmo.
A Árvore do Amor
4.3 141Malditas cebolas descascadoras de ninjas!!! :´(
Esquadrão Suicida
2.8 4,0K Assista AgoraPow essa sinopse entregou o filme inteiro..=P
O Círculo do Poder
3.7 19"Satanás está no Kremlin. Ele é Satanás. Só Satanás pode hipnotizar uma nação inteira até o ponto onde as pessoas voluntariamente ficam cegas e surdas. Historicamente, o povo russo se une a Deus ou a Satã. Agora, somos dominados por uma força do mal, e o adoramos como deveríamos adorar a Deus". Que filme sensacional! Retrata bem o que acontece quando um sistema político transforma-se em uma religião sem o elemento divino.