Carlos Marighella: Eu sou brasileiro. Eu sou o que a prática revolucionária realizada no contexto brasileiro fez de mim. Nós seguimos nosso próprio caminho e se chegamos à pontos de vista iguais aos de Mao, Ho Chi Minh, Fidel Castro, Guevara, etc., não foi pelo nosso desejo.
Conrad Detrez (Front): O senhor tem naturalmente algumas simpatias particulares?
Carlos Marighella: Estive na China entre 1953 e 54. Foi o partido que me mandou para lá. Eu começava, nesta época, a contestar a sua linha e era o mais forte candidato às eleições internas no Estado de São Paulo. O Partido afastou-me, portanto, por algum tempo. Na China estudei bastante a revolução. Mas, se formos falar de inspiração, a nossa vem especialmente de Cuba e do Vietnã. A experiência cubana, para mim, foi determinante, principalmente no que concerne à organização de um grupo inicial de combatentes.
Conrad Detrez (Front): A sua ideologia?
Carlos Marighella – Marxista-leninista. Mas não “ortodoxa”, como dizem. Nós não seguimos nem seguiremos jamais, mesmo após a tomada do poder, nenhuma ortodoxia. Ortodoxia é negócio de igreja.
Rola o clima do casal. Maciek e Krystyna acabam idealizando o “vir a ser” do encontro entre os dois. Ele sugere que pode “mudar as coisas”. Krystyna em seu íntimo finge acreditar. Maciek se encarrega de assassinar Szczuka, em uma tragi-cena muito bonita que o recém-falecido despenca em forma de abraço em Maciek. Este se aterroriza; e ao fundo fogos de artifício. Quadro bonito. Corte para a cena dos “inimigos do fim” em que um dos seus festivos “ordena” aos músicos uma última dança. O acompanhamento musical acaba saindo como uma execução que se compromete muito com o contragosto. “Não sabemos tocar isso que sugere” ensaiam. Maciek se despede de Krystina, “Conseguiu mudar as coisas?” – “Não.” E, a partir daí, intenta encontrar Andrezj para continuarem a parceria e os “trabalhos”. Acaba chegando atrasado, ou melhor, se deixando atrasar. Não sei o porquê, mas foi logo ao perceber os pontapés que Andrezj dava no carinha que esqueci o nome mas que só tomava na cabesssss ao longo do filme. Perdeu o emprego e tudo. Deixa-se ir o Maciek. Acaba por se embrenhar num desfecho em que o desespero lembra o final de Deus e o Diabo; muito na penumbra, pra não fugir da dúvida. Maciek se desespera e enlouquece entre os artefatos do lixão. Fim.
o que eu achei mais legal, e que também pode-se considerar como um detalhe acessório a trama, foi a paisagem sequência da vista da janela do apartamento. quase um time-lapse do sol se pondo, as luzes se acendendo... enfim, boa sacada
Durante quinze dias confinei-me em meu quarto e me cerquei de livros que estavam na moda naqueles tempos (há dezesseis ou dezessete anos); quero falar de livros em que se trata da arte de tornar os povos felizes, sábios e ricos em vinte e quatro horas. Tinha eu digerido – engolido, quero dizer – todas as elucubrações de todos os empresários da felicidade pública – dos que aconselham a todos os pobres a se fazerem escravos e dos que persuadiam que eles são reis destronados. Ninguém acharia surpreendente que eu entrasse então em um estado de espírito vizinho da vertigem ou da estupidez. Pareceu-me, somente, que eu sentisse, confinado, no fundo do meu intelecto, o germe obscuro de uma idéia superior a todas as fórmulas de curandeiras que eu, recentemente, vira, folheando no dicionário. Mas isso só era a idéia de uma idéia, algo de infinitamente vago. E saí com uma grande sede. Porque o gosto apaixonado por más leituras engendra uma necessidade proporcional de grandes ares e de muitas bebidas refrescantes. Quando ia entrar num bar, um mendigo estendeu-me o chapéu com um desses inesquecíveis olhares que derrubariam tronos, se é que o espírito removesse a matéria e se o olho de um hipnotizador fizesse as uvas amadurecerem. Ouvi, ao mesmo tempo, uma voz que me cochichava ao ouvido, uma voz que eu me reconheci bem; era a voz de um bom Anjo ou um bom Demônio, que me acompanha por todos os lugares. Se Sócrates tinha seu bom Demônio, por que eu não havia de ter o meu bom Anjo, e por que não teria eu a honra, como Sócrates, de obter um brevê de loucura, assinado pelo sutil Lélut e pelo bem informado Baillarger? Existe essa diferença entre o Demônio de Sócrates e o meu, pois o de Sócrates só se manifestava a ele para proibir, advertir, impedir, e que o meu dignava-se a aconselhar, sugerir, persuadir; o meu é um grande afirmador, o meu é um Demônio de ação, um Demônio de combate. Ora, sua voz cochichava isso: “Quem for igual ao outro que o prove e só é digno de liberdade quem a sabe conquistar.” Imediatamente saltei sobre meu mendigo. Com um único soco fechei-lhe um olho, que, em um segundo, tornou-se inchado como uma bola. Quebrei uma unha ao partir-lhe dois dentes, e como eu não me sentisse bastante forte, tendo nascido de compleição delicada e tivesse pouca prática de boxe, para desancar aquele velho, peguei-o com uma das mãos pela gola de seu casaco e com a outra lhe agarrei a garganta e me pus a sacudi-lo, vigorosamente, cabeça contra a parede. Devo confessar que já havia previamente inspecionado os arredores com uma olhada e havia verificado que naquele subúrbio deserto eu me achava, por algum tempo, fora do alcance de qualquer policial. Tendo, em seguida, com um pontapé, dado em suas costas, bastante enérgico para lhe quebrar as omoplatas, botei por terra aquele sexagenário enfraquecido; peguei, então, um grosso galho de árvore, que estava jogado no chão, e bati nele com a energia obstinada dos cozinheiros que querem amolecer um bife. De repetente – ó milagre! Ó alegria do filósofo que verifica a excelência de sua teoria – vi esta antiga carcaça se virar, se levantar com uma energia que eu jamais suspeitaria que houvesse numa máquina de tal modo danificada, e, com um olhar de raiva que me pareceu de bom augúrio, o malandro decrépito jogou-se sobre mim, socou-me os dois olhos, quebrou-me quatro dentes e, com o mesmo galho de árvore, bateu-me fortemente. Pela minha enérgica medicação, eu lhe havia restituído o orgulho e a vida. Então, eu lhe fiz sinais enérgicos para que compreendesse que eu considerava nossa discussão terminada e, levantando-me com a satisfação de um sofista de Pórtico, lhe disse: “Meu senhor, o senhor é meu igual! Queira dar-me a honra de aceitar que eu divida minha bolsa consigo, e lembre-se: se você é realmente filantropo, que é preciso aplicar, em todos os seus confrades, quando eles lhe pedirem esmolas, a mesma teoria que eu tive o sofrimento de experimentar sobre suas costas.” Ele me jurou que havia compreendido a minha teoria e que obedeceria aos meus conselhos.
Desobediência
4.1 1Que filme complexo! os limites entre ficção e realidade nunca foram tão tênues. passei até a acreditar em feitiçaria dps de assistir haha
Marighella
3.9 1,1K Assista AgoraCensuraram o Marighella na alta!!
Trechos da entrevista real:
Conrad Detrez (Front): O senhor é maoísta?
Carlos Marighella: Eu sou brasileiro. Eu sou o que a prática revolucionária realizada no contexto brasileiro fez de mim. Nós seguimos nosso próprio caminho e se chegamos à pontos de vista iguais aos de Mao, Ho Chi Minh, Fidel Castro, Guevara, etc., não foi pelo nosso desejo.
Conrad Detrez (Front): O senhor tem naturalmente algumas simpatias particulares?
Carlos Marighella: Estive na China entre 1953 e 54. Foi o partido que me mandou para lá. Eu começava, nesta época, a contestar a sua linha e era o mais forte candidato às eleições internas no Estado de São Paulo. O Partido afastou-me, portanto, por algum tempo. Na China estudei bastante a revolução. Mas, se formos falar de inspiração, a nossa vem especialmente de Cuba e do Vietnã. A experiência cubana, para mim, foi determinante, principalmente no que concerne à organização de um grupo inicial de combatentes.
Conrad Detrez (Front): A sua ideologia?
Carlos Marighella – Marxista-leninista. Mas não “ortodoxa”, como dizem. Nós não seguimos nem seguiremos jamais, mesmo após a tomada do poder, nenhuma ortodoxia. Ortodoxia é negócio de igreja.
Cinco Covas no Egito
3.9 28 Assista AgoraO Farid teve uns 10 infarto ao longo do filme kkkk
muito bem amarrado o suspense e a tensão construída
Um Barco e Nove Destinos
4.0 121Moral da história:
com fascista não se negocia, o diálogo com eles deve se restringir à ponta da faca
Tim Maia - Não Há Nada Igual
3.6 593 Assista Agorao que salva o filme é a trilha sonora
Cinzas e Diamantes
4.1 40 Assista AgoraRola o clima do casal.
Maciek e Krystyna acabam idealizando o “vir a ser” do encontro entre os dois.
Ele sugere que pode “mudar as coisas”. Krystyna em seu íntimo finge acreditar.
Maciek se encarrega de assassinar Szczuka, em uma tragi-cena muito bonita que o recém-falecido despenca em forma de abraço em Maciek. Este se aterroriza; e ao fundo fogos de artifício. Quadro bonito. Corte para a cena dos “inimigos do fim” em que um dos seus festivos “ordena” aos músicos uma última dança. O acompanhamento musical acaba saindo como uma execução que se compromete muito com o contragosto. “Não sabemos tocar isso que sugere” ensaiam.
Maciek se despede de Krystina, “Conseguiu mudar as coisas?” – “Não.” E, a partir daí, intenta encontrar Andrezj para continuarem a parceria e os “trabalhos”. Acaba chegando atrasado, ou melhor, se deixando atrasar. Não sei o porquê, mas foi logo ao perceber os pontapés que Andrezj dava no carinha que esqueci o nome mas que só tomava na cabesssss ao longo do filme. Perdeu o emprego e tudo.
Deixa-se ir o Maciek. Acaba por se embrenhar num desfecho em que o desespero lembra o final de Deus e o Diabo; muito na penumbra, pra não fugir da dúvida. Maciek se desespera e enlouquece entre os artefatos do lixão. Fim.
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Fantasmas
3.9 22ó o preço da gasolina
O Atalante
4.1 60 Assista Agoraum surrealismo documental
No Intenso Agora
4.0 38eeergh... blaaaah
Festim Diabólico
4.3 883 Assista Agorao que eu achei mais legal, e que também pode-se considerar como um detalhe acessório a trama, foi a paisagem sequência da vista da janela do apartamento. quase um time-lapse do sol se pondo, as luzes se acendendo... enfim, boa sacada
O Expresso de Xangai
3.7 54sdds Marlene
Três Anúncios Para um Crime
4.2 2,0K Assista Agoratrês estrelas para um filme
Black Mirror (4ª Temporada)
3.8 1,3K Assista Agorasdds Black Mirror
O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro
4.1 133 Assista Agoratem uma entrevista maneirinha sobre o filme com o Scorsese no youtube, galeres
saiu atordoado...
Terra em Transe
4.1 286 Assista AgoraXLIX - Pequenos Poemas em Prosa, Baudelaire
ESPANQUEMOS OS POBRES!
Durante quinze dias confinei-me em meu quarto e me cerquei de livros que estavam na moda naqueles tempos (há dezesseis ou dezessete anos); quero falar de livros em que se trata da arte de tornar os povos felizes, sábios e ricos em vinte e quatro horas. Tinha eu digerido – engolido, quero dizer – todas as elucubrações de todos os empresários da felicidade pública – dos que aconselham a todos os pobres a se fazerem escravos e dos que persuadiam que eles são reis destronados. Ninguém acharia surpreendente que eu entrasse então em um estado de espírito vizinho da vertigem ou da estupidez.
Pareceu-me, somente, que eu sentisse, confinado, no fundo do meu intelecto, o germe obscuro de uma idéia superior a todas as fórmulas de curandeiras que eu, recentemente, vira, folheando no dicionário. Mas isso só era a idéia de uma idéia, algo de infinitamente vago.
E saí com uma grande sede. Porque o gosto apaixonado por más leituras engendra uma necessidade proporcional de grandes ares e de muitas bebidas refrescantes.
Quando ia entrar num bar, um mendigo estendeu-me o chapéu com um desses inesquecíveis olhares que derrubariam tronos, se é que o espírito removesse a matéria e se o olho de um hipnotizador fizesse as uvas amadurecerem.
Ouvi, ao mesmo tempo, uma voz que me cochichava ao ouvido, uma voz que eu me reconheci bem; era a voz de um bom Anjo ou um bom Demônio, que me acompanha por todos os lugares. Se Sócrates tinha seu bom Demônio, por que eu não havia de ter o meu bom Anjo, e por que não teria eu a honra, como Sócrates, de obter um brevê de loucura, assinado pelo sutil Lélut e pelo bem informado Baillarger?
Existe essa diferença entre o Demônio de Sócrates e o meu, pois o de Sócrates só se manifestava a ele para proibir, advertir, impedir, e que o meu dignava-se a aconselhar, sugerir, persuadir; o meu é um grande afirmador, o meu é um Demônio de ação, um Demônio de combate.
Ora, sua voz cochichava isso: “Quem for igual ao outro que o prove e só é digno de liberdade quem a sabe conquistar.”
Imediatamente saltei sobre meu mendigo. Com um único soco fechei-lhe um olho, que, em um segundo, tornou-se inchado como uma bola. Quebrei uma unha ao partir-lhe dois dentes, e como eu não me sentisse bastante forte, tendo nascido de compleição delicada e tivesse pouca prática de boxe, para desancar aquele velho, peguei-o com uma das mãos pela gola de seu casaco e com a outra lhe agarrei a garganta e me pus a sacudi-lo, vigorosamente, cabeça contra a parede. Devo confessar que já havia previamente inspecionado os arredores com uma olhada e havia verificado que naquele subúrbio deserto eu me achava, por algum tempo, fora do alcance de qualquer policial.
Tendo, em seguida, com um pontapé, dado em suas costas, bastante enérgico para lhe quebrar as omoplatas, botei por terra aquele sexagenário enfraquecido; peguei, então, um grosso galho de árvore, que estava jogado no chão, e bati nele com a energia obstinada dos cozinheiros que querem amolecer um bife.
De repetente – ó milagre! Ó alegria do filósofo que verifica a excelência de sua teoria – vi esta antiga carcaça se virar, se levantar com uma energia que eu jamais suspeitaria que houvesse numa máquina de tal modo danificada, e, com um olhar de raiva que me pareceu de bom augúrio, o malandro decrépito jogou-se sobre mim, socou-me os dois olhos, quebrou-me quatro dentes e, com o mesmo galho de árvore, bateu-me fortemente. Pela minha enérgica medicação, eu lhe havia restituído o orgulho e a vida.
Então, eu lhe fiz sinais enérgicos para que compreendesse que eu considerava nossa discussão terminada e, levantando-me com a satisfação de um sofista de Pórtico, lhe disse: “Meu senhor, o senhor é meu igual! Queira dar-me a honra de aceitar que eu divida minha bolsa consigo, e lembre-se: se você é realmente filantropo, que é preciso aplicar, em todos os seus confrades, quando eles lhe pedirem esmolas, a mesma teoria que eu tive o sofrimento de experimentar sobre suas costas.”
Ele me jurou que havia compreendido a minha teoria e que obedeceria aos meus conselhos.
Na Vertical
3.2 55Uma mistura de Gaspar Noé e David Lynch
Moana, O Homem Perfeito
3.7 3tradução do título péssima
A Hora do Lobo
4.2 308https:// www.youtube.com/watch?v=FP2YndWnNKU
Não consigo traduzir o que foi esse "minuto".