É extremamente comovente e uma lembrança que mesmo em momentos difíceis para as minorias é possível vencer as opressões da maioria através da resistência e da visibilidade.
Ah, e as poucas cenas mostradas dos 40 minutos censurados não são pornográficas, pois não tinham a intenção de estimular o sexo, mas eram eróticas, para serem apreciadas como arte.
A beleza do filme não está na metragem em si (no roteiro do filme "Cruising", na fotografia e no elenco), mas no processo criativo que gerou várias controvérsias e dúvidas nas cabeças daqueles que haviam participado desse processo. O personagem principal é mesmo o Jake Robbins ortônimo e não o personagem que Al Pacino representa, e isso podemos ver em cada questionamento que se faz e faz a todos os seus amigos sobre o que ele está fazendo ali naquelas filmagens. O objetivo de Franco não era literalmente recriar aqueles 40 minutos censurados, mas trazer à tona dois tabús que até hoje não se pode mexer, sobretudo no cinema hollywoodiano (o sexo e o homossexualismo explicitos) e colocando heterossexuais para lidar com isso.
No começo do filme a minha pergunta era "O que um diretor heterossexual está tentando ao realizar a direção de um projeto gay?" e fiquei todo o tempo alarmado com possíveis heteronormatividades estereotipando (como sempre) o mundo gay. Porém, pra minha surpresa, James Franco fez exatamente o contrário: utilizou da heteronormatividade do seu próprio "nicho" para descontruir conceitos socialmente estipulados na cabeça do próprio elenco, predominantemente heteronormativos.
Julianne Moore conseguiu captar todo o sentimento e complexidade de uma doença, que infelizmente é rotineira, e passar esse sentimento para o telespectador com tamanha fidelidade, que eu conseguia (eu acho, haha) entender o que se passava na cabeça dela. Nos faz exercer a empatia e não apenas termos horror à síndrome, mas entendermos a situação daquelas que a possuem - parafraseando o filme, a sensação de perder tudo aquilo que eles viveram tanto para conquistar.
Um filme político e muito bonito, que personifica as relações sociais e ideológicas da época em uma pequena comunidade, onde de um lado se posicionam os patrões - representado pela imagem do Alfredo -, salvaguardados pela ideologia fascista - representado pelo Átilla e o seu casamento com a burguesa Regina escancara isso - e os agricultores, que praticamente viviam em um regime de semi-servidão - personificado por Olmo - e salvaguardados pela ideologia socialista - onde Anita cumpre esse papel. Muitas das máximas marxistas e marxianas, como o choque entre as classes, opressão da classe dominante, a mais-valia, a revolução como meio de libertação, os sindicatos como homogeneização da classe oprimida e a alienação da mesma estão presentes de forma bem clara durante essas 5h de filme.
Apesar de ser um filme muito didático e gostoso de ver, é de certa forma bem tenso e tendencioso e com certeza não vai agradar a todos, principalmente os mais críticos dos estudos de Marx.
A maneira como a história e os cenários são contados é, na minha opinião, inovador, por se assemelhar muito com o próprio teatro, permitindo que os espectadores tenham o poder de decidir (em certa medida) para onde desejam olhar. Isso traz uma experiência muito interessante, pois é possível perceber que apesar das cenas de dramas que acontecem dentro das casas, a vila ainda possui vida e personalidade próprias, independentes da personagem Grace. O método de contar os "spoilers" do que se passa em cada capítulo também considero inovador, pois apesar de você já saber o que irá acontecer, existe a curiosidade de como irá acontecer, dando a liberdade de pré-imaginarmos a cena e nos mantermos fiéis ao filme para descobrirmos se acertamos ou não.
Em relação ao conteúdo, concluí que existe uma reflexão na dicotomia natureza do homem/poder, onde demonstra a transformação do caráter das pessoas quando percebiam que detinham o poder da chantagem sobre Grace, esta que por possuir uma evidente fraqueza, deixa de ser vista como uma humana para ser "objetificada". Achei muito interessante a analogia dos cachorros, que - segundo um dos personagens do filme - por mais em comunhão que vivam com os humanos, precisam ser domesticados, pois se adquirem muita liberdade e não lhes é ensinado os limites, passam a ser arrogantes e desrepeitam seus próprios donos, com os moradores de Dogville, ou melhor, "A vila dos cachorros".
Enfim, um filme muito artístico pela maneira em que fora feito e com um conteúdo recheado de criticismo à natureza obscura do ser humano.
Eu não costumo fazer críticas escritas para os filmes que vejo, mas senti necessidade de falar sobre esse em específico.
Fazia muito tempo que eu não assistia a um filme tão rico e envolvente em melodrama, mas ao mesmo tempo extremamente crítico às questões sociológicas contemporâneas, ainda que o filme tenha estreado há 14 anos atrás. Durante todo o filme, acompanhamos o drama de uma mulher, dotada de pureza, alvor, com uma deficiência limitante, mas que nem por isso deixa de ser sonhadora, e perdida em um caos profundo.
Dentro das pesadas 2h15 de filme, presenciamos a corrupção de quem faz a lei, o capitalismo que consolida relacionamentos supérfluos, o anti-comunismo xenofóbico, a incompetência do sistema judicial e a
, a super exploração da força de trabalho, entre muitos outros.
Bjork atua no papel de protagonista, o que na minha opinião foi uma sacada de mestre, uma vez que ela é reconhecida como uma cantora não muito convencional e "mainstream", exatamente por seu estilo musical que não se enquadraria em um perfil de pop estadunidese. O filme possui uma carga irônica muito grande, uma vez que Selma (Bjork) é uma amante dos musicais americanos, pois acredita que dentro deles não existe sofrimento ou tragédia e por isso mesmo, vive a sua própria vida como um musical. A diferença, é que o musical da sua vida é um drama violento, cantada com músicas de aceitação da sua condição e também com uma harmonia e musicalidade que não convém aos musicais norte-americanos.
Enfim, acredito que o filme possui um conteúdo riquíssimo para debates e análises de como nossa sociedade funciona até os dias de hoje e evidencia sérios estigmas que ainda enfrentamos. Deveria ser obrigatório para todos.
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Milk: A Voz da Igualdade
4.1 878É extremamente comovente e uma lembrança que mesmo em momentos difíceis para as minorias é possível vencer as opressões da maioria através da resistência e da visibilidade.
Frustrante por outro lado, por saber que o movimento LGBT perdeu um militante e líder tão empoderado como o Milk, tão cedo e de maneira brutal. :(
Interior. Leather Bar.
2.5 116Ah, e as poucas cenas mostradas dos 40 minutos censurados não são pornográficas, pois não tinham a intenção de estimular o sexo, mas eram eróticas, para serem apreciadas como arte.
Interior. Leather Bar.
2.5 116Me apaixono cada dia mais por James Franco <3
A beleza do filme não está na metragem em si (no roteiro do filme "Cruising", na fotografia e no elenco), mas no processo criativo que gerou várias controvérsias e dúvidas nas cabeças daqueles que haviam participado desse processo. O personagem principal é mesmo o Jake Robbins ortônimo e não o personagem que Al Pacino representa, e isso podemos ver em cada questionamento que se faz e faz a todos os seus amigos sobre o que ele está fazendo ali naquelas filmagens. O objetivo de Franco não era literalmente recriar aqueles 40 minutos censurados, mas trazer à tona dois tabús que até hoje não se pode mexer, sobretudo no cinema hollywoodiano (o sexo e o homossexualismo explicitos) e colocando heterossexuais para lidar com isso.
No começo do filme a minha pergunta era "O que um diretor heterossexual está tentando ao realizar a direção de um projeto gay?" e fiquei todo o tempo alarmado com possíveis heteronormatividades estereotipando (como sempre) o mundo gay. Porém, pra minha surpresa, James Franco fez exatamente o contrário: utilizou da heteronormatividade do seu próprio "nicho" para descontruir conceitos socialmente estipulados na cabeça do próprio elenco, predominantemente heteronormativos.
Para Sempre Alice
4.1 2,3K Assista AgoraJulianne Moore conseguiu captar todo o sentimento e complexidade de uma doença, que infelizmente é rotineira, e passar esse sentimento para o telespectador com tamanha fidelidade, que eu conseguia (eu acho, haha) entender o que se passava na cabeça dela. Nos faz exercer a empatia e não apenas termos horror à síndrome, mas entendermos a situação daquelas que a possuem - parafraseando o filme, a sensação de perder tudo aquilo que eles viveram tanto para conquistar.
Um filme incrível e imperdível!
1900
4.3 101 Assista AgoraUm filme político e muito bonito, que personifica as relações sociais e ideológicas da época em uma pequena comunidade, onde de um lado se posicionam os patrões - representado pela imagem do Alfredo -, salvaguardados pela ideologia fascista - representado pelo Átilla e o seu casamento com a burguesa Regina escancara isso - e os agricultores, que praticamente viviam em um regime de semi-servidão - personificado por Olmo - e salvaguardados pela ideologia socialista - onde Anita cumpre esse papel.
Muitas das máximas marxistas e marxianas, como o choque entre as classes, opressão da classe dominante, a mais-valia, a revolução como meio de libertação, os sindicatos como homogeneização da classe oprimida e a alienação da mesma estão presentes de forma bem clara durante essas 5h de filme.
Apesar de ser um filme muito didático e gostoso de ver, é de certa forma bem tenso e tendencioso e com certeza não vai agradar a todos, principalmente os mais críticos dos estudos de Marx.
Dogville
4.3 2,0K Assista AgoraA maneira como a história e os cenários são contados é, na minha opinião, inovador, por se assemelhar muito com o próprio teatro, permitindo que os espectadores tenham o poder de decidir (em certa medida) para onde desejam olhar. Isso traz uma experiência muito interessante, pois é possível perceber que apesar das cenas de dramas que acontecem dentro das casas, a vila ainda possui vida e personalidade próprias, independentes da personagem Grace. O método de contar os "spoilers" do que se passa em cada capítulo também considero inovador, pois apesar de você já saber o que irá acontecer, existe a curiosidade de como irá acontecer, dando a liberdade de pré-imaginarmos a cena e nos mantermos fiéis ao filme para descobrirmos se acertamos ou não.
Em relação ao conteúdo, concluí que existe uma reflexão na dicotomia natureza do homem/poder, onde demonstra a transformação do caráter das pessoas quando percebiam que detinham o poder da chantagem sobre Grace, esta que por possuir uma evidente fraqueza, deixa de ser vista como uma humana para ser "objetificada". Achei muito interessante a analogia dos cachorros, que - segundo um dos personagens do filme - por mais em comunhão que vivam com os humanos, precisam ser domesticados, pois se adquirem muita liberdade e não lhes é ensinado os limites, passam a ser arrogantes e desrepeitam seus próprios donos, com os moradores de Dogville, ou melhor, "A vila dos cachorros".
Enfim, um filme muito artístico pela maneira em que fora feito e com um conteúdo recheado de criticismo à natureza obscura do ser humano.
Dançando no Escuro
4.4 2,3K Assista AgoraEu não costumo fazer críticas escritas para os filmes que vejo, mas senti necessidade de falar sobre esse em específico.
Fazia muito tempo que eu não assistia a um filme tão rico e envolvente em melodrama, mas ao mesmo tempo extremamente crítico às questões sociológicas contemporâneas, ainda que o filme tenha estreado há 14 anos atrás. Durante todo o filme, acompanhamos o drama de uma mulher, dotada de pureza, alvor, com uma deficiência limitante, mas que nem por isso deixa de ser sonhadora, e perdida em um caos profundo.
Dentro das pesadas 2h15 de filme, presenciamos a corrupção de quem faz a lei, o capitalismo que consolida relacionamentos supérfluos, o anti-comunismo xenofóbico, a incompetência do sistema judicial e a
polêmica questão da pena de morte
Bjork atua no papel de protagonista, o que na minha opinião foi uma sacada de mestre, uma vez que ela é reconhecida como uma cantora não muito convencional e "mainstream", exatamente por seu estilo musical que não se enquadraria em um perfil de pop estadunidese. O filme possui uma carga irônica muito grande, uma vez que Selma (Bjork) é uma amante dos musicais americanos, pois acredita que dentro deles não existe sofrimento ou tragédia e por isso mesmo, vive a sua própria vida como um musical. A diferença, é que o musical da sua vida é um drama violento, cantada com músicas de aceitação da sua condição e também com uma harmonia e musicalidade que não convém aos musicais norte-americanos.
Enfim, acredito que o filme possui um conteúdo riquíssimo para debates e análises de como nossa sociedade funciona até os dias de hoje e evidencia sérios estigmas que ainda enfrentamos. Deveria ser obrigatório para todos.