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34 years, JOÃO PESSOA - PARAÍBA (BRA)
Usuário desde Março de 2012
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É graduado em Letras pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), jornalista em construção pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), crítico de cinema, professor de literatura e produtor cultural independente. Editor Geral do site sobre cinema Janela 7, repórter e colunista do portal de notícias Paraíba Já. Amante das artes, cinéfilo compulsivo, ativista político e romântico inveterado. Humano, demasiadamente humano. Um eterno andarilho em busca de si mesmo e de um lugar no mundo.

Webpage: http://janela7.com/
Facebook: https://www.facebook.com/sandroallves

Últimas opiniões enviadas

  • Sandro Alves de França

    12 Anos de Escravidão é um drama forte, que não atenua situações incômodas, as expõe muitas vezes de forma crua, sem melodrama, pieguices, nem tampouco cenas apelativas. Apenas o drama humano exposto da forma mais real possível.

    É surpreendente que seja um diretor negro britânico, Steve McQueen (homônimo de um famoso ator norte-americano morto em 1980) a dirigir esse que é considerado o mais contundente retrato cinematográfico da escravidão nos EUA, quando há no país expoentes como Spike Lee, Lee Daniels, dentre outros. Esse é um tema delicadíssimo nos EUA, poucos cineastas – negros ou brancos - se arriscaram a trazê-lo às telas de forma aprofundada. Recentemente Tarantino trouxe em “Django Livre” um recorte num formato de “épico-ação”, com seu conhecido estilo de violência estilizada, que tem doses de veracidade mas não se compromete com uma narrativa realista. Assim mesmo choveram críticas e reações indignadas. Disseram, entre outras acusações, que o filme de Tarantino banalizava uma situação muito séria.

    O mesmo definitivamente não se pode dizer da abordagem de “12 Anos”. Temos aqui um retrato fiel das condições históricas em que se davam as relações escravagistas nos EUA. Solomon é comercializado como uma peça. Logo que entregue aos capatazes e refuta dizendo haver um engano, já que é um homem livre, alforriado, recebe um violento açoite como resposta. Ali se apresenta sua nova situação: um escravo prestes a ser mercantilizado.

    Uma das cenas mais impactantes, talvez a mais dramaticamente corrosiva, é a que referida escrava, num acesso de ciúmes, é chicoteada por Edwin até sua pele ficar em carne viva. Solomon é ainda obrigado pelo escravocrata a chicotear a jovem escrava a quem se afeiçoou. Não mais conseguindo cumprir a determinação ele larga a chibata e cai desolado, enquanto o mestre segue impiedosamente com o ato, sob o regozijo de sua esposa que assiste a tudo sem esboçar a menor complacência.

    O diálogo trocado entre Solomon e o escravocrata Edwin diante da cena é revelador: “O senhor é diabo! Mais cedo ou mais tarde, em algum lugar do curso da justiça eterna vai responder por esse pecado!” diz o escravo. Ao que o senhor responde friamente: “Pecado? Não existe nenhum pecado. Um homem faz o que quiser com sua propriedade”. A mentalidade era precisamente essa.

    Nos EUA da segunda metade do Século XIX a sociedade sulista tinha uma ligação estreita com o escravagismo. As relações eram essencialmente comerciais, mas havia já incutido fortemente o ideal racista, que via negros como uma sub raça. Essa ideologia era transportada, inclusive, para a lógica da doutrina cristã das congregações protestantes e foi o embrião do Ku Klux Klan.

    12 Anos de Escravidão é, sob muitos aspectos, um filme difícil de ser visto. Pelo tema difícil e até meio indigesto para boa parte do público não foi exatamente um sucesso de bilheteria, mas isso já era em parte esperado, em se tratando de uma produção dramática de abordagem realista de um tema delicado.

    Só pode ser considerado inovador no contexto da filmografia dos EUA, dada a escassez de filmes americanos que abordam essa temática como enredo central. No caso do Brasil, por exemplo, sobram exemplos de produções televisas e cinematográficas que abordam a escravidão. Nos EUA isso é muito mais complicado de se fazer devido ao racismo institucional que vigorou em alguns estados americanos até meados dos anos 1970. Falar sobre a escravidão se tornou um tabu, assunto evitado sempre que possível. Não obstante, é grande o números de filmes que retratam o racismo pós-abolição.

    A produção tem uma linguagem convencional, se ancora em alguns clichês típicos de dramas raciais e pouco surpreende. O roteiro é “redondo”, consistente mas pouco ousado. O elenco tem performances marcantes dos atores, destaque para Chiwetel Ejiofor, protagonista do filme, Michael Fassbander como o escravocrata sádico e Lupita Nyong como a escrava Patsey. Brad Pitt, que é um dos produtores do filme, faz uma participação especial.

    O título do filme é retirado do livro escrito pelo próprio Solomon, que após ser resgatado em 1853 passou a ser um dos principais ativistas do movimento abolicionista. Foi encontrado morto 10 anos depois, sob os trilhos de um trem. As circunstâncias de sua morte jamais foram totalmente esclarecidas, mas imagina-se que num ambiente de guerra de secessão, onde os EUA eram um paiol aceso e cujo motivo principal do conflito era justamente a lei abolicionista promulgada pelo presidente Abraham Lincolm, que opôs os estados do Norte industrializado aos do Sul ainda majoritariamente agrário e umbilicalmente ligada ao escravagismo, sua morte tenha sido retaliação de partidários sulistas e/ou radicais conservadores.

    Um filme denso, de uma dramaticidade realista e corrosiva que é muitas vezes difícil de acompanhar. A narrativa é consistente, a direção é segura e o elenco está extraordinário. Vale muito apena ser visto. Eu indico.

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  • Sandro Alves de França

    Intocáveis é uma daquelas produções onde o contraste acaba estabelecendo a atmosfera do filme: são dois personagens diferentes que tem origens diferentes, perfis diferentes, condições sociais diferentes, são em suma, diametralmente opostos, mas de uma maneira muito peculiar acabam tornando-se companheiros, amigos, cúmplices! Driss e Phillip, cada um com suas limitações e habilidades próprias acabam se complementando, numa relação construída com autenticidade e muita espontaneidade. Phillip, o tetraplégico milionário, vive num ambiente onde todos os tratam com a maior deferência, cheios de cuidado pra não afeta-lo, prejudica-lo ou ofendê-lo pela sua condição delicada. Ele vive como se estivesse anestesiado, letárgico, resignado às suas limitações mas no fundo repudia com veemência toda a situação e a forma "especial", como o tratam, repleta de compaixão. A chegada do Driss é como um sopro de ânimo na rotina apática de Phillip: um negro imigrante sem papas na língua e meio desajeitado que acaba por transformar os hábitos do milionário e a forma dele encarar o mundo e as pessoas. Poderia ser mais um de tantos filmes de enredo parecido, mas Intocáveis se diferencia pelo seu humor ácido, chegando a ser até mesmo corrosivo e politicamente incorreto, assim como ocorre ma vida real. As duras piadas e referências humorísticas nada comedidas que Driss faz ao estado Phillip acabam ajudando o milionário a sentir-se como alguém comum e a incentivá-lo a dispor dos prazeres que a vida ainda pode lhe oferecer. As cenas da dança de Driss no aniversário de Phillip, na casa de massagens eróticas e do passeio de carro são antológicas. A última cena, como Driss fazendo Phillip involuntariamente encontrar-se com a mulher de quem é apaixonado, deixando sozinho e impassível de mover-se do local, é bela, divertida e tocante. Enfim, um filme belíssimo, um dos representantes do legítimo bom cinema francês, além de ter se tornado um Blockbuster, com quase 400 milhões de espectadores na França e no mundo, o que é um feito e tanto pra um filme de arte e ainda por cima francês. Um filme sensível, delicado, bonito e divertido que vale muito a pena ser visto.

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  • Sandro Alves de França

    A produção não traz, no que se refere a linguagem cinematográfica, nada de extraordinário ou inovador, mas seu enredo, a forma como aborda a biografia e obra poética do grande Allen Ginsberg, são o ponto forte da película, o que emociona e prende a atenção. Ginsberg como um dos principais expoentes da Geração Beat (termo que sempre renegou) e da vanguarda literária norte-americana possui uma obra poética cuja beleza, magnitude, visceralidade e sofisticação eclodem num nível de transcendência abissal. A poesia de Allen retratou como nenhuma outras as angustias, desejos, prospecções, alegrias e transgressões da sua geração, transposta à literatura numa intensidade semântica que tornou-se referência estética, expressão verborrágica permeada de forma poética sublime. Allen Ginsberg e seus escritos são de tal forma envolventes que nem mesmo a performance caricata e anódina do igualmente inexpressivo James Franco conseguem macular o brilho e excelência dos seus poemas declamados e alegorizados no filme. Uma produção cinematográfica não excepcional mas com certeza bela e artisticamente relevante.

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  • LegenDario
    LegenDario

    Oi Sandro, tudo bem? Vem pro LEGIONÁRIOS, um grupo sobre filmes e séries onde você pode opinar, trocar experiências, participar de brincadeiras, receber indicações e muito+!

    A participação é totalmente aberta a qualquer um que tiver vontade, bastando respeitar os colegas e o ambiente seguro de ofensas que buscamos proporcionar.

    Entre pelo link abaixo e diga "Ei, meu nome é fulano! Vim por convite do Gabriel Dario no Filmow". Se ele tiver sido revogado, avise :D

    https://chat.whatsapp.com/LSAv5Zt9CqO02qc81yCEg0

  • Filmow
    Filmow

    O Oscar 2017 está logo aí e teremos o nosso tradicional BOLÃO DO OSCAR FILMOW!

    Serão 3 vencedores no Bolão com prêmios da loja Chico Rei para os três participantes que mais acertarem nas categorias da premiação. (O 1º lugar vai ganhar um kit da Chico Rei com 01 camiseta + 01 caneca + 01 almofada; o 2º lugar 01 camiseta da Chico Rei; e o 3º lugar 01 almofada da Chico Rei.)

    Vem participar da brincadeira com a gente, acesse https://filmow.com/bolao-do-oscar/ para votar.
    Boa sorte! :)

    * Lembrando que faremos uma transmissão ao vivo via Facebook e Youtube da Casa Filmow na noite da cerimônia, dia 26 de fevereiro. Confirme presença no evento https://www.facebook.com/events/250416102068445/

  • Eduardo Gomes
    Eduardo Gomes

    Excelente gosto!

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