Tentar entender o desconhecido é sempre uma tarefa difícil. Seja o entendimento de seres supremos criadores do universo ou mesmo, o que nos aguarda (ou não) num vasto universo sobre nossas cabeças. ''Arrival'' trabalha esse conceito em diversos aspectos: O entender de uma nova língua, de uma chegada inesperada e de nosso futuro. E o roteiro nos apresenta as causas e consequências dessa ''Chegada'' ao mostrar uma população que, ao se deparar com o estranho (desconhecido) sucumbe a barbárie, a violência e o terror, fazendo uma antítese clara com
o fato da Dra. Banks conhecer, entender e aceitar seu futuro, mesmo que triste, sendo irremediável e ainda sim, válido em ser vivido.
Utilizando disso em sua trama, Villeneuve trabalha todas as suas ferramentas (ou armas?) com maestria e esmero impecável. Brincando com a montagem e sua linearidade em prol da trama e todo o conceito de tempo apresentado pelos Aliens em questão e, até mesmo, o trabalho visual de planos (a utilização de câmeras em tilt up/down, para demonstrar o ''ponto de vista'' terráqueo e alien) e utilização de formas geométricas criando o sentimento de infinitude (círculos e linhas verticais ao infinito). A escolha em manter o foco na Dra. Banks, durante todo o filme, é acertadíssima, trazendo uma aproximação maior com a história e os demônios pessoais da personagem, fazendo o espectador adentrar à história e observar a visão desfocada e confusa que a mesma tem pelos próximos e seus momentos de medos e total surpresa. ''Arrival'' é, sem dúvida, um dos maiores filmes de 2016, que nos faz pensar como seres humanos e causas e obviedades de nosso próprio futuro, desconhecido, incerto, mas completamente inevitável.
É incrível ver o Doutor Stephen Strange utilizar seu Manto da Levitação pela primeira vez. Chega a da arrepios, ver a imponência do momento, mesclado à música e ao belo plano empregado por Scott Derrickson. O mago supremo das Hq's foi se tornando, ao decorrer dos anos, em algo maior do que um reflexo psicodélico dos anos 60/70, mas um dos mais respeitados personagens do universo Marvel e com enorme grau de importância, dentro do mesmo.
A primeira inserção no cinema demorou, mas veio no momento certo, afinal... O personagem não tem o mesmo apelo que tantos outros e nem tampouco conhecido (e o sucesso de Guardiões e Formigas anteriores (e tão menos conhecidos), foi essencial para o surgimento deste filme). Mas, assim como na HQ, toda a essência do personagem ainda está sendo trabalhada. Sim, eu digo ''ainda sendo trabalhada''. ''Doutor Estranho'' funciona bem nos seus primeiros minutos, apresentando o personagem e toda a sua trajetória até conhecer o mundo mágico do Ancião e cia, assim como também funciona ao decorrer de seu treinamento e desafios iniciais como mago. E não me entenda mal, o filme, sim, funciona sozinho... Mas não o suficiente. A história tem inicio, meio e fim (deixando ali um gancho ótimo para o futuro, na cena pós-créditos), mas a sensação de que TODA a narrativa é preparada para algo muito maior é evidente, até o final. É muita expectativa para pouca entrega, de fato. E é aí que mora o perigo... A jornada do herói com seu feijão com arroz básico está ali, mas o filme não ser permite ir além, como se fosse apenas um epílogo de coisas maiores que virão (de fato). E no final, a promessa para o que virá, é muito maior do que o que acabamos de ver, tornando a experiência quase que, esquecível, assim que saímos do cinema. Apesar disso, ironicamente, o roteiro trabalha de forma interessante o conceito da morte e seu significado na vida, nunca antes tratado no MCU de forma tão intensa e densa, sendo um motor para seguimento da trama, trazendo certa urgência para os acontecimentos e, até mesmo, genrando debates (como foi no meu caso) pós-sessão.
Apesar da estética impecável, seja nas viagens no Multiverso, nos planos astrais ou no figurino fidelíssimo, ''Doutor...'' peca em trazer (mais uma vez) um vilão sem personalidade e personagens periféricos (Dra Palmer e Wong) que não são bem desenvolvidos e acabam caindo no clichê romântico/cômico sendo subaproveitados de forma equivocada. Mas ainda sim, todos os atores principais cumprem seus papéis com maestria, até mesmo Cumberbatch, que mantém a classe, ainda que correndo entre prédios de Nova York, com uma manta esvoaçante, trajando um olho verde no peito e fazendo círculos no ar com os dedos em forma de chifre... Um caminho tênue entre a cafonice e o respeito/profissionalismo com a obra.
Por último, toda a carga cômica da trama é bem dosada (mais do que eu imaginava), mas seguindo a cartilha ''Era de Ultron'' de falta de timing e balanceando momentos dramáticos com constrangedores alívios cômicos, que nada acrescentam as situações... Pouca comicidade, mas muitíssima mal utilizada.
No geral, ''Doutor Estranho'' é mais um acerto que um erro da Marvel, mas que tem um potencial muito maior e que poderia ser muito melhor, se se arriscasse mais como um filme único e que se prendesse mais no agora do que o que vem pela frente... E não tem arrepio nenhum que mude isso.
Hughes trabalha, mais uma vez, um roteiro simples com temas interessantes á serem abordados, tratando com jovens adultos de forma ímpar e certeira. Jim e Josie tem vidas completamente diferentes, seja pela falta ou abundância de dinheiro ou pelo excesso ou falta de apego familiar e ao se verem presos durante toda uma madrugada, os conhecidos que não se conhecem de verdade, percebem que a grama do vizinho é sempre mais verde e ao serem confrontados com novas perspectivas de suas próprias vidas, tudo parece fazer muito mais sentido. Entre tantas diferenças, o medo de ficar sozinho é o que os une e os mantém assim. Um grande acerto de Hughes em trabalhar assuntos tão próximos dos jovens que já terminaram o colégio e se veem de fronte a vida adulta, mantendo seu roteiro atemporal, como sempre, com suavidade, comicidade e leveza. Apesar de não concluir de forma digna, a trama dos pais de Jim e Josie e explorar de forma apressada o plot dos assaltantes, ''Carrer Opportunities'' é mais um reflexo de uma geração e um ótimo filme para refletir, se divertir e apreciar!
Como toda forma de arte, o cinema também caracteriza-se como um reflexo de seu tempo. ''Pretty in Pink'' carrega esse peso com tamanha propriedade, assim como toda a filmografia de John Hughes (seja dirigindo, roteirizando ou produzindo). Hoje, pode parecer datado, sem muita força e com uma história boba (o que realmente faz sentido), mas o importante aqui são as entrelinhas e a forma como a adolescência de Andie, Blane, Steff e Duckie é mostrada. Hughes, um gênio nesse quesito, aparece mais contido do que em outros trabalhos mais famosos, mas ainda assim, aborda temas como paternidade, amizade e conflitos sociais, sem pudor algum e representando cada jovem dos anos 80 em seus diálogos verborrágicos, roupas e (principalmente) trilha sonora.
Quando eu digo que Hughes foi um gênio, é porque ele não tratava o jovem como um simples adolescente, mas como um potencial adulto, porque é exatamente assim que todos nós (ainda hoje) nos sentimos. Vemos o futuro a nossa frente, mais perto a cada momento e nada podemos fazer além de crescer e amadurecer, mesmo que alguns não queiram. E Andie se vê, obrigada a isso, devido a ausência de sua mãe e a inversão de papéis entre pai e filha. Fora a pressão social de ser mulher, jovem e pobre... Conceitos que, hoje em dia, seriam colocados em cheque em eternas discussões no Facebook, mas como disse no início do texto, esse era o reflexo do jovem americano nos Estados Unidos em 1986 e não poderia ser melhor representado!
Mas apesar de toda representação, o filme não é atemporal e muito de seu discurso permeou a década de 80/90, mas perdeu-se ao decorrer do século 21, dando espaço para tantas outras vozes. Toda a ''gang'' de ''Pretty in Pink'' não se encaixa na ideologia dos tempos de hoje, o que não é algo de todo ruim, afinal de contas, olhar para o passado pode ser interessante, as vezes...
Toda a temática e abordagem infanto-juvenil é fofa e os protagonistas imprimem isso de forma singela e muito bem dirigida por Reiner (que sempre foi um ótimo diretor de atores), assim como a direção de arte e fotografia que trazem aspectos dos anos 50-60 para a tela de forma belíssima, como fotografias antigas que passam na tela, mas as escolhas narrativas não favoreceram o longa. De início, é interessante a utilização do ponto de vista de ambos os protagonistas, mas, infelizmente, tal recurso mostra-se falho ao gerar diversos problemas de continuidade e, principalmente, ao se ancorar nas narrações em off que, em sua maioria, soam redundantes e equivocadas. Em certo momento, por exemplo, Bryce caminha com uma cesta de piquenique cheia de pratos fazendo barulho. A cena está sendo mostrada, o som é completamente audível, mas a narração vem e repete aquilo que já estamos vendo, como se quisesse reforçar algo sem a menor necessidade. (Talvez um artifício que deu certo no livro em que o filme é baseado, mas que não faz muito sentido no cinema) E o fato de ser um filme contado com dois pontos de vista diferentes, deveria trazer certo cuidado com a continuidade, que nem sempre é correta e gera erros ou ''esquecimentos'' que não deveriam acontecer. O roteiro também carece de cuidado ao iniciar ou abordar histórias que não são concluídas ou bem abordadas (como a relação abusiva do pai de Bryce e seus demônios internos e o tio de Juli) Mas apesar disso, toda a trajetória de Bryce e Juli é bonita de se ver e cativante. Um filme que vale a pena, mas que peca em aspectos tão simples e que poderiam ser evitados.
Como sempre faço com adaptações as quais já conhecia o material original, tento analisar o filme como adaptação e como obra única, ou seja, a análise desligada do conhecimento prévio. E, infelizmente, "If I Stay" falha miseravelmente nos dois, trazendo apenas pequenos vislumbres de algo original ou interessante. Mesmo no livro, toda a história de Mia, sua família, seu amor e o acidente já eram clichês, mas eram sustentados pela ótima narrativa de sua autora, que conduzia a história de forma simples e gostosa, que funcionou nas páginas. Ao tentar emular a mesma narrativa de ida e volta, o filme perde ritmo, carece de força e não se permite a inovações.
Após 10 minutos de ''Star Trek Beyond'', o clima episódico que o roteiro transmite é perceptível, fazendo o filme soar como um grande episódio de duas partes (conjuntas), da série original, definindo assim, a maior homenagem que a série de filmes podia fazer. Claro que, existem outras (belíssimas) surpresas, mas o grande trunfo desse novo Star Trek é o desprendimento em manter uma ligação entre os filmes anteriores da saga ou em criar um suposto novo universo, trazendo uma aventura única e muito gostosa de se assistir. A trama simples e aventuresca auxilia ao, sempre, ótimo entrosamento de seus personagens principais. Mesmo quando divididos (no que seria a primeira parte do episódio), nenhuma interação parece forçada e a escolha inusitada de pares é muito bem construída e desenvolvida. Mas é quando se unem (a segunda parte do episódio) é que o espírito da série (de TV, e do cinema) é passada com maestria e, tanto Justin Lin (em ótimos planos e sequencias de ação) quando os roteiristas (Pegg e Jung) sabem o que estão fazendo e levam o espectador em um espiral de aventura cósmica durante 40 minutos, onde os respiros são pontuais, bem-vindos e preparatórios para coisa muito melhor. Não que o roteiro não tenha suas falhas
Jaylah, apesar de interessante, nunca diz a que vem e sua trama secundária não se conclui e perde o interesse rapidamente. Assim como Krall: um vilão sem um propósito muito bem estabelecido e visual duvidoso.
ou que alguns efeitos especiais pareçam coisa dos filmes da década de 80
mas, no final, o saldo é positivo e, seja você, fã da série original, dos inúmeros spin-offs ou dos novos filmes, garanto que todos vão sair satisfeitos e com um olhar agradável sobre os novos episódios que Star Trek pode nos oferecer.
''Incendies'' é um daqueles filmes que te deixa sem saber o que pensar, logo que os créditos finais aparecem na tela. O que é algo positivo, devido ao acúmulo de informações que o filme te passa e a necessidade de um tempo para processar tudo isso, se faz obrigatória. Seja pelo turn point do final (o qual não revelarei), pela história interligada e muito bem escrita, ou pela fotografia crua e belíssima de André Turpin. Tudo no filme surge com tamanho grau de importância e relevância, que, assim como sua personagem principal, nos faz permanecer em estado atônito e sem reação. Um belíssimo acerto (entre tantos que iriam vir) do Villeneuve, que mostra-se um (se não o maior) diretor dos últimos 10 anos, com toda sua guerrilha de filmagem e marcas que transformam seus filmes em obras de arte únicas.
De tempos em tempos, vemos o quanto uma campanha de marketing exagerada pode estragar a experiência do telespectador. Do ponto de vista expositivo, de um lado, temos o estúdio que precisa divulgar seu produto aos quatro cantos e o faz sem parcimônia, pois o público ''precisa'' saber previamente ao que está indo gastar seu suado dinheiro. Do outro, o espectador que gosta de se surpreender e ser imerso pela 7a arte e as surpresas que ela pode trazer, sem se preocupar se vai ser bom ou ruim, mas sim no processo em si. São dois lados de uma mesma moeda chamada indústria, que permeia Hollywood a séculos. O que não é ruim, afinal, o cinema é uma troca, mas que sim, garante enormes frustrações de expectativa e espera. Dito isso, garanto... ''Suicide Squad'' não é o filme que muitos esperam. É um pouco aquém do que seus trailers e posters (lindos, por sinal) indicam, o que é uma surpresa frustrante. Bem frustrante! E olha que eu fugi ao máximo de toda campanha, assistindo apenas aos 2 primeiros trailers e SÓ! Mas isso é só uma parte, digamos, externa do problema, porque, independente de sua campanha, um filme precisa se sustentar sozinho, mas não é o que acontece aqui.
Tendo uma premissa interessante, ''Suicide..." garante a diversão em seu primeiro ato, no momento em que apresenta seus personagens ao som de muito rock 'n roll. Mas aqui mora o primeiro problema. Utilizando-se de da cultura pop musical em diversos momentos, o artifício torna-se over e mostra-se mais uma muleta para a montagem, do que uma alegoria construtiva para o filme. Como já dizia minha avó: ''Tudo demais é veneno!''.
Mas há bons momentos, como apresentação de Amanda Waller ao som de ''Sympathy for The Devil'' dos Stones e a preparação do Squad ao som de ''Seven Nation Army'' do Stripes.
Apesar da premissa promissora (e divertida), o decorrer do filme é uma linha fina, que parece que vai se romper a qualquer momento, através de um roteiro raso e dinâmica de jogo de videogame, com fases, sub-boss e o ''tão temido'' Boss principal. Uma linha é traçada durante todo o filme, carregando os personagens de A para B, num frenesi de ação com pouquíssimos respiros, mesclando atos 2 e 3 de forma confusa e estranha, fazendo inveja a qualquer Michael Bay, sem muito desenvolvimento de personagens e suas histórias. E esse é o segundo grande problema, pois, com personagens tão ricos, era de se esperar um aprofundamento maior do time, não, apenas, trazendo flashbacks (outra muleta) para explicar seus passados, mas uma verdadeira identificação do público pelos personagens, o que, infelizmente, nunca acontece. É entendível que Pistoleiro e Arlequina ganhassem mais destaque (são os dois principais atores e personagens mais conhecidos), mas ainda assim, seus arcos dramáticos não garantem a emoção que pretendem despertar e, mesmo em seus momentos catárticos, continuam na superfície. El Diablo surpreende ao ser bem aproveitado, mas também não tem um arco que suporte seu próprio peso narrativo, falhando ao apresentar sua história tarde demais. Mas nada é tão pior quanto Rick Flag e Magia, como o segundo casal principal do filme, mas que não acrescentam em nada como tal e, se eliminassem todo o relacionamento dos dois, nada mudaria na narrativa. Falando em Magia, é incrível o desapontamento ao ver uma personagem extremamente interessante, ser desperdiçada em um papel genérico e que, convenhamos, não tem lá muito sentido!
Uma deusa que já não tem mais a adoração dos humanos e que, por isso, quer destruí-los com a ajuda de seu irmão demônio. - A personagem trás uma motivação tão rasa e genérica quanto seu irmão Incubus, que NADA acrescenta ao filme. O histórico dos dois é passado de forma tão corrida, que não se tem tempo de tela para entender os personagens, se conectar ou comprar a motivação dos mesmos. ''Somos vilões, somos maus e queremos destruir o mundo''. Desperdício!
Por último, temos o novo Coringa (ou Mr. J) de Jared Leto. Apesar do esforço do ator, eu, particularmente, não comprei essa nova encarnação do personagem. Acho válida a desconstrução e afastamento dos trabalhos de atores anteriores, mas toda sua composição é caricata demais. Explico... Coringa sempre foi um personagem caricato em sua imagem, mas nunca em seu conceito. Um sociopata que faz o que faz, apenas pela graça do fazer e não porque precisa, deve ou tem que fazer. Mr. J é um homem movido de ambição, poder e amor, o que, para mim, não condiz com o personagem que tenho em mente. - Garanto que possa funcionar para muita gente. Não digo que o personagem é ruim ou que o trabalho de Leto fique aquém de qualquer outro (mesmo não entregando a loucura que, de novo, a campanha e o próprio ator, prometiam). Mas eu não comprei essa ideia de um Coringa gangstêr que distribui mulheres para seus comparsas. Não mesmo! Os outros personagens (Crocodilo, Katana e Amarra) sofrem pelo excesso dos outros e são sub aproveitados em participações pontuais ao decorrer do filme, que pouco agregam para a trama, além de um alívio cômico, tom sobrenatural ou.........
seja lá o que o Amarra estava fazendo nesse filme!
Mas, ainda assim, o que é perdido no roteiro, ganha em interpretação de, principalmente, Will Smith, Margot Robbie e Viola Davis (sempre incrível) que trazem simpatia aos personagens e garantem bons momentos, sem nunca se perderem em seus trabalhos. Viola, em especial, trás um empoderamento lindo de se ver e cada aparição sua é digna de aplauso e afirmação. E como já citado, El Diablo é uma grata surpresa e, muito disso, vale-se pela atuação de Jay Hernandez, pontual e muito interessante.
Por fim, apesar de todos os problemas, ''Suicide Squad'' tem um trunfo na manga, ao apresentar um novo tom para os filmes da DC que, possivelmente, será seguido, mesclando a diversão com o lado mais realista impresso em todos os seus filmes. Não é, nem de longe, uma Marvetização, mas apenas um novo conceito adequado a um público de massa, que pode funcionar, financeiramente falando, muito bem para a Warner, mas que também tem o perigo de fugir da pegada autoral tão bem-vinda. Infelizmente, ''Suicide...'' esbarrou nos dois conceitos e não soube trabalhar nem um e nem outro, trazendo um trama rasa, que pouco diz a que veio, mas com doses cavalares de diversão desenfreada e ação histriônica... O filme que a DC precisava, mas não o que ela (e os fãs) mereciam.
É incrível como Dolan deixa que seus personagens criem toda a narrativa de ''Mommy'', sem nunca se perderem ou parecerem caricatos. O roteiro é escrito sim, por eles, personagens fortes, únicos e inesquecíveis. A história (novamente) de um filho e uma mãe, que tem seus problemas naturais, mas vivem, sobrevivem e enfrentam a vida da forma possível que tem em mãos, unidos, acima de tudo.
Não é o primeiro filme sobre bullying que eu assisto, mas sem dúvida, é um dos mais marcantes, exatamente por ter um aura realista muito simples e bem estruturada, que permeia (quase) todo o filme. Dia desses, conversando com um amigo meu que fez o High School, próximo a Nova York, ele me disse que o colégio em que ele estudou era exatamente igual aos dos filmes americanos, com suas segregações, estruturas e formas de ensino. E logo que ''Bang, Bang'' terminou, eu lembrei disso e pude sentir, mais ainda, a dificuldade de uma adolescente no colegial. As tentativas de se encaixar em um ''grupo social'', apenas para ser aceito e as frustrações de ser alvo de chacota dia após dia. E o mais interessante no filme, é a não vilanização de nenhuma das partes. Afinal, todos ali estão no mesmo ambiente e sofrem de diversas pressões (internas e externas), mas que são externalizadas de formas diferentes. Seja pela agressão, pela revolta ou a auto exclusão. Seja lá fora ou aqui mesmo no Brasil, o bullying é uma realidade e gera feridas, marcas, cicatrizes que nem sempre são fechadas e muita das vezes, se expõem a males muito piores.
Tecnicamente, o filme peca em algumas escolhas de direção, montagem e no final muito romantizado
''The Fundamentals of Caring'' bebe em diversas fontes distintas, passeando por entre os clássicos road movies independentes sobre amizade, auto descoberta e o sentido da vida. Mas, ao contrário do que o péssimo título em português sugere, toda a trajetória de Ben, Trevor, Dot e cia, trata da relação pais e filhos em sua essência. TODOS os personagens tratam de dramas fraternais: A adolescente rebelde sem causa (Selena Gomez, surpreendente), o inválido buscando atenção de seu pai ausente, a mãe ''solteira'' e o pai frustrado, em busca de auto afirmação e esperança. Em seu todo, o quarteto forma uma química interessante e cativante, mas que em seu final, mostra-se falha, devido a obviedade
O drama de Trevor e seu pai tem um desfecho óbvio e claro, desde o início, assim como o de Ben, previsível: A cena do parto, entrecortada com a morte do filho dele, é bastante piegas, aliás.
A personagem não é bem explorada e o seu final não teve a força necessária para emocionar ou ter relevância como plot twist. Ela volta a estaca 0 e desmistifica tudo aquilo que falava e demonstrava.
E isso é traduzido em uma diminuição de personagens tão interessantes (Dot e Peaches), a meros secundários, que só servem para levar os personagens principais (Ben e Trevor) de A a B. Uma pena, pois, se bem explorados e desenvolvidos, podiam enriquecer a história e abordar outros temas. (E, ironicamente, são duas mulheres em função de dois homens... Reflitam!) Mas no geral, ''The Fundamentals of Caring'' é um belo exemplar de um Indie Movie, que tem seu carisma, é bem feito e carrega uma trilha sonora muito bem colocada e escolhida. Vale a pena, mas com ressalvas.
Apesar de uma premissa interessante, o filme carece de qualidade visual e técnica. O roteiro fraco, somado as atuações aquém do esperado para os personagens e um trabalho de direção sem pulso e desinteressante, não agregam em nada.
Chega a ser engraçado, quando assistimos um filme como ''Tartarugas Ninjas'', que tem uma história tão simples e direta, mas que, mesmo tendo noção disso, insiste em repeti-la para nós. Afinal, não basta um flashback... linhas de diálogo precisam ser perdidas, para explicar o que já sabemos previamente. Mas apesar dessa descrença para com o público, o filme até que diverte. Não que isso seja um mérito (Todos os Transformers divertem e bem... são o que são!), devido a todos os pontos negativos que o filme carrega em si. O roteiro repetitivo peca ainda mais em sua estrutura, em insistir em conectar todos os personagens principais, em uma rede improvável de encontros e desencontros, que mesclam o passado dos personagens, com o presente e futuro deles. É a filha do cientista, que criou as tartarugas, salvando as mesmas e as encontrando anos depois, para combater o maligno amigo do pai da mesma garota! Homem-Aranha 3 manda abraços! O que parece ser uma história bem intrincada e resolvida, só denota a preguiça dos roteiristas, facilitando o próprio trabalho em unir tantos personagens na trama, o que soa falso e ilógico. Fora as atuações, canastríssimas e automáticas, principalmente a falta de expressão de Megan Fox. As cenas de ação são empolgantes, mas mal resolvidas, editadas e trabalhadas. Os efeitos visuais são ótimos (o mínimo, para uma produção como essa), e as tartarugas mostram personalidade e expressões variadas. Um verdadeiro acerto, mas uma pena que, personagens tão queridos e engraçados, se percam em um filme fraco e sem alma.
A clássica comédia de erros e situações improváveis, ao qual os Coen são mestres em realizar e desenvolver. Personagens bem delineados desde a primeira aparição e um roteiro crítico, intrincado e extremamente inteligente. A fotografia saturada do Roger Deakins é (como sempre) fenomenal e a trilha sonora country (que rendeu um Grammy de Álbum do Ano!) é gostosa de ouvir. E o furacão George Clooney garante boas risadas e momentos incríveis, como Everett! Um belíssimo filme que merece ser visto diversas vezes.
É interessante, a forma como Dolan constrói a relação de Hubert e Chantale e a apresenta para o público. Logo em seu início, temos vislumbres dos detalhes indigestos de Chantale e do egocentrismo puro e simples de Hubert. Mas ao decorrer dos 96 minutos correntes, nos deparamos com um jovem, como qualquer outro, com suas rebeldias e excessos de liberdade, assim como uma mãe que vive confusa, largada pelo marido, com um emprego ordinário e garantias de felicidade e risadas em uma sessão de bronzeamento. Então, como julgar um ou outro, sendo que Hubert apenas reflete sua idade, maturidade, sexualidade e percepção, enquanto que Chantale tenta, apenas, garantir um futuro para o filho e para si mesmo, sem mais perdas. Muito bem fotografado, do seu início ao fim (principalmente os enquadramentos disformes, onde um personagem é colocado em um canto da tela, enquanto o outro é colocado de forma paralela, durante diálogos e cortes, trazendo uma ideia de aproximação e afastamento, perfeitas), ''J'ai Tué ma Mère'' é uma análise de um amor incondicional e único, mas que nós não pedimos!
''Simplesmente Acontece'' tem grandes aspirações desde sua primeira cena. Brincando com o público, o filme começa pelo final e ao decorrer da metragem, explica todo o miolo dos comos e porquês de tudo aquilo. Mas as aspirações não ganham contornos reais e de peso, como prometiam. Lembrando ''Loucamente Apaixonados'' em diversos aspectos (a trajetória de erros e desencontros), o filme apresenta um casal cativante (ponto para os atores, que cumprem bem seus papéis) que guiam histórias de vida mostradas desde os sonhos da juventude, até a realidade da vida adulta. O desenvolvimento cronológico é perceptível (até mesmo, pela presença de crianças, que envelhecem ''mais fácil'', ao contrario dos adultos que só modificam cabelos e roupas), mas o peso dos acontecimentos é fraco e a realidade prometida (e que é tão sentida em ''Loucamente Apaixonados'', por exemplo) fica na superfície, sem nunca se permitir ou inovar. O roteiro não estrutura bem, a apresentação da vida como um amaranhado de eventos incontroláveis e erráticos, fazendo-os soarem superficiais e rasos. A trilha sonora empolgante e o uso de alguns recursos fotográficos um pouco mais elaborados trás um gostinho mais interessante e que carimba ''Simplesmente Acontece'' como um show de aspirações, sem muita inspiração.
Apesar de ser o 6o filme da franquia X-men (sem contar os filmes solo) e o 3o da ''Nova" trilogia, ''X-men: Apocalypse'' é mais um filme de origem, não só de um ou outro personagem, mas também de toda a dinâmica que está por vir nos filmes dos mutantes. É claro que o roteiro precisa ser guiado pelos acontecimentos dos 2 filmes anteriores (fazendo pontes com o uso de flashbacks pontuais, inclusive), mas a verdade é que, toda a sua estrutura é focada em mostrar o (re)surgimento dos X-men e do que esses jovens mutantes são capazes.
Partindo desse princípio, todo o tempo gasto mostrando a gênese e o desenvolvimento dos novos personagens é interessante. Os atores são bons, as situações também e ver Ciclope, Jean e Noturno novamente é muito bom. Apesar de rápidos (poderiam ter investido mais alguns minutinhos nesse quesito), os momentos são divertidos e trazem uma proximidade com o público. Assim como Tempestade, que surge com uma encarnação fiel a sua origem dos quadrinhos e um visual incrível, super adequado à atmosfera oitentista. Infelizmente, esses são os únicos novos personagens bem desenvolvidos, já que Anjo não diz, exatamente, a que veio, Psyloke entra muda e sai calada, e Jubileu nada mais é que um easter egg, já que seu nome nem é mencionado, ou poderes. Mas ainda sim, suas encarnações são extremamente fieis, tanto de seus atores, quanto ao visual. Fora esses, todos os outros principais personagens já foram estabelecidos nos filmes anteriores e, devido ao acúmulo de mutantes, tem suas histórias intercaladas com os novos. Assim, Mística não tem tanto espaço como se imaginava (e o Marketing denunciava), Magneto trás um arco dramático e muito bem pontuado e, claro, Mercúrio tem seu momento de brilho, em uma cena maior e melhor que a de ''Days of Future Past'', e, vejam só, trazendo uma motivação interessante e dentro do cânone. Todos os outros tem seus momentos e motivos (Xavier, inclusive, é parte mais que central), mas não trazem nada de novo e mantêm-se fiéis a suas encarnações anteriores.
Isso nos leva ao vilão: Apocalypse. Um dos maiores vilões dos X-men (e do Universo Marvel), aqui ele se torna um líder religioso, um Deus. Sua apresentação no Egito Antigo é muito bem feita e trabalhada, assim como seu ressurgimento (não tente fugir da culpa, Moira), mas ao decorrer da trama, o personagem se perde e leva consigo os seus cavalheiros. Confesso que o visual roxo azulado, meio borracha e diminuto não me incomodou tanto e coube dentro daquele universo cinematográfico (O Apocalypse dos quadrinhos é quase uma máquina. Deixá-lo mais humano foi uma decisão acertada), mas suas motivações iniciais, apesar de muito bem apresentadas, não são desenvolvidas de forma satisfatória e se perdem em meio a tanta grandiosidade. E não falo de um momento ''O poder corrompe'', mas falo de falta de noção mesmo! O conceito religioso nos é apresentado, mas não é levado adiante com a dignidade necessária, fazendo o personagem chegar ao final, como um vilão mal por ser mal, sem um objetivo claro ou plausível. E aqui eu entro no âmbito de seus cavalheiros: -Magneto - No contexto narrativo, é entendível o uso do personagem como tal
(haviam três possibilidade lógicas para o desenrolar do personagem na história: 1-Ficar do lado dos X-men de cara. 2-Se abster de tudo. 3-Aceitar Apocalypse como guia e se regenerar no final. Bryan Singer escolheu a opção 3 e, por isso, toda a trajetória familiar dramática foi inserida.)
mas ao mesmo tempo, ele perde peso, ao ser colocado como um simples arauto de um vilão inconsequente. -Tempestade - A personagem funciona no contexto, devido a sua origem e seu desenvolvimento durante a trama. Suficientemente explorada e com certo peso na história. -Anjo e Psyloke - Os mais subaproveitados, não modificam em nada na trama ou tem qualquer arco dramático bem explorado. Garantem uma boa impressão, apenas pelo visual fiel aos quadrinhos, mas poderiam ter sido mais bem explorados. No final das contas, os cavalheiros não se justificam tanto, sendo usados como marionetes do Apocalypse e, tirando Magneto (pelos motivos já mostrados), eles não tem muita função na trama, além do uso na batalha final.
Felizmente, Bryan Singer saber como fazer um ótimo filme de entretenimento e trás grandes cenas de ação, que empolgam e impressionam. Os efeitos estão bons, assim como o jogo de cenas e cortes, que não deixam o público perdido na ação, em momento algum. Alguns momentos icônicos dos personagens (assim como a aparição do Wolverine) são um deleite para os fãs e fazem arrepiar, de verdade. Tudo isso com um auxílio muito pontual da trilha sonora, grandiloquente, sem ser exagerada.
A essência de união, inerente nas histórias dos X-men (os excluídos unificados) é colocada em prática aqui, de forma bonita e catártica, com vislumbres do futuro e apresentação de conceitos à serem explorados. Além, claro, de uma cena pós-créditos que deixa dúvidas, mas a esperança do uso de um conceito interessantíssimo para o Universo X-men nas telas. Talvez, o filme mais dramático dos mutantes e com maior peso em suas consequências e motivações, mas que trouxe um de seus vilões mais icônicos, cedo demais. O seu uso em um arco de origem, não garantiu sua fidelidade e serviu, apenas, como ponte para o desenvolvimento de personagens a sua volta, para eventuais filmes, algo que talvez não aconteceria em uma equipe já formada e estabelecida. Uma pena. Mas ''X-men: Apocalypse'', em seu todo, não decepciona e trás muito do que os X-fãs querem e gostam de ver.
''Capitão America - Guerra Civil'' vem com diversos pesos em suas costas: Continuação de ''Soldado Invernal'', ponto de início da Fase 3 da Marvel, introdutor de 2 grandes personagens e a, inevitável e desnecessária, comparação com BvS. Tudo isso para ser estabelecido durante seus 147 minutos de metragem, mas que (Graças!) tem seu êxito de forma extremamente eficaz.
A grosso modo, o filme parecer ser divido em dois: A Guerra Civil, propriamente dita, entre os super-heróis devido a lei de Sokovia e a trajetória de Bucky e Steve. Algo que poderia quebrar o ritmo, por completo, devido a dicotomia entre elas e seus personagens (afinal, não falamos de um Poderoso Chefão II, aqui), mas que consegue apresentar uma trama unificada, com maestria, pelos roteiristas. Aliás, tudo é mesclado de forma extremamente coesa. Toda a história, com suas reviravoltas e dramas, é bem pontuada e desenvolvida, trazendo um entendimento fácil do público e trabalhando, até mesmo, clichês (como a motivação de Zemo) de forma decente, aceitável e, até mesmo, dolorosa. O mesmo se diz da introdução de dois personagens tão diferentes, no mesmo filme: Pantera Negra e Homem-Aranha. O primeiro, membro da realeza e de postura pomposa como tal, é colocado no olho do furação e trás uma contraposição com os personagens, muito interessante. Ele não está ali para brincadeiras ou amizades, mas para cumprir a sua missão, que (perfeitamente) vai de encontro com tudo o que vem ocorrendo na trama, o que trás um final digno e espetacular, para o seu vindouro filme. Em paralelo, o Homem-Aranha tem sua melhor encarnação com Tom Holland. Em menos de 20 minutos, o personagem consegue ser mais expressivo e interessante do que em 5 filmes, acredite! Apesar de desnecessária para a trama em geral, venhamos e convenhamos (ao contrário do Pantera), sua aparição rouba a cena e garante amplo espaço para seu filme próprio. Perfeito!
Sobre a Guerra Civil em si, o confronto ideológico entre os heróis é amplamente discutido, principalmente entre o Capitão, Homem de Ferro, Feiticeira Escarlate, Visão e Viúva Negra, que tem seus tempos de tela muito bem divididos entre as cenas de porradaria e de reflexão. As consequências das ações de Tony, são jogadas em sua cara logo de início, assim como as do Capitão, que no final, também se mostram duvidosas. Em quem acreditar? Em quem confiar? Os roteiristas criam essas e outras perguntas na cabeça do público e apresentam um debate moral e filosófico de cair o queixo. Uma das melhores coisas do filme. Já a trajetória de Bucky com seu amigo de infância, é inserida na trama, mesclada com a de Zemo. Uma trama bem executava e estabelecida no filme, e que trás paralelos com a própria Guerra Civil, mas que tem em seu ponto fraco, seu arquiteto. Independente da encarnação do personagem das HQ's no cinema (que de igual, só o nome), Zemo carece de personalidade, o que vem sendo um problema em todos os filmes da Marvel. Como escrevi anteriormente, sua motivação, apesar de clichê, é bem executada, mas falta presença para um personagem que poderia ser, qualquer um. Mais um vilão extremamente substituível e sem força.
Tecnicamente, os irmão Russo dirigem todas as cenas de ação com um cuidado impecável, não desviando a atenção, do que realmente interessa, por um só segundo e trazendo um grandioso momento como um dos mais icônicos do universo Marvel. A trilha sonoro está perfeita, trazendo o peso necessário para as cenas e pontualmente, calando-se em outros momentos perfeitos. Já os efeitos especiais, mostram-se artificiais em certos momentos (Tony Stark dentro da armadura e sem capacete nunca foi tão estranho), mas nada que tire a força das cenas.
Em resumo de sua ópera, ''Capitão América - Guerra Civil'' empolga, apresenta uma trama densa e muito eficaz, sem perder a atmosfera aventuresca da Marvel. Mais um acerto para o estúdio, que prepara terreno para a Fase 3, até chegar na épica Guerra Infinita. Que estejamos prontos, assim como a Marvel!
(E falando da inevitável comparação, algumas coisas são muito parecidas, desde motivações à estrutura dos personagens na trama, mas são propostas diferentes, que pecam e ganham em suas próprias ambientações. Nada mais justo!)
Mais uma adaptação de um livro da Gillan Flynn, que não carrega a marca autoral de um diretor (como Fincher fez em Gone Girl), mas que não deixa de ser interessante. A forma com que Brenner conduz certos planos, com fechamentos rápidos (como um documentário) é extremamente desnecessário e falso-urgentes, ao contrário das cenas em que mostram Libby pequena, em preto e branco, como uma câmera de mão, confusas e rápidas, que elucidam, muito bem o momento de terror da criança. A história em si, cresce por si só, e não somente, pela motivação dos seus personagens. O que demostra o apelo comercial pelo suspense, ao invés de ter um cuidado maior em aprofundar na psique de seus personagens, como Libby, Ben e, até mesmo, Lyle, que nem um desfecho decente tem. Um bom filme, mas que não foge do lugar comum de suspense e mistérios.
A Chegada
4.2 3,4K Assista AgoraTentar entender o desconhecido é sempre uma tarefa difícil. Seja o entendimento de seres supremos criadores do universo ou mesmo, o que nos aguarda (ou não) num vasto universo sobre nossas cabeças. ''Arrival'' trabalha esse conceito em diversos aspectos: O entender de uma nova língua, de uma chegada inesperada e de nosso futuro.
E o roteiro nos apresenta as causas e consequências dessa ''Chegada'' ao mostrar uma população que, ao se deparar com o estranho (desconhecido) sucumbe a barbárie, a violência e o terror, fazendo uma antítese clara com
o fato da Dra. Banks conhecer, entender e aceitar seu futuro, mesmo que triste, sendo irremediável e ainda sim, válido em ser vivido.
Utilizando disso em sua trama, Villeneuve trabalha todas as suas ferramentas (ou armas?) com maestria e esmero impecável. Brincando com a montagem e sua linearidade em prol da trama e todo o conceito de tempo apresentado pelos Aliens em questão e, até mesmo, o trabalho visual de planos (a utilização de câmeras em tilt up/down, para demonstrar o ''ponto de vista'' terráqueo e alien) e utilização de formas geométricas criando o sentimento de infinitude (círculos e linhas verticais ao infinito).
A escolha em manter o foco na Dra. Banks, durante todo o filme, é acertadíssima, trazendo uma aproximação maior com a história e os demônios pessoais da personagem, fazendo o espectador adentrar à história e observar a visão desfocada e confusa que a mesma tem pelos próximos e seus momentos de medos e total surpresa.
''Arrival'' é, sem dúvida, um dos maiores filmes de 2016, que nos faz pensar como seres humanos e causas e obviedades de nosso próprio futuro, desconhecido, incerto, mas completamente inevitável.
Doutor Estranho
4.0 2,2K Assista AgoraÉ incrível ver o Doutor Stephen Strange utilizar seu Manto da Levitação pela primeira vez. Chega a da arrepios, ver a imponência do momento, mesclado à música e ao belo plano empregado por Scott Derrickson. O mago supremo das Hq's foi se tornando, ao decorrer dos anos, em algo maior do que um reflexo psicodélico dos anos 60/70, mas um dos mais respeitados personagens do universo Marvel e com enorme grau de importância, dentro do mesmo.
A primeira inserção no cinema demorou, mas veio no momento certo, afinal... O personagem não tem o mesmo apelo que tantos outros e nem tampouco conhecido (e o sucesso de Guardiões e Formigas anteriores (e tão menos conhecidos), foi essencial para o surgimento deste filme). Mas, assim como na HQ, toda a essência do personagem ainda está sendo trabalhada. Sim, eu digo ''ainda sendo trabalhada''.
''Doutor Estranho'' funciona bem nos seus primeiros minutos, apresentando o personagem e toda a sua trajetória até conhecer o mundo mágico do Ancião e cia, assim como também funciona ao decorrer de seu treinamento e desafios iniciais como mago. E não me entenda mal, o filme, sim, funciona sozinho... Mas não o suficiente.
A história tem inicio, meio e fim (deixando ali um gancho ótimo para o futuro, na cena pós-créditos), mas a sensação de que TODA a narrativa é preparada para algo muito maior é evidente, até o final. É muita expectativa para pouca entrega, de fato. E é aí que mora o perigo...
A jornada do herói com seu feijão com arroz básico está ali, mas o filme não ser permite ir além, como se fosse apenas um epílogo de coisas maiores que virão (de fato). E no final, a promessa para o que virá, é muito maior do que o que acabamos de ver, tornando a experiência quase que, esquecível, assim que saímos do cinema.
Apesar disso, ironicamente, o roteiro trabalha de forma interessante o conceito da morte e seu significado na vida, nunca antes tratado no MCU de forma tão intensa e densa, sendo um motor para seguimento da trama, trazendo certa urgência para os acontecimentos e, até mesmo, genrando debates (como foi no meu caso) pós-sessão.
Apesar da estética impecável, seja nas viagens no Multiverso, nos planos astrais ou no figurino fidelíssimo, ''Doutor...'' peca em trazer (mais uma vez) um vilão sem personalidade e personagens periféricos (Dra Palmer e Wong) que não são bem desenvolvidos e acabam caindo no clichê romântico/cômico sendo subaproveitados de forma equivocada. Mas ainda sim, todos os atores principais cumprem seus papéis com maestria, até mesmo Cumberbatch, que mantém a classe, ainda que correndo entre prédios de Nova York, com uma manta esvoaçante, trajando um olho verde no peito e fazendo círculos no ar com os dedos em forma de chifre... Um caminho tênue entre a cafonice e o respeito/profissionalismo com a obra.
Por último, toda a carga cômica da trama é bem dosada (mais do que eu imaginava), mas seguindo a cartilha ''Era de Ultron'' de falta de timing e balanceando momentos dramáticos com constrangedores alívios cômicos, que nada acrescentam as situações... Pouca comicidade, mas muitíssima mal utilizada.
No geral, ''Doutor Estranho'' é mais um acerto que um erro da Marvel, mas que tem um potencial muito maior e que poderia ser muito melhor, se se arriscasse mais como um filme único e que se prendesse mais no agora do que o que vem pela frente... E não tem arrepio nenhum que mude isso.
Construindo uma Carreira
3.4 263 Assista AgoraHughes trabalha, mais uma vez, um roteiro simples com temas interessantes á serem abordados, tratando com jovens adultos de forma ímpar e certeira. Jim e Josie tem vidas completamente diferentes, seja pela falta ou abundância de dinheiro ou pelo excesso ou falta de apego familiar e ao se verem presos durante toda uma madrugada, os conhecidos que não se conhecem de verdade, percebem que a grama do vizinho é sempre mais verde e ao serem confrontados com novas perspectivas de suas próprias vidas, tudo parece fazer muito mais sentido. Entre tantas diferenças, o medo de ficar sozinho é o que os une e os mantém assim.
Um grande acerto de Hughes em trabalhar assuntos tão próximos dos jovens que já terminaram o colégio e se veem de fronte a vida adulta, mantendo seu roteiro atemporal, como sempre, com suavidade, comicidade e leveza.
Apesar de não concluir de forma digna, a trama dos pais de Jim e Josie e explorar de forma apressada o plot dos assaltantes, ''Carrer Opportunities'' é mais um reflexo de uma geração e um ótimo filme para refletir, se divertir e apreciar!
A Garota de Rosa-Shocking
3.6 535 Assista AgoraComo toda forma de arte, o cinema também caracteriza-se como um reflexo de seu tempo. ''Pretty in Pink'' carrega esse peso com tamanha propriedade, assim como toda a filmografia de John Hughes (seja dirigindo, roteirizando ou produzindo).
Hoje, pode parecer datado, sem muita força e com uma história boba (o que realmente faz sentido), mas o importante aqui são as entrelinhas e a forma como a adolescência de Andie, Blane, Steff e Duckie é mostrada. Hughes, um gênio nesse quesito, aparece mais contido do que em outros trabalhos mais famosos, mas ainda assim, aborda temas como paternidade, amizade e conflitos sociais, sem pudor algum e representando cada jovem dos anos 80 em seus diálogos verborrágicos, roupas e (principalmente) trilha sonora.
Quando eu digo que Hughes foi um gênio, é porque ele não tratava o jovem como um simples adolescente, mas como um potencial adulto, porque é exatamente assim que todos nós (ainda hoje) nos sentimos. Vemos o futuro a nossa frente, mais perto a cada momento e nada podemos fazer além de crescer e amadurecer, mesmo que alguns não queiram. E Andie se vê, obrigada a isso, devido a ausência de sua mãe e a inversão de papéis entre pai e filha. Fora a pressão social de ser mulher, jovem e pobre... Conceitos que, hoje em dia, seriam colocados em cheque em eternas discussões no Facebook, mas como disse no início do texto, esse era o reflexo do jovem americano nos Estados Unidos em 1986 e não poderia ser melhor representado!
Mas apesar de toda representação, o filme não é atemporal e muito de seu discurso permeou a década de 80/90, mas perdeu-se ao decorrer do século 21, dando espaço para tantas outras vozes. Toda a ''gang'' de ''Pretty in Pink'' não se encaixa na ideologia dos tempos de hoje, o que não é algo de todo ruim, afinal de contas, olhar para o passado pode ser interessante, as vezes...
Clube dos Cinco
4.2 2,6K Assista AgoraUm retrato atemporal da adolescência...
O Primeiro Amor
4.1 1,3K Assista AgoraToda a temática e abordagem infanto-juvenil é fofa e os protagonistas imprimem isso de forma singela e muito bem dirigida por Reiner (que sempre foi um ótimo diretor de atores), assim como a direção de arte e fotografia que trazem aspectos dos anos 50-60 para a tela de forma belíssima, como fotografias antigas que passam na tela, mas as escolhas narrativas não favoreceram o longa.
De início, é interessante a utilização do ponto de vista de ambos os protagonistas, mas, infelizmente, tal recurso mostra-se falho ao gerar diversos problemas de continuidade e, principalmente, ao se ancorar nas narrações em off que, em sua maioria, soam redundantes e equivocadas. Em certo momento, por exemplo, Bryce caminha com uma cesta de piquenique cheia de pratos fazendo barulho. A cena está sendo mostrada, o som é completamente audível, mas a narração vem e repete aquilo que já estamos vendo, como se quisesse reforçar algo sem a menor necessidade. (Talvez um artifício que deu certo no livro em que o filme é baseado, mas que não faz muito sentido no cinema)
E o fato de ser um filme contado com dois pontos de vista diferentes, deveria trazer certo cuidado com a continuidade, que nem sempre é correta e gera erros ou ''esquecimentos'' que não deveriam acontecer.
O roteiro também carece de cuidado ao iniciar ou abordar histórias que não são concluídas ou bem abordadas (como a relação abusiva do pai de Bryce e seus demônios internos e o tio de Juli)
Mas apesar disso, toda a trajetória de Bryce e Juli é bonita de se ver e cativante. Um filme que vale a pena, mas que peca em aspectos tão simples e que poderiam ser evitados.
Se Eu Ficar
3.5 1,9K Assista AgoraComo sempre faço com adaptações as quais já conhecia o material original, tento analisar o filme como adaptação e como obra única, ou seja, a análise desligada do conhecimento prévio. E, infelizmente, "If I Stay" falha miseravelmente nos dois, trazendo apenas pequenos vislumbres de algo original ou interessante. Mesmo no livro, toda a história de Mia, sua família, seu amor e o acidente já eram clichês, mas eram sustentados pela ótima narrativa de sua autora, que conduzia a história de forma simples e gostosa, que funcionou nas páginas. Ao tentar emular a mesma narrativa de ida e volta, o filme perde ritmo, carece de força e não se permite a inovações.
Star Trek: Sem Fronteiras
3.8 566 Assista AgoraApós 10 minutos de ''Star Trek Beyond'', o clima episódico que o roteiro transmite é perceptível, fazendo o filme soar como um grande episódio de duas partes (conjuntas), da série original, definindo assim, a maior homenagem que a série de filmes podia fazer.
Claro que, existem outras (belíssimas) surpresas, mas o grande trunfo desse novo Star Trek é o desprendimento em manter uma ligação entre os filmes anteriores da saga ou em criar um suposto novo universo, trazendo uma aventura única e muito gostosa de se assistir.
A trama simples e aventuresca auxilia ao, sempre, ótimo entrosamento de seus personagens principais. Mesmo quando divididos (no que seria a primeira parte do episódio), nenhuma interação parece forçada e a escolha inusitada de pares é muito bem construída e desenvolvida. Mas é quando se unem (a segunda parte do episódio) é que o espírito da série (de TV, e do cinema) é passada com maestria e, tanto Justin Lin (em ótimos planos e sequencias de ação) quando os roteiristas (Pegg e Jung) sabem o que estão fazendo e levam o espectador em um espiral de aventura cósmica durante 40 minutos, onde os respiros são pontuais, bem-vindos e preparatórios para coisa muito melhor.
Não que o roteiro não tenha suas falhas
Jaylah, apesar de interessante, nunca diz a que vem e sua trama secundária não se conclui e perde o interesse rapidamente. Assim como Krall: um vilão sem um propósito muito bem estabelecido e visual duvidoso.
Kirk em sua moto! Bizarro!
Incêndios
4.5 1,9K''Incendies'' é um daqueles filmes que te deixa sem saber o que pensar, logo que os créditos finais aparecem na tela. O que é algo positivo, devido ao acúmulo de informações que o filme te passa e a necessidade de um tempo para processar tudo isso, se faz obrigatória.
Seja pelo turn point do final (o qual não revelarei), pela história interligada e muito bem escrita, ou pela fotografia crua e belíssima de André Turpin. Tudo no filme surge com tamanho grau de importância e relevância, que, assim como sua personagem principal, nos faz permanecer em estado atônito e sem reação.
Um belíssimo acerto (entre tantos que iriam vir) do Villeneuve, que mostra-se um (se não o maior) diretor dos últimos 10 anos, com toda sua guerrilha de filmagem e marcas que transformam seus filmes em obras de arte únicas.
Esquadrão Suicida
2.8 4,0K Assista AgoraDe tempos em tempos, vemos o quanto uma campanha de marketing exagerada pode estragar a experiência do telespectador. Do ponto de vista expositivo, de um lado, temos o estúdio que precisa divulgar seu produto aos quatro cantos e o faz sem parcimônia, pois o público ''precisa'' saber previamente ao que está indo gastar seu suado dinheiro. Do outro, o espectador que gosta de se surpreender e ser imerso pela 7a arte e as surpresas que ela pode trazer, sem se preocupar se vai ser bom ou ruim, mas sim no processo em si.
São dois lados de uma mesma moeda chamada indústria, que permeia Hollywood a séculos. O que não é ruim, afinal, o cinema é uma troca, mas que sim, garante enormes frustrações de expectativa e espera.
Dito isso, garanto... ''Suicide Squad'' não é o filme que muitos esperam. É um pouco aquém do que seus trailers e posters (lindos, por sinal) indicam, o que é uma surpresa frustrante. Bem frustrante! E olha que eu fugi ao máximo de toda campanha, assistindo apenas aos 2 primeiros trailers e SÓ!
Mas isso é só uma parte, digamos, externa do problema, porque, independente de sua campanha, um filme precisa se sustentar sozinho, mas não é o que acontece aqui.
Tendo uma premissa interessante, ''Suicide..." garante a diversão em seu primeiro ato, no momento em que apresenta seus personagens ao som de muito rock 'n roll. Mas aqui mora o primeiro problema. Utilizando-se de da cultura pop musical em diversos momentos, o artifício torna-se over e mostra-se mais uma muleta para a montagem, do que uma alegoria construtiva para o filme. Como já dizia minha avó: ''Tudo demais é veneno!''.
Mas há bons momentos, como apresentação de Amanda Waller ao som de ''Sympathy for The Devil'' dos Stones e a preparação do Squad ao som de ''Seven Nation Army'' do Stripes.
Apesar da premissa promissora (e divertida), o decorrer do filme é uma linha fina, que parece que vai se romper a qualquer momento, através de um roteiro raso e dinâmica de jogo de videogame, com fases, sub-boss e o ''tão temido'' Boss principal. Uma linha é traçada durante todo o filme, carregando os personagens de A para B, num frenesi de ação com pouquíssimos respiros, mesclando atos 2 e 3 de forma confusa e estranha, fazendo inveja a qualquer Michael Bay, sem muito desenvolvimento de personagens e suas histórias.
E esse é o segundo grande problema, pois, com personagens tão ricos, era de se esperar um aprofundamento maior do time, não, apenas, trazendo flashbacks (outra muleta) para explicar seus passados, mas uma verdadeira identificação do público pelos personagens, o que, infelizmente, nunca acontece. É entendível que Pistoleiro e Arlequina ganhassem mais destaque (são os dois principais atores e personagens mais conhecidos), mas ainda assim, seus arcos dramáticos não garantem a emoção que pretendem despertar e, mesmo em seus momentos catárticos, continuam na superfície. El Diablo surpreende ao ser bem aproveitado, mas também não tem um arco que suporte seu próprio peso narrativo, falhando ao apresentar sua história tarde demais.
Mas nada é tão pior quanto Rick Flag e Magia, como o segundo casal principal do filme, mas que não acrescentam em nada como tal e, se eliminassem todo o relacionamento dos dois, nada mudaria na narrativa. Falando em Magia, é incrível o desapontamento ao ver uma personagem extremamente interessante, ser desperdiçada em um papel genérico e que, convenhamos, não tem lá muito sentido!
Uma deusa que já não tem mais a adoração dos humanos e que, por isso, quer destruí-los com a ajuda de seu irmão demônio. - A personagem trás uma motivação tão rasa e genérica quanto seu irmão Incubus, que NADA acrescenta ao filme. O histórico dos dois é passado de forma tão corrida, que não se tem tempo de tela para entender os personagens, se conectar ou comprar a motivação dos mesmos. ''Somos vilões, somos maus e queremos destruir o mundo''. Desperdício!
Por último, temos o novo Coringa (ou Mr. J) de Jared Leto. Apesar do esforço do ator, eu, particularmente, não comprei essa nova encarnação do personagem. Acho válida a desconstrução e afastamento dos trabalhos de atores anteriores, mas toda sua composição é caricata demais. Explico... Coringa sempre foi um personagem caricato em sua imagem, mas nunca em seu conceito. Um sociopata que faz o que faz, apenas pela graça do fazer e não porque precisa, deve ou tem que fazer. Mr. J é um homem movido de ambição, poder e amor, o que, para mim, não condiz com o personagem que tenho em mente. - Garanto que possa funcionar para muita gente. Não digo que o personagem é ruim ou que o trabalho de Leto fique aquém de qualquer outro (mesmo não entregando a loucura que, de novo, a campanha e o próprio ator, prometiam). Mas eu não comprei essa ideia de um Coringa gangstêr que distribui mulheres para seus comparsas. Não mesmo!
Os outros personagens (Crocodilo, Katana e Amarra) sofrem pelo excesso dos outros e são sub aproveitados em participações pontuais ao decorrer do filme, que pouco agregam para a trama, além de um alívio cômico, tom sobrenatural ou.........
seja lá o que o Amarra estava fazendo nesse filme!
Mas, ainda assim, o que é perdido no roteiro, ganha em interpretação de, principalmente, Will Smith, Margot Robbie e Viola Davis (sempre incrível) que trazem simpatia aos personagens e garantem bons momentos, sem nunca se perderem em seus trabalhos. Viola, em especial, trás um empoderamento lindo de se ver e cada aparição sua é digna de aplauso e afirmação. E como já citado, El Diablo é uma grata surpresa e, muito disso, vale-se pela atuação de Jay Hernandez, pontual e muito interessante.
Por fim, apesar de todos os problemas, ''Suicide Squad'' tem um trunfo na manga, ao apresentar um novo tom para os filmes da DC que, possivelmente, será seguido, mesclando a diversão com o lado mais realista impresso em todos os seus filmes. Não é, nem de longe, uma Marvetização, mas apenas um novo conceito adequado a um público de massa, que pode funcionar, financeiramente falando, muito bem para a Warner, mas que também tem o perigo de fugir da pegada autoral tão bem-vinda.
Infelizmente, ''Suicide...'' esbarrou nos dois conceitos e não soube trabalhar nem um e nem outro, trazendo um trama rasa, que pouco diz a que veio, mas com doses cavalares de diversão desenfreada e ação histriônica... O filme que a DC precisava, mas não o que ela (e os fãs) mereciam.
Mommy
4.3 1,2K Assista AgoraÉ incrível como Dolan deixa que seus personagens criem toda a narrativa de ''Mommy'', sem nunca se perderem ou parecerem caricatos. O roteiro é escrito sim, por eles, personagens fortes, únicos e inesquecíveis.
A história (novamente) de um filho e uma mãe, que tem seus problemas naturais, mas vivem, sobrevivem e enfrentam a vida da forma possível que tem em mãos, unidos, acima de tudo.
Bang, Bang! Você Morreu!
4.0 171Não é o primeiro filme sobre bullying que eu assisto, mas sem dúvida, é um dos mais marcantes, exatamente por ter um aura realista muito simples e bem estruturada, que permeia (quase) todo o filme.
Dia desses, conversando com um amigo meu que fez o High School, próximo a Nova York, ele me disse que o colégio em que ele estudou era exatamente igual aos dos filmes americanos, com suas segregações, estruturas e formas de ensino. E logo que ''Bang, Bang'' terminou, eu lembrei disso e pude sentir, mais ainda, a dificuldade de uma adolescente no colegial. As tentativas de se encaixar em um ''grupo social'', apenas para ser aceito e as frustrações de ser alvo de chacota dia após dia. E o mais interessante no filme, é a não vilanização de nenhuma das partes. Afinal, todos ali estão no mesmo ambiente e sofrem de diversas pressões (internas e externas), mas que são externalizadas de formas diferentes. Seja pela agressão, pela revolta ou a auto exclusão.
Seja lá fora ou aqui mesmo no Brasil, o bullying é uma realidade e gera feridas, marcas, cicatrizes que nem sempre são fechadas e muita das vezes, se expõem a males muito piores.
Tecnicamente, o filme peca em algumas escolhas de direção, montagem e no final muito romantizado
(ao mostrar a ''redenção'' de Trevor, salvando os amigos, como se tudo terminasse bem, sendo que, sabemos que nem sempre é assim)
Apenas Uma Vez
4.0 1,4K Assista AgoraA simplicidade cativante!
Amizades Improváveis
3.8 785 Assista Agora''The Fundamentals of Caring'' bebe em diversas fontes distintas, passeando por entre os clássicos road movies independentes sobre amizade, auto descoberta e o sentido da vida. Mas, ao contrário do que o péssimo título em português sugere, toda a trajetória de Ben, Trevor, Dot e cia, trata da relação pais e filhos em sua essência.
TODOS os personagens tratam de dramas fraternais: A adolescente rebelde sem causa (Selena Gomez, surpreendente), o inválido buscando atenção de seu pai ausente, a mãe ''solteira'' e o pai frustrado, em busca de auto afirmação e esperança. Em seu todo, o quarteto forma uma química interessante e cativante, mas que em seu final, mostra-se falha, devido a obviedade
O drama de Trevor e seu pai tem um desfecho óbvio e claro, desde o início, assim como o de Ben, previsível: A cena do parto, entrecortada com a morte do filho dele, é bastante piegas, aliás.
e a ausência de força, como no caso de Dot
A personagem não é bem explorada e o seu final não teve a força necessária para emocionar ou ter relevância como plot twist. Ela volta a estaca 0 e desmistifica tudo aquilo que falava e demonstrava.
E isso é traduzido em uma diminuição de personagens tão interessantes (Dot e Peaches), a meros secundários, que só servem para levar os personagens principais (Ben e Trevor) de A a B. Uma pena, pois, se bem explorados e desenvolvidos, podiam enriquecer a história e abordar outros temas. (E, ironicamente, são duas mulheres em função de dois homens... Reflitam!)
Mas no geral, ''The Fundamentals of Caring'' é um belo exemplar de um Indie Movie, que tem seu carisma, é bem feito e carrega uma trilha sonora muito bem colocada e escolhida. Vale a pena, mas com ressalvas.
Sand Castles
1.9 5Apesar de uma premissa interessante, o filme carece de qualidade visual e técnica. O roteiro fraco, somado as atuações aquém do esperado para os personagens e um trabalho de direção sem pulso e desinteressante, não agregam em nada.
As Tartarugas Ninja
3.1 1,3K Assista AgoraChega a ser engraçado, quando assistimos um filme como ''Tartarugas Ninjas'', que tem uma história tão simples e direta, mas que, mesmo tendo noção disso, insiste em repeti-la para nós. Afinal, não basta um flashback... linhas de diálogo precisam ser perdidas, para explicar o que já sabemos previamente.
Mas apesar dessa descrença para com o público, o filme até que diverte. Não que isso seja um mérito (Todos os Transformers divertem e bem... são o que são!), devido a todos os pontos negativos que o filme carrega em si.
O roteiro repetitivo peca ainda mais em sua estrutura, em insistir em conectar todos os personagens principais, em uma rede improvável de encontros e desencontros, que mesclam o passado dos personagens, com o presente e futuro deles. É a filha do cientista, que criou as tartarugas, salvando as mesmas e as encontrando anos depois, para combater o maligno amigo do pai da mesma garota! Homem-Aranha 3 manda abraços!
O que parece ser uma história bem intrincada e resolvida, só denota a preguiça dos roteiristas, facilitando o próprio trabalho em unir tantos personagens na trama, o que soa falso e ilógico. Fora as atuações, canastríssimas e automáticas, principalmente a falta de expressão de Megan Fox.
As cenas de ação são empolgantes, mas mal resolvidas, editadas e trabalhadas. Os efeitos visuais são ótimos (o mínimo, para uma produção como essa), e as tartarugas mostram personalidade e expressões variadas. Um verdadeiro acerto, mas uma pena que, personagens tão queridos e engraçados, se percam em um filme fraco e sem alma.
E Aí, Meu Irmão, Cadê Você?
3.9 371 Assista AgoraA clássica comédia de erros e situações improváveis, ao qual os Coen são mestres em realizar e desenvolver. Personagens bem delineados desde a primeira aparição e um roteiro crítico, intrincado e extremamente inteligente. A fotografia saturada do Roger Deakins é (como sempre) fenomenal e a trilha sonora country (que rendeu um Grammy de Álbum do Ano!) é gostosa de ouvir. E o furacão George Clooney garante boas risadas e momentos incríveis, como Everett!
Um belíssimo filme que merece ser visto diversas vezes.
King Jack
3.6 27Um retrato simples e bonito da adolescência.
Eu Matei Minha Mãe
3.9 1,3KÉ interessante, a forma como Dolan constrói a relação de Hubert e Chantale e a apresenta para o público. Logo em seu início, temos vislumbres dos detalhes indigestos de Chantale e do egocentrismo puro e simples de Hubert. Mas ao decorrer dos 96 minutos correntes, nos deparamos com um jovem, como qualquer outro, com suas rebeldias e excessos de liberdade, assim como uma mãe que vive confusa, largada pelo marido, com um emprego ordinário e garantias de felicidade e risadas em uma sessão de bronzeamento. Então, como julgar um ou outro, sendo que Hubert apenas reflete sua idade, maturidade, sexualidade e percepção, enquanto que Chantale tenta, apenas, garantir um futuro para o filho e para si mesmo, sem mais perdas.
Muito bem fotografado, do seu início ao fim (principalmente os enquadramentos disformes, onde um personagem é colocado em um canto da tela, enquanto o outro é colocado de forma paralela, durante diálogos e cortes, trazendo uma ideia de aproximação e afastamento, perfeitas), ''J'ai Tué ma Mère'' é uma análise de um amor incondicional e único, mas que nós não pedimos!
Kung Fu Panda 3
3.6 309 Assista AgoraMesmo apresentando uma trama sem muitas novidades narrativas, comparado aos outros filmes, é um belíssimo fechamento para a trilogia.
Simplesmente Acontece
3.8 1,8K Assista Agora''Simplesmente Acontece'' tem grandes aspirações desde sua primeira cena. Brincando com o público, o filme começa pelo final e ao decorrer da metragem, explica todo o miolo dos comos e porquês de tudo aquilo. Mas as aspirações não ganham contornos reais e de peso, como prometiam.
Lembrando ''Loucamente Apaixonados'' em diversos aspectos (a trajetória de erros e desencontros), o filme apresenta um casal cativante (ponto para os atores, que cumprem bem seus papéis) que guiam histórias de vida mostradas desde os sonhos da juventude, até a realidade da vida adulta.
O desenvolvimento cronológico é perceptível (até mesmo, pela presença de crianças, que envelhecem ''mais fácil'', ao contrario dos adultos que só modificam cabelos e roupas), mas o peso dos acontecimentos é fraco e a realidade prometida (e que é tão sentida em ''Loucamente Apaixonados'', por exemplo) fica na superfície, sem nunca se permitir ou inovar. O roteiro não estrutura bem, a apresentação da vida como um amaranhado de eventos incontroláveis e erráticos, fazendo-os soarem superficiais e rasos.
A trilha sonora empolgante e o uso de alguns recursos fotográficos um pouco mais elaborados trás um gostinho mais interessante e que carimba ''Simplesmente Acontece'' como um show de aspirações, sem muita inspiração.
X-Men: Apocalipse
3.5 2,1K Assista AgoraApesar de ser o 6o filme da franquia X-men (sem contar os filmes solo) e o 3o da ''Nova" trilogia, ''X-men: Apocalypse'' é mais um filme de origem, não só de um ou outro personagem, mas também de toda a dinâmica que está por vir nos filmes dos mutantes.
É claro que o roteiro precisa ser guiado pelos acontecimentos dos 2 filmes anteriores (fazendo pontes com o uso de flashbacks pontuais, inclusive), mas a verdade é que, toda a sua estrutura é focada em mostrar o (re)surgimento dos X-men e do que esses jovens mutantes são capazes.
Partindo desse princípio, todo o tempo gasto mostrando a gênese e o desenvolvimento dos novos personagens é interessante. Os atores são bons, as situações também e ver Ciclope, Jean e Noturno novamente é muito bom. Apesar de rápidos (poderiam ter investido mais alguns minutinhos nesse quesito), os momentos são divertidos e trazem uma proximidade com o público. Assim como Tempestade, que surge com uma encarnação fiel a sua origem dos quadrinhos e um visual incrível, super adequado à atmosfera oitentista.
Infelizmente, esses são os únicos novos personagens bem desenvolvidos, já que Anjo não diz, exatamente, a que veio, Psyloke entra muda e sai calada, e Jubileu nada mais é que um easter egg, já que seu nome nem é mencionado, ou poderes. Mas ainda sim, suas encarnações são extremamente fieis, tanto de seus atores, quanto ao visual.
Fora esses, todos os outros principais personagens já foram estabelecidos nos filmes anteriores e, devido ao acúmulo de mutantes, tem suas histórias intercaladas com os novos. Assim, Mística não tem tanto espaço como se imaginava (e o Marketing denunciava), Magneto trás um arco dramático e muito bem pontuado e, claro, Mercúrio tem seu momento de brilho, em uma cena maior e melhor que a de ''Days of Future Past'', e, vejam só, trazendo uma motivação interessante e dentro do cânone. Todos os outros tem seus momentos e motivos (Xavier, inclusive, é parte mais que central), mas não trazem nada de novo e mantêm-se fiéis a suas encarnações anteriores.
Isso nos leva ao vilão: Apocalypse. Um dos maiores vilões dos X-men (e do Universo Marvel), aqui ele se torna um líder religioso, um Deus. Sua apresentação no Egito Antigo é muito bem feita e trabalhada, assim como seu ressurgimento (não tente fugir da culpa, Moira), mas ao decorrer da trama, o personagem se perde e leva consigo os seus cavalheiros. Confesso que o visual roxo azulado, meio borracha e diminuto não me incomodou tanto e coube dentro daquele universo cinematográfico (O Apocalypse dos quadrinhos é quase uma máquina. Deixá-lo mais humano foi uma decisão acertada), mas suas motivações iniciais, apesar de muito bem apresentadas, não são desenvolvidas de forma satisfatória e se perdem em meio a tanta grandiosidade. E não falo de um momento ''O poder corrompe'', mas falo de falta de noção mesmo!
O conceito religioso nos é apresentado, mas não é levado adiante com a dignidade necessária, fazendo o personagem chegar ao final, como um vilão mal por ser mal, sem um objetivo claro ou plausível.
E aqui eu entro no âmbito de seus cavalheiros:
-Magneto - No contexto narrativo, é entendível o uso do personagem como tal
(haviam três possibilidade lógicas para o desenrolar do personagem na história:
1-Ficar do lado dos X-men de cara. 2-Se abster de tudo. 3-Aceitar Apocalypse como guia e se regenerar no final. Bryan Singer escolheu a opção 3 e, por isso, toda a trajetória familiar dramática foi inserida.)
mas ao mesmo tempo, ele perde peso, ao ser colocado como um simples arauto de um vilão inconsequente.
-Tempestade - A personagem funciona no contexto, devido a sua origem e seu desenvolvimento durante a trama. Suficientemente explorada e com certo peso na história.
-Anjo e Psyloke - Os mais subaproveitados, não modificam em nada na trama ou tem qualquer arco dramático bem explorado. Garantem uma boa impressão, apenas pelo visual fiel aos quadrinhos, mas poderiam ter sido mais bem explorados.
No final das contas, os cavalheiros não se justificam tanto, sendo usados como marionetes do Apocalypse e, tirando Magneto (pelos motivos já mostrados), eles não tem muita função na trama, além do uso na batalha final.
Felizmente, Bryan Singer saber como fazer um ótimo filme de entretenimento e trás grandes cenas de ação, que empolgam e impressionam. Os efeitos estão bons, assim como o jogo de cenas e cortes, que não deixam o público perdido na ação, em momento algum. Alguns momentos icônicos dos personagens (assim como a aparição do Wolverine) são um deleite para os fãs e fazem arrepiar, de verdade. Tudo isso com um auxílio muito pontual da trilha sonora, grandiloquente, sem ser exagerada.
A essência de união, inerente nas histórias dos X-men (os excluídos unificados) é colocada em prática aqui, de forma bonita e catártica, com vislumbres do futuro e apresentação de conceitos à serem explorados. Além, claro, de uma cena pós-créditos que deixa dúvidas, mas a esperança do uso de um conceito interessantíssimo para o Universo X-men nas telas.
Talvez, o filme mais dramático dos mutantes e com maior peso em suas consequências e motivações, mas que trouxe um de seus vilões mais icônicos, cedo demais. O seu uso em um arco de origem, não garantiu sua fidelidade e serviu, apenas, como ponte para o desenvolvimento de personagens a sua volta, para eventuais filmes, algo que talvez não aconteceria em uma equipe já formada e estabelecida. Uma pena.
Mas ''X-men: Apocalypse'', em seu todo, não decepciona e trás muito do que os X-fãs querem e gostam de ver.
Capitão América: Guerra Civil
3.9 2,4K Assista Agora''Capitão America - Guerra Civil'' vem com diversos pesos em suas costas: Continuação de ''Soldado Invernal'', ponto de início da Fase 3 da Marvel, introdutor de 2 grandes personagens e a, inevitável e desnecessária, comparação com BvS.
Tudo isso para ser estabelecido durante seus 147 minutos de metragem, mas que (Graças!) tem seu êxito de forma extremamente eficaz.
A grosso modo, o filme parecer ser divido em dois: A Guerra Civil, propriamente dita, entre os super-heróis devido a lei de Sokovia e a trajetória de Bucky e Steve. Algo que poderia quebrar o ritmo, por completo, devido a dicotomia entre elas e seus personagens (afinal, não falamos de um Poderoso Chefão II, aqui), mas que consegue apresentar uma trama unificada, com maestria, pelos roteiristas. Aliás, tudo é mesclado de forma extremamente coesa.
Toda a história, com suas reviravoltas e dramas, é bem pontuada e desenvolvida, trazendo um entendimento fácil do público e trabalhando, até mesmo, clichês (como a motivação de Zemo) de forma decente, aceitável e, até mesmo, dolorosa. O mesmo se diz da introdução de dois personagens tão diferentes, no mesmo filme: Pantera Negra e Homem-Aranha. O primeiro, membro da realeza e de postura pomposa como tal, é colocado no olho do furação e trás uma contraposição com os personagens, muito interessante. Ele não está ali para brincadeiras ou amizades, mas para cumprir a sua missão, que (perfeitamente) vai de encontro com tudo o que vem ocorrendo na trama, o que trás um final digno e espetacular, para o seu vindouro filme.
Em paralelo, o Homem-Aranha tem sua melhor encarnação com Tom Holland. Em menos de 20 minutos, o personagem consegue ser mais expressivo e interessante do que em 5 filmes, acredite! Apesar de desnecessária para a trama em geral, venhamos e convenhamos (ao contrário do Pantera), sua aparição rouba a cena e garante amplo espaço para seu filme próprio. Perfeito!
Sobre a Guerra Civil em si, o confronto ideológico entre os heróis é amplamente discutido, principalmente entre o Capitão, Homem de Ferro, Feiticeira Escarlate, Visão e Viúva Negra, que tem seus tempos de tela muito bem divididos entre as cenas de porradaria e de reflexão. As consequências das ações de Tony, são jogadas em sua cara logo de início, assim como as do Capitão, que no final, também se mostram duvidosas. Em quem acreditar? Em quem confiar? Os roteiristas criam essas e outras perguntas na cabeça do público e apresentam um debate moral e filosófico de cair o queixo. Uma das melhores coisas do filme.
Já a trajetória de Bucky com seu amigo de infância, é inserida na trama, mesclada com a de Zemo. Uma trama bem executava e estabelecida no filme, e que trás paralelos com a própria Guerra Civil, mas que tem em seu ponto fraco, seu arquiteto. Independente da encarnação do personagem das HQ's no cinema (que de igual, só o nome), Zemo carece de personalidade, o que vem sendo um problema em todos os filmes da Marvel. Como escrevi anteriormente, sua motivação, apesar de clichê, é bem executada, mas falta presença para um personagem que poderia ser, qualquer um. Mais um vilão extremamente substituível e sem força.
Tecnicamente, os irmão Russo dirigem todas as cenas de ação com um cuidado impecável, não desviando a atenção, do que realmente interessa, por um só segundo e trazendo um grandioso momento como um dos mais icônicos do universo Marvel. A trilha sonoro está perfeita, trazendo o peso necessário para as cenas e pontualmente, calando-se em outros momentos perfeitos. Já os efeitos especiais, mostram-se artificiais em certos momentos (Tony Stark dentro da armadura e sem capacete nunca foi tão estranho), mas nada que tire a força das cenas.
Em resumo de sua ópera, ''Capitão América - Guerra Civil'' empolga, apresenta uma trama densa e muito eficaz, sem perder a atmosfera aventuresca da Marvel.
Mais um acerto para o estúdio, que prepara terreno para a Fase 3, até chegar na épica Guerra Infinita. Que estejamos prontos, assim como a Marvel!
(E falando da inevitável comparação, algumas coisas são muito parecidas, desde motivações à estrutura dos personagens na trama, mas são propostas diferentes, que pecam e ganham em suas próprias ambientações. Nada mais justo!)
Lugares Escuros
3.1 410 Assista AgoraMais uma adaptação de um livro da Gillan Flynn, que não carrega a marca autoral de um diretor (como Fincher fez em Gone Girl), mas que não deixa de ser interessante.
A forma com que Brenner conduz certos planos, com fechamentos rápidos (como um documentário) é extremamente desnecessário e falso-urgentes, ao contrário das cenas em que mostram Libby pequena, em preto e branco, como uma câmera de mão, confusas e rápidas, que elucidam, muito bem o momento de terror da criança.
A história em si, cresce por si só, e não somente, pela motivação dos seus personagens. O que demostra o apelo comercial pelo suspense, ao invés de ter um cuidado maior em aprofundar na psique de seus personagens, como Libby, Ben e, até mesmo, Lyle, que nem um desfecho decente tem.
Um bom filme, mas que não foge do lugar comum de suspense e mistérios.