Vlado Kristl foi um dos diretores mais radicais do cinema autoral alemão. Em Cinema ou poder, ele leva ao limite as teses de seu manifesto por um “novo cinema”, escrito em 1962, segundo o qual “se a história é uma primeira redução da realidade, a redução da história é a forma do novo cinema”. Não se conta, pois, nenhuma história, assim como o texto, narrado por Ringo ao longo de todo o filme, não esclarece em nada as estranhas situações representadas nas imagens. Essa estrutura, ainda segundo Kristl, não busca tornar o filme incompreensível, mas está comprometida com “a luta pela destruição das ilusões e mentiras, às quais o 'grande' cinema de hoje ainda está preso”. Pois, “quando se exige do cinema que ele mostre problemas e coloque novas questões, ele é novamente elevado ao nível da arte verdadeira e autêntica — da arte que não foi criada para o entretenimento das pessoas, mas para a luta pela verdade”.