Raros Casos em que o Filme é Melhor que o Livro

Acontece.
RAZÕES PELA QUAL ADICIONEIS ESSES FILMES NA LISTA (sem spoiler):

1. O Doador de Memórias: no livro, Jonas tem apenas 12 anos, muito jovem ao meu ver para tudo o que acontece na história, a adaptação de idade do filme ficou muito melhor. O filme também se mostra bem mais dramático que o livro, abordando melhor sua realidade com personagens mais reais e acontecimentos muito mais profundos no trabalho de Jonas com seu mentor. Absolutamente todas as mudanças feitas foram pra melhor. Após ler o livro, vi que ele ainda tem sequências (que aparentemente nem vieram pro Brasil), algo que particularmente eu não acho que era necessário, como bem mostra o filme com um final aberto, porém não inconcluido.

2. Coraline e o Mundo Secreto: embora eu ache que vá ser uma opinião meio polemica, já que Neil Gaiman tem muitos fãs, o livro é simplesmente mal escrito. Nada na história cativa, nem nos personagens, nada. Coraline é simplesmente uma pirralha chata que reclama de tudo num cenário minusculo e vazio. Wybie sequer existe no livro, deixando a história bem mais sem graça e definitivamente não dando oportunidade de Coraline desenvolver um pouquinho mais a personalidade vazia dela. O filme cumpre a proposta sombria do livro e o faz muito melhor do que o autor escreveu. Coraline com certeza é um dos maiores e melhores casos de filmes melhores que livros, fico feliz que conseguiram tirar algo tão bom de um livro tão medíocre.

3. Coração de Tinta: outro grande caso, tal como Coraline. A trilogia Mundo de Tinta por mim nem existiria. A história é muito boa sim, mas além de simplesmente não haver necessidade de continuação (algo que o filme prova muito bem com aquele final alterado), a escrita de Cornelia Funke é MUITO cansativa, pesada. Nós percebemos a magia e principalmente o amor por livros em cada página, mas a história é TÃO arrastada que mesmo isso logo se torna entediante. O filme adaptou bem todas as partes mais importantes, e ainda ganhou um bonus com o toque que deu aos personagens que saíram de livros, colocando palavras escritas em seus rostos, algo que achei simplesmente genial. O filme flui bem, tem um ótimo elenco, é uma boa adaptação e encerra da maneira que o livro deveria. Não preciso dizer mais nada.

4. Desventuras em Série: outra opinião que pode ser polemica, e é tão complexo falar nisso sem spoilers nem do filme nem do livro que é até dificil saber por onde começar.
Tal como o Coração de Tinta, Desventuras em Série é um bom exemplo de que não precisava ter mais livros que os 3 primeiros (que são os livros que o filme cobre. A série possui 13 livros) para ser uma ótima história. Embora os livros passem críticas sociais muito boas, até a gente chegar em uma delas (ou em qualquer cena mais interessante) é muito cansativo. Passamos por cenas onde temos que aturar verdadeiros absurdos como um bebê cozinhando ou subindo por cordas com objetos pesados em uma das mãos ou um vigor sobre-humano de adolescentes que não tinham nenhum preparo físico em especial que de alguma forma conseguem passar muito tempo sem comer, tudo isso numa escrita irritante. O decorrer da história é frustrante, e não apenas da forma que o livro logo no começo promete ser. O fim também é um dos piores que já vi. Devo ressaltar que minhas cenas favoritas do filme nem mesmo existem nos livros, algo que não apenas me decepcionou como também me fez pensar na grande oportunidade que o autor deixou passar de explorar melhor a inteligência e habilidades dos irmãos. Após assistir Desventuras em Série eu quis ler os livros o mais depressa possível e foi só uma grande decepção, nem de longe os livros tão aclamados pela maioria. Esse filme eu várias vezes vezes e muitas outras virão. Os livros? Foi muito eu ter conseguido terminar.

5. O Lar das Crianças Peculiares: provavelmente o mais polemico da lista, já vejo gente com tochas vindo atrás de mim. Eu entendo a revolta das pessoas quanto a algumas mudanças feitas, como inverterem o nome, peculiaridade e, enfim, papel de duas personagens, Olive e Emma. Emma nos livros é a parceira de Jacob e tem poder de fogo, enquanto Olive é uma menininha que tem poder de flutuar. No filme, Emma segue sendo parceira de Jacob mas tem poderes do ar, enquanto a Olive é que tem poderes de fogo. Mas particularmente isso não me incomodou, na verdade eu acho que ficou até melhor, especialmente para uma cena que acontece na água, que foi épica no filme e absolutamente sem sal no livro. O livro não tem uma escrita que empolgue muito e eu sempre tenho a impressão que o autor pôs na cabeça que queria usar determinada foto e ia usa-la a todo custo (o livro tem fotos pra ilustrar cenas), o que francamente melecou boa parte do livro, pois muitas ficaram ridiculamente forçadas e sem nexo. O autor não sabe pesar a mão de uma cena bobinha e infantil pra uma séria depois. Pra mim quase toda mudança feita no filme foi pra melhor, ficou mais dinâmica a história e de forma geral mais interessante.

6. Arthur e os Minimoys (os três): não tem muito o que falar de Arthur na real. Ele está na lista mais por ter tido no geral uma execução melhor que o livro, tanto no enredo quanto nos personagens. Os livros são curtos, de forma que sempre parece que ficou faltando alguma coisa, algo que eu não sinto nos filmes. Os livros também são mais adultos que os filmes (que eu já acho que são bem "arriscados" pra filmes que são vendidos como sendo pra crianças) então é uma leitura interessante mas que não agrada tanto quanto os filmes. Os filmes são simplesmente mais divertidos.

7. Ponte para Terabítia: mais um que não tem muito o que falar. Ponte para Terabítia está na lista mais ou menos pelo mesmo motivo de Arthur, que é ter uma execução melhor, um ritmo melhor. Também é um tanto mais dramático que o livro, os personagens são mais expressivos, coisa que pra um enredo desse, acho que é essencial. É o tipo de história que acho que podemos combinar que é mais agradavel de ser assistida que lida.

8. Harry Potter e a Pedra Filosofal: possivelmente o único da série que entra na lista. O livro é muito curto e foca demais em cenas desnecessárias e chatinhas enquanto cenas chave para a história mal duram uma página. Também parece indeciso quanto a personalidade dos personagens e falta desenvolvimento na mesma. O filme é muito mais dinâmico, desperta muito mais interesse, mostra muito mais magia e atribui melhor as caracteristicas dos personagens atribuindo frases então faladas nos livros para outros personagens, os desenvolvendo de forma muito melhor e não ficando aquela salada que ficou no livro. Se eu tivesse tentado ler o livro antes de ver os três primeiros filmes, provavelmente nem teria ido atrás dos demais livros. Felizmente os livros melhoram muito, o que faz os filmes seguintes serem inferiores a eles ainda que muito bons (exceto o Enigma do Príncipe que foi só ruim mesmo).

9. James e o Pêssego Gigante: um clássico da minha infância e até hoje um dos mais adorados por mim, ler o livro base desse filme foi uma grande decepção. Enquanto o filme nos dá a clara visão de que James e os insetos agora se veem como uma família, o livro faz parecer que é só um conveniente. Os insetos dizem que precisam do garoto mas nada ali insinua um afeto maior. James no filme é um sonhador, enquanto no livro é só um menino que sabe-se lá como, quando o momento pede, a imaginação de alguma forma funciona. O filme conseguiu aproveitar todo o potencial que o livro tinha mas não cumpriu, adicionando sentimentos, novas cenas e melhorando cenas já existentes no livro, que por sua vez, é rápido e não desperta muito no leitor fora um certo choque com algumas coisas amenizadas no filme (como o destino de suas tias e da Dona Joaninha). Se eu tivesse lido o livro antes de ver o filme, duvido muito que eu daria qualquer chance ao filme. Ainda bem que conseguiram fazer do cobre ouro.

10. Jack e a Mecânica do Coração: o livro, pra início de conversa, é muito mais adulto. Isso não torna no livro ruim, é uma alternativa interessante, mas Jack tem o tipo de história que sem dúvida é melhor contada como uma espécie de conto, realmente, algo mais infantil, sem tanto contexto sexual. Outra coisa é que apesar de curto, eu tive a sensação do livro ser meio arrastado; praticamente o oposto do filme, que eu acho até um pouquinho rápido demais, mas que compila bem todas as partes importantes da história. A própria parte da mecânica do coração eu achei bem bolada mas não tão atraente quanto a do filme. Não é muito spoiler comentar que enquanto no filme Jack tem seu coração de carne substituído por um relógio, no livro o coração é uma espécie de muleta, que funciona em conjunto com o coração de carne. Cada versão da mecânica funciona bem pra cada objetivo (os finais do filme e do livro são bem diferentes), mas novamente, a versão do filme acrescenta uma fantasia que casa bem com o enredo. Pra finalizar, algo que eu sempre digo é que um final triste não significa um final ruim. Isso vale pras duas versões da história. Mas com certeza achei o final do filme mais agradável que o do livro. Não desencorajo de maneira nenhuma a leitura do livro; é uma boa versão alternativa e tem uma escrita absurdamente poética, como nunca vi antes. É só que simplesmente o filme no geral, é melhor.

11. Cidade das Sombras: o livro, apesar de curto, não é muito dinâmico. O filme exclui algumas coisas desnecessárias e deixa a história mais legal. O fato de terem envelhecido os protagonistas também é melhor.