Em um campo plantado com milho transgênico, um(a) artista se penetra com uma espiga, ignorando a proximidade da sua morte. Sua irmã Ana, seguindo seus passos e carregando suas cinzas, embarca em uma jornada pela Amazônia que se tornará para ela uma busca espiritual e erótica. No caminho, repleto de seres fraternos, encontros sexuais e aparições da(o) irmã(o), Ana enfrenta um diálogo incontornável com histórias de colonialismo, modernização e política brasileira e latino-americana hoje. Ana acaba sendo possuída pela viagem: ela não atinge o conhecimento através da ayahuasca, é a ayahuasca que a atinge; ela não atravessa a fronteira, a fronteira a atravessa. Objetos e personagens trocam suas forças, uma orgia lésbica é inundada por rapé e a luz do poente, o dançarino fala com as luzes que escorregam pelas folhas. Este road-movie queer-punk transita entre performance, alegoria política e filme narrativo, tão fluido quanto corpos e identidades em uma natureza tropical, cenário de jogos, protestos e metamorfoses. Melhor Direção no Festival de Cartagena.