A frontalidade como profissão de fé: o cineasta argentino Perel estaciona seu carro frente à porta de edifícios que serviram de sede para indústrias ou empresas argentinas e, sobre um plano fixo, lê detalhadamente um relatório de 2015 do governo que elenca as maneiras como cada empresa sacrificou seus empregados politicamente ativos em prol da ditadura local. Sua voz projeta um passado sujo que permitiu a manutenção de um Estado autocrático pela conivência (e participação ativa) da elite econômica local. Revelador e doloroso, urgente e atemporal, o filme é devastador ao recordar nossa história latina partilhada.