Sabe aquela velha situação em que uma boa ideia não acaba resultando bem? É exatamente o que acontece com Reis e Ratos. Na teoria, o filme busca satirizar o período que antecede o Golpe Militar de 1964, a tensão da Guerra Fria e brincar com alguns chavões do cinema. Na prática, o que se vê é um longa catastrófico que poderia muito bem ter saído da cachola de um Casseta e Planeta da vida.
E por que esse novo trabalho de Mauro Lima não deu certo? Ora, é muito simples: é só olhar para a produção. O filme foi realizado em apenas 17 dias, aproveitando as sobras dos cenários de “O Bem Amado” (de longe, o pior filme de Guel Arraes) e com um período de preparação de elenco ainda menor (10).
O que Reis e Ratos tem de melhor é o visual, entremeado de longos períodos de preto e branco. Mas não basta estilo se você não tem uma história interessante para contar.
Há alguns anos, o diretor brasileiro Fernando Meirelles havia dado uma lição de como levar ao cinema uma obra de John Le Carré, com o seu "O Jardineiro Fiel", filme que denunciava o lado sujo da indústria farmacêutica e deu o justíssimo Oscar de atriz coadjuvante para Rachel Weisz. No entanto, foi graças aos romances de espionagem, com tramas bem intrincadas, que Le Carré se fez notar. Fazer fluir um filme que se baseia em alguma de suas obras é um grande desafio. Essa dificuldade é notada neste "O Espião que Sabia Demais", com raízes no livro homônimo publicado em 1974.
Apresentado em uma narrativa não-linear, causa confusão na cabeça do espectador pelas inúmeras informações que surgem a cada minuto. É até contraditório a associação entre o ritmo lento e o mais que denso roteiro (que exige muita concentração para que se captem as nuances). A sensação que se tem é que os roteiristas despejaram além do que puderam da obra.
A seu favor, pode-se destacar o elenco de primeira classe (poucas vezes nos últimos anos se viu atuações tão pontuais). Encabeçado por Gary Oldman, que tem um desempenho extremamente analítico, calculista, diferente do que nos habituamos a ver (a indicação ao Oscar premia sua importante carreira). Outro ponto positivo é a direção minimalista de Tomas Alfredson. Trata-se de um filme sério e quase não tem relação com os tantos longas que se fazem nessa linha, tentando dar uma abordagem mais realista e com bem menos glamour. Consegue fazer uma boa reconstrução da época, auxiliada por uma discreta fotografia.
O Espião que Sabia Demais é um genuíno suspense em que se acompanha passo a passo o seu delinear.
Histórias Cruzadas é quase um conto de fadas às avessas. O filme traz a (sempre) complicada questão racial nos Estados Unidos exatamente através de uma atmosfera idílica.
É sempre difícil lidar com o tema de discriminação racial. E o longa tem, de fato, mérito em evidenciar essa questão. Porém, ela é tratada de forma superficial pelo roteiro e pela direção.
Diferentemente das atuações exageradas de suas colegas (em particular Octavia Spencer e Jessica Chastain), Viola Davis consegue aprofundar e garantir humanidade a sua personagem. A nomeação ao Oscar é, portanto, mais que merecida.
Mesmo com todos os problemas que a fita traz, se você tiver um pouco de sensibilidade, se envolverá com a história, direcionada ao público feminino, feita para sensibilizar (esse é o seu propósito maior) e que até diverte no fim das contas.
O título é bastante poético. O filme nem tanto. Tinha me interessado em ver pelo fato de ser dirigido por Eliane Caffé e ter Luiz Carlos Vasconcelos (este é a melhor coisa do filme, sempre sereno). Mas é um tremendo desastre. Nunca vi um Chico Diaz tão caricatural. Muitos momentos patéticos, como aquela briguinha tosca deles lá no Pará. A participação de Ary Fontoura não faz sentido, absolutamente desnecessária. E a sensação que dá é que, para tapar/cobrir diálogo, carrega em palavrão nas falas de Chico. Longe de ser o que a sinopse anuncia. Uma pena!
Reis e Ratos
2.6 259Sabe aquela velha situação em que uma boa ideia não acaba resultando bem? É exatamente o que acontece com Reis e Ratos. Na teoria, o filme busca satirizar o período que antecede o Golpe Militar de 1964, a tensão da Guerra Fria e brincar com alguns chavões do cinema. Na prática, o que se vê é um longa catastrófico que poderia muito bem ter saído da cachola de um Casseta e Planeta da vida.
E por que esse novo trabalho de Mauro Lima não deu certo? Ora, é muito simples: é só olhar para a produção. O filme foi realizado em apenas 17 dias, aproveitando as sobras dos cenários de “O Bem Amado” (de longe, o pior filme de Guel Arraes) e com um período de preparação de elenco ainda menor (10).
O que Reis e Ratos tem de melhor é o visual, entremeado de longos períodos de preto e branco. Mas não basta estilo se você não tem uma história interessante para contar.
O Espião que Sabia Demais
3.4 744 Assista AgoraHá alguns anos, o diretor brasileiro Fernando Meirelles havia dado uma lição de como levar ao cinema uma obra de John Le Carré, com o seu "O Jardineiro Fiel", filme que denunciava o lado sujo da indústria farmacêutica e deu o justíssimo Oscar de atriz coadjuvante para Rachel Weisz. No entanto, foi graças aos romances de espionagem, com tramas bem intrincadas, que Le Carré se fez notar. Fazer fluir um filme que se baseia em alguma de suas obras é um grande desafio. Essa dificuldade é notada neste "O Espião que Sabia Demais", com raízes no livro homônimo publicado em 1974.
Apresentado em uma narrativa não-linear, causa confusão na cabeça do espectador pelas inúmeras informações que surgem a cada minuto. É até contraditório a associação entre o ritmo lento e o mais que denso roteiro (que exige muita concentração para que se captem as nuances). A sensação que se tem é que os roteiristas despejaram além do que puderam da obra.
A seu favor, pode-se destacar o elenco de primeira classe (poucas vezes nos últimos anos se viu atuações tão pontuais). Encabeçado por Gary Oldman, que tem um desempenho extremamente analítico, calculista, diferente do que nos habituamos a ver (a indicação ao Oscar premia sua importante carreira). Outro ponto positivo é a direção minimalista de Tomas Alfredson. Trata-se de um filme sério e quase não tem relação com os tantos longas que se fazem nessa linha, tentando dar uma abordagem mais realista e com bem menos glamour. Consegue fazer uma boa reconstrução da época, auxiliada por uma discreta fotografia.
O Espião que Sabia Demais é um genuíno suspense em que se acompanha passo a passo o seu delinear.
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Histórias Cruzadas
4.4 3,8K Assista AgoraHistórias Cruzadas é quase um conto de fadas às avessas. O filme traz a (sempre) complicada questão racial nos Estados Unidos exatamente através de uma atmosfera idílica.
É sempre difícil lidar com o tema de discriminação racial. E o longa tem, de fato, mérito em evidenciar essa questão. Porém, ela é tratada de forma superficial pelo roteiro e pela direção.
Diferentemente das atuações exageradas de suas colegas (em particular Octavia Spencer e Jessica Chastain), Viola Davis consegue aprofundar e garantir humanidade a sua personagem. A nomeação ao Oscar é, portanto, mais que merecida.
Mesmo com todos os problemas que a fita traz, se você tiver um pouco de sensibilidade, se envolverá com a história, direcionada ao público feminino, feita para sensibilizar (esse é o seu propósito maior) e que até diverte no fim das contas.
Era uma Vez na América
4.4 529 Assista AgoraTalvez o melhor filme de máfia já feito. Certamente o mais sensível.
O Sol do Meio-Dia
3.1 14O título é bastante poético. O filme nem tanto. Tinha me interessado em ver pelo fato de ser dirigido por Eliane Caffé e ter Luiz Carlos Vasconcelos (este é a melhor coisa do filme, sempre sereno). Mas é um tremendo desastre. Nunca vi um Chico Diaz tão caricatural. Muitos momentos patéticos, como aquela briguinha tosca deles lá no Pará. A participação de Ary Fontoura não faz sentido, absolutamente desnecessária. E a sensação que dá é que, para tapar/cobrir diálogo, carrega em palavrão nas falas de Chico. Longe de ser o que a sinopse anuncia. Uma pena!
A Pele que Habito
4.2 5,1K Assista AgoraImpressiona a capacidade que Pedro tem de se reinventar.
Grandes Esperanças
3.8 263Um dos melhores momentos da carreira de Gwyneth Paltrow.
Super-Heróis: A Liga da Injustiça
1.9 781O pior filme que eu já vi na minha vida e, possivelmente um dos piores de todos os tempos.