Adriano Sod

Acabo de assistir um filme que me impressionou muito. - Um Condenado à Morte Escapou (1956) - Robert Bresson. Definitivamente, ainda mantenho minha esperança viva de que algum dia o cinema possa recuperar essa riqueza, talento e arte. Foi mágico como um filme sem o menor efeito especial, que deixa de lado as interpretações banais e as velhas trilhas sonoras sugestivas conseguiu me manter preso do começo ao fim. Acho que, ultimamente, tenho amadurecido e aprendido a admirar aquilo que realmente importa.
Seu título é revelador e conta o final do filme, mas o mais interessante não é mesmo o final, mas o processo, sempre me interessei mais pelo processo que precisamente o final. O filme - Um Condenado à Morte Escapou - sugere diversas reflexões. Conta a história real do ativista Andre Devigni, da resistência francesa durante a ocupação nazista. Quando ele é preso e condenado à morte, passa suas noites tramando e planejando sua fuga dentro de sua cela. Com colheres, lençóis e arames ele escapa, nenhum de seus colegas acreditou em seu plano, outros tentaram fugir, mas falharam.
Temos certeza sobre nosso destino? Podemos ter certeza de algo? Existe destino ou sorte? Enfim, o que mesmo importa é que a vida surpreende a todos, de repente podemos escolher ficarmos parados e não fazer nada, simplesmente porque não temos certeza de estarmos vivos na próxima hora. Mas podemos fazer o inverso, como tentar mudar uma situação que parece sem resposta. Como? Não sabemos. A vida só pode ser desenhada quando se toma uma ação, só descobriremos o que nos reserva se formos adiante, se despertarmos a coragem que todos carregamos. Por que tentar descobrir o que nos espera causa tanto medo? Talvez seja mesmo assustador o desconhecido. Mas a vida não é regredir e sim ir adiante, ultrapassar o muro da prisão, enfrentar os obstáculos, trabalhar como formiga enquanto enfrentamos o tédio da cela.
Em algum momento nossas ações vão surtir efeito, podemos nos dar mal e um guarda nos pegar, mas tenha certeza que teremos aberto caminho, teremos feito algum diferencial e algum outro corajoso irá entender o que se deve fazer. Graça, Divindade, Sorte? Nunca saberemos o por que de alguns conseguirem pular o muro e outros não. Mas temos que fazer algo, nada é em vão. Li na internet que Bresson quis intitular o filme como "Ajuda-te a ti mesmo" alusão ao provérbio que se completa assim "e Deus te ajudará”. Isso me lembrou um grande amigo que sempre me diz essa frase. Deus, Buda, Força Cósmica, Destino... nada disso pode nos ajudar se não fizermos a nossa parte, ou seja, viver até o último instante e olhar para o muro com o objetivo de ultrapassá-lo.

O final excelente, mas em um contexto geral foi péssima. A personagem da Jen virou um nada...melhor se tivesse acabado com ela antes. Joe ficou arrastada demais.

Simplesmente temporada terrível...