A fotografia captura muito bem aquele tom meio empoeirado que se via em alguns filmes dos anos 80/90. A abertura é ótima e a performance de Ryan perfeita. O roteiro se apresenta de forma previsível, mas depois tem reviravoltas, mas o mais importante não é a previsibilidade da história, mas o percurso do Driver. O mundo de Los Angeles parece desértico e frio, inumano. A única coisa humana existente ali é a personagem de Carey Mulligan e seu filho. Eles conseguem que Driver saia da sua rotina dublê-motorista-piloto. Seu personagem aparece inicialmente quase como um autista, sem falas, sem toques. Ele se socializa e se humaniza no contato com ela e o menino. A cena da carona é ótima nesse sentido.
Revendo a cena é possível ver, ao olhar para a Carey, que ela está pensando "nossa, vou foder com a vida desse cara". Realmente ela fode com a vidinha que ele levava. Ele poderia ter ficado revoltado com o retorno do marido dela, por ter lhe tirado a família que ele parecia prestes a conseguir, porém ele até se torna "amigo" do marido dela
Driver aparece como um samurai hollywoodiano, prezo nas redes do dever e da honra. Além disso, ele tem que dirigir para salvar sua vida e daqueles que ama. O uso das cores dos semáforos é um elemento importante na trama, bem como a música de Kavinsky.
Allen parece ter pego um gosto pelo surrealismo ou pelo realismo fantastico. Isso explicaria dica de fantasma em "Scoop", caminhadas transtemporais em "Meia-noite" e a quase onipresença de Alec Baldwin, cantores de chuveiro, etc. O filme é uma declaração de amor ao cinema italiano - até os créditos lembram letreiros de filmes italianos. Há de novo a idéia de uma certa força da cidade sobre os sentimentos dos personagens; Roma facilitando o amor e/ou a desinibição. Roma, como Londres, como Paris e Barcelona, é uma personagem. Também vale destacar o ótimo elenco italiano. É elogiável a coragem de Allen
Às vezes penso que no dia em que Luciano Huck e Fausto Silva assistirem esse filme, veremos as seguintes vinhetas: "Próximo sábado, 'Clube da Tanga' no Caldeirão, loucura, loucura, loucura...." "Ô loco meu, será que Giovane sabe quem foi o décimo terceiro imperador romano?" Brinco porque sempre achei esses campeonatos algo totalmente estadunidense, mas como nossa TV tem sido hábil em copiar esses modelos... Do ponto de vista pedagógico, o campeonato do Clube é algo sem grande valor educativo, pois enfatiza a memorização sobre a compreensão. As aulas inclusive parecem seguir um pouco esse caminho. Contudo, temos Humderty. Ele faz a diferença. Ele conseguiu transformar aquele conteúdo aparentemente chato e distante em algo atrativo para os alunos. Percebe-se que os alunos gostavam de suas aulas. Se há no filme algum paralelo com o Sociedade dos Poetas Mortos, ele está no carisma do professor. Porém, a semelhança desaparece aí. Enquanto que o professor Keating do SDPM, como seu nome sugere ("kidding", cuja pronúncia é parecida, quer dizer piada, palhaçada), possui um ar debochado, flamboyant, o professor Humderty de CDI é mais sério, embora bem humorado. Outra diferença, para mim muito importante. Humderty consegue cativar seus alunos e lhes passar conteúdo. Não que o conteúdo seja um dogma intocável, que tem que ser seguido à risca. Porém, ao final de SDPM, vemos que os alunos não estudaram quase nada além da poesia que era mais passional, cativante. Humderty é um professor tradicional, que educa pela habilidade de cativar. Cativados, os alunos se encantam com o conteúdo. No caso de Keating, ele também cativa, porém modifica a forma para ter acesso aos alunos. A proposta de Keating é melhor? Talvez seja a mais defendida atualmente, porém a de Humderty também se mostra eficaz. Ele pode ser um modelo para professores mais formais, que não se adaptam a essa modernidade de ser inovador, ousado, etc. Ah, há também outra diferença fundamental entre os dois. Keating incentiva seus alunos a serem livres, o que é válido, porém não lhes dá muita assistência. Percebe-se como alguns se perdem na mera brincadeira, bem como outros se envolvem de forma intensa e trágica. O olhar atônito de Keating no final do filme mostra sua tomada de consciência do perigo de sua abordagem. Humberty se pauta sempre pela preocupação não só com o conteúdo, mas também com a Ética. Embora a questão do campeonato seja importante e vencer seja um forte valor estadunidense, a vitória deve ser justa. Isso é visto no filme, na forma como embora haja competitividade, não há rivalidade. Os alunos se tornam homens de bem, sem mágoas uns com os outros - à exceção do único caso nocivo (vale destacar que todas as tentativas possíveis de recuperação e auxílio foram feitas, algumas até podendo ser questionáveis). Sendo assim, é um filme bem diferente de SDPM. Seu apelo maior talvez não seja para os defensores da rebeldia, mas sim para aqueles que seguem as regras, mas que ainda assim tentam (de grão em grão) mudar o mundo - seu sucesso é evidenciado na confiança demonstrada no final do filme no trabalho do professor.
Tenho um olhar bastante condescendente para com a rainha. Talvez seja fruto do olhar impresso pelo Stephen Frears. Porém, como alguém bastante afeito a regras, compreendo a situação dela. Do ponto de vista da individualidade, o direito de expressar ou não tristeza, aparece como uma afronta à sociedade de espetáculo que exije, cobra da rainha que ela faça algo. Alguém que sempre se preocupou em ser visível sendo invisível, estando presente estando ausente, tinha que talvez pela primeira vez tomar uma posição. Achei interessante como o filme recupera pontos da vida privada da rainha, como o fato de entender de mecânica. A participação dela no esforço de confortar seus súditos durante a 2ª GM foi totalmente ignorada. O filme mostra assim, como a mídia rápida, a mesma que transformou a morte de Diana em espetáculo, solapou a hierarquia e a estrutura do império. Há o Tony Blair fascinado pela rainha, que se considera o salvador; o Charles que oscila, vacila com medo de tornar-se réu; o príncipe Filipe, de uma sinceridade rude, entre outros. Ainda há também o cervo. Ele representa a beleza em estado puro, talvez a de Diana - ele talvez seja a invencionice mais bizarra do filme, mas a rainha está acima de tudo isso, ela tem que estar, querendo ou não. Ah, e ainda
O filme é uma pequena pérola de delicadeza cinematográfica. Parece quase um filme infantil em certos momentos, pois os personagens são de uma ingenuidade e de uma inocência mantidas apenas pelas crianças. Os emotivos, como está escrito no título original, se emocionarão com os personagens tão sofridos, tão guerreiros, tão fracos e tão corajosos. É apesar do medo que lutam contra a timidez, uma luta infinita, posto que faz parte do que são. O filme mosstra a necessiadde de se enfrentar a timidez, bem como a beleza de se aceitar o outro, apesar da timidez. Saber ver o outro no detalhe, no gesto, buscar um canal de comunicação - no filme, o chocolate é o meio pelo qual os personagens principais se comunicam - é essencial para se chegar ao outro e para se sair de si mesmo. As pequenas derrotas e vitórias dos personagens são as de nós mesmos, emotivos como eles.
"Jornada nas Estrelas" na sua melhor forma. Um roteiro que recupera a série original, trazendo seu melhor vilão Khan Noonien-Singh (depois dele, o maior inimigo foram os Borgs). O filme possui um pouco de humor, mas principalmente ação, algum enfoque nas relações pessoais do trio principal, mas o importante mesmo é o conflito entre a Enterprise e a Relliant. O que salva a Enterprise é, não somente a capacidade de seu capitão, mas a confiança da sua tripulação. O combate na nebulosa Mutara é o ponto alto do filme, ainda podendo ser visto com dignidade nesses tempos de CGI. O filme ainda contribuiu para um momento icônico: "KHANNN!!!"
Uma história apocalíptica de Hitchcock. O caos da natureza se abatendo sobre uma cidade sem maiores motivos - a participação da personagem de Tippi Hedren nos eventos não é clara. Acho que um dos motivos que impactou tanto na época foi o fato de os inimigos não serem lobos, leões, etc, mas sim animais tidos como inofensivos. Seu final inconcluso serve de alerta para darmos mais atenção à natureza e não nos considerarmos tão seguros acima dela.
Tá certo que o filme pode ser inserido no contexto de "Guerra nas Estrelas", porém seu contexto "medieval" acaba parecendo bem próximo da saga do "Senhor dos Anéis". A replicação da figura do diabo na Besta é evidente. Há efeitos bons para a época além do lançamento de Liam Neeson como um dos bandoleiros. Gosto especialmente do Gládio, uma arma com visual bastante inusitado. No geral, acho um bom filme.
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3.9 3,5KA fotografia captura muito bem aquele tom meio empoeirado que se via em alguns filmes dos anos 80/90. A abertura é ótima e a performance de Ryan perfeita. O roteiro se apresenta de forma previsível, mas depois tem reviravoltas, mas o mais importante não é a previsibilidade da história, mas o percurso do Driver.
O mundo de Los Angeles parece desértico e frio, inumano. A única coisa humana existente ali é a personagem de Carey Mulligan e seu filho. Eles conseguem que Driver saia da sua rotina dublê-motorista-piloto.
Seu personagem aparece inicialmente quase como um autista, sem falas, sem toques. Ele se socializa e se humaniza no contato com ela e o menino. A cena da carona é ótima nesse sentido.
Revendo a cena é possível ver, ao olhar para a Carey, que ela está pensando "nossa, vou foder com a vida desse cara". Realmente ela fode com a vidinha que ele levava. Ele poderia ter ficado revoltado com o retorno do marido dela, por ter lhe tirado a família que ele parecia prestes a conseguir, porém ele até se torna "amigo" do marido dela
Driver aparece como um samurai hollywoodiano, prezo nas redes do dever e da honra. Além disso, ele tem que dirigir para salvar sua vida e daqueles que ama. O uso das cores dos semáforos é um elemento importante na trama, bem como a música de Kavinsky.
Para Roma Com Amor
3.4 1,3K Assista AgoraAllen parece ter pego um gosto pelo surrealismo ou pelo realismo fantastico. Isso explicaria dica de fantasma em "Scoop", caminhadas transtemporais em "Meia-noite" e a quase onipresença de Alec Baldwin, cantores de chuveiro, etc. O filme é uma declaração de amor ao cinema italiano - até os créditos lembram letreiros de filmes italianos.
Há de novo a idéia de uma certa força da cidade sobre os sentimentos dos personagens; Roma facilitando o amor e/ou a desinibição. Roma, como Londres, como Paris e Barcelona, é uma personagem. Também vale destacar o ótimo elenco italiano.
É elogiável a coragem de Allen
O Clube do Imperador
4.0 203Às vezes penso que no dia em que Luciano Huck e Fausto Silva assistirem esse filme, veremos as seguintes vinhetas:
"Próximo sábado, 'Clube da Tanga' no Caldeirão, loucura, loucura, loucura...."
"Ô loco meu, será que Giovane sabe quem foi o décimo terceiro imperador romano?"
Brinco porque sempre achei esses campeonatos algo totalmente estadunidense, mas como nossa TV tem sido hábil em copiar esses modelos...
Do ponto de vista pedagógico, o campeonato do Clube é algo sem grande valor educativo, pois enfatiza a memorização sobre a compreensão. As aulas inclusive parecem seguir um pouco esse caminho.
Contudo, temos Humderty. Ele faz a diferença. Ele conseguiu transformar aquele conteúdo aparentemente chato e distante em algo atrativo para os alunos. Percebe-se que os alunos gostavam de suas aulas.
Se há no filme algum paralelo com o Sociedade dos Poetas Mortos, ele está no carisma do professor. Porém, a semelhança desaparece aí. Enquanto que o professor Keating do SDPM, como seu nome sugere ("kidding", cuja pronúncia é parecida, quer dizer piada, palhaçada), possui um ar debochado, flamboyant, o professor Humderty de CDI é mais sério, embora bem humorado.
Outra diferença, para mim muito importante. Humderty consegue cativar seus alunos e lhes passar conteúdo. Não que o conteúdo seja um dogma intocável, que tem que ser seguido à risca. Porém, ao final de SDPM, vemos que os alunos não estudaram quase nada além da poesia que era mais passional, cativante.
Humderty é um professor tradicional, que educa pela habilidade de cativar. Cativados, os alunos se encantam com o conteúdo. No caso de Keating, ele também cativa, porém modifica a forma para ter acesso aos alunos.
A proposta de Keating é melhor? Talvez seja a mais defendida atualmente, porém a de Humderty também se mostra eficaz. Ele pode ser um modelo para professores mais formais, que não se adaptam a essa modernidade de ser inovador, ousado, etc.
Ah, há também outra diferença fundamental entre os dois. Keating incentiva seus alunos a serem livres, o que é válido, porém não lhes dá muita assistência. Percebe-se como alguns se perdem na mera brincadeira, bem como outros se envolvem de forma intensa e trágica. O olhar atônito de Keating no final do filme mostra sua tomada de consciência do perigo de sua abordagem.
Humberty se pauta sempre pela preocupação não só com o conteúdo, mas também com a Ética. Embora a questão do campeonato seja importante e vencer seja um forte valor estadunidense, a vitória deve ser justa.
Isso é visto no filme, na forma como embora haja competitividade, não há rivalidade. Os alunos se tornam homens de bem, sem mágoas uns com os outros - à exceção do único caso nocivo (vale destacar que todas as tentativas possíveis de recuperação e auxílio foram feitas, algumas até podendo ser questionáveis).
Sendo assim, é um filme bem diferente de SDPM. Seu apelo maior talvez não seja para os defensores da rebeldia, mas sim para aqueles que seguem as regras, mas que ainda assim tentam (de grão em grão) mudar o mundo - seu sucesso é evidenciado na confiança demonstrada no final do filme no trabalho do professor.
A Rainha
3.7 378Tenho um olhar bastante condescendente para com a rainha. Talvez seja fruto do olhar impresso pelo Stephen Frears. Porém, como alguém bastante afeito a regras, compreendo a situação dela.
Do ponto de vista da individualidade, o direito de expressar ou não tristeza, aparece como uma afronta à sociedade de espetáculo que exije, cobra da rainha que ela faça algo.
Alguém que sempre se preocupou em ser visível sendo invisível, estando presente estando ausente, tinha que talvez pela primeira vez tomar uma posição.
Achei interessante como o filme recupera pontos da vida privada da rainha, como o fato de entender de mecânica. A participação dela no esforço de confortar seus súditos durante a 2ª GM foi totalmente ignorada.
O filme mostra assim, como a mídia rápida, a mesma que transformou a morte de Diana em espetáculo, solapou a hierarquia e a estrutura do império.
Há o Tony Blair fascinado pela rainha, que se considera o salvador; o Charles que oscila, vacila com medo de tornar-se réu; o príncipe Filipe, de uma sinceridade rude, entre outros. Ainda há também o cervo. Ele representa a beleza em estado puro, talvez a de Diana - ele talvez seja a invencionice mais bizarra do filme, mas a rainha está acima de tudo isso, ela tem que estar, querendo ou não.
Ah, e ainda
Românticos Anônimos
3.9 493O filme é uma pequena pérola de delicadeza cinematográfica. Parece quase um filme infantil em certos momentos, pois os personagens são de uma ingenuidade e de uma inocência mantidas apenas pelas crianças.
Os emotivos, como está escrito no título original, se emocionarão com os personagens tão sofridos, tão guerreiros, tão fracos e tão corajosos.
É apesar do medo que lutam contra a timidez, uma luta infinita, posto que faz parte do que são. O filme mosstra a necessiadde de se enfrentar a timidez, bem como a beleza de se aceitar o outro, apesar da timidez.
Saber ver o outro no detalhe, no gesto, buscar um canal de comunicação - no filme, o chocolate é o meio pelo qual os personagens principais se comunicam - é essencial para se chegar ao outro e para se sair de si mesmo.
As pequenas derrotas e vitórias dos personagens são as de nós mesmos, emotivos como eles.
Jornada nas Estrelas II: A Ira de Khan
4.0 143 Assista Agora"Jornada nas Estrelas" na sua melhor forma. Um roteiro que recupera a série original, trazendo seu melhor vilão Khan Noonien-Singh (depois dele, o maior inimigo foram os Borgs).
O filme possui um pouco de humor, mas principalmente ação, algum enfoque nas relações pessoais do trio principal, mas o importante mesmo é o conflito entre a Enterprise e a Relliant.
O que salva a Enterprise é, não somente a capacidade de seu capitão, mas a confiança da sua tripulação. O combate na nebulosa Mutara é o ponto alto do filme, ainda podendo ser visto com dignidade nesses tempos de CGI.
O filme ainda contribuiu para um momento icônico: "KHANNN!!!"
Os Pássaros
3.9 1,1KUma história apocalíptica de Hitchcock. O caos da natureza se abatendo sobre uma cidade sem maiores motivos - a participação da personagem de Tippi Hedren nos eventos não é clara.
Acho que um dos motivos que impactou tanto na época foi o fato de os inimigos não serem lobos, leões, etc, mas sim animais tidos como inofensivos.
Seu final inconcluso serve de alerta para darmos mais atenção à natureza e não nos considerarmos tão seguros acima dela.
Krull
3.5 191 Assista AgoraTá certo que o filme pode ser inserido no contexto de "Guerra nas Estrelas", porém seu contexto "medieval" acaba parecendo bem próximo da saga do "Senhor dos Anéis". A replicação da figura do diabo na Besta é evidente. Há efeitos bons para a época além do lançamento de Liam Neeson como um dos bandoleiros.
Gosto especialmente do Gládio, uma arma com visual bastante inusitado. No geral, acho um bom filme.