Brasil 2021: a doutrina do choque continua com 250.000 mortos, zero vontade política de comprar vacinas e Paulo Guedes (um chicago boy) passando a boiada neoliberal. Bolsonaro não é só mais um idiota, ele serve pra fortalecer o neoliberalismo de maneira autoritária.
Brad que desiste de fugir com Sarah, fazendo isso da maneira mais embuste possível: parando para andar de skate enquanto ela fica sozinha, à noite, com a filha pequena no parque.
dica: a diretora, virginie despentes, é autora de um livro anarco-punk-feminista chamado "teoria king kong". o livro é uma paulada (muito mais que o filme), no sentido de que traz pra pensar o quanto algumas coisas consideradas "normais" se constituem enquanto violências para a mulher a partir da experiência de vida da própria virginie - sua história com o punk, sua vida pública e a prostituição.
deu pra fazer muitos links do livro com o filme, a parte de gloria adolescente no psiquiatra é tirada de lá, por exemplo. enfim, acho que tive uma experiência diferente assistindo o filme depois de ler o livro, mais paciente e menos "para com isso, gloria!"
o filme é emocionante. nesse momento do Brasil de cortes em políticas públicas e desemprego (em que pipocam ocupações urbanas), nos mostra as potencialidades das mobilizações enquanto alternativas de resistência no sistema capitalista.
assisti após iniciar a leitura do "calibã e a bruxa" de silvia federici, teve então - em mim - sua capacidade de emocionar e formar politicamente dobrada. o que federici argumenta sobre a terra e sobre as mulheres, que na transição do feudalismo para o capitalismo os aldeões perderam a terra, mas ganharam uma serva (o corpo feminino tornando-se então o espaço de exploração e resistência, enquanto o dos homens eram as fábricas), foi potencializado em mim com "terra para rose". os espaços comunais de trabalho que silvia traz (e a necessidade com que ressurjam na modernidade, principalmente no trabalho reprodutivo/"doméstico") são exemplificados no reaprender a dividir o trabalho de reprodução, tão bem exposto pelas mulheres no filme - o cozinhar em conjunto, cuidar das crianças, costurar, etc. silvia argumenta que no espaço comum esse trabalho reprodutivo não é mais um fardo e, para isso, chama a atenção para a necessidade de reconhecê-lo como trabalho tanto quanto o trabalho masculino nesse processo de produção/reprodução e sustentação da ordem social capitalista. evidente, também argumenta pela luta de ruptura com essa ordem. além, nessa transição para o capitalismo os hereges tiveram um papel crucial de mobilização, silvia os compara com o movimento da teologia da libertação da igreja católica dos anos 1970-80, aliás presente na ocupação da fazenda annoni.
que exercício pra mim! e que filme forte.
ainda, assisti com meu pai, somos do RS e foi mesmo bonito ver ele entender a luta pela reforma agrária a partir de um local que tem a ver com nossa vida e nossos afetos, com nossa realidade: terrinha vermelha, "erre" puxado e chimarrão no frio na mão. como disse alguém aqui embaixo: a luta continua...
quão genial é um road movie feminista com três mulheres indo até o mar do Pará? adorei! aliás, três mulheres enfrentando cada qual seus próprios "monstros", monstros esses que muitas de nós carregamos também. como não amar?
melhor cena: Eva falando para Melina no carro, "você só fala de homem? você só sabe falar de homem? não sabe falar de outra coisa, não?"
Acho que nunca vou estar preparada o suficiente para filmes que pulam de uma cena de estupro com uma mulher desmaiada, para uma cena engraçada de festa.
Entretanto (!), gostei muito de ver tantas mulheres fortes no filme, apesar de algumas falhas na história (houve um filho ou não?) e de tantas mortes, adorei as personagens peculiares e a fotografia do filme :)
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Tenho Medo Toureiro
3.8 34sensível, profundo, potente. la dona sin nombre tiene mi corazón!
A Doutrina do Choque
4.5 5Brasil 2021: a doutrina do choque continua com 250.000 mortos, zero vontade política de comprar vacinas e Paulo Guedes (um chicago boy) passando a boiada neoliberal. Bolsonaro não é só mais um idiota, ele serve pra fortalecer o neoliberalismo de maneira autoritária.
Pecados Íntimos
3.8 569 Assista Agoraas definições de embuste foram atualizadas
para
Brad que desiste de fugir com Sarah, fazendo isso da maneira mais embuste possível: parando para andar de skate enquanto ela fica sozinha, à noite, com a filha pequena no parque.
Bye Bye Blondie
3.0 34dica: a diretora, virginie despentes, é autora de um livro anarco-punk-feminista chamado "teoria king kong". o livro é uma paulada (muito mais que o filme), no sentido de que traz pra pensar o quanto algumas coisas consideradas "normais" se constituem enquanto violências para a mulher a partir da experiência de vida da própria virginie - sua história com o punk, sua vida pública e a prostituição.
deu pra fazer muitos links do livro com o filme, a parte de gloria adolescente no psiquiatra é tirada de lá, por exemplo. enfim, acho que tive uma experiência diferente assistindo o filme depois de ler o livro, mais paciente e menos "para com isso, gloria!"
Terra Para Rose
4.3 15o filme é emocionante. nesse momento do Brasil de cortes em políticas públicas e desemprego (em que pipocam ocupações urbanas), nos mostra as potencialidades das mobilizações enquanto alternativas de resistência no sistema capitalista.
assisti após iniciar a leitura do "calibã e a bruxa" de silvia federici, teve então - em mim - sua capacidade de emocionar e formar politicamente dobrada. o que federici argumenta sobre a terra e sobre as mulheres, que na transição do feudalismo para o capitalismo os aldeões perderam a terra, mas ganharam uma serva (o corpo feminino tornando-se então o espaço de exploração e resistência, enquanto o dos homens eram as fábricas), foi potencializado em mim com "terra para rose". os espaços comunais de trabalho que silvia traz (e a necessidade com que ressurjam na modernidade, principalmente no trabalho reprodutivo/"doméstico") são exemplificados no reaprender a dividir o trabalho de reprodução, tão bem exposto pelas mulheres no filme - o cozinhar em conjunto, cuidar das crianças, costurar, etc. silvia argumenta que no espaço comum esse trabalho reprodutivo não é mais um fardo e, para isso, chama a atenção para a necessidade de reconhecê-lo como trabalho tanto quanto o trabalho masculino nesse processo de produção/reprodução e sustentação da ordem social capitalista. evidente, também argumenta pela luta de ruptura com essa ordem. além, nessa transição para o capitalismo os hereges tiveram um papel crucial de mobilização, silvia os compara com o movimento da teologia da libertação da igreja católica dos anos 1970-80, aliás presente na ocupação da fazenda annoni.
que exercício pra mim! e que filme forte.
ainda, assisti com meu pai, somos do RS e foi mesmo bonito ver ele entender a luta pela reforma agrária a partir de um local que tem a ver com nossa vida e nossos afetos, com nossa realidade: terrinha vermelha, "erre" puxado e chimarrão no frio na mão. como disse alguém aqui embaixo: a luta continua...
Para ter onde ir
3.5 11 Assista Agoraquão genial é um road movie feminista com três mulheres indo até o mar do Pará? adorei! aliás, três mulheres enfrentando cada qual seus próprios "monstros", monstros esses que muitas de nós carregamos também. como não amar?
melhor cena: Eva falando para Melina no carro, "você só fala de homem? você só sabe falar de homem? não sabe falar de outra coisa, não?"
A Vingança Está na Moda
3.6 311 Assista AgoraAcho que nunca vou estar preparada o suficiente para filmes que pulam de uma cena de estupro com uma mulher desmaiada, para uma cena engraçada de festa.
Entretanto (!), gostei muito de ver tantas mulheres fortes no filme, apesar de algumas falhas na história (houve um filho ou não?) e de tantas mortes, adorei as personagens peculiares e a fotografia do filme :)