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Últimas opiniões enviadas

  • AL Souzza

    Um filme como "Bruna Surfistinha" não convida o espectador esperando dele grandes expectativas e talvez por isso, a experiência de assisti-lo resulte... boa. É bem verdade que o longa recorre a um enredo linear (e muito simplista) ao apresentar a história da jovem Raquel Pacheco, filha adotiva mas bem alimentada da classe média, aluna de escolas tradicionais da elite paulistana (São Luís e Bandeirantes), e que um dia sai de casa e decide virar garota de programa. Da adolescente tímida e deslocada à ascensão no mundo da prostituição, quando adota o nome do título e passa a publicar num blog suas aventuras com clientes, o roteiro toma atalhos para explicar os motivos que a levaram escolher essa vida. Em 'O Doce Veneno do Escorpião', livro que serviu de base para essa adaptação (muito livre, diga-se), conhecemos uma adolescente bem nascida e cleptomaníaca, que usa roupas da moda e parece tratar o sexo como rebeldia, masturbando garotos em baladas. No filme, nas poucas cenas do passado, Raquel tem dinheiro negado pelo pai, não sai à noite e, quando rouba, o roteiro a perdoa: é por questão de vingança e não compulsão! A vitimização da personagem se estende às cenas no presente. Outro exemplo: no livro, Bruna dá a entender que deixou o privê onde convivia com outras garotas de programa porque quis; no filme, ela sai martirizada, expulsa por assumir uma culpa que não teve. Essa insistência em simplificar carências e sentimentos confusos, embora legítimos, termina reforçando uma imagem de fragilidade e frivolidade que tem, ironicamente, muito de machista. Cabem ressalvas também ao dia-a-dia da profissão, mostrado aqui sem julgamentos, mas se prendendo meramente às curiosidades de sua rotina. Assistimos a tudo como tépidos voyeurs, se divertindo até, mas se incomodando por que o enredo limita-se aos lugares comuns.

    Com tantas falhas estruturais no roteiro, é surpreendente que o filme não tenha virado um genuíno abacaxi. E se isso não acontece muito se deve ao diretor estreante em longas-metragens Marcus Baldini. Egresso da publicidade e do mercado de videoclipes, ele mostra segurança ao aplicar ideias e desenvolver o talento de sua equipe. A utilização da trilha sonora como elemento narrativo é um bom exemplo – canções como "Street Spirit (Fade Out)" e "Creep", do Radiohead, são citadas em cenas curtas mas pontuais. O mesmo pode ser dito no trabalho realizado como os atores. Os coadjuvantes em especial estão todos muito bem, com destaque para Drica Morais (uma atriz que dispensa referências), Fabíola Nascimento (de "Estômago") e Guta Ruiz (da série "Alice", da HBO). Nada evidencia a eficácia do cineasta porém, que a maneira como conduz a atuação de sua protagonista. Habilidoso, Baldini consegue um pequeno feito ao amenizar a afetação que costuma caracterizar as performances dramáticas da atriz Deborah Secco, correspondendo em momentos de real sinceridade. Mesmo recorrendo a algumas caras e boca, além de certa respiração arfante (bem típicas da moça), notasse uma atuação esforçada e que vai evoluindo com a personagem. Ainda assim, é fato consumado e seriados como ‘Loucos Por Ela’, exibido no mesmo período, de 2011, não deixa dúvidas: seu verdadeiro timing é mesmo para a comédia. Cercado de boas, e principalmente, más expectativas quando estreou nos cinemas, a obra se tornou rapidamente um sucesso de bilheteria, e como poderia deixar de sê-lo?. O inesperado era que mesmo sem a força para figurar entre os melhores do ano, o filme estava longe de ser a bomba que grande parte do público e mídia esperava. São os acertos da direção que compensam enfim, o roteiro e seu pudor na nudez sincera dos sentimentos.

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  • AL Souzza

    Logo na primeira cena o longa "Intocáveis" apreende o que, em linhas gerais, se esperaria considerando a sinopse — um roteiro que trata seu protagonista, na dependência de sua vida presa numa cadeira de rodas, com o sentimentalismo de sua condição. Na expectativa do que se espera encontrar surpreende portanto, que no desenlace da mesma cena inicial seja o humor, e não a pieguice melodramática, a nortear essa história. A despeito da beleza instrumental este é um filme onde a melancolia do compositor Ludovico Einaudi faz menos sentido que a pulsação dançante das canções do Earth, Wind & Fire, é isso é bom.

    De resumo previsível não será o roteiro e o desenvolvimento correto de cada personagem a melhor captar a atenção do espectador. Afinal, o filme não da conta do que é depender das pessoas na imobilidade de um tetraplégico que não sente nada além de cócegas nas orelhas. Antes pega um exemplo de exceção cujo protagonista é um milionário na precariedade física e emocional da vida de luxo, e cujas vicissitudes da história "baseado em fatos reais" mas parece ter a origem num conto de fadas.

    Se o enredo é por demais encantado na ideia de superação, é o humor inserido em instantes inesperados e seu providencial alívio, somado a atuação de Omar Sy como um imigrante problemático, sem modos ou preparo para assumir a função de cuidador que melhor contrapõe a idealização emocional — sobretudo no caso do ator cujo trabalho oferece o pragmatismo de olhar objetivo ao drama da situação. O comum na construção de uma personagem assim seria o ator reforçar a emoção, ter seus momentos olhando o vazio e viver com os olhos marejados. Omar Sy elimina os enfeites e firulas na interpretação, se atendo a urgência da vida que não permite espaço ao sofrimento, não para negá-ló em alienação mas por entender que para sobreviver e preservar a dignidade será preciso subjugar as emoções sem piedade. Nessa visão, o conteúdo motivacional do filme ganha o necessário contraste, onde o tratamento piedoso de sensibilidade excessiva é substituído pela rudeza e que defende tratar o semelhante como um igual, principalmente quando este estiver em desvantagem.

    É pela escolha do ator e seu modo de atuar, além do humor inesperado e desarmante que a idéia na essência de uma relação, de enxergar o outro sem vitimismo ou condescendência, faz com que a imagem generalizada representando um enredo de fantasia adquira real e específica personificação.

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  • AL Souzza

    Enquanto vemos Lore tomar banho e pentear o cabelo, uma voz conta os passos de um jogo de amarelinha que leva do céu até o inferno, sucessivamente regressando ao ponto inicial. A irmã dela, Liesel, está brincando fora de casa quando o cão da família começa a latir. Elas estão na Alemanha nazista. Lore olha pela janela, e vê que um caminhão do Exército alemão chegou. Descendo a escada, ouve a mãe, Asta, e o pai, Peter, conversando. Ele diz que eles poderão levar apenas o que couber no caminhão. Asta não parece satisfeita. A pressa e as poucas explicações revelam não se tratar de uma mera viagem, mas uma fuga. Recolhendo o essencial, descartam objetos, queimam documentos numa grande fogueira improvisada na parte externa da casa. As provas de vida são sacrificadas, assim como o cão, morto com um tiro na cabeça. Em pouco tempo, Lore, Liesel, os gêmeos Gunter e Jürgen, e o bebê Peter fogem com a mãe. Este será apenas o início do calvário desta família de alemães, ou mais precisamente dos filhos dessa nação derrotada.

    A guerra acabou. Hitler se suicidou. É primavera na Alemanha das trevas. Os alemães foram finalmente vencidos. A adolescente Lore, filha de nazistas, uma princesa ariana, recebe a missão de guiar sozinha os irmãos pela floresta negra. Lore precisará crescer para sobreviver. O seu percurso pelas estradas enlameadas e pelas aldeias empobrecidas do País será uma entrada brutal na idade adulta e um adeus definitivo a uma inocência que Lore compreenderá ser irrecuperável. Num enredo em tudo simbólico, a viagem de Lore em busca de sobrevivência será também um lento ‘abrir de olhos’ à uma realidade até então alienada pelo filtro de uma educação ideológica. Cada passo deste percurso portanto confrontará a adolescente enxergar além da bolha criada pela família nazista, e daí, pela primeira vez, escolher o seu lado, tomar o seu partido.

    Trabalhando sobre uma das três histórias contadas no livro ‘The Dark Room’, de Rachel Seiffert, o roterista Robin Mukherjee e a cineasta australiana Cate Shortland (aqui em seu segundo longa) criam um guião ousado e o tempo todo provocativo. Filmes sobre o holocausto são feitos geralmente pela perspectiva do vilão nazista ou da vítima judia. Em "Lore", são cinco crianças da família do vilão, mas elas são as vítimas, carregam os fatos do mundo nas costas. Ainda assim, paira a questão: a maioria do povo alemão, incluindo sua juventude, sabia o que estava acontecendo de fato, incluindo os campos de extermínio, ou eram enganados pela eficácia da propaganda nazista? Quantos se preocupavam mais com o êxito econômico do regime e ignoravam, propositalmente, a limpeza racial que acontecia paralelamente? São perguntas difíceis e que os roteiristas sabiamente não tentam responder. E é justamente a volatilidade das incertezas que produzem as faíscas de sentimentos conflitantes no espectador. Essa mistura confusa entre querer se aproximar daquelas crianças (pela empatia do sofrimento ali vívido) na mesma medida que se quer distância (pela repulsa do fanatismo ideológico e atrocidades dos pais) é o que torna o filme, enfim, uma experiência inquietante.

    Cate Shortland apresenta uma painel realista da Alemanha logo após o fim da Segunda Guerra Mundial. A acuidade aos detalhes imprime um tom de observação 'à quente', como se olhássemos os acontecimentos ocorrendo no calor do momento. O constrangimento no banho coletivo entre as mulheres, o pânico gerado pela onda de estupros, o suicídio como último ato de ‘dignidade’, as formigas caminhando sob os corpos em decomposição cheios das marcas de violência, a reação de choque e negação aos crimes de guerra cometidos no holocausto, a provável discordância entre os próprios alemães com os caminhos da ditadura de Hitler (num franco clima de 'cada um por si e salve-se quem puder'), a falta de dinheiro, a fome desalentadora, a dependência de estranhos para conseguir comida e a solidariedade acompanhada de exigências. Este é um mundo apresentado em close-ups diretos e claustrofóbicos, onde a beleza das cores da natureza, captadas pela lindíssima fotografia de Adam Arkapaw, contrasta com a desolação de um cenário em ruínas e a desesperadora escuridão (da natureza) humana, capaz de atos tão abomináveis quanto animalescos.

    Ambientando esta trama cheia de silêncios e sons abafados o compositor alemão Max Richter, de outros bons trabalhos como "Valsa Com Bashir" (2008) & "A Chave De Sarah" (2010), apresenta uma partitura alinhada ao conceito do longa. Seus temas - de andamentos vagarosos e baixíssimos tons - sublinham o desespero mantendo a emoção em rigorosa contenção. Em geral, são orquestrações em nada sentimentais (portanto, próximas do espírito alemão) que visam realçar sutilmente a tensão e não ressaltar o drama. Neste sentido, ‘The Dead Man’ é a faixa que melhor expressa essas idéias. ‘End Credits’, por sua feita, surge no soundtrack como espécie de baixa na guarda, depois de tanta frieza e distanciamento, oferecendo melodia com alguma emoção mais aflorada. Cabe a ‘After Gunter's Death’, contudo, melhor representar o projeto. Com estilo envolvente, sua orquestração lembra um feixe de luz a incidir sob espessa escuridão mas sem conseguir penetrá-la completamente, apenas oferecer vislumbres em meio as sombras. É uma melodia que, embora emule um lado sentimental, não mede esforços em subjugar as emoções e mantê-las rigorosamente controladas. Seu arranjo pode soar frio, severo, até mesmo calculado, mas é desta resistência em não ceder as emoções, ou manipulações banais, que trilha sonora e filme adquirem uma beleza de pungência extraordinária.

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  • Filmow
    Filmow

    O Oscar 2017 está logo aí e teremos o nosso tradicional BOLÃO DO OSCAR FILMOW!

    Serão 3 vencedores no Bolão com prêmios da loja Chico Rei para os três participantes que mais acertarem nas categorias da premiação. (O 1º lugar vai ganhar um kit da Chico Rei com 01 camiseta + 01 caneca + 01 almofada; o 2º lugar 01 camiseta da Chico Rei; e o 3º lugar 01 almofada da Chico Rei.)

    Vem participar da brincadeira com a gente, acesse https://filmow.com/bolao-do-oscar/ para votar.
    Boa sorte! :)

    * Lembrando que faremos uma transmissão ao vivo via Facebook e Youtube da Casa Filmow na noite da cerimônia, dia 26 de fevereiro. Confirme presença no evento https://www.facebook.com/events/250416102068445/

  • Rodrigo
    Rodrigo

    gostei mt da tua critica pra bruna surgistinha

  • AL Souzza
    AL Souzza

    Tenho sim Leandro, mas queria te enviar umas duas fotos porque no meu face não tem praticamente nada (de fotos minhas). Ps: desculpa a demora pra responder. Meu email é [email protected]... respondeu (alguma coisa) pelo endereço e eu te envio, blz...

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