Série exemplar, pela forma e conteúdo. O delicado tema do assédio sexual no ambiente de trabalho - ou "má conduta sexual", para usar o neologismo explorado nesta primeira temporada - é abordado com o equilíbrio perfeito entre a sutileza necessária ao assunto, tão sensível, e o peso oriundo de sua importância, especialmente no complexo mundo de hoje. A escolha de pano de fundo - os bastidores de um telejornal matutino - é também explorada à máxima potência, o que resulta em alguns excessos e clichês, mas parece desvendar os meandros desses ambientes tão secretos e, ao mesmo tempo, tão conhecidos. O elenco apresenta atuações excelentes, com total destaque a Billy Crudup e seu coringa Cory, sem demérito dos colegas Steve Carell, Jennifer Aniston, Karen Pittman, Mark Duplass e Marcia Gay Haden. Não só no todo, mas individualmente, os episódios funcionam à perfeição. É pena que tudo que se destaca até o 9o episódio seja completamente abandonado no último episódio, que tem edição, trilha sonora e direção incrivelmente cafonas.
Melhor temporada em anos! A estreia dividida em dois episódios é sempre uma boa forma do público conhecer melhor as queens, a maior parte era tão talentosa, há muitas edições o time não era tão forte! Temporada cheia de plot twists e momentos memoráveis
A proposta do reality é ótima, o casting é bem escalado e mesmo os conflitos que surgem entre participantes e convidados contribuem para o resultado. Os especialistas é que poderiam ter sido melhor preparados para a empreitada, são bem fraquinhos.
A dinâmica não eliminatória estabelecida entre as meninas foi um grande acerto, não estimulando a competição e focando na preparação das participantes para o mercado. Nem precisava de vencedora, mas ao menos foi uma boa escolha.
A série é fantasiosa e essa é a proposta, imaginar como seria se... É leve e entretém, foi bom ter assistido. Boa não é. Não acrescenta ao gênero nem à carreira do Ryan Murphy, já que Pose, Feud e até Glee utilizam a mesma licença poética: um mundo ideal em que pessoas diversas, que não seguem o padrão, têm seus talentos reconhecidos. A única contribuição seria apresentar alguns atores (como Patti LuPone) e personagens reais dos anos de ouro de Hollywood (como Rock Hudson e Henry Wilson) às novas gerações, mas tenho cá minhas dúvidas de que o público vá se ocupar de fazer essa pesquisa, infelizmente.
A série é vexatória! Merece uma estrela apenas pelas atuações de Danielle Winits e Otávio Augusto, que acertam no tom de seus personagens. Os atores jovens são PÉSSIMOS, com menção desonrosa para Matheus Braga, mas a realidade é que o texto erra tanto no tom sombrio e excessivamente dramático que nem grandes atrizes do gabarito de Vera Holtz e Arlete Salles conseguem se salvar, muito menos Daniel Rangel, cuja narração piora ainda mais o que já é péssimo!
Quando lançada, em meados de 2018, a minissérie original da HBO "Sharp Objects" fez algum burburinho. "Big Little Lies", outra produção do canal protagonizada apenas por mulheres, tinha acabado de varrer prêmios no Emmy e no Globo de Ouro e fora dirigida pelo mesmo Jean-Marc Vallée. Além disso, seu roteiro parte de "Objetos Cortantes", livro de Gillian Flynn, escritora especializada em abordar o lado sombrio do sexo feminino que já teve sua obra adaptada para o cinema no quase excelente "Garota Exemplar" (2014). Sem contar a inclusão de Amy Adams e Patricia Clarkson no elenco, nomes normalmente atrelados a projetos cinematográficos de qualidade. Então a série estreou e pouco se falou a respeito, deixando a impressão de que talvez não valesse o interesse. Ledo engano.
Passei os últimos dias de 2018 e o primeiro dia de 2019 consumindo vorazmente seus 8 episódios, que contam a história de Camille Preaker, uma jornalista que volta à sua tacanha cidade natal para investigar os misteriosos assassinatos de duas adolescentes. O retorno às origens significa reencontrar a casa onde cresceu, os desprezíveis colegas da época da escola, os vizinhos de mente pequena, sua severa mãe, uma socialite interiorana que sempre a desprezou, e as lembranças de sua irmã caçula, já falecida. Desde o primeiro episódio, cria-se uma atmosfera envolvente, em que pouco é explicado, mas muito é instigado. O ambiente ensolarado remete à férias de verão, mas o município de Mind Gap está por um triz, assombrada pelo risco de novos crimes violentos e sufocada pelos segredos de cidade pequena.
Embora essa descrição remeta a uma trama policial, não é apenas o mistério que prende o espectador: o drama da protagonista, que intensifica o alcoolismo nesse contexto de extrema pressão e depara-se com os fantasma de sua adolescência traumática, gera empatia e propõe temas como rejeição, autoflagelo, os reflexos de uma sociedade machista em três gerações de mulheres, relações familiares e feminicídio. Apesar disso, a vulnerabilidade de Camille na vida pessoal é equilibrada por seu ar de durona, seu caminhar imponente, seu olhar perspicaz e eloquência sagaz. Amy Adams prova-se, mais uma vez, uma das melhores atrizes de Hollywood em atividade, entregando um de seus melhores trabalhos em meio a um currículo repleto de acertos inegáveis. Ainda assim, Patricia Clarkson encontra espaço pra ser brilhante como sempre e a quase estreante Eliza Scanlen, de apenas 19 anos, surpreende. As 3 principais personagens femininas de "Sharp Objects" transitam entre a sociedade de aparências, a fragilidade de seus segredos e a firmeza de suas verdades, e suas intérpretes não deixam nada na superfície.
A crítica especializada é unanimemente positiva, mas parte do público se queixou do final repentino e menos mastigado que o do livro. No entanto, há coerência no corte lacaniano, quando se pensa na ambientação sombria e na crueza dos temas abordados. Mais importante ainda, toda a história está lá, contada e clara, basta apurar a visão e entender que as cenas dos episódio iniciais, classificadas pelo senso comum como "lentas" e "sem sentido", revelam mais do que os olhos destreinados conseguem enxergar. Quem assistiu ao trabalho do diretor Vallée em "Big Little Lies" sabe que sua técnica de fragmentar o passado dos personagens ao longo da história resulta em um quebra-cabeça revelador. Uma das principais características de seu trabalho é a edição, pela qual foi responsável pessoalmente na minissérie. A transição das cenas é sutil e fundamental para ligar os pontos entre o passado e o presente dos personagens, entre os fatos atuais e as lembranças de Camille - interpretada, na adolescência, por uma quase muda Sophia Lillis, a ruivinha do "terror" "It" (2017). Ao final, tudo se conecta e fica claro de que nenhum take foi em vão ou terminou mal explicado. Nas palavras de sua criadora, Marti Noxon (envolvida nas séries "Buffy" e "Angel"), a conclusão é que você pode mudar a maneira como se relaciona com seu passado, mas não modificar seu passado em si.
"Sharp Objects" concorre neste domingo ao Globo de Ouro nas categorias Minissérie, Atriz e Atriz Coadjuvante em Minissérie. A obra é limitada, ou seja, não é feita em temporadas, seus 8 episódios incluem toda a história. Está disponível nos serviços de streaming Now (Net) e no HBO Go. E pra quem pretende assistir, uma dica: assista os créditos do último episódio até o final! Algumas explicações fundamentais são dadas em cenas curtas inseridas nos últimos segundos do capítulo, os únicos momentos em que a história foge da perspectiva de sua protagonista.
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The Morning Show (1ª Temporada)
4.4 207Série exemplar, pela forma e conteúdo. O delicado tema do assédio sexual no ambiente de trabalho - ou "má conduta sexual", para usar o neologismo explorado nesta primeira temporada - é abordado com o equilíbrio perfeito entre a sutileza necessária ao assunto, tão sensível, e o peso oriundo de sua importância, especialmente no complexo mundo de hoje. A escolha de pano de fundo - os bastidores de um telejornal matutino - é também explorada à máxima potência, o que resulta em alguns excessos e clichês, mas parece desvendar os meandros desses ambientes tão secretos e, ao mesmo tempo, tão conhecidos. O elenco apresenta atuações excelentes, com total destaque a Billy Crudup e seu coringa Cory, sem demérito dos colegas Steve Carell, Jennifer Aniston, Karen Pittman, Mark Duplass e Marcia Gay Haden. Não só no todo, mas individualmente, os episódios funcionam à perfeição. É pena que tudo que se destaca até o 9o episódio seja completamente abandonado no último episódio, que tem edição, trilha sonora e direção incrivelmente cafonas.
RuPaul’s Drag Race (14ª Temporada)
3.9 54Melhor temporada em anos! A estreia dividida em dois episódios é sempre uma boa forma do público conhecer melhor as queens, a maior parte era tão talentosa, há muitas edições o time não era tão forte! Temporada cheia de plot twists e momentos memoráveis
Born to Fashion
4.0 2A proposta do reality é ótima, o casting é bem escalado e mesmo os conflitos que surgem entre participantes e convidados contribuem para o resultado. Os especialistas é que poderiam ter sido melhor preparados para a empreitada, são bem fraquinhos.
A dinâmica não eliminatória estabelecida entre as meninas foi um grande acerto, não estimulando a competição e focando na preparação das participantes para o mercado. Nem precisava de vencedora, mas ao menos foi uma boa escolha.
Hollywood
4.1 330 Assista AgoraA série é fantasiosa e essa é a proposta, imaginar como seria se... É leve e entretém, foi bom ter assistido. Boa não é. Não acrescenta ao gênero nem à carreira do Ryan Murphy, já que Pose, Feud e até Glee utilizam a mesma licença poética: um mundo ideal em que pessoas diversas, que não seguem o padrão, têm seus talentos reconhecidos. A única contribuição seria apresentar alguns atores (como Patti LuPone) e personagens reais dos anos de ouro de Hollywood (como Rock Hudson e Henry Wilson) às novas gerações, mas tenho cá minhas dúvidas de que o público vá se ocupar de fazer essa pesquisa, infelizmente.
Eu, a Vó e a Boi
2.7 29A série é vexatória! Merece uma estrela apenas pelas atuações de Danielle Winits e Otávio Augusto, que acertam no tom de seus personagens. Os atores jovens são PÉSSIMOS, com menção desonrosa para Matheus Braga, mas a realidade é que o texto erra tanto no tom sombrio e excessivamente dramático que nem grandes atrizes do gabarito de Vera Holtz e Arlete Salles conseguem se salvar, muito menos Daniel Rangel, cuja narração piora ainda mais o que já é péssimo!
Objetos Cortantes
4.3 832 Assista AgoraQuando lançada, em meados de 2018, a minissérie original da HBO "Sharp Objects" fez algum burburinho. "Big Little Lies", outra produção do canal protagonizada apenas por mulheres, tinha acabado de varrer prêmios no Emmy e no Globo de Ouro e fora dirigida pelo mesmo Jean-Marc Vallée. Além disso, seu roteiro parte de "Objetos Cortantes", livro de Gillian Flynn, escritora especializada em abordar o lado sombrio do sexo feminino que já teve sua obra adaptada para o cinema no quase excelente "Garota Exemplar" (2014). Sem contar a inclusão de Amy Adams e Patricia Clarkson no elenco, nomes normalmente atrelados a projetos cinematográficos de qualidade. Então a série estreou e pouco se falou a respeito, deixando a impressão de que talvez não valesse o interesse. Ledo engano.
Passei os últimos dias de 2018 e o primeiro dia de 2019 consumindo vorazmente seus 8 episódios, que contam a história de Camille Preaker, uma jornalista que volta à sua tacanha cidade natal para investigar os misteriosos assassinatos de duas adolescentes. O retorno às origens significa reencontrar a casa onde cresceu, os desprezíveis colegas da época da escola, os vizinhos de mente pequena, sua severa mãe, uma socialite interiorana que sempre a desprezou, e as lembranças de sua irmã caçula, já falecida. Desde o primeiro episódio, cria-se uma atmosfera envolvente, em que pouco é explicado, mas muito é instigado. O ambiente ensolarado remete à férias de verão, mas o município de Mind Gap está por um triz, assombrada pelo risco de novos crimes violentos e sufocada pelos segredos de cidade pequena.
Embora essa descrição remeta a uma trama policial, não é apenas o mistério que prende o espectador: o drama da protagonista, que intensifica o alcoolismo nesse contexto de extrema pressão e depara-se com os fantasma de sua adolescência traumática, gera empatia e propõe temas como rejeição, autoflagelo, os reflexos de uma sociedade machista em três gerações de mulheres, relações familiares e feminicídio. Apesar disso, a vulnerabilidade de Camille na vida pessoal é equilibrada por seu ar de durona, seu caminhar imponente, seu olhar perspicaz e eloquência sagaz. Amy Adams prova-se, mais uma vez, uma das melhores atrizes de Hollywood em atividade, entregando um de seus melhores trabalhos em meio a um currículo repleto de acertos inegáveis. Ainda assim, Patricia Clarkson encontra espaço pra ser brilhante como sempre e a quase estreante Eliza Scanlen, de apenas 19 anos, surpreende. As 3 principais personagens femininas de "Sharp Objects" transitam entre a sociedade de aparências, a fragilidade de seus segredos e a firmeza de suas verdades, e suas intérpretes não deixam nada na superfície.
A crítica especializada é unanimemente positiva, mas parte do público se queixou do final repentino e menos mastigado que o do livro. No entanto, há coerência no corte lacaniano, quando se pensa na ambientação sombria e na crueza dos temas abordados. Mais importante ainda, toda a história está lá, contada e clara, basta apurar a visão e entender que as cenas dos episódio iniciais, classificadas pelo senso comum como "lentas" e "sem sentido", revelam mais do que os olhos destreinados conseguem enxergar. Quem assistiu ao trabalho do diretor Vallée em "Big Little Lies" sabe que sua técnica de fragmentar o passado dos personagens ao longo da história resulta em um quebra-cabeça revelador. Uma das principais características de seu trabalho é a edição, pela qual foi responsável pessoalmente na minissérie. A transição das cenas é sutil e fundamental para ligar os pontos entre o passado e o presente dos personagens, entre os fatos atuais e as lembranças de Camille - interpretada, na adolescência, por uma quase muda Sophia Lillis, a ruivinha do "terror" "It" (2017). Ao final, tudo se conecta e fica claro de que nenhum take foi em vão ou terminou mal explicado. Nas palavras de sua criadora, Marti Noxon (envolvida nas séries "Buffy" e "Angel"), a conclusão é que você pode mudar a maneira como se relaciona com seu passado, mas não modificar seu passado em si.
"Sharp Objects" concorre neste domingo ao Globo de Ouro nas categorias Minissérie, Atriz e Atriz Coadjuvante em Minissérie. A obra é limitada, ou seja, não é feita em temporadas, seus 8 episódios incluem toda a história. Está disponível nos serviços de streaming Now (Net) e no HBO Go. E pra quem pretende assistir, uma dica: assista os créditos do último episódio até o final! Algumas explicações fundamentais são dadas em cenas curtas inseridas nos últimos segundos do capítulo, os únicos momentos em que a história foge da perspectiva de sua protagonista.
The Voice (8ª Temporada)
3.8 34Como é que o site tem toda uma preocupação com spoilers, cria mecanismos para sinalizá-los e para prevenir o usuário, mas aprova na descrição do texto de um programa como esse a inclusão do vencedor do programa?