filmow.com/usuario/andersen665
    Você está em
  1. > Home
  2. > Usuários
  3. > andersen665
25 years
Usuário desde Maio de 2019
Grau de compatibilidade cinéfila
Baseado em 0 avaliações em comum

Últimas opiniões enviadas

  • Matheus Andersen

    Howard Philips Lovecraft é, com toda certeza, um dos maiores autores de histórias de terror da história da literatura. Porém não qualquer tipo de terror, mas o terror cósmico: o medo do desconhecido, criaturas que fazem o ser humano parecer um mero grão de areia e que podem levá-lo à loucura, entre outras coisas inomináveis (para quem nunca leu um conto dele, essa é uma das palavras que ele mais usa). Lovecraft conseguiu, com isso, criar uma mitologia de seres de outros lugares do universo e que aqui estão há muito mais tempo que o ser humano, seres esses considerados deuses. O autor se opõe a outras vertentes literárias/filosóficas como o romantismo, o racionalismo e o humanismo para expor uma visão pessimista da existência: a de que nós, meros mortais, somos insignificantes perante os desafios do universo, o que torna a vida ainda mais incompreensível, resultando em loucura e desespero. Além disso, seus contos ainda exerceram forte influência sobre autores como Stephen King, bandas como Metallica e filmes como Alien – O Oitavo Passageiro (1979), O Enigma de Outro Mundo (1982), À Beira da Loucura (1994), It – A Coisa (2017) e Aniquilação (2018). Entre seus principais contos estão O Chamado de Ctulhu, Nas Montanhas da Loucura, Herbert West – Reanimador, O Horror de Dunwich e o conto que é adaptado nesse filme, A Cor que Caiu do Espaço.
    A primeira pergunta que um leitor de Lovecraft (como eu) provavelmente faria (ou não) diante de uma adaptação cinematográfica de um conto do autor é: como diabos vão adaptar isso? E realmente: como se adapta o “desconhecido” para o cinema? É uma tarefa difícil (e até perigosa), mas dois recursos que os realizadores podem usar – e têm liberdade para isso – são a imaginação e a interpretação, e nesse filme isso funciona bem. Uma marca registrada nos contos de Lovecraft, assim como na maioria das histórias de terror e suspense, é o mistério em torno de alguma coisa, nesse caso a tal cor que veio do espaço. E como retratar aquilo que é desconhecido/misterioso se não através da cor? Portanto, começo falando brevemente da paleta de cores desse filme. A predominância do roxo, rosa-choque e magenta serve para acentuar o mistério em torno da cor, enquanto o vermelho é quase imperceptível para ressaltar o perigo que essa cor carrega, perigo este que se torna mais claro gradualmente à medida que o ambiente em que se encontram os Gardner muda, além do fato de as cores trazerem uma atmosfera psicodélica, assim como é feito em Mandy – Sede de Vingança, acentuando a loucura que vai ganhando força entre os Gardner. E falando em mudança, o que essa misteriosa cor faz ao atingir a propriedade daquela família é justamente alterar/interferir tudo ao seu redor (plantação, animais, o comportamento de cada membro da família, aparelhos eletrônicos e até a percepção de tempo e espaço), e é por isso que a situação só vai piorando, criando um clima de tensão constante. O caos se torna realidade aos poucos, assim como nos contos do Lovecraft. Tanto o roteiro quanto a trilha sonora ajudam na construção desse clima: o primeiro busca ao máximo não ser muito explicativo a ponto de parecer uma bula de remédio ou um tutorial, contentando-se apenas em mostrar o que está acontecendo e deixando o espectador pensar por si mesmo sobre o mistério da cor, enquanto a trilha se aprofunda na medida em que as coisas vão ficando mais caóticas utilizando sons eletrônicos que lembram outras trilhas sonoras como as de Hereditário (o compositor, Colin Stetson, é o mesmo inclusive) e Corrente do Mal. As atuações estão boas de forma geral, embora Nicolas Cage dê umas exageradas em alguns momentos, o que, por outro lado, não nos deixa de interpretar esses exageros como o efeito da cor sobre o comportamento dos personagens.
    Quanto à estética do filme (além das cores, claro), ela nos faz lembrar outros longas de terror e suspense: O Iluminado, pela claustrofobia que sufoca os personagens por estarem isolados em um lugar do qual não podem ir embora; O Enigma de Outro Mundo, por conta dos efeitos práticos muito bem feitos e do tema do medo do desconhecido; Aniquilação, devido ao ambiente que muda com o passar do tempo e à loucura que assola aqueles que topam com o “desconhecido”; e À Beira da Loucura, pelos mesmos motivos citados anteriormente. Agora, se posso apontar um problema no filme é o exagero no CGI principalmente no terceiro ato, já que no restante do filme ele é mais moderado e controlado apenas para pontuar algumas mudanças no ambiente. Quanto a Nicolas Cage, já o abordei anteriormente, mas creio que sua atuação nesse longa poderá dividir a opinião das pessoas. Eu, particularmente, achei que ele até se saiu bem, apesar dos exageros.
    No final das contas, A Cor que Caiu do Espaço se sai muito bem como uma adaptação do conto de Lovecraft, preservando sua essência mesmo sendo trazido para os dias de hoje (o que não é uma péssima ideia), mostrando o quão os realizadores foram competentes em retratar o famigerado desconhecido/inominável tão presente na obra desse grande mestre do terror. Sinceramente espero que outros contos dele sejam adaptados para o cinema, embora isso vá requerer muita imaginação e muito cuidado por parte dos realizadores, já que a mitologia lovecraftiana é muita rica em detalhes e mistérios que nos deixam na ponta da cadeira.
    Nota: 9/10

    Você precisa estar logado para comentar. Fazer login.
  • Matheus Andersen

    Ficção científica é um dos meus gêneros de filme favoritos. Entre meus favoritos estão 2001 - Uma odisseia no Espaço (a melhor ficção para mim), Metrópoles, Planeta dos Macacos, as trilogias De volta para o futuro e Star Wars (episódios IV a VI), Blade Runner, Matrix, Distrito 9, A Chegada, Avatar... é filme que não acaba mais. Cada longa, na maioria das vezes, busca transmitir um determinado ponto de vista sobre certo tema, e cada espectador pode tirar suas próprias conclusões sobre ele. Para isso, porém, o filme necessita de um roteiro bem construído e que busque não explicar tudo, entregar tudo (ou quase tudo) de bandeja para o espectador como se estivesse falando "Sou inteligente demais para você me compreender, sua anta" na nossa cara. O interessante é quando o roteiro mostra apenas o essencial/necessário, deixando o resto para posterior interpretação, que podemos desenvolver não apenas a partir das falas, mas também da fotografia, do som, da direção de arte etc. (Vale lembrar que tudo isso é válido para qualquer gênero de filme). No caso de Interestelar, isso é, no mínimo, polêmico. Todavia, terei que ser sincero sobre esse filme, a começar pelo roteiro e pela narrativa.
    Na trama, a Terra passa por problemas devido à falta de recursos (basicamente uma distopia), e para salvar a humanidade, um grupo de astronautas vai em busca de um novo planeta para preservar a continuidade da espécie humana. Só de ler a sinopse, a curiosidade (em especial de fãs de ficção, como eu) já é despertada. Portanto, sim, é interessante. Quanto ao roteiro e à narrativa, não posso dizer o mesmo. O primeiro ato até começa bem explorando a relação entre o pai (Cooper) e a filha (Murph), que é bem construída no primeiro ato, já demonstrando um quê de Steven Spielberg, que também gosta de explorar relações entre pais e filhos. O problema mesmo está no segundo ato em diante, quando Cooper e outros astronautas recebem a missão de encontrar outro planeta para salvar a humanidade. Posso resumir esse ato em duas palavras: frieza e indiferença. Sério, como é que Cooper e os outros não demonstram nenhuma reação quando estão no espaço, atravessam o buraco de minhoca ou chegam em determinado lugar? Para tudo reagem com a maior frieza, como se já tivessem feito aquilo umas 500 vezes. Sem contar a parte em que a personagem da Anne Hathaway fala que "o amor transcende o tempo e o espaço", que soa descontextualizado e estranho. Claro, o problema não é a fala em si, mas a maneira como foi jogada naquela cena e o fato de os outros não questionarem. E o que dizer daquele final? Resumo novamente em duas palavras: ridículo e lastimável. Eu até me pergunto: "como é que o Christopher Nolan não teve noção desse ridículo?". Enfim, no tocante ao roteiro, concluo da seguinte forma: é muito arrogante, ou seja, explica demais de maneira desnecessária como se o espectador não fosse entender absolutamente nada. Uma explicação ou outra até que não faria mal, mas precisava ser mais didático que uma bula de remédio? Todo esse didatismo exacerbado e o excesso de sentimentalismo acabam por causar inconsistência e desequilíbrio na trama, fazendo o roteiro mais parecer um tutorial. Recomendo que leiam o artigo Interestelar e a inconsistência tonal para tentarem entender o que disse acima.
    Agora, em relação aos aspectos visuais e sonoros, não posso negar: são de deixar qualquer um de queixo caído. Quem gosta e admira o trabalho de Christopher Nolan sabe muito bem que ele não gosta de utilizar muito CGI em seus filmes, e não é diferente em Interestelar: desde a cena de tempestade de areia na Terra no primeiro ato até quando Cooper entra pelo buraco negro foram feitas da maneira mais realista possível, sendo melhor que muitos filmes por aí que exageram no CGI, mas acabam ficando uma porcaria. O que mais impressiona nesse filme (e me faz gostar bastante dele, apesar do roteiro) é justamente esse realismo característico dos filmes do Nolan. Percebe-se isso, por exemplo, no formato das naves: não é surreal demais, dando a impressão de ser mais palpável, mais próximo da realidade. Quanto à trilha sonora, composta por ninguém menos que Hans Zimmer, é com certeza uma das mais lindas de sua carreira e casa bem com os lugares pelos quais os personagens passam no espaço. Um exemplo disso é quando os personagens param naquele planeta assolado por tsunamis e quando a câmera foca numa onda de baixo para cima, dando a impressão de insignificância/pequenez diante de algo desconhecido. Nessa parte, a música se intensifica, deixando-nos vislumbrados e, ao mesmo tempo, com uma sensação de perigo. É simplesmente lindo demais. Outro elemento que chama a atenção em Interestelar é o aspecto científico. Percebe-se um certo rigor em relação a isso, uma vez que Nolan buscou ao máximo retratar tudo (ou quase) da maneira mais realista possível, fugindo da fantasia. Durante a produção do filme, inclusive, o diretor teve uma colaboração de um físico para isso. E esse rigor podemos ver principalmente na cena do buraco negro. Sério, QUE CENA MARAVILHOSA! Sua representação no filme chega a ser considerada a mais próxima da realidade por físicos e astrofísicos, sendo até utilizada para pesquisas da área. É realmente magnífico!
    Conclusão: Interestelar não chega a ser o suprassumo da ficção científica, mas ainda assim impressiona com seu visual (fotografia e direção de arte), trilha sonora e algumas boas atuações (em especial a de Matthew McConaughey), além do rigor científico adotado por Christopher Nolan. Tudo isso me faz gostar do filme, mas me decepciona o fato de a narrativa ser fria e inconsistente principalmente a partir do segundo ato, sem falar no didatismo do roteiro, que chega a ser ridículo e arrogante. Por isso me recuso a colocar Interestelar no mesmo patamar dos filmes que citei acima. Mas ainda assim, repito, amo esse filme pelo seu visual realista e pelo rigor científico, que me deixam boquiaberto.
    Nota: 8/10.

    Você precisa estar logado para comentar. Fazer login.
  • Matheus Andersen

    Recontar um clássico conto de fada realmente não é uma má ideia, principalmente quando recontada como uma história de terror (afinal, muitas versões originais dos contos de fada se aproximavam do terror, como Chapeuzinho Vermelho). Esse é o caso de Maria e João: O conto das bruxas, dirigido por Osgood Perkins, filho de Anthony Perkins, conhecido por sua icônica atuação como Norman Bates em Psicose (1960). Juro para vocês que estava ansioso para assistir a esse filme por duas razões: primeiro por recontar um clássico conto de fada publicado pela primeira vez há mais de duzentos anos, e segundo porque a atmosfera do longa me fez lembrar um pouco filmes de terror atuais como A Bruxa e Hereditário, filmes esses que possuem uma atmosfera macabra pesada e agonizante, com cenários escuros em que o perigo/mal pode estar em qualquer lugar.
    E Maria e João consegue, nesse quesito, recriar um cenário onde predominam cores mortas para transmitir a sensação de que os personagens se encontram num lugar perigoso e sombrio. Logo, a paleta de cores do filme é certeira para tal objetivo, colaborando assim com uma fotografia que realmente chama a atenção A direção de arte é competente ao recriar principalmente a casa da bruxa: no conto clássico, a casa é feita de doce, dando a entender que é um lugar bonito e "delicioso" por fora, mas que por dentro ocorre algo que ninguém imaginaria que poderia acontecer num lugar desses; já no filme, a casa já transmite uma sensação de ser um lugar hostil e sombrio, com uma coloração bastante preta por fora e por dentro uma iluminação amarela bem saturada. Percebe-se, portanto, uma influência de Guillermo del Toro e Tim Burton na construção do cenário, já que ambos os diretores são conhecidos por usarem cenários fantásticos sombrios para contar suas histórias. Já a trilha sonora é, ao lado das direções de arte e de fotografia, o que mais me chamou a atenção, pois faz lembrar as trilhas sonoras de filmes como Halloween, A Hora do Pesadelo e Corrente do Mal, devido ao uso de sintetizadores, que buscam intensificar acentuar a tensão em determinados momentos... mas no caso de Maria e João, isso não ocorre tão bem quanto o esperado. E é aqui que começo a realmente apontar o maior defeito do filme (e que defeito!): o roteiro.
    Vamos lá: o filme busca contar a clássica história de João e Maria, o que não é problema nenhum, já que visa apresentar uma nova versão da história. Eu particularmente gosto disso, ainda mais quando acrescentam no filme temas atuais, como foi o caso de O Homem Invisível, que busca abordar o tema da violência contra a mulher, e faz com precisão e sem enrolar, assim modernizando um clássico da literatura sem abandoná-lo completamente. Mas o caso de Maria e João é o contrário. O roteiro só se sai bem de fato bem no quesito que acabei de abordar, ou seja, na modernização do conto. É até legal ver a história se passar provavelmente num ambiente medieval enquanto um tema atual é tratado (embora se tenha o perigo de se cair em anacronismos, sendo necessário muito cuidado). Mas o que vem depois disso no filme é ladeira abaixo. O filme tem uma hora e meia, mas a impressão que tive foi de que durou mais de duas horas, pois a história não ia para frente, além de muitas outras coisas que acontecem no meio do filme que não levam a lugar algum. E tudo isso na tentativa de abordar o tema do amadurecimento/independência, que é bagunçada e confusa. Chegou um momento em que não estava entendendo mais nada devido ao monte de coisas desnecessárias acontecendo. E o final é tão corrido que quando o filme acabou, fiquei tipo: "Beleza, e daí? É só isso? Sério?" Com isso, o filme acaba se achando mais do que realmente é: uma grande massa amorfa confusa e perdida.
    Portanto, minha conclusão é a seguinte: o filme não é inteiramente ruim, mas seu roteiro, que tinha tudo para ser bem escrito e planejado, acaba sendo tão frágil e bagunçado que não consegue sustentar a história por muito tempo. O que realmente carrega o filme nas costas são a trilha sonora e as direções de arte e de fotografia (as atuações se saíram regulares), sendo assim um tripé que podia ser um "quadripé", não fosse a incompetência de um roteiro que atira para todos os lados, que tenta fazer do filme muitas coisas ao mesmo tempo e que acha que é super inteligente, mas não passa de algo sem forma e sem identidade.
    Nota: 6,5/10

    Você precisa estar logado para comentar. Fazer login.

Este site usa cookies para oferecer a melhor experiência possível. Ao navegar em nosso site, você concorda com o uso de cookies.

Se você precisar de mais informações e / ou não quiser que os cookies sejam colocados ao usar o site, visite a página da Política de Privacidade.