Fiquei pensando que ao mesmo tempo que os alunos incorporam papeis sociais- estes mais poderosos que as supostas personalidades pacíficas e morais- o pesquisador e psicólogo que comandava a pesquisa acaba incorporando o papel de diretor autoritário de uma prisão. Ele mesmo é objeto de sua própria pesquisa, portanto. Outra coisa que chama atenção é que para o experimento funcionar, os alunos precisam ficar pelo tempo estabelecido(1 ou 2 semanas). Assim, durante este tempo, eles de fato estão presos. A prisão não é um simulador, ela é real. Gosto da ideia de problematizar o quanto podemos sair de "nós mesmos"; essa ilusão que criamos sobre o que somos. O quanto somos passíveis de perder o controle e nos tronarmos algo irreconhecível. Fiquei imaginando uma troca no meio do filme, em que os guardas se tornassem prisioneiros, e vice-versa. Poderia ser interessante observar como se comportariam. Entretanto acho este tipo de experimento puro sadismo e devem haver outros meios de se provar teorias de pressão social e papéis sociais, que não uma "simulação"( que não tem nada de simulada) onde qualquer limite de dignidade humana é desrespeitado.
Primeiro, rapidinho: o que a Magali Biff atuou nesse filme é algo pra ser notado. Caramba. O tanto de angústia que ela expressou sem dizer quase nada, só com as feições, o movimento e postura corporal, foi um negocio alucinante. E o trabalho de direção da Caroline Leone também colaborou demais. O tanto de silêncio que compõe esse filme e só colabora para a imersão nele. Gostei demais. O som e os planos em primeira pessoa. Ta aí um jeito relativamente simples de se criar empatia com uma personagem. Na ausência de falas, o barulho do mundo se exibe. É ela viajando contra a própria vontade e o silencio preenchendo todo o carro, mas ao mesmo tempo os barulhos da rua- buzinas, pneus correndo, aquele som que ouvimos quando um automóvel passa a milhão do nosso lado, lembrando uma rajada de vento. O ambiente nos torturando com aquela combinação desordenada de sons e o mundo interno da personagem a torturando da mesma forma. Ou Rosália, diante daquela enorme queda d'água de gigantescas bolhas se atropelando, sendo perfurada, possuída pela força simbólica que aquela imagem e aquele som mesclados produzem. Não parece certo ficar falando por falar. Talvez só seja um momento de não falar nada, que precisa ser vivido. Dos planos que sugerem a visão da personagem, gostei das vistas pela janela do carro: as gigantescas plantações de soja ou milho, o ciclista de beira de estrada, homens trabalhando em uma construção com barro e tijolos, montanhas quase escondendo o sol que vai se pondo. É o silêncio interno que parece a melhor saída e permite abraçar tudo que está fora. Contemplação. Sair de si. Não falar. Observar. Ouvir. Sentir. E perceber que há motivos sim para sorrir, mas é preciso sair. Entrar em contato com as milhões de possibilidades de encantamento, iluminação, reflexão que estão lá fora. Para falar com as pessoas, para compartilhar dores, saudades. Para rir de bobeiras. Para ensinar bordado. Para compartilhar uma música que era muito compartilhada com a mãe falecida, e precisa ser sempre lembrada. Para ver os outros, que como você se sentem velhos, mas estão dançando, interagindo, sorrindo, tentando. E com tudo isso, ter esperança. Viver com pulsão e sorrir, até a última gota cair e secar nossa vida.
Nao lembrava o que era gargalhar descontroladamente em uma cena; quem viu sabe a qual me refiro. Alem de um filme muito engraçado, é extremamente reflexivo:
a relação entre o pai e a filha é muito bem construida, gerando desconforto no espectador pela distancia emocional entre os dois. Nos faz olhar para nossas familias e vidas. E os acontecimentos paralelos relacionados à morte(cão e avó) me trouxeram a sensaçao de que Ines passava entao a sentir o tempo correr e a partida dos outros, fazendo com que olhasse para si mesma e talvez imaginar a morte de seu pai ou ate mesmo o fim da propria existencia. Ines passa a buscar acabar com as mascaras e se libertar. A cena final em que a personagem adota trejeitos do pai é extremamente simbolica e a forma como o filme termina é dura e precisava ser.
Acho difícil comentar algo depois de assistir a esse filme. Não quero analisá-lo. Mas com certeza deu pra senti-lo. Não há melhor sensação que sair de um filme tocado e pensativo como eu saí. Parabéns a todos os envolvidos em assegurar o espaço desta história no cinema. Em uma palavra: Necessário.
Traumatizei com o filme quando tinha uns 11 anos, fui rever com outros olhos agr e achei um puta filme. O fato de não ser fiel ao livro não me incomoda, primeiro, porque não li o livro, o que evita traçar paralelos, e segundo porque acredito que o filme deva ser analisado pela obra em si, e o filme é MUITO bom.
Não é aquele filme cheio de jump scares mas a tensão é aterrorizante. Jack Nicholson ta espetacular, não tinha ninguém melhor que ele para esse papel, acredito eu. A Shelley Duvall ficou um pouco irritante na minha opinião, mas acho que a personagem dela pedia um pouco isso. A trilha sonora é enorme e combinada com o enorme vazio do hotel foi fundamental para o clima de tensão. Quem estiver esperando um ritmo rápido pode se decepcionar, o filme pede um certo compromisso do espectador
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O Experimento de Aprisionamento de Stanford
3.8 332 Assista AgoraFiquei pensando que ao mesmo tempo que os alunos incorporam papeis sociais- estes mais poderosos que as supostas personalidades pacíficas e morais- o pesquisador e psicólogo que comandava a pesquisa acaba incorporando o papel de diretor autoritário de uma prisão. Ele mesmo é objeto de sua própria pesquisa, portanto.
Outra coisa que chama atenção é que para o experimento funcionar, os alunos precisam ficar pelo tempo estabelecido(1 ou 2 semanas). Assim, durante este tempo, eles de fato estão presos. A prisão não é um simulador, ela é real.
Gosto da ideia de problematizar o quanto podemos sair de "nós mesmos"; essa ilusão que criamos sobre o que somos. O quanto somos passíveis de perder o controle e nos tronarmos algo irreconhecível. Fiquei imaginando uma troca no meio do filme, em que os guardas se tornassem prisioneiros, e vice-versa. Poderia ser interessante observar como se comportariam. Entretanto acho este tipo de experimento puro sadismo e devem haver outros meios de se provar teorias de pressão social e papéis sociais, que não uma "simulação"( que não tem nada de simulada) onde qualquer limite de dignidade humana é desrespeitado.
Pela Janela
3.5 57Primeiro, rapidinho: o que a Magali Biff atuou nesse filme é algo pra ser notado. Caramba. O tanto de angústia que ela expressou sem dizer quase nada, só com as feições, o movimento e postura corporal, foi um negocio alucinante. E o trabalho de direção da Caroline Leone também colaborou demais. O tanto de silêncio que compõe esse filme e só colabora para a imersão nele. Gostei demais.
O som e os planos em primeira pessoa. Ta aí um jeito relativamente simples de se criar empatia com uma personagem. Na ausência de falas, o barulho do mundo se exibe. É ela viajando contra a própria vontade e o silencio preenchendo todo o carro, mas ao mesmo tempo os barulhos da rua- buzinas, pneus correndo, aquele som que ouvimos quando um automóvel passa a milhão do nosso lado, lembrando uma rajada de vento. O ambiente nos torturando com aquela combinação desordenada de sons e o mundo interno da personagem a torturando da mesma forma. Ou Rosália, diante daquela enorme queda d'água de gigantescas bolhas se atropelando, sendo perfurada, possuída pela força simbólica que aquela imagem e aquele som mesclados produzem. Não parece certo ficar falando por falar. Talvez só seja um momento de não falar nada, que precisa ser vivido.
Dos planos que sugerem a visão da personagem, gostei das vistas pela janela do carro: as gigantescas plantações de soja ou milho, o ciclista de beira de estrada, homens trabalhando em uma construção com barro e tijolos, montanhas quase escondendo o sol que vai se pondo. É o silêncio interno que parece a melhor saída e permite abraçar tudo que está fora. Contemplação. Sair de si. Não falar. Observar. Ouvir. Sentir. E perceber que há motivos sim para sorrir, mas é preciso sair. Entrar em contato com as milhões de possibilidades de encantamento, iluminação, reflexão que estão lá fora. Para falar com as pessoas, para compartilhar dores, saudades. Para rir de bobeiras. Para ensinar bordado. Para compartilhar uma música que era muito compartilhada com a mãe falecida, e precisa ser sempre lembrada. Para ver os outros, que como você se sentem velhos, mas estão dançando, interagindo, sorrindo, tentando. E com tudo isso, ter esperança. Viver com pulsão e sorrir, até a última gota cair e secar nossa vida.
As Faces de Toni Erdmann
3.8 257 Assista AgoraNao lembrava o que era gargalhar descontroladamente em uma cena; quem viu sabe a qual me refiro. Alem de um filme muito engraçado, é extremamente reflexivo:
a relação entre o pai e a filha é muito bem construida, gerando desconforto no espectador pela distancia emocional entre os dois. Nos faz olhar para nossas familias e vidas. E os acontecimentos paralelos relacionados à morte(cão e avó) me trouxeram a sensaçao de que Ines passava entao a sentir o tempo correr e a partida dos outros, fazendo com que olhasse para si mesma e talvez imaginar a morte de seu pai ou ate mesmo o fim da propria existencia. Ines passa a buscar acabar com as mascaras e se libertar. A cena final em que a personagem adota trejeitos do pai é extremamente simbolica e a forma como o filme termina é dura e precisava ser.
A Lista de Schindler
4.6 2,3K Assista AgoraAcho difícil comentar algo depois de assistir a esse filme. Não quero analisá-lo. Mas com certeza deu pra senti-lo. Não há melhor sensação que sair de um filme tocado e pensativo como eu saí. Parabéns a todos os envolvidos em assegurar o espaço desta história no cinema. Em uma palavra: Necessário.
O Iluminado
4.3 4,0K Assista AgoraTraumatizei com o filme quando tinha uns 11 anos, fui rever com outros olhos agr e achei um puta filme. O fato de não ser fiel ao livro não me incomoda, primeiro, porque não li o livro, o que evita traçar paralelos, e segundo porque acredito que o filme deva ser analisado pela obra em si, e o filme é MUITO bom.
Não é aquele filme cheio de jump scares mas a tensão é aterrorizante. Jack Nicholson ta espetacular, não tinha ninguém melhor que ele para esse papel, acredito eu. A Shelley Duvall ficou um pouco irritante na minha opinião, mas acho que a personagem dela pedia um pouco isso. A trilha sonora é enorme e combinada com o enorme vazio do hotel foi fundamental para o clima de tensão. Quem estiver esperando um ritmo rápido pode se decepcionar, o filme pede um certo compromisso do espectador