O curta, brilhantemente dirigido por Gabriela Amaral Almeida, acompanha a personagem Isabel, vivida por Maeve Jinkings, que aqui interpreta uma babá designada a cuidar de Joana, interpretada por Cecilia Toledo, filha da personagem sem nome vivida por Clarissa Kiste, que ganha apenas uma breve participação na história.
Na trama, a babá Isabel está grávida de seis meses e, enquanto recebe telefonemas esporádicos de sua mãe, pensa no nome que dará à sua filha. Enquanto a narrativa se desenrola, acompanhamos uma sucessão de acontecimentos estranhos, intrigantes e aterrorizantes, que deixariam orgulhosos o próprio Dario Argento e o cinema italiano de horror. A direção empregada por Gabriela Amaral Almeida é extremamente lúcida, inspirada e enervante. A diretora posiciona a câmera de maneira perspicaz, realizando alguns planos mais fechados e alguns close-ups de tal modo que imprime uma atmosfera tensa, conflitante e angustiante, maravilhosamente bem construída pelo seu roteiro fortemente inspirado e influenciado pelo supracitado diretor italiano.
Além do trabalho de direção e roteiro, acredito ser de extrema importância o destaque para as atuações. A Cecilia Toledo interpreta uma garota que não é o que aparenta ser, triste pela morte do seu cachorro. O trabalho de atuação entre ela e a Maeve Jinkings é absurdamente incrível, o que favorece para o estabelecimento de uma interação e uma relação natural e extremamente orgânica entre as duas. A fotografia e direção de arte são outros pontos fortes do curta. É possível notar que a fotografia de André Brandão e a direção de arte de Luana Demange apresentam um equilíbrio milimetricamente construído entre cores mais lavadas e saturadas, filtros azulados e avermelhados, estabelecendo bem a atmosfera tensa e claustrofóbica do curta, através da constância e da proporcionalidade entre o quente e o frio que, juntamente à narrativa gradualmente perturbadora, promove um senso de oscilação entre tensão e calma no expectador. Além disso, há alguns elementos, figuras desenhadas em algumas paredes e uma simetria que nos remete aos filmes Suspiria e Prelúdio Para Matar, do diretor italiano Dario Argento. Todos esses elementos e o clima tenso criado pelo curta do início ao fim, somados aos comportamentos suspeitos das duas personagens, favorecem para o crescimento gradual do suspense. Em relação ao clímax da película, posso dizer, sem mais detalhes e descrições, que é tão fascinante, intrigante e perturbador quanto o resto de sua história e a atuação das duas atrizes.
“Estátua!” é um curta tenso, intrigante e perturbador, que apresenta personagens suspeitos, situações esquisitas e brinca com as emoções do espectador, culminando num final de tirar o fôlego, que faz jus ao seu título.
Através do olhar de um garoto de classe média, o curta dirigido por Marcelo Matos de Oliveira e Wallace Nogueira traz um breve ensaio envolvente, psicológico, sufocante e angustiante sobre a ganância e a ambição do ser humano, que na jornada inexorável pela busca por válvulas de escape que preencham o seu vazio existencial e atenuem os seus conflitos, tédios e a solidão intrínseca aos seus universos particulares, inevitavelmente se deparam com algo que é de posse do outro, desejando isso para si.
O curta retrata com uma objetividade e precisão impecáveis a vida de um garoto que, mesmo cercado de todos os aparatos e elementos materiais prováveis para um sujeito pertencente a uma classe social mais privilegiada, ainda assim é acometido pela solidão, pelo tédio e por uma angústia enervantes, que só são aplacados quando ele passa a desejar um cachorrinho pertencente a um menino de rua, representante de uma classe social menos abastada. A película também nos apresenta a figura do pai, desenvolvendo-o como um sujeito negligente e relapso no que diz respeito à criação do filho. Além da ganância e da ambição retratadas na trama, a ausência paterna também é um tema muito presente e extremamente forte na narrativa. Ao longo da trama fica claro que o pai depreende um esforço extenuante no trabalho para dar tudo do bom e do melhor para um filho que não retribui o merecido valor. Isso é tão negativo quanto positivo ao mesmo tempo, pois como o pai só pensa no trabalho, isso faz com que se crie um distanciamento entre ele e o filho, tornando-o cada vez mais ausente na vida do garoto.
O curta também nos apresenta a figura de um menino de rua, que tem o seu cachorro roubado pelo garoto que mora no prédio. A película nos apresenta elementos que demonstram e representam essa solidão e essa angústia sufocante vivida pelo protagonista de classe média; elementos estes que vão desde um bonequinho afogado num copo d'água a uma bombinha de asma. Trazendo a discussão para o campo técnico, também é possível notar o constante uso de planos fechados utilizados pelos diretores, para precisamente representar a agonia e a angústia vivida pelos dois protagonistas. Também ressalto aqui os vários elementos que representam os contrastes sociais em que os dois personagens principais estão inseridos. Esses elementos estão estratificados no curta desde a notável distinção entre as roupas utilizadas pelos garotos, até a arquitetura e a geografia do lugar onde habitam. Era de se imaginar que o garoto mais pobre utilizaria vestes mais modestas e surradas, enquanto o outro, roupas perfeitamente delineadas e inalteradas. Enquanto um mora num prédio, cercado do bom e do melhor, o outro, vive na pracinha mais próxima ao lado de outros garotos de rua. Ademais, há um elemento de interesse em comum entre os dois: um cachorro. A presença do cachorro é um dos pontos mais importantes do curta, pois através dele se estabelece o conflito principal entre os dois protagonistas: enquanto um - cercado de tudo que uma criança de classe média pode ter e mesmo assim é tomado pela solidão, vazio e angústia – tenta possuir aquilo que não é seu, o outro, cercado de muito pouco, luta pela posse daquilo que lhe pertence por direito.
Esse conflito culmina num final chocante e impactante, retratando de maneira agoniante e revoltante a desprezível ambição, crueldade e o poder exercido por pessoas de classes mais privilegiadas, em cima de indivíduos com baixo poder aquisitivo, advindos de classes sociais menos abastadas.
Curta maravilhoso e extremamente fascinante! O cachorro de lata é uma criatura adorável. Me emocionou mais do que muitos cachorros de verdade que vemos em filmes por aí.
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Estátua!
3.6 13O curta, brilhantemente dirigido por Gabriela Amaral Almeida, acompanha a personagem Isabel, vivida por Maeve Jinkings, que aqui interpreta uma babá designada a cuidar de Joana, interpretada por Cecilia Toledo, filha da personagem sem nome vivida por Clarissa Kiste, que ganha apenas uma breve participação na história.
Na trama, a babá Isabel está grávida de seis meses e, enquanto recebe telefonemas esporádicos de sua mãe, pensa no nome que dará à sua filha. Enquanto a narrativa se desenrola, acompanhamos uma sucessão de acontecimentos estranhos, intrigantes e aterrorizantes, que deixariam orgulhosos o próprio Dario Argento e o cinema italiano de horror. A direção empregada por Gabriela Amaral Almeida é extremamente lúcida, inspirada e enervante. A diretora posiciona a câmera de maneira perspicaz, realizando alguns planos mais fechados e alguns close-ups de tal modo que imprime uma atmosfera tensa, conflitante e angustiante, maravilhosamente bem construída pelo seu roteiro fortemente inspirado e influenciado pelo supracitado diretor italiano.
Além do trabalho de direção e roteiro, acredito ser de extrema importância o destaque para as atuações. A Cecilia Toledo interpreta uma garota que não é o que aparenta ser, triste pela morte do seu cachorro. O trabalho de atuação entre ela e a Maeve Jinkings é absurdamente incrível, o que favorece para o estabelecimento de uma interação e uma relação natural e extremamente orgânica entre as duas. A fotografia e direção de arte são outros pontos fortes do curta. É possível notar que a fotografia de André Brandão e a direção de arte de Luana Demange apresentam um equilíbrio milimetricamente construído entre cores mais lavadas e saturadas, filtros azulados e avermelhados, estabelecendo bem a atmosfera tensa e claustrofóbica do curta, através da constância e da proporcionalidade entre o quente e o frio que, juntamente à narrativa gradualmente perturbadora, promove um senso de oscilação entre tensão e calma no expectador. Além disso, há alguns elementos, figuras desenhadas em algumas paredes e uma simetria que nos remete aos filmes Suspiria e Prelúdio Para Matar, do diretor italiano Dario Argento. Todos esses elementos e o clima tenso criado pelo curta do início ao fim, somados aos comportamentos suspeitos das duas personagens, favorecem para o crescimento gradual do suspense. Em relação ao clímax da película, posso dizer, sem mais detalhes e descrições, que é tão fascinante, intrigante e perturbador quanto o resto de sua história e a atuação das duas atrizes.
“Estátua!” é um curta tenso, intrigante e perturbador, que apresenta personagens suspeitos, situações esquisitas e brinca com as emoções do espectador, culminando num final de tirar o fôlego, que faz jus ao seu título.
Menino do Cinco
3.8 13Através do olhar de um garoto de classe média, o curta dirigido por Marcelo Matos de Oliveira e Wallace Nogueira traz um breve ensaio envolvente, psicológico, sufocante e angustiante sobre a ganância e a ambição do ser humano, que na jornada inexorável pela busca por válvulas de escape que preencham o seu vazio existencial e atenuem os seus conflitos, tédios e a solidão intrínseca aos seus universos particulares, inevitavelmente se deparam com algo que é de posse do outro, desejando isso para si.
O curta retrata com uma objetividade e precisão impecáveis a vida de um garoto que, mesmo cercado de todos os aparatos e elementos materiais prováveis para um sujeito pertencente a uma classe social mais privilegiada, ainda assim é acometido pela solidão, pelo tédio e por uma angústia enervantes, que só são aplacados quando ele passa a desejar um cachorrinho pertencente a um menino de rua, representante de uma classe social menos abastada. A película também nos apresenta a figura do pai, desenvolvendo-o como um sujeito negligente e relapso no que diz respeito à criação do filho. Além da ganância e da ambição retratadas na trama, a ausência paterna também é um tema muito presente e extremamente forte na narrativa. Ao longo da trama fica claro que o pai depreende um esforço extenuante no trabalho para dar tudo do bom e do melhor para um filho que não retribui o merecido valor. Isso é tão negativo quanto positivo ao mesmo tempo, pois como o pai só pensa no trabalho, isso faz com que se crie um distanciamento entre ele e o filho, tornando-o cada vez mais ausente na vida do garoto.
O curta também nos apresenta a figura de um menino de rua, que tem o seu cachorro roubado pelo garoto que mora no prédio. A película nos apresenta elementos que demonstram e representam essa solidão e essa angústia sufocante vivida pelo protagonista de classe média; elementos estes que vão desde um bonequinho afogado num copo d'água a uma bombinha de asma. Trazendo a discussão para o campo técnico, também é possível notar o constante uso de planos fechados utilizados pelos diretores, para precisamente representar a agonia e a angústia vivida pelos dois protagonistas. Também ressalto aqui os vários elementos que representam os contrastes sociais em que os dois personagens principais estão inseridos. Esses elementos estão estratificados no curta desde a notável distinção entre as roupas utilizadas pelos garotos, até a arquitetura e a geografia do lugar onde habitam. Era de se imaginar que o garoto mais pobre utilizaria vestes mais modestas e surradas, enquanto o outro, roupas perfeitamente delineadas e inalteradas. Enquanto um mora num prédio, cercado do bom e do melhor, o outro, vive na pracinha mais próxima ao lado de outros garotos de rua. Ademais, há um elemento de interesse em comum entre os dois: um cachorro. A presença do cachorro é um dos pontos mais importantes do curta, pois através dele se estabelece o conflito principal entre os dois protagonistas: enquanto um - cercado de tudo que uma criança de classe média pode ter e mesmo assim é tomado pela solidão, vazio e angústia – tenta possuir aquilo que não é seu, o outro, cercado de muito pouco, luta pela posse daquilo que lhe pertence por direito.
Esse conflito culmina num final chocante e impactante, retratando de maneira agoniante e revoltante a desprezível ambição, crueldade e o poder exercido por pessoas de classes mais privilegiadas, em cima de indivíduos com baixo poder aquisitivo, advindos de classes sociais menos abastadas.
Bátima na Feira da Fruta
4.2 140Clotilde, o camburão está esperando.
Cérebro Dividido
3.6 86Curta divertido e bastante realista. Esse final foi sensacional.
Cam Closer
3.4 42Gostei desse. Achei mais assustador do que Lights Out. Esse cara deveria fazer um longa com a mesma pegada e com a mesma temática, seria incrível.
Sr. Hublot
4.1 106Curta maravilhoso e extremamente fascinante! O cachorro de lata é uma criatura adorável. Me emocionou mais do que muitos cachorros de verdade que vemos em filmes por aí.