Um filme que poderia ser um (ótimo) podcast. As imagens fazem pouca ou nenhuma diferença na história contada e funcionam mais como uma miríade de efeitos sem sentido (como se para mostrar que "sabem" fazer). O destaque é para última e bonita cena, da leitura do poema de Tasha - nesses poucos minutos me emocionei e me conectei muito mais à história com o caleidoscópio desconexo que havia se passado no restante do tempo. Vale para sentir como o mundo nos priva de tantas Tashas, com futuros brilhantes desperdiçados e vidas inteiras pela frente.
O filme tenta sair da mesmice, mas acaba se perdendo em seus clichês e nas soluções pouco convincentes. Fica bem clara uma visão maniqueísta e preconceituosa de uma temática atual, de extrema relevância e extremamente polêmica: os refugiados. Falta mais empatia com os personagens para que a história tenha alguma densidade e evite ser interpretada - como talvez eu o tenha feito - das piores maneiras possíveis.
Enquanto a menina branca, dinamarquesa, é apresentada como o auge da bondade e candura, apesar de seu "sofrimento" (com sua mãe) - aliás, é de péssimo gosto o filme querer contrapor à situação de Inger à de Kwame ("eu sofro também"). Este, por sua vez, sofre preconceito, e as situações bem demonstradas de um refugiado longe de seu país de origem e as pressões que recebe da família que mora longe - o que não é inteiramente suficiente para que quem vê o filme se identifique com as motivações de Kwame para acabar sendo o retrato simplório e caricaturado de um refugiado negro: mentiroso e ladrão. Por fim, três fatores chamam a atenção: primeiro, a explosão da mãe de Inger no jantar de Natal, reação a presença de seu genro negro/refugiado logo é perdoada e considerada com um deslize menor por sua filha (parece que o preconceito que fora apresentado de maneira tão agressiva até então é normalizado por aquela que o combate desde o início da película); em segundo lugar, Inger oferece dinheiro a Kwame para deixar a Dinamarca - é essa a solução para com os refugiados? Pague-os e o suma com eles? Fato pouco convincente é que Inger, que jamais é apresentada como alguém rica durante o curta, apesar de trabalhar apenas como voluntária, dá a Kwame muito mais do que lhe foi deixado de herança por sua mãe; terceiro ponto: a gravidez de Inger soa falsa e desnecessária: qual a razão de continuar sendo mãe desse bebê???????? O romance um tanto apressado do casal só serve, na minha opinião, para reforçar o estigma de "aproveitador" de Kwame e de "vítima" de Inger
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Uma Canção para Latasha
3.9 62 Assista AgoraUm filme que poderia ser um (ótimo) podcast. As imagens fazem pouca ou nenhuma diferença na história contada e funcionam mais como uma miríade de efeitos sem sentido (como se para mostrar que "sabem" fazer). O destaque é para última e bonita cena, da leitura do poema de Tasha - nesses poucos minutos me emocionei e me conectei muito mais à história com o caleidoscópio desconexo que havia se passado no restante do tempo. Vale para sentir como o mundo nos priva de tantas Tashas, com futuros brilhantes desperdiçados e vidas inteiras pela frente.
The Silent Child
4.2 15esse filme ter um oscar sabe...
Silent Nights
3.0 11O filme tenta sair da mesmice, mas acaba se perdendo em seus clichês e nas soluções pouco convincentes. Fica bem clara uma visão maniqueísta e preconceituosa de uma temática atual, de extrema relevância e extremamente polêmica: os refugiados. Falta mais empatia com os personagens para que a história tenha alguma densidade e evite ser interpretada - como talvez eu o tenha feito - das piores maneiras possíveis.
Enquanto a menina branca, dinamarquesa, é apresentada como o auge da bondade e candura, apesar de seu "sofrimento" (com sua mãe) - aliás, é de péssimo gosto o filme querer contrapor à situação de Inger à de Kwame ("eu sofro também"). Este, por sua vez, sofre preconceito, e as situações bem demonstradas de um refugiado longe de seu país de origem e as pressões que recebe da família que mora longe - o que não é inteiramente suficiente para que quem vê o filme se identifique com as motivações de Kwame para acabar sendo o retrato simplório e caricaturado de um refugiado negro: mentiroso e ladrão. Por fim, três fatores chamam a atenção: primeiro, a explosão da mãe de Inger no jantar de Natal, reação a presença de seu genro negro/refugiado logo é perdoada e considerada com um deslize menor por sua filha (parece que o preconceito que fora apresentado de maneira tão agressiva até então é normalizado por aquela que o combate desde o início da película); em segundo lugar, Inger oferece dinheiro a Kwame para deixar a Dinamarca - é essa a solução para com os refugiados? Pague-os e o suma com eles? Fato pouco convincente é que Inger, que jamais é apresentada como alguém rica durante o curta, apesar de trabalhar apenas como voluntária, dá a Kwame muito mais do que lhe foi deixado de herança por sua mãe; terceiro ponto: a gravidez de Inger soa falsa e desnecessária: qual a razão de continuar sendo mãe desse bebê???????? O romance um tanto apressado do casal só serve, na minha opinião, para reforçar o estigma de "aproveitador" de Kwame e de "vítima" de Inger