Som e imagens muito impactantes! A tensão construída é muito bem feita e sobre um tema para mim pouco explorado (batalhas navais). Tom Hanks (co-roteirista) pesa a mão nos clichês excessivos e cenas cafonas.
Num Oscar de filmes fracos ganhar o título de pior filme da temporada (pra mim) é um mérito e tanto. Estereotipado e clichê, acho que não sabe nem o que significa "bullying" e não consegue distanciá-lo de outros tipos de crime. Muito fraco e coroado por uma cena pós créditos digna de risada (sim, o filme chega ao fim apesar de parecer interminável).
Meia estrela pelo romance que poderia ter sido muito mais focado e melhor (aliás, é a melhor parte do filme, em conjunto com o plano de fundo opressivo da educação chinesa e suas expectativas sobre os adolescentes).
O oceano é um lugar incrível e as imagens nos colocam nesse lugar mágico, aterrorizante e curioso - difícil não ficar imerso nessa miríade de cores, animais, beleza e grandeza. As belas e interessantes imagens ficam minimizadas diante da necessidade do diretor e narrador de incessantemente se colocar no protagonismo e forçá-lo a todo tempo - repetindo a exaustão clichês que não conseguimos acompanhar
O ponto do filme é tratar questões complexas como complexas. Não há respostas fáceis, não há conclusões fechadas (alias, há alguma resposta ou conclusão?). Daniel Kaluuya e LaKeith Stanfield absolutamente fantásticos!
Gosto do filme e em especial da habilidade de Cuarón de trazer tantos contrastes para contar sua história. De um lado, de forma tão gritante nos coloca disparidades sociais e econômicas. De outro, nos coloca a diferença de tempos de vida e de maturidade distintos. O pano de fundo da despretensiosa road trip de Tenoch e Julio me impactou profundamente. É essa história contada e não contada ao mesmo tempo que encanta. A capacidade poderosa de mostrar mazelas sociais contrastados com uma vida despreocupada e privilegiada de quem tem a preocupação única de viver intensamente desejos e juventude é certamente o que mais me encanta no filme. Aliado a isso, o contraste de Tenoch e Julio, que vivem intensamente como se não houvesse amanhã ao mesmo tempo que como se fossem viver eternamente, e Luisa, para quem não existe amanhã e a eternidade é o agora. Nesse sentido, o amadurecimento dos personagens não parece brutal ou sem propósito. É construído pela aventura que vivem, e pela presença de Luisa (e sua liberdade - ? - tão distinta daquela até então vivida/entendida pelos dois, mas que também é, para ela, desespero e prisão pelo que o destino lhe confia). Apesar do sexo ser um elemento extremamente utilizado aqui, em nenhum momento sinto como descontextualizado. A sensualidade de Luísa tem uma camada de maturidade (ainda não presente em Tenoch e Julio), ao mesmo tempo em que nos desperta uma agonia de viver e sentir (evidenciada ao final da película, mas cuja a razão já desconfiamos desde o início da história). É através do sexo que muito se enxerga sobre a imaturidade de Julio e Tenoch, sobre a amizade de ambos e sobre os diferentes significados que as experiências sexuais possuem em diferentes momentos da vida, e como elas também são parte do crescimento. O sexo de Julio e Tenoch é apressado, efêmero. O sexo de/com Luisa é sensual, é atraente, é livre e desamarrado de convenções (talvez por isso ela seja tão atraente?). Inclusive, é esse contraste entre a sensualidade de Luisa e suas diversas outras facetas que nos introduzem uma personagem complexa e interessante, com sonhos, tristezas e segredos e que a afastam de uma caricatura de femme fatale servindo aos desejos de dois jovens. O prazer dela é dela, e se expressa no sexo, mas também na convivência com as pequenas crianças da vila, em nadar incansavelmente, em dançar, em viver. A aventura, por fim, me parece uma sequencia feliz desses pequenos contrastes de muitos personagens, que trabalham de maneira muito interessante juventude, privilégios, sexo, amizade e as distintas vontades de viver.
Dito tudo isso, talvez as questões efêmeras de dois homens privilegiados (embora claramente a intenção do filme e felizes em sua intenção contrastante) já não me atraem totalmente em 2020 (quando vi o filme pela primeira vez). A história dos dois jovens por vezes me parece repetitiva (muitos filmes que retratam a mesma questão? muitos homens privilegiados como protagonistas na vida real?). Enfim, não sei. As vezes simplesmente é cansativo ver, também na tela, essa realidade única (embora dominante) de um mundo dos homens - e é esse o ponto que me fez sentir menos atraída na história. Proposital do filme? Talvez, embora eu não tenha sentido que foi. Mas é um ponto de incômodo que me fez tirar parte da boa nota que o filme merece ter. Enfim, notas tem a ver com sentimentos. E a minha boa sensação ao assisti-lo é diminuída por esse fato.
Imagens lindíssimas, som agonizante (e esses dois elementos são, para mim, o ponto alto do filme). A tradução do que é o cruel capitalismo do micro empreendedor individual e um belo retrato da precarização do trabalho no Brasil. Todos são donos de da sua produção, mas será que são mesmo?
Lindo e divertido, Kiki aborda com leveza e naturalidade temáticas com que todos se identificam: crescer. Para além disso, Kiki nos mostra a dificuldade do aprendizado, de se reconectar com o que nos inspira a desenvolver nossos dons e aptidões, criar laços e conquistar independência. Aqui, o vilão está dentro da personagem principal (e de todos nós): a insegurança, a solidão e a dificuldade para superar medos internos e desenvolver nossos dons. Mas essa construção, ao invés de solitária (embora faça a personagem principal se sentir dessa forma), é demonstrada justamente pelo apoio do outro, pela convivência com o próximo - e aqui é importante destacar como Kiki é ajudada por outras mulheres fortes ( obrigada Miyazaki por mais uma obra que traz exemplos de mulheres incríveis que fortalecem umas às outras!). A jornada de aprendizado de Kiki é de fácil identificação, e é isso que torna o filme atraente para todas as idades, relembrando justamente de nos reconectarmos àquilo que nos inspira em nossas habilidades, superar medos e demonstrando que este é sim um processo constante, difícil e desafiador.
Com o material a que tinha acesso - filmagens e pessoas, era de se esperar uma visão um pouco mais inspirada da autora. O grande resumo do Brasil atual feito por Petra parece, então, mais do mesmo. Como um compilado de alguns anos de Jornal Nacional e notícias de internet. Emociona, claro, mas não vai muito além. Dada a história de sua família, ou mesmo o claro acesso a pessoas próximas à cúpula do PT, é um pouco frustrante que o resultado do trabalho de Petra seja tão...comum. Especialmente pelo que se propõe (explicar como chegamos até aqui?), parece que o documentário mais fala do que faz. Todo documentário conta a visão de alguém sobre certos fatos ou acontecimentos. Neste sentido, a questão da parcialidade é pouco relevante para compreender um filme como bom ou ruim - a parcialidade, aliás, é proposital, afinal, esta é a história da própria Petra frente a um turbilhão político no país. É como se entrássemos no diário de Petra, e, ainda que esta seja sua intenção, o resultado final não parece tão intrigante quanto esta poderia achar. A narração extrema, sem fatos expostos prejudica até a pretensão de mostrar o cenário brasileiro para não-brasileiros (as palavras de Petra não poderiam ou deveriam estar um pouco mais embasadas nas inúmeras notícias e dados que exaustivamente acompanhamos nos últimos anos?). Finalmente, parece uma oportunidade perdida o contraponto que poderia ter sido feito entre a família de Petra e ela própria - como chegamos a extremos, o que nos levou a isso? Me parece que este seria um relato tanto pessoal quanto relevante no contexto atual.
Uma história de amor como qualquer outra mas inteiramente diferente. E ela é fantástica, com as reflexões que promove e, com a marca de Berry Jenkins, é muito real. O romance que supera barreiras é temática com que todos conseguem se conectar, e este é o fio condutor da história que nos leva a refletir sobre tantas outras coisas e a pensar no mundo injusto que dá a alguns obstáculos impossíveis e marcados por preconceitos e distinções de poder. Mais um filme extremamente relevante de Jenkins que conta com uma delicadeza ao abordar as relações humanas e trabalha com maestria o paradoxo da beleza da humanidade e de suas piores facetas. Apesar disso tudo, o filme é muito prejudicado pela escalação da personagem principal. A Tish de Kiki Layne é monótona e sem inspiração e, pela história passar pelos seus olhos, para mim é o pronto mais prejudicial do filme. Sem uma boa atuação da personagem, perde-se aí toda a emoção, a vontade de torcer pelo casal principal e assim fica até difícil se conectar com um amor que se mostra tão intenso e capaz de tantas coisas. Ao mesmo tempo, importante destacar o belo trabalho de Stephan James como Fonny - se sua parceira falha em muitos aspectos, é através dele que muito pode ser sentido. Em minha visão, o trabalho de Regina King também é interessante, mas não é tão forte quanto seu Oscar faz parecer.
Um filme MUITO fraco. À exceção do próprio Dumbo nenhum personagem possui O MÍNIMO carisma - assim, é muito difícil estabelecer conexões com estes, ou se comover com suas histórias que são, aliás, extremamente mal construídas.
O drama inicial sobre a paternidade ausente de Colin Farrell e as mudanças ocorridas desde sua partida para a guerra (como o fato de NÃO TER MAIS UM BRAÇO) são esquecidos na cena seguinte a sua chegada quando, de repente, volta a ser tido como líder dentro do circo em que o filme se passa. O romance protagonizado por este e Eva Green é pobre e extremamente óbvio desde a primeira cena em que esta aparece - os dois não precisam nem trocar palavras e muito menos desenvolver afeto para que cheguemos à conclusão de que este será o casal do final feliz a ser apresentado na conclusão. Essa construção ruim só é superada pelo momento repentino em que Eva Green ocupa o amor maternal das duas crianças (aliás, um erro de escalação com atuações sem nenhum carisma) nos minutos finais do filme - em algo que jamais havia sido apresentado anteriormente).
O roteiro é extremamente fraco e mal executado onde nada parece ter muito sentido -
o propósito do filme é dizer que animais devem ser livres? Menos os cavalos que Colin Farrell continua montando ao final da película?
. Clichê, sem inspiração e extremamente genérico - seja na caracterização dos personagens ou do universo que, uma pena ver o potencial desperdiçado das criações tão bonitas e características de Tim Burton. Trata-se claramente de tentar estender o filme original (um curta sem muita história) com pouca imaginação, criatividade ou vontade.
Um filme simplesmente FRACO e preguiçoso. Explicativo em excesso, com relações pouco complexas entre os personagens, um roteiro preguiçoso e uma direção que não é feliz em promover o mínimo da emoção de um thriller/filme policial. Digno de alguns elogios são a caracterização dos personagens nas passagens de tempo
Julia Roberts notadamente envelhecida e cansada - aliás, será que com essa caracterização é mesmo necessário apontar isso repetidamente nas falas de outros personagens?
. Com a fraqueza de roteiro, montagem e direção, a atuação de Nicole Kidman e Chiwetel Ejiofor se destaca positivamente. Embora seja interessante, a premissa central do filme isto é,
a proteção de uma testemunha chave de uma rede terrorista pouco após o 11/09 x a necessidade de fazer justiça frente a um assassinato brutal
é extremamente mal aproveitada, e os conflitos que poderiam surgir daí são mal explorados. Com esforço, observa-se um contraponto entre razão e emoção, e o personagem de Ray poderia, aí, se mostrar mais afetado pelas decisões que toma
(como escolher entre o impacto na vida estadunidense do ataque terrorista e a justiça para quem se ama?). Nesse sentido, também é curioso o modo que o filme procura retratar o policial que faz contraponto a Ray, vivido por Michael Kelly, que poderia ter sido apresentado como "razão", e não meramente como um vilão e antagonista que só serve para se redimir (de que?) no final da história surgindo sem muitas explicações numa cena para se sacrificar
.
Por si só, trata-se de um filme ruim e pouco aproveitado. Difícil fazer uma análise sem citar o filme que deveria inspirá-lo - o argentino O Segredo dos Seus Olhos. Ao invés de uma inspiração existe, em alguns momentos, cópias literais -
Quer abordar assuntos demais em tempo de menos e acaba sendo superficial em todos eles. O que poderia ser uma história interessante se torna confusa, sem emoção, superficial e apressada (contraste com o passo lento do filme)
Green Book não é um filme ruim é simplesmente fraco. Bobo estarmos em 2019 e a grande mensagem ser: "ser racista é ruim" (lição, aliás, que é a principal apreendida pelo personagem principal). Apesar de alguns absurdo
é EXTREMAMENTE problemática a ligação feita entre o aprendizado do motorista (que entende que ser racista é ruim rs) e o que supostamente este ensina ao seu companheiro de viagem (que Tony ensina um homem negro a ser negro - sim, o absurdo que é implicado é que Tony é "mais negro" (???) que Shirley)
é um filme bacana, engraçado e leve. Talvez seja o caso de um primeiro contato com a temática do racismo - o que ainda parece absurdo, em 2019, que nossas discussões ainda estejam num momento tão raso. A esperança que fica é que quem assista consiga absorver o que há de melhor na mensagem e enxergue os absurdos do racismo estrutural. É um pouco triste, entretanto, que as duas histórias mais interessantes e complexas sejam ignoradas (a história do complexo Dr. Shirley ou do "Green Book" que dá título ao filme)
Uma experiência de cinema divertida mas, de longe, um filme fraco para a honraria que recebeu (mas Oscar não é sobre os melhores, afinal de contas hehe)
Esse filme é completamente INEXPLICÁVEL. A intenção era fazer algo bobo e infantil? Talvez uma releitura de Reign, o seriado infanto-juvenil que também conta a vida de Mary Stuart. Ou ainda, intencionava encher os olhos com figurinos exuberantes e paisagens incríveis e fazer quem assiste abandonar qualquer lógica por trás da história contada e só apreciar a vista. Com um roteiro horripilante, seguimos a história de personagens que mudam, a todo instante, suas ações e decisões, sem ter nenhuma construção lógica para tais atitudes. Mary, ao chegar, é apresentada como uma jovem inteligente e forte, em busca de solidificar sua posição em relação ao trono, todas as suas ações a seguir - e a daqueles que a cercam, parem enterrar essa primeira impressão
É intrigante como abandona toda essa personalidade por um romance bobo e infantil. Aliás, seu marido, é, ora apresentado como um interesseiro para logo em seguida ser desmascarado como alguém que, também, abandonaria tudo por uma aventura sexual. Pela terceira vez, muda de personalidade se revelando agressivo e excitado pela violência para logo em seguida ser representado como uma criança que chora sua ingenuidade no colo da amada
. Se o objetivo do filme era demonstrar como as duas rainhas, cada uma de sua posição, luta para conseguir ser quem é frente às ameaças e dissabores inerentes a suas posições e, quiçá, traçar um paralelo que permita uma relação de cumplicidade entre as rainhas ou ainda de compreensão (como é dito a cerca altura do filme: só outra rainha poderia entender o que estou passando), tudo isso é suplantada por uma construção da narrativa tão tosca e inverosímel que torna impossível ter qualquer envolvimento ou empatia com o que é contado.
O que é menos provável: uma rainha católica do século 16 aceitar com tanta naturalidade um servo abertamente homossexual ou perdoá-lo por alta traição? Fica a dúvida
Delicado e bonito, a proposta do filme é refletir sobre o tempo, pessoas, conexões e família - e o faz de maneira interessante à medida que o próprio personagem principal vai amadurecendo e entendendo o mundo em constante mudança ao seu redor. Por vezes o artifício utilizado para isso vai se tornando repetitivo - em sequências que reproduzem um mesmo ciclo de comportamento-reflexão-superação, e fiquei esperando uma utilização menos cansativa da proposta. Mas é o último ato do filme que ganha destaque. Aí entendemos a necessidade de todas as pequenas histórias contadas ao longo da película. O ato final é, também, onde as técnicas de animação ganham força e somam-se à beleza da história que pretende contar. É impossível, assim, não se emocionar ou se relacionar às mudanças da vida e compreender que são elas que desembocam no presente e moldam o futuro. Não a toa, Mirai, título do filme e de uma das personagens, significa "futuro".
Um filme fraco frente à personalidade que tenta abordar. Quem assiste esse filme não entende muito da personalidade da própria Frida, o motivo de ter se tornado um símbolo para o movimento feminista ou ainda do sofrimento que passa ao longo de sua vida e que em muito se transmite em suas obras. Se intitulado Frida e Diego, seria mais clara a abordagem que o filme propõe. Ao invés de focar na primeira, o que se observa ao longo do filme é um relato sobre o casal (relato esse, aliás, bastante raso). Aqui, vale um destaque para a atuação de Alfred Molina como Diego Rivera (a melhor do filme, em minha opinião). Não sei o que é mais incômodo: um filme sobre uma grande pintora mexicana, que se passa no México, ser todo em inglês, ou inglês forçar um sotaque mexicano e falas em espanhol/castelhano soltas. Salma Hayek, ao invés de apontar para a liberdade sexual que simboliza Frida, é hipersexualizada em diversos momentos do filme. Todos os demais personagens - a exceção de Frida e Diego - são tratados com pouca ou nenhuma profundidade, meros acessórios numa história que vai se arrastando sem muita complexidade e sem abraçar realmente as contradições do conturbado casamento ou da personagem que dá título à história. Enfim, é um filme fraco, com toques interessantes - como o jogo com as pinturas de Frida que ganham vida e se misturam ao filme - e é uma pena que uma grande história tenha sido contada de maneira tão apática. Típico filme "quase lá"; não é ruim, mas não chega muito além disso.
Apesar disso tudo, acho que é imprescindível ler o relato de Salma Hayek sobre a produção do filme, especialmente no que diz respeito à influência de Harvey Weinstein no desenrolar do filme. Doloroso e esclarecedor, me fez ver o filme com outros olhos (e que tristeza ver o que um homem poderoso pode conseguir fazer. Segue: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2017/12/1943121-harvey-weinstein-tambem-e-meu-monstro.shtml
Ao passo em que o universo circense é encantador em qualquer momento, em seu surgimento, e ainda mais tendo como protagonista um homem controverso e motivado pela ganância e ambição, torna-se ainda mais atrativo. Era de se pensar que o filme explorasse essas complexidades. Ao invés disso, temos uma trama fraca e mal feita, uma história superficial recheada de músicas que não combinam com a estética proposta - é início do século XX e, ainda assim, somos bombardeados por canções pop dos anos 2010. Há um enorme potencial inexplorado na história, que é suplantado pelas cenas de música, dança e efeitos visuais que enchem os olhos mas que, em sua maioria, servem só pra distrair de um roteiro ruim. Falta desenvolvimento dos personagens - e talvez os renegados do circo, por suas condições despertem em nós uma empatia sincera (e por isso mesmo protagonizam a melhor canção da trama, This is Me), e mereciam ser melhor explorados e não uma justificativa para fazer grandes atos musicais e de dança com malabares e temática circense por si só. Nunca compreendemos realmente as motivações do filme e de seus personagens,
de modo que o que deveria ser a história de como a ganância envenena até os grandes sonhadores, se torna uma ode ao perdão infundado, já que o personagem principal (P.T.), ao invés de passar por uma jornada de auto reconhecimento, simplesmente é perdoado por todos sem precisar reconhecer seus erros.
Ninguém parece ser carismático o suficiente para levar o filme adiante, e nem mesmo Hugh Jackman, ou as elaboradas cenas musicais conseguem salvar o filme de ser raso e pouco memorável. Péssimo aproveitamento de Michelle Williams - que, aliás, parece se resignar a um papel único de esposa sorridente durante todo o filme.
A ideia de A Bruxa é promover um mix de construção histórica realística que preza por diálogos bem construídos, que culminam num intrigante suspense de época. A sensação de isolamento da família é transmitida para o espectador, e antagonizada pelas forças sobrenaturais que a cercam em um contexto histórico recheado de superstição e apego à religiosidade, A Bruxa trabalha de maneira espetacular os limites entre o real, o sobrenatural e as coisas nas quais somos condicionados a acreditar.
Meu Pai
4.5 381Uma experiência imersiva! Fantástico!
Margaret
2.9 173 Assista AgoraMargaret ou "A lente de uma adolescente sobre o mundo"
Greyhound: Na Mira do Inimigo
3.4 195Som e imagens muito impactantes! A tensão construída é muito bem feita e sobre um tema para mim pouco explorado (batalhas navais).
Tom Hanks (co-roteirista) pesa a mão nos clichês excessivos e cenas cafonas.
"São 300 almas" --- sério?
Better Days
4.0 64Num Oscar de filmes fracos ganhar o título de pior filme da temporada (pra mim) é um mérito e tanto.
Estereotipado e clichê, acho que não sabe nem o que significa "bullying" e não consegue distanciá-lo de outros tipos de crime. Muito fraco e coroado por uma cena pós créditos digna de risada (sim, o filme chega ao fim apesar de parecer interminável).
Meia estrela pelo romance que poderia ter sido muito mais focado e melhor (aliás, é a melhor parte do filme, em conjunto com o plano de fundo opressivo da educação chinesa e suas expectativas sobre os adolescentes).
Professor Polvo
4.3 189O oceano é um lugar incrível e as imagens nos colocam nesse lugar mágico, aterrorizante e curioso - difícil não ficar imerso nessa miríade de cores, animais, beleza e grandeza. As belas e interessantes imagens ficam minimizadas diante da necessidade do diretor e narrador de incessantemente se colocar no protagonismo e forçá-lo a todo tempo - repetindo a exaustão clichês que não conseguimos acompanhar
("minha experiência no mar também estava mudando minha experiência com os humanos" - de que forma? jamais saberemos).
"Eu estava pensando como um polvo" - sério?
Festival Eurovision da Canção: A Saga de Sigrit e Lars
3.1 229Todas as estrelas são dedicadas a Jaja ding dong
Judas e o Messias Negro
4.1 264O ponto do filme é tratar questões complexas como complexas. Não há respostas fáceis, não há conclusões fechadas (alias, há alguma resposta ou conclusão?).
Daniel Kaluuya e LaKeith Stanfield absolutamente fantásticos!
E Sua Mãe Também
4.0 495 Assista AgoraGosto do filme e em especial da habilidade de Cuarón de trazer tantos contrastes para contar sua história. De um lado, de forma tão gritante nos coloca disparidades sociais e econômicas. De outro, nos coloca a diferença de tempos de vida e de maturidade distintos.
O pano de fundo da despretensiosa road trip de Tenoch e Julio me impactou profundamente. É essa história contada e não contada ao mesmo tempo que encanta. A capacidade poderosa de mostrar mazelas sociais contrastados com uma vida despreocupada e privilegiada de quem tem a preocupação única de viver intensamente desejos e juventude é certamente o que mais me encanta no filme.
Aliado a isso, o contraste de Tenoch e Julio, que vivem intensamente como se não houvesse amanhã ao mesmo tempo que como se fossem viver eternamente, e Luisa, para quem não existe amanhã e a eternidade é o agora. Nesse sentido, o amadurecimento dos personagens não parece brutal ou sem propósito. É construído pela aventura que vivem, e pela presença de Luisa (e sua liberdade - ? - tão distinta daquela até então vivida/entendida pelos dois, mas que também é, para ela, desespero e prisão pelo que o destino lhe confia).
Apesar do sexo ser um elemento extremamente utilizado aqui, em nenhum momento sinto como descontextualizado. A sensualidade de Luísa tem uma camada de maturidade (ainda não presente em Tenoch e Julio), ao mesmo tempo em que nos desperta uma agonia de viver e sentir (evidenciada ao final da película, mas cuja a razão já desconfiamos desde o início da história). É através do sexo que muito se enxerga sobre a imaturidade de Julio e Tenoch, sobre a amizade de ambos e sobre os diferentes significados que as experiências sexuais possuem em diferentes momentos da vida, e como elas também são parte do crescimento. O sexo de Julio e Tenoch é apressado, efêmero. O sexo de/com Luisa é sensual, é atraente, é livre e desamarrado de convenções (talvez por isso ela seja tão atraente?).
Inclusive, é esse contraste entre a sensualidade de Luisa e suas diversas outras facetas que nos introduzem uma personagem complexa e interessante, com sonhos, tristezas e segredos e que a afastam de uma caricatura de femme fatale servindo aos desejos de dois jovens. O prazer dela é dela, e se expressa no sexo, mas também na convivência com as pequenas crianças da vila, em nadar incansavelmente, em dançar, em viver.
A aventura, por fim, me parece uma sequencia feliz desses pequenos contrastes de muitos personagens, que trabalham de maneira muito interessante juventude, privilégios, sexo, amizade e as distintas vontades de viver.
Dito tudo isso, talvez as questões efêmeras de dois homens privilegiados (embora claramente a intenção do filme e felizes em sua intenção contrastante) já não me atraem totalmente em 2020 (quando vi o filme pela primeira vez). A história dos dois jovens por vezes me parece repetitiva (muitos filmes que retratam a mesma questão? muitos homens privilegiados como protagonistas na vida real?). Enfim, não sei. As vezes simplesmente é cansativo ver, também na tela, essa realidade única (embora dominante) de um mundo dos homens - e é esse o ponto que me fez sentir menos atraída na história. Proposital do filme? Talvez, embora eu não tenha sentido que foi. Mas é um ponto de incômodo que me fez tirar parte da boa nota que o filme merece ter. Enfim, notas tem a ver com sentimentos. E a minha boa sensação ao assisti-lo é diminuída por esse fato.
Estou Me Guardando Para Quando o Carnaval Chegar
4.3 183 Assista AgoraImagens lindíssimas, som agonizante (e esses dois elementos são, para mim, o ponto alto do filme). A tradução do que é o cruel capitalismo do micro empreendedor individual e um belo retrato da precarização do trabalho no Brasil.
Todos são donos de da sua produção, mas será que são mesmo?
O Serviço de Entregas da Kiki
4.3 687Lindo e divertido, Kiki aborda com leveza e naturalidade temáticas com que todos se identificam: crescer. Para além disso, Kiki nos mostra a dificuldade do aprendizado, de se reconectar com o que nos inspira a desenvolver nossos dons e aptidões, criar laços e conquistar independência. Aqui, o vilão está dentro da personagem principal (e de todos nós): a insegurança, a solidão e a dificuldade para superar medos internos e desenvolver nossos dons.
Mas essa construção, ao invés de solitária (embora faça a personagem principal se sentir dessa forma), é demonstrada justamente pelo apoio do outro, pela convivência com o próximo - e aqui é importante destacar como Kiki é ajudada por outras mulheres fortes ( obrigada Miyazaki por mais uma obra que traz exemplos de mulheres incríveis que fortalecem umas às outras!).
A jornada de aprendizado de Kiki é de fácil identificação, e é isso que torna o filme atraente para todas as idades, relembrando justamente de nos reconectarmos àquilo que nos inspira em nossas habilidades, superar medos e demonstrando que este é sim um processo constante, difícil e desafiador.
As Aventuras de Paddington 2
4.0 122 Assista no TelecineÉ leve e bonitinho, mas inteligente...muito inteligente.
Nunca, Raramente, Às Vezes, Sempre
4.0 156 Assista AgoraA sequência que dá nome filme é uma das mais arrebatadoras do ano até agora
Democracia em Vertigem
4.1 1,3KCom o material a que tinha acesso - filmagens e pessoas, era de se esperar uma visão um pouco mais inspirada da autora. O grande resumo do Brasil atual feito por Petra parece, então, mais do mesmo. Como um compilado de alguns anos de Jornal Nacional e notícias de internet. Emociona, claro, mas não vai muito além.
Dada a história de sua família, ou mesmo o claro acesso a pessoas próximas à cúpula do PT, é um pouco frustrante que o resultado do trabalho de Petra seja tão...comum. Especialmente pelo que se propõe (explicar como chegamos até aqui?), parece que o documentário mais fala do que faz.
Todo documentário conta a visão de alguém sobre certos fatos ou acontecimentos. Neste sentido, a questão da parcialidade é pouco relevante para compreender um filme como bom ou ruim - a parcialidade, aliás, é proposital, afinal, esta é a história da própria Petra frente a um turbilhão político no país. É como se entrássemos no diário de Petra, e, ainda que esta seja sua intenção, o resultado final não parece tão intrigante quanto esta poderia achar. A narração extrema, sem fatos expostos prejudica até a pretensão de mostrar o cenário brasileiro para não-brasileiros (as palavras de Petra não poderiam ou deveriam estar um pouco mais embasadas nas inúmeras notícias e dados que exaustivamente acompanhamos nos últimos anos?).
Finalmente, parece uma oportunidade perdida o contraponto que poderia ter sido feito entre a família de Petra e ela própria - como chegamos a extremos, o que nos levou a isso? Me parece que este seria um relato tanto pessoal quanto relevante no contexto atual.
Se a Rua Beale Falasse
3.7 252 Assista AgoraUma história de amor como qualquer outra mas inteiramente diferente. E ela é fantástica, com as reflexões que promove e, com a marca de Berry Jenkins, é muito real. O romance que supera barreiras é temática com que todos conseguem se conectar, e este é o fio condutor da história que nos leva a refletir sobre tantas outras coisas e a pensar no mundo injusto que dá a alguns obstáculos impossíveis e marcados por preconceitos e distinções de poder. Mais um filme extremamente relevante de Jenkins que conta com uma delicadeza ao abordar as relações humanas e trabalha com maestria o paradoxo da beleza da humanidade e de suas piores facetas.
Apesar disso tudo, o filme é muito prejudicado pela escalação da personagem principal. A Tish de Kiki Layne é monótona e sem inspiração e, pela história passar pelos seus olhos, para mim é o pronto mais prejudicial do filme. Sem uma boa atuação da personagem, perde-se aí toda a emoção, a vontade de torcer pelo casal principal e assim fica até difícil se conectar com um amor que se mostra tão intenso e capaz de tantas coisas. Ao mesmo tempo, importante destacar o belo trabalho de Stephan James como Fonny - se sua parceira falha em muitos aspectos, é através dele que muito pode ser sentido. Em minha visão, o trabalho de Regina King também é interessante, mas não é tão forte quanto seu Oscar faz parecer.
Vida Selvagem
3.5 126Carey Mulligan impecável!
Dumbo
3.5 588Um filme MUITO fraco. À exceção do próprio Dumbo nenhum personagem possui O MÍNIMO carisma - assim, é muito difícil estabelecer conexões com estes, ou se comover com suas histórias que são, aliás, extremamente mal construídas.
O drama inicial sobre a paternidade ausente de Colin Farrell e as mudanças ocorridas desde sua partida para a guerra (como o fato de NÃO TER MAIS UM BRAÇO) são esquecidos na cena seguinte a sua chegada quando, de repente, volta a ser tido como líder dentro do circo em que o filme se passa. O romance protagonizado por este e Eva Green é pobre e extremamente óbvio desde a primeira cena em que esta aparece - os dois não precisam nem trocar palavras e muito menos desenvolver afeto para que cheguemos à conclusão de que este será o casal do final feliz a ser apresentado na conclusão. Essa construção ruim só é superada pelo momento repentino em que Eva Green ocupa o amor maternal das duas crianças (aliás, um erro de escalação com atuações sem nenhum carisma) nos minutos finais do filme - em algo que jamais havia sido apresentado anteriormente).
O roteiro é extremamente fraco e mal executado onde nada parece ter muito sentido -
o propósito do filme é dizer que animais devem ser livres? Menos os cavalos que Colin Farrell continua montando ao final da película?
Trata-se claramente de tentar estender o filme original (um curta sem muita história) com pouca imaginação, criatividade ou vontade.
Olhos da Justiça
3.2 441Um filme simplesmente FRACO e preguiçoso. Explicativo em excesso, com relações pouco complexas entre os personagens, um roteiro preguiçoso e uma direção que não é feliz em promover o mínimo da emoção de um thriller/filme policial.
Digno de alguns elogios são a caracterização dos personagens nas passagens de tempo
Julia Roberts notadamente envelhecida e cansada - aliás, será que com essa caracterização é mesmo necessário apontar isso repetidamente nas falas de outros personagens?
Embora seja interessante, a premissa central do filme isto é,
a proteção de uma testemunha chave de uma rede terrorista pouco após o 11/09 x a necessidade de fazer justiça frente a um assassinato brutal
(como escolher entre o impacto na vida estadunidense do ataque terrorista e a justiça para quem se ama?). Nesse sentido, também é curioso o modo que o filme procura retratar o policial que faz contraponto a Ray, vivido por Michael Kelly, que poderia ter sido apresentado como "razão", e não meramente como um vilão e antagonista que só serve para se redimir (de que?) no final da história surgindo sem muitas explicações numa cena para se sacrificar
Por si só, trata-se de um filme ruim e pouco aproveitado. Difícil fazer uma análise sem citar o filme que deveria inspirá-lo - o argentino O Segredo dos Seus Olhos. Ao invés de uma inspiração existe, em alguns momentos, cópias literais -
como a cena no estádio de baseball, copiada de maneira péssima e vergonhosa
Obs: por alguma razão, enquadro este como "filme para pais" - os meus, ao contrário de mim, adoraram assistí-lo!
Mais Forte Que Bombas
3.5 124Quer abordar assuntos demais em tempo de menos e acaba sendo superficial em todos eles. O que poderia ser uma história interessante se torna confusa, sem emoção, superficial e apressada (contraste com o passo lento do filme)
Green Book: O Guia
4.1 1,4KGreen Book não é um filme ruim é simplesmente fraco. Bobo estarmos em 2019 e a grande mensagem ser: "ser racista é ruim" (lição, aliás, que é a principal apreendida pelo personagem principal).
Apesar de alguns absurdo
é EXTREMAMENTE problemática a ligação feita entre o aprendizado do motorista (que entende que ser racista é ruim rs) e o que supostamente este ensina ao seu companheiro de viagem (que Tony ensina um homem negro a ser negro - sim, o absurdo que é implicado é que Tony é "mais negro" (???) que Shirley)
É um pouco triste, entretanto, que as duas histórias mais interessantes e complexas sejam ignoradas (a história do complexo Dr. Shirley ou do "Green Book" que dá título ao filme)
Uma experiência de cinema divertida mas, de longe, um filme fraco para a honraria que recebeu (mas Oscar não é sobre os melhores, afinal de contas hehe)
Duas Rainhas
3.4 296 Assista AgoraEsse filme é completamente INEXPLICÁVEL. A intenção era fazer algo bobo e infantil? Talvez uma releitura de Reign, o seriado infanto-juvenil que também conta a vida de Mary Stuart. Ou ainda, intencionava encher os olhos com figurinos exuberantes e paisagens incríveis e fazer quem assiste abandonar qualquer lógica por trás da história contada e só apreciar a vista.
Com um roteiro horripilante, seguimos a história de personagens que mudam, a todo instante, suas ações e decisões, sem ter nenhuma construção lógica para tais atitudes. Mary, ao chegar, é apresentada como uma jovem inteligente e forte, em busca de solidificar sua posição em relação ao trono, todas as suas ações a seguir - e a daqueles que a cercam, parem enterrar essa primeira impressão
É intrigante como abandona toda essa personalidade por um romance bobo e infantil. Aliás, seu marido, é, ora apresentado como um interesseiro para logo em seguida ser desmascarado como alguém que, também, abandonaria tudo por uma aventura sexual. Pela terceira vez, muda de personalidade se revelando agressivo e excitado pela violência para logo em seguida ser representado como uma criança que chora sua ingenuidade no colo da amada
Se o objetivo do filme era demonstrar como as duas rainhas, cada uma de sua posição, luta para conseguir ser quem é frente às ameaças e dissabores inerentes a suas posições e, quiçá, traçar um paralelo que permita uma relação de cumplicidade entre as rainhas ou ainda de compreensão (como é dito a cerca altura do filme: só outra rainha poderia entender o que estou passando), tudo isso é suplantada por uma construção da narrativa tão tosca e inverosímel que torna impossível ter qualquer envolvimento ou empatia com o que é contado.
O que é menos provável: uma rainha católica do século 16 aceitar com tanta naturalidade um servo abertamente homossexual ou perdoá-lo por alta traição? Fica a dúvida
Mirai
3.6 111Delicado e bonito, a proposta do filme é refletir sobre o tempo, pessoas, conexões e família - e o faz de maneira interessante à medida que o próprio personagem principal vai amadurecendo e entendendo o mundo em constante mudança ao seu redor.
Por vezes o artifício utilizado para isso vai se tornando repetitivo - em sequências que reproduzem um mesmo ciclo de comportamento-reflexão-superação, e fiquei esperando uma utilização menos cansativa da proposta.
Mas é o último ato do filme que ganha destaque. Aí entendemos a necessidade de todas as pequenas histórias contadas ao longo da película. O ato final é, também, onde as técnicas de animação ganham força e somam-se à beleza da história que pretende contar. É impossível, assim, não se emocionar ou se relacionar às mudanças da vida e compreender que são elas que desembocam no presente e moldam o futuro.
Não a toa, Mirai, título do filme e de uma das personagens, significa "futuro".
Frida
4.1 1,2K Assista AgoraUm filme fraco frente à personalidade que tenta abordar. Quem assiste esse filme não entende muito da personalidade da própria Frida, o motivo de ter se tornado um símbolo para o movimento feminista ou ainda do sofrimento que passa ao longo de sua vida e que em muito se transmite em suas obras. Se intitulado Frida e Diego, seria mais clara a abordagem que o filme propõe. Ao invés de focar na primeira, o que se observa ao longo do filme é um relato sobre o casal (relato esse, aliás, bastante raso). Aqui, vale um destaque para a atuação de Alfred Molina como Diego Rivera (a melhor do filme, em minha opinião).
Não sei o que é mais incômodo: um filme sobre uma grande pintora mexicana, que se passa no México, ser todo em inglês, ou inglês forçar um sotaque mexicano e falas em espanhol/castelhano soltas.
Salma Hayek, ao invés de apontar para a liberdade sexual que simboliza Frida, é hipersexualizada em diversos momentos do filme.
Todos os demais personagens - a exceção de Frida e Diego - são tratados com pouca ou nenhuma profundidade, meros acessórios numa história que vai se arrastando sem muita complexidade e sem abraçar realmente as contradições do conturbado casamento ou da personagem que dá título à história. Enfim, é um filme fraco, com toques interessantes - como o jogo com as pinturas de Frida que ganham vida e se misturam ao filme - e é uma pena que uma grande história tenha sido contada de maneira tão apática. Típico filme "quase lá"; não é ruim, mas não chega muito além disso.
Apesar disso tudo, acho que é imprescindível ler o relato de Salma Hayek sobre a produção do filme, especialmente no que diz respeito à influência de Harvey Weinstein no desenrolar do filme. Doloroso e esclarecedor, me fez ver o filme com outros olhos (e que tristeza ver o que um homem poderoso pode conseguir fazer. Segue: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2017/12/1943121-harvey-weinstein-tambem-e-meu-monstro.shtml
O Rei do Show
3.9 849 Assista AgoraAo passo em que o universo circense é encantador em qualquer momento, em seu surgimento, e ainda mais tendo como protagonista um homem controverso e motivado pela ganância e ambição, torna-se ainda mais atrativo. Era de se pensar que o filme explorasse essas complexidades. Ao invés disso, temos uma trama fraca e mal feita, uma história superficial recheada de músicas que não combinam com a estética proposta - é início do século XX e, ainda assim, somos bombardeados por canções pop dos anos 2010.
Há um enorme potencial inexplorado na história, que é suplantado pelas cenas de música, dança e efeitos visuais que enchem os olhos mas que, em sua maioria, servem só pra distrair de um roteiro ruim.
Falta desenvolvimento dos personagens - e talvez os renegados do circo, por suas condições despertem em nós uma empatia sincera (e por isso mesmo protagonizam a melhor canção da trama, This is Me), e mereciam ser melhor explorados e não uma justificativa para fazer grandes atos musicais e de dança com malabares e temática circense por si só.
Nunca compreendemos realmente as motivações do filme e de seus personagens,
de modo que o que deveria ser a história de como a ganância envenena até os grandes sonhadores, se torna uma ode ao perdão infundado, já que o personagem principal (P.T.), ao invés de passar por uma jornada de auto reconhecimento, simplesmente é perdoado por todos sem precisar reconhecer seus erros.
Ninguém parece ser carismático o suficiente para levar o filme adiante, e nem mesmo Hugh Jackman, ou as elaboradas cenas musicais conseguem salvar o filme de ser raso e pouco memorável. Péssimo aproveitamento de Michelle Williams - que, aliás, parece se resignar a um papel único de esposa sorridente durante todo o filme.
A Bruxa
3.6 3,3K Assista AgoraA ideia de A Bruxa é promover um mix de construção histórica realística que preza por diálogos bem construídos, que culminam num intrigante suspense de época. A sensação de isolamento da família é transmitida para o espectador, e antagonizada pelas forças sobrenaturais que a cercam em um contexto histórico recheado de superstição e apego à religiosidade, A Bruxa trabalha de maneira espetacular os limites entre o real, o sobrenatural e as coisas nas quais somos condicionados a acreditar.