Não sei ao certo onde devo comentar a crítica que tenho a Sense8, se na página da primeira temporada, em um texto separado ou mesmo aqui, mas optei pela página do Especial por ser o que último nos chegou da mitologia da série. Ou da falta dela. Pois bem, o que hei de dizer reflete bem mais na série em geral do que no especial, mas que foi comprovado e reforçado ao vê-lo. Sinto que devo falar sobre a diversidade x mitologia da série, já que esta vem sendo botada em segundo plano em prol do hype de maior série representativa, o que caiu no gosto do público. Será mesmo tanto assim? Ou a série que se propõe a desconstruir questões de raça, gênero e sexo não apenas trouxe luxo a esses tópicos? Elevou o nível da abordagem sexual ao invés de desconstruir o pedestal bambo que categoriza nudez como arte, mas quase pendendo à infâmia? Pois, por exemplo, não temos nenhum sensate gordo para estar presente nas cenas de surubão que todos aclamam. Então seria mesmo o papel do sexo na série tão libertador assim? Percebi mais sobre essa questão do sexo quando o ator que fazia o Capheus foi trocado. A personagem de Aml Ameen era de certa forma tão ingênua, blindada de mal e outras características que não sei como nomeá-las, que nunca me passou a ideia de que ela um dia estaria em cenas de orgias com os demais sensates. Afinal, não é característica do Capheus. Contudo, ao mudarem o ator, o qual possui mais estatura e linguagem corporal menos desleixada e mais impositiva, em um só instante pude imaginá-lo como alguém que estaria explorando sexo de maneira pública, o que para a personagem do Capheus anteriormente seria no mínimo desconcertante –embaso isso na própria reação dele ao ver uma cena de sexo em um dos filmes do Van Damme. Existia algo mais puro na personagem, o que não necessariamente seria errado, conservador, preconceituoso e etc. Seria apenas uma maneira de lidar com o sexo coletivo. Simplesmente alguém que não se sentiria bem em orgias. Quando o ator mudou, porém, a linguagem corporal dele em conjunto com a aparência física já o encaminhou para uma cena assim, vide o beijão que deu em Wolfgang na cena da orgia. Não me entenda a mal, mas isso não condiz com o Capheus construído até então e modificá-lo de tal forma para agradar o hype não acrescentou em nada à série, senão tiver diminuído. Já que um padrão estético foi garantindo com a escolha de um ator rigorosamente mais másculo, o que é uma pena na representatividade de pessoas que são simplesmente pessoas. Aml era o mais próximo disso entre os homens, e infelizmente a mudança do ator mudou muito mais na personagem Capheus do que as pessoas querem admitir. Quanto aos demais sensates, eles foram extraídos diretamente de agências de estrelas pornô, ao que parece. Um fetiche sem tamanho da Lana Watchwoski, a qual parece estar se explorando sexualmente pela primeira vez, como uma adolescente. Isso me lembra uma cena em específico de Orange Is The New Black, a qual a personagem da Larvene Cox está recentemente operada e tendo melhores resultados na transição de redesignação de sexo. Na cena, ela aparece com roupas muito juvenis e dentro do padrão de feminilidade do início dos anos 2000–muito rosa, saia, salto, enfim— e explica que, apesar da idade, estava sentindo sua adolescência pela primeira vez. Decerto, é interessante entender o psicológico da diretora em um momento tão único, que deve estar sendo prazeroso a ela de inúmeras formas, mas que não foge ao pensamento quadrado de adolescentes que cresceram idolatrando Johnny Depp e Brad Pitt, trazendo um padrão estético, sobretudo nos homens, ainda que falando de diversidade. Uma pena em um único aspecto, já que muito da mitologia da série deixa de ser abordado —o que não saberia nem dizer como deveria ser feito, já que os questionamentos sobre os sensates perduram—, apenas para sanar essa lacuna de representatividade em uma só série, mas que apela ao padrão de beleza de qualquer forma. No fim, Sense8 acaba se perdendo na própria proposta, mesmo tendo um enredo incrível, criando expectativas frustradas e que tendem a ficar pior, já que o público alimenta a manutenção da abordagem sexual que, primordialmente libertadora, mais tarde se tornará supérflua. Sério, já vi muitos dizendo que terá um suruba por temporada, no mínimo. Isso não é necessário. Não porque sexo seja tabu, mas justamente por ser arte e não precisar ser banalizado com expectativas tão altas da diretora e dos expectadores. Sexo também é engraçado, frustrante, desafiador, complicado. Muita coisa além de uma orgia de deuses gregos que dar orgasmos a cada um, pois estão sentindo por 7. Muito além do que tem no rumo que a série estar se direcionando depois de praticamente esquecer o potencial da mitologia que apresentou.
O desenvolvimento dessa temporada foi lento e vi me arrastando, mas tudo é recompensado nos episódios finais. Estou de coração partido ): Plus, o grande problema da temporada ter tido queda em qualidade foi o protagonismo concedido à Gemma.
Sense8 (2ª Temporada)
4.3 891 Assista AgoraNão sei ao certo onde devo comentar a crítica que tenho a Sense8, se na página da primeira temporada, em um texto separado ou mesmo aqui, mas optei pela página do Especial por ser o que último nos chegou da mitologia da série. Ou da falta dela.
Pois bem, o que hei de dizer reflete bem mais na série em geral do que no especial, mas que foi comprovado e reforçado ao vê-lo.
Sinto que devo falar sobre a diversidade x mitologia da série, já que esta vem sendo botada em segundo plano em prol do hype de maior série representativa, o que caiu no gosto do público. Será mesmo tanto assim? Ou a série que se propõe a desconstruir questões de raça, gênero e sexo não apenas trouxe luxo a esses tópicos? Elevou o nível da abordagem sexual ao invés de desconstruir o pedestal bambo que categoriza nudez como arte, mas quase pendendo à infâmia? Pois, por exemplo, não temos nenhum sensate gordo para estar presente nas cenas de surubão que todos aclamam. Então seria mesmo o papel do sexo na série tão libertador assim?
Percebi mais sobre essa questão do sexo quando o ator que fazia o Capheus foi trocado.
A personagem de Aml Ameen era de certa forma tão ingênua, blindada de mal e outras características que não sei como nomeá-las, que nunca me passou a ideia de que ela um dia estaria em cenas de orgias com os demais sensates. Afinal, não é característica do Capheus. Contudo, ao mudarem o ator, o qual possui mais estatura e linguagem corporal menos desleixada e mais impositiva, em um só instante pude imaginá-lo como alguém que estaria explorando sexo de maneira pública, o que para a personagem do Capheus anteriormente seria no mínimo desconcertante –embaso isso na própria reação dele ao ver uma cena de sexo em um dos filmes do Van Damme.
Existia algo mais puro na personagem, o que não necessariamente seria errado, conservador, preconceituoso e etc. Seria apenas uma maneira de lidar com o sexo coletivo. Simplesmente alguém que não se sentiria bem em orgias.
Quando o ator mudou, porém, a linguagem corporal dele em conjunto com a aparência física já o encaminhou para uma cena assim, vide o beijão que deu em Wolfgang na cena da orgia. Não me entenda a mal, mas isso não condiz com o Capheus construído até então e modificá-lo de tal forma para agradar o hype não acrescentou em nada à série, senão tiver diminuído. Já que um padrão estético foi garantindo com a escolha de um ator rigorosamente mais másculo, o que é uma pena na representatividade de pessoas que são simplesmente pessoas. Aml era o mais próximo disso entre os homens, e infelizmente a mudança do ator mudou muito mais na personagem Capheus do que as pessoas querem admitir.
Quanto aos demais sensates, eles foram extraídos diretamente de agências de estrelas pornô, ao que parece. Um fetiche sem tamanho da Lana Watchwoski, a qual parece estar se explorando sexualmente pela primeira vez, como uma adolescente. Isso me lembra uma cena em específico de Orange Is The New Black, a qual a personagem da Larvene Cox está recentemente operada e tendo melhores resultados na transição de redesignação de sexo. Na cena, ela aparece com roupas muito juvenis e dentro do padrão de feminilidade do início dos anos 2000–muito rosa, saia, salto, enfim— e explica que, apesar da idade, estava sentindo sua adolescência pela primeira vez. Decerto, é interessante entender o psicológico da diretora em um momento tão único, que deve estar sendo prazeroso a ela de inúmeras formas, mas que não foge ao pensamento quadrado de adolescentes que cresceram idolatrando Johnny Depp e Brad Pitt, trazendo um padrão estético, sobretudo nos homens, ainda que falando de diversidade. Uma pena em um único aspecto, já que muito da mitologia da série deixa de ser abordado —o que não saberia nem dizer como deveria ser feito, já que os questionamentos sobre os sensates perduram—, apenas para sanar essa lacuna de representatividade em uma só série, mas que apela ao padrão de beleza de qualquer forma.
No fim, Sense8 acaba se perdendo na própria proposta, mesmo tendo um enredo incrível, criando expectativas frustradas e que tendem a ficar pior, já que o público alimenta a manutenção da abordagem sexual que, primordialmente libertadora, mais tarde se tornará supérflua. Sério, já vi muitos dizendo que terá um suruba por temporada, no mínimo. Isso não é necessário. Não porque sexo seja tabu, mas justamente por ser arte e não precisar ser banalizado com expectativas tão altas da diretora e dos expectadores. Sexo também é engraçado, frustrante, desafiador, complicado. Muita coisa além de uma orgia de deuses gregos que dar orgasmos a cada um, pois estão sentindo por 7. Muito além do que tem no rumo que a série estar se direcionando depois de praticamente esquecer o potencial da mitologia que apresentou.
Sons of Anarchy (6ª Temporada)
4.6 439 Assista AgoraO desenvolvimento dessa temporada foi lento e vi me arrastando, mas tudo é recompensado nos episódios finais. Estou de coração partido ): Plus, o grande problema da temporada ter tido queda em qualidade foi o protagonismo concedido à Gemma.