Acabei de sair da sessão e estou felicíssima, apesar de estar com o coração destroçado com diversas mensagens do filme —inclusive algumas que eu precisava ouvir—, pois La La Land é um ode ao cinema e à música. É importante entender que a retratação do jazz no filme é vista pela visão de um amante de tradicionalismos e que não necessariamente a modernização é ruim para esse gênero.
Que o romantismo em torno da figura amante de jazz clássico e da figura amante de filmes como Casablanca é puramente nostálgico, mas que, por assim ser, já se foi. Já parece que era para ser lembrado, muito mais do que vivido, pois a modernização chega aí também. Chega por ser necessária muitas vezes na vida. O lance todo de crescer.
Porém, como Emma Stone disse no discurso de aceitação do Globo de Ouro, é um filme para sonhadores. Muito além disso, para nostálgicos. Então, ver o crescimento das personagens sendo retratado de forma tão fantástica, literalmente falando, repleto de nostalgias e sonhos, é o que pôde me dar as sensações mais reais que um roteiro tão simples poderia trazer. Afinal, o roteiro era só a vida... Mas nunca fez tanto sentido a vida ser tão ficcional e melodiosa, pois é como pessoas como eles e como muitos de nós sentimos. Por isso, devo acrescentar: Obrigada mesmo por "The Fools Who Dream".
Ao longo do filme, parava para pensar sobre a relevância das cenas expostas para a trama. Considerei-as razoáveis, mas também dispensáveis numa narrativa sobre o Neruda ser político. Como estava enganada. O equívoco em considerar o filme lento e vazio é tamanho que pode complicar no entendimento do filme ao final. Apesar de que o filme poderia ter sido melhor direcionado, as cenas que vemos mostram muito do ócio, lentidão, insignificância da jornada do protagonista –Óscar, não Neruda. O final belíssimo me deixou a pensar sobre muitas coisas que foram deixadas sutis em forma de cenas cômicas e narração depressiva, como
Óscar viver novamente depois de Neruda dizer seu nome, ou Óscar denominar-se Neruda, filho do povo, não da polícia, ou ainda todo o diálogo de Óscar e Delia sobre personagens protagonistas e personagens secundários, já que se remete ao protagonismo do povo e ao secundarismo das instituições.
Devo dizer que um filme trazer conjuntamente versão real de um grande artista, críticas de conjuntura e classe, visão de escritor sobre os que os cercam (o que adoraria de ver mais em mais filmes!), reconhecimento de soberania popular, significância da pessoa histórica e, sobretudo, importância do caráter transformador social que o trabalho artístico tem, independentemente de quem o faz ou como este o conduz; é arriscado, mas de tamanha relevância e de satisfação ao assistir que foi o suficiente para elevar a nota do filme em muitos aspectos. A sutileza das mensagens do filme é tamanha que a surpresa ao notá-las no fim ou só após o filme faz-te repassar muitas cenas na cabeça para entender como elas serviram à proposta final. Serviram muito bem, diga-se de passagem. Adorei esse toque, como também o toque poético na iluminação dos ambientes. Ver a poeira ser iluminada de diversas cores, o foco se perder na luz, o ambiente ficar âmbar, roxo, rosa, azul. Não me recordo de uma iluminação tão viva, muito além de bonita, em algum filme anterior.
História no mínimo interessante e até meiga por unir personagens tão adversos. O grande porém são as personagens em si. São completas versões hiperbólicas do que deveriam ser, incomodando-me muito pelo estereótipo. O desenvolvimento também é bem medíocre, pois não há de fato conexão entre as personagens até o final do filme, o que devo acrescentar que foi de forma forçada. Além disso, Bender me enoja. Muito.
Toda a conversa sobre sexo que ele traz à tona apenas para desmoralizar Claire é perturbadora, sem contar ele enfiar o rosto entre as pernas dela e isso contar como alguma forma de cantada? Afinal, ela vai atrás dele depois de ser diversas vezes humilhada. Que merda de conquista é essa?
Um filme que trabalha com variados tons em determinados momentos, com contraste acentuado entre o que beira a um terror e uma apresentação do mundo mágico de maneira divertida. É interessante como o contraste é feito, justamente para não perder a essência de um filme introdutório, mas que tem muito a dizer sobre um universo que já conhecemos. Tudo que fora citado e mostrado em cena sobre histórias que estamos ansiosos em ouvir desde que descobrimos o que eram as Relíquias da Morte foi de tirar o fôlego, mas sou suspeita dizer. No mais, estruturalmente bem planejado, não existindo fuga de roteiro, nem cenas ou personagens melhores exploradas do que outras. É cativante, mas com personagens que ainda devem nos surpreender futuramente para criarmos mais apreço --o que é normal, já que nem elas e nem nós somos mais crianças. Enfim, agradou bastante.
A nota baixa para esse filme não se trata de ser uma história desinteressante para ser adaptada, mas do desserviço que essa trilogia faz com mulheres que já sofreram dentro de relacionamentos abusivos. Vender um suposto BDSM como fetiche da autora, capaz de alcançar muitas outras mulheres também frustradas sexualmente, é uma irresponsabilidade sem tamanha que exigiria muito mais técnica e enredo do que a trama carrega. Soa-me muito como estupro apresentar um lado do sexo mais violento para Ana, uma garota que é virgem, tem estima quase enterrada, fora do padrão, dentro do estereótipo de garota cult e atrapalhada. A questão é que fundar uma personagem tão rasa para relacionar com outra tão instável é a fórmula de um caso de polícia, não de um romance. O filme consegue, na verdade, ser melhor que o livro ao amenizar a tensão que existe na trama inteira. Lê-lo me deu bastante desconforto e revolta com passagens que já me foram familiares ou que nunca desejo que aconteçam comigo. Entretanto, o filme também peca a romantizar as passagens mais perturbantes do livro, que ao menos no livro parecem mais sinceras, como a que ela acorda no apartamento de Grey com uma roupa dele, já que foi despida enquanto inconsciente. Esse tipo de tratamento de um desconhecido, que de quebra dormiu do seu lado na cama, é algo que me apavora e que mais tarde foi usado como argumento de Christian Grey para fundamentar seu amor por Ana: "Eu nunca tinha dormido ao lado de ninguém". Na real, tenho muitas críticas à história e já li até análises mais profundas sobre as duas personagens principais, que sinceramente foram escritas erradas, e se existem, deveriam se manter o mais longe possível uma da outra; mas retenho as críticas para resumi-las nessa pauta extremamente ridicularizada pelo filme: Relacionamentos abusivos existem e romantizá-los é a chave para naturalizá-los. Não se pede para a garota afastar-se de você e dar a ela uma coleção do autor preferido dela no dia seguinte. Não se cria um contrato misógino para o relacionamento e depois dar um carrão de presente. Não se rastreia celular, não muda a passagem aérea sem permissão, não persegue alguém até outro país. Desculpa os spoilers, pois não sei nem onde mais marcá-los, mas preciso deixar claro que tudo que parece fofo em 50 Tons De Cinza, pode ser cena de filme de terror se você apenas trocar a trilha sonora.
Qualquer filme que faz referência à arte, já me ganha um tantão! Simplesmente maravilhada com a referência a O Nascimento de Vênus e a A Noite Estrelada.
(como o fungo que acomete raízes e resulta na queda de potenciais árvores, paralelo explícito com a queda de Mona, uma garota de formação técnica, à sua morte)
–e creio que por mais um tempo. A proposta do filme não é trazer-nos uma história de uma aventureira, a qual nos apegaremos e ficaremos tristes ou felizes por ela. Sequer temos um passado ou embasemento ideológico dela. Então, pelo contrário, Mona, muita vezes, é insuportável. E aí que está a principal estratégia do filme: Eu a considero insuportável às vezes por ter medo de ser livre? Que nem um dos personagens do filme, o dono do rebanho de cabras, que diz que ele está no meio termo, que Mona está mais livre do que ele. Pois bem, se ela é, de fato: a liberdade valeu a pena afinal?
Inclusive, tenho a impressão de que a trajetória de Mona é cíclica. Alguns personagens a reencontram, ainda que seja só de vista, o que não tornou muito difícil achá-la pelo engenheiro agrônomo, que é amigo da professora, sobrinho da senhorinha, a qual tem como governanta a Yolande, que tem como namorado, Paolo. Todos estes encontraram Mona. Yolande, duas vezes. O sobrinho, quase três. Isso é muito interessante no filme, pois me fez questionar que liberdade é essa que não se move, não se desprende. Mona é muito corajosa, de fato, mas ela não estaria alimentando o sistema que tanto quer fugir –como se é dito pelo dono do rebanho, também mestre em filosofia–? Ter personagens que questionam isso no filme, ainda que indiretamente, é também um ponto muito interessante para temática, a começar da própria Mona, uma andarilhA, subversiva ao sistema patriarcal em busca da liberdade. Mais uma metáfora maravilhosa para a estabelecer a similitude entre liberdade e destruição, pois utiliza-se uma figura que anseia por liberdade até os dias de hoje. Então, o que foi que limitou tanto a liberdade de Mona? Quem foi que a destruiu? Esse questionamento vai muito além. Seria todo o sistema, de gênero, de classe, de formação acadêmica, que a destruiu?
Ah, e devo ressaltar o respaldo que a imagem feminina carrega no filme, tanto por ser escrito e dirigido por outra maravilhosa mulher.
Esperava melhor desenvolvimento do personagem principal com os demais ao seu redor, sobretudo com seu filho, mas consegui captar o que o filme quis propôr. É uma ótima proposição, mas que teria sido melhor trabalhada se o enfoque do filme não transitasse entre o personagem principal e os secundários. A relação entre eles seria mais importante –senão mais cenas do principal sozinho lidando com sua insegurança, passividade–, por isso que o final foi um aspecto muito positivo do filme, mas que seria melhor aproveitado com um desenvolvimento mais digno de tê-lo. No mais, a filmagem estática, os sons, sobretudo do irritante detector de metais, são muito bem colocados no filme.
Nunca havia chorado tanto com uma animação na vida. Cada detalhe me tocou de uma forma, sobretudo, por causa da "brasileiridade" romantizada no filme. Nossas raízes, nossas histórias, expostas de uma forma que qualquer um pode entender. É mágico.
Assisti o filme sem ter sequer algum indício da temática a ser abordada. Esperava, sinceramente, mais um filme sobre um personagem principal cheio de amor para dar, como também um tanto melancólico – o que não deixa de ser verdade, mas não se torna o elemento único desse filme. Devo confessar de que estranhei o comportamento e as situações que o Theodore se submetia, chegando a ter até uma aversão em relação a tudo que estava ocorrendo. Não deixo de a ter, é verdade, mas compreendi o personagem depois de refletir sobre esse estágio moderno que há de vir, onde ficaremos cada vez mais sós ao termos cada vez mais mecanismos para, ironicamente, nos comunicar. É uma crítica belíssima do filme, muito bem romantizada, mas não deixa de ser aterrorizante para mim. Devo elogiar os cenários em conjunto com os figurinos, aproveitados numa linda fotografia, como também as frases maravilhosas que aparecem durante um roteiro muito bem trabalhado (sou suspeita a dizer que é merecido esse filme ter ganho o Oscar de melhor roteiro original). Essa crítica –muito mais para um comentário– pode parecer muito genérica, eu sei, mas não há nada além disso que posso dizer sobre Ela. É um filme para se ver inteiro, entregando-se à temática e sentindo-se como o personagem. Não há nenhum clímax que eu possa criticar mais profundamente aqui pelo fato de que o filme inteiro é repleto de vários. Todas as cenas são importantes para o fechamento da história. Vale a pena ver.
Acho o filme maravilhoso devido à honestidade das cenas e do roteiro. As cenas de sexo transmitem bastante sobre os personagens, pois fica claro que enquanto um está mais disposto a doar-se inteiramente, o outro está confuso em relação ao seus sentimentos, mas está sentindo um tesão extremo por tudo que está fazendo com um outro cara. Passei muito tempo pensando sobre a confusão emocional do personagem principal, para saber se ele está apaixonado ou não, e, sinceramente, não o sei dizer. É por causa disso que não considero o filme um cliché e tampouco de amor. É um filme sobre descoberta. É um filme fiel à realidade. Um filme com um final avassalador, mas necessário, honesto.
Devo acrescentar que a cena em que a mulher dele desaba sem saber como continuar com o marido depois de uma traição especificamente homossexual me fez pensar muito e, ao fim, considerei-a incrível. Não sei o que dizer, mas essa cena me fascina pelo desespero sincero da mulher. É uma cena belíssima.
La La Land: Cantando Estações
4.1 3,6K Assista AgoraAcabei de sair da sessão e estou felicíssima, apesar de estar com o coração destroçado com diversas mensagens do filme —inclusive algumas que eu precisava ouvir—, pois La La Land é um ode ao cinema e à música.
É importante entender que a retratação do jazz no filme é vista pela visão de um amante de tradicionalismos e que não necessariamente a modernização é ruim para esse gênero.
Que o romantismo em torno da figura amante de jazz clássico e da figura amante de filmes como Casablanca é puramente nostálgico, mas que, por assim ser, já se foi. Já parece que era para ser lembrado, muito mais do que vivido, pois a modernização chega aí também. Chega por ser necessária muitas vezes na vida. O lance todo de crescer.
Neruda
3.5 81 Assista AgoraAo longo do filme, parava para pensar sobre a relevância das cenas expostas para a trama. Considerei-as razoáveis, mas também dispensáveis numa narrativa sobre o Neruda ser político. Como estava enganada.
O equívoco em considerar o filme lento e vazio é tamanho que pode complicar no entendimento do filme ao final. Apesar de que o filme poderia ter sido melhor direcionado, as cenas que vemos mostram muito do ócio, lentidão, insignificância da jornada do protagonista –Óscar, não Neruda. O final belíssimo me deixou a pensar sobre muitas coisas que foram deixadas sutis em forma de cenas cômicas e narração depressiva, como
Óscar viver novamente depois de Neruda dizer seu nome, ou Óscar denominar-se Neruda, filho do povo, não da polícia, ou ainda todo o diálogo de Óscar e Delia sobre personagens protagonistas e personagens secundários, já que se remete ao protagonismo do povo e ao secundarismo das instituições.
Devo dizer que um filme trazer conjuntamente versão real de um grande artista, críticas de conjuntura e classe, visão de escritor sobre os que os cercam (o que adoraria de ver mais em mais filmes!), reconhecimento de soberania popular, significância da pessoa histórica e, sobretudo, importância do caráter transformador social que o trabalho artístico tem, independentemente de quem o faz ou como este o conduz; é arriscado, mas de tamanha relevância e de satisfação ao assistir que foi o suficiente para elevar a nota do filme em muitos aspectos.
A sutileza das mensagens do filme é tamanha que a surpresa ao notá-las no fim ou só após o filme faz-te repassar muitas cenas na cabeça para entender como elas serviram à proposta final. Serviram muito bem, diga-se de passagem. Adorei esse toque, como também o toque poético na iluminação dos ambientes. Ver a poeira ser iluminada de diversas cores, o foco se perder na luz, o ambiente ficar âmbar, roxo, rosa, azul. Não me recordo de uma iluminação tão viva, muito além de bonita, em algum filme anterior.
Clube dos Cinco
4.2 2,6K Assista AgoraHistória no mínimo interessante e até meiga por unir personagens tão adversos. O grande porém são as personagens em si. São completas versões hiperbólicas do que deveriam ser, incomodando-me muito pelo estereótipo. O desenvolvimento também é bem medíocre, pois não há de fato conexão entre as personagens até o final do filme, o que devo acrescentar que foi de forma forçada. Além disso, Bender me enoja. Muito.
Toda a conversa sobre sexo que ele traz à tona apenas para desmoralizar Claire é perturbadora, sem contar ele enfiar o rosto entre as pernas dela e isso contar como alguma forma de cantada? Afinal, ela vai atrás dele depois de ser diversas vezes humilhada. Que merda de conquista é essa?
Animais Fantásticos e Onde Habitam
4.0 2,2K Assista AgoraUm filme que trabalha com variados tons em determinados momentos, com contraste acentuado entre o que beira a um terror e uma apresentação do mundo mágico de maneira divertida. É interessante como o contraste é feito, justamente para não perder a essência de um filme introdutório, mas que tem muito a dizer sobre um universo que já conhecemos. Tudo que fora citado e mostrado em cena sobre histórias que estamos ansiosos em ouvir desde que descobrimos o que eram as Relíquias da Morte foi de tirar o fôlego, mas sou suspeita dizer. No mais, estruturalmente bem planejado, não existindo fuga de roteiro, nem cenas ou personagens melhores exploradas do que outras. É cativante, mas com personagens que ainda devem nos surpreender futuramente para criarmos mais apreço --o que é normal, já que nem elas e nem nós somos mais crianças. Enfim, agradou bastante.
Cinquenta Tons de Cinza
2.2 3,3K Assista AgoraA nota baixa para esse filme não se trata de ser uma história desinteressante para ser adaptada, mas do desserviço que essa trilogia faz com mulheres que já sofreram dentro de relacionamentos abusivos. Vender um suposto BDSM como fetiche da autora, capaz de alcançar muitas outras mulheres também frustradas sexualmente, é uma irresponsabilidade sem tamanha que exigiria muito mais técnica e enredo do que a trama carrega. Soa-me muito como estupro apresentar um lado do sexo mais violento para Ana, uma garota que é virgem, tem estima quase enterrada, fora do padrão, dentro do estereótipo de garota cult e atrapalhada. A questão é que fundar uma personagem tão rasa para relacionar com outra tão instável é a fórmula de um caso de polícia, não de um romance. O filme consegue, na verdade, ser melhor que o livro ao amenizar a tensão que existe na trama inteira. Lê-lo me deu bastante desconforto e revolta com passagens que já me foram familiares ou que nunca desejo que aconteçam comigo. Entretanto, o filme também peca a romantizar as passagens mais perturbantes do livro, que ao menos no livro parecem mais sinceras, como a que ela acorda no apartamento de Grey com uma roupa dele, já que foi despida enquanto inconsciente. Esse tipo de tratamento de um desconhecido, que de quebra dormiu do seu lado na cama, é algo que me apavora e que mais tarde foi usado como argumento de Christian Grey para fundamentar seu amor por Ana: "Eu nunca tinha dormido ao lado de ninguém". Na real, tenho muitas críticas à história e já li até análises mais profundas sobre as duas personagens principais, que sinceramente foram escritas erradas, e se existem, deveriam se manter o mais longe possível uma da outra; mas retenho as críticas para resumi-las nessa pauta extremamente ridicularizada pelo filme: Relacionamentos abusivos existem e romantizá-los é a chave para naturalizá-los. Não se pede para a garota afastar-se de você e dar a ela uma coleção do autor preferido dela no dia seguinte. Não se cria um contrato misógino para o relacionamento e depois dar um carrão de presente. Não se rastreia celular, não muda a passagem aérea sem permissão, não persegue alguém até outro país. Desculpa os spoilers, pois não sei nem onde mais marcá-los, mas preciso deixar claro que tudo que parece fofo em 50 Tons De Cinza, pode ser cena de filme de terror se você apenas trocar a trilha sonora.
Aquarius
4.2 1,9K Assista AgoraCríticas muito sutis, desde a exploração da sexualidade da mulher à importância da memória, tão atacada em nome de um capitalismo selvagem.
Coraline e o Mundo Secreto
4.1 1,9K Assista AgoraQualquer filme que faz referência à arte, já me ganha um tantão! Simplesmente maravilhada com a referência a O Nascimento de Vênus e a A Noite Estrelada.
Os Renegados
4.1 86 Assista AgoraO questionamento de que até onde a liberdade plena passa a se tornar destrutiva está me consumindo até então
(como o fungo que acomete raízes e resulta na queda de potenciais árvores, paralelo explícito com a queda de Mona, uma garota de formação técnica, à sua morte)
–e creio que por mais um tempo.
A proposta do filme não é trazer-nos uma história de uma aventureira, a qual nos apegaremos e ficaremos tristes ou felizes por ela. Sequer temos um passado ou embasemento ideológico dela. Então, pelo contrário, Mona, muita vezes, é insuportável. E aí que está a principal estratégia do filme: Eu a considero insuportável às vezes por ter medo de ser livre? Que nem um dos personagens do filme, o dono do rebanho de cabras, que diz que ele está no meio termo, que Mona está mais livre do que ele. Pois bem, se ela é, de fato: a liberdade valeu a pena afinal?
Inclusive, tenho a impressão de que a trajetória de Mona é cíclica. Alguns personagens a reencontram, ainda que seja só de vista, o que não tornou muito difícil achá-la pelo engenheiro agrônomo, que é amigo da professora, sobrinho da senhorinha, a qual tem como governanta a Yolande, que tem como namorado, Paolo. Todos estes encontraram Mona. Yolande, duas vezes. O sobrinho, quase três. Isso é muito interessante no filme, pois me fez questionar que liberdade é essa que não se move, não se desprende. Mona é muito corajosa, de fato, mas ela não estaria alimentando o sistema que tanto quer fugir –como se é dito pelo dono do rebanho, também mestre em filosofia–? Ter personagens que questionam isso no filme, ainda que indiretamente, é também um ponto muito interessante para temática, a começar da própria Mona, uma andarilhA, subversiva ao sistema patriarcal em busca da liberdade. Mais uma metáfora maravilhosa para a estabelecer a similitude entre liberdade e destruição, pois utiliza-se uma figura que anseia por liberdade até os dias de hoje. Então, o que foi que limitou tanto a liberdade de Mona? Quem foi que a destruiu? Esse questionamento vai muito além. Seria todo o sistema, de gênero, de classe, de formação acadêmica, que a destruiu?
Ah, e devo ressaltar o respaldo que a imagem feminina carrega no filme, tanto por ser escrito e dirigido por outra maravilhosa mulher.
O Tesouro
3.3 19Esperava melhor desenvolvimento do personagem principal com os demais ao seu redor, sobretudo com seu filho, mas consegui captar o que o filme quis propôr. É uma ótima proposição, mas que teria sido melhor trabalhada se o enfoque do filme não transitasse entre o personagem principal e os secundários. A relação entre eles seria mais importante –senão mais cenas do principal sozinho lidando com sua insegurança, passividade–, por isso que o final foi um aspecto muito positivo do filme, mas que seria melhor aproveitado com um desenvolvimento mais digno de tê-lo. No mais, a filmagem estática, os sons, sobretudo do irritante detector de metais, são muito bem colocados no filme.
O Sol É Para Todos
4.3 414 Assista AgoraIt's a sin to kill a mockingbird.
Que história mais bela para a época. ❤
Dzi Croquettes
4.4 244Bixa não morre, filha, vira purpurina! ❤
O Menino e o Mundo
4.3 735 Assista AgoraNunca havia chorado tanto com uma animação na vida. Cada detalhe me tocou de uma forma, sobretudo, por causa da "brasileiridade" romantizada no filme. Nossas raízes, nossas histórias, expostas de uma forma que qualquer um pode entender. É mágico.
Ela
4.2 5,8K Assista AgoraAssisti o filme sem ter sequer algum indício da temática a ser abordada. Esperava, sinceramente, mais um filme sobre um personagem principal cheio de amor para dar, como também um tanto melancólico – o que não deixa de ser verdade, mas não se torna o elemento único desse filme.
Devo confessar de que estranhei o comportamento e as situações que o Theodore se submetia, chegando a ter até uma aversão em relação a tudo que estava ocorrendo. Não deixo de a ter, é verdade, mas compreendi o personagem depois de refletir sobre esse estágio moderno que há de vir, onde ficaremos cada vez mais sós ao termos cada vez mais mecanismos para, ironicamente, nos comunicar. É uma crítica belíssima do filme, muito bem romantizada, mas não deixa de ser aterrorizante para mim.
Devo elogiar os cenários em conjunto com os figurinos, aproveitados numa linda fotografia, como também as frases maravilhosas que aparecem durante um roteiro muito bem trabalhado (sou suspeita a dizer que é merecido esse filme ter ganho o Oscar de melhor roteiro original).
Essa crítica –muito mais para um comentário– pode parecer muito genérica, eu sei, mas não há nada além disso que posso dizer sobre Ela. É um filme para se ver inteiro, entregando-se à temática e sentindo-se como o personagem. Não há nenhum clímax que eu possa criticar mais profundamente aqui pelo fato de que o filme inteiro é repleto de vários. Todas as cenas são importantes para o fechamento da história. Vale a pena ver.
Queda Livre
3.6 591Acho o filme maravilhoso devido à honestidade das cenas e do roteiro. As cenas de sexo transmitem bastante sobre os personagens, pois fica claro que enquanto um está mais disposto a doar-se inteiramente, o outro está confuso em relação ao seus sentimentos, mas está sentindo um tesão extremo por tudo que está fazendo com um outro cara. Passei muito tempo pensando sobre a confusão emocional do personagem principal, para saber se ele está apaixonado ou não, e, sinceramente, não o sei dizer. É por causa disso que não considero o filme um cliché e tampouco de amor. É um filme sobre descoberta. É um filme fiel à realidade. Um filme com um final avassalador, mas necessário, honesto.
Devo acrescentar que a cena em que a mulher dele desaba sem saber como continuar com o marido depois de uma traição especificamente homossexual me fez pensar muito e, ao fim, considerei-a incrível. Não sei o que dizer, mas essa cena me fascina pelo desespero sincero da mulher. É uma cena belíssima.