Ótimas atuações e enredo marcam o filme. Muito contemporâneo, ótimo modo de trabalhar o conflito dos papéis de gênero, da construção social do casamento e da felicidade. Como um bom filme argentino, traz ótimas reflexões de forma leve e acertada.
O filme se utiliza de um tema super atual e de fácil engano durante execução. Entretanto, tem um elenco excelente e revelador, além de enredo envolvente, pouco maniqueísta e pouco estereotipado. Personagens são esféricos e ao mesmo tempo simbólicos, todos conhecemos no nosso dia-a-dia "Renets'', "Tatis'' e os outros personagens. Para quem é mais detalhista, o modo como o gênero é apresentado demonstra uma sensibilidade elaborada, mostrando de forma genial o funcionamento da nossa sociedade machista, heteronormativa, homofóbica e limitada. Como o próprio diretor disse, ele recebeu a ajuda da roteirista que o impediu de ter equívocos por ser homem, branco, cis e hetero ( palavras do diretor no festival de cinema de Gramado), o produto disso merece ser divulgado e aplaudido.
Em meio aos comentários de que o Oscar vai ser "negro", o filme mais comentado, entretanto, é La La Land. O filme é ambientado em torno do jazz, o qual nasceu nos subúrbios com a população negra. Os protagonistas, contudo, são brancos. O personagem de Ryan Gosling tem um objetivo: não deixar o jazz morrer. Muito emblemático. Nem sequer um coadjuvante negro, mas alguns figurantes forçam as cenas com participações não naturais e fictícias. Ou achamos mesmo que um casal negro de cerca de 60 anos se insere nas situações colocadas? O filme remonta, algumas vezes de forma atemporal inclusive, Los Angeles, um meio artístico-musical intenso, mas pasmem: não tem sequer um personagem ou figurante homossexual. Os críticos dizem que o filme passa um tom nostálgico, imagino eu que seja pelo conservadorismo, heteronormatividade e racismo. Enfim, esse ser o filme mais cotado para o "Oscar mais negro" da história só mostra que a academia não mudou nem um pouco. Não me surpreenderá ao ver que ele foi o maior ganhador da noite. De todas as qualidades, salta-se aos olho que é mais um filme feito de homem-cis-hetero-branco para homem-cis-hetero-branco.
Interessante o ponto trabalhado no filme. Diferente da ideia maniqueísta do bem X mal e do desejo de "justiça" a qual estamos acostumados a ver. O modo de filmagem deixa muito mais verossímil, a escolha das personagens foi bem estereotipada, o que facilita reconhecermos episódios parecidos a nosso período de escola. A busca por alteração na raiz do problema, isto é, na sociedade é algo que o filme traz à tona e pouco se discute no dia-a-dia. Criminalizar não resolve o problema, apenas pune uma das vítimas. Com o fim do filme, ficamos insatisfeitos e achamos que é porque não houve justiça, mas na verdade é por não sabermos lidar com a ideia de que criamos os bullies e queremos puni-los por fazer o que a sociedade faz de forma maquiada. Por que não discutimos e nem sequer pensamos em como realmente fazemos parte deste problema social de relação de poder que ganha magnitude na adolescência? Espero que o filme traga mais essa discussão para o tema, que vai muito além da criminalização e punição.
Comprar Ingressos
Este site usa cookies para oferecer a melhor experiência possível. Ao navegar em nosso site, você concorda com o uso de cookies.
Se você precisar de mais informações e / ou não quiser que os cookies sejam colocados ao usar o site, visite a página da Política de Privacidade.
Recreio
3.3 6Ótimas atuações e enredo marcam o filme. Muito contemporâneo, ótimo modo de trabalhar o conflito dos papéis de gênero, da construção social do casamento e da felicidade. Como um bom filme argentino, traz ótimas reflexões de forma leve e acertada.
Ferrugem
2.9 129O filme se utiliza de um tema super atual e de fácil engano durante execução. Entretanto, tem um elenco excelente e revelador, além de enredo envolvente, pouco maniqueísta e pouco estereotipado. Personagens são esféricos e ao mesmo tempo simbólicos, todos conhecemos no nosso dia-a-dia "Renets'', "Tatis'' e os outros personagens. Para quem é mais detalhista, o modo como o gênero é apresentado demonstra uma sensibilidade elaborada, mostrando de forma genial o funcionamento da nossa sociedade machista, heteronormativa, homofóbica e limitada. Como o próprio diretor disse, ele recebeu a ajuda da roteirista que o impediu de ter equívocos por ser homem, branco, cis e hetero ( palavras do diretor no festival de cinema de Gramado), o produto disso merece ser divulgado e aplaudido.
La La Land: Cantando Estações
4.1 3,6K Assista AgoraEm meio aos comentários de que o Oscar vai ser "negro", o filme mais comentado, entretanto, é La La Land. O filme é ambientado em torno do jazz, o qual nasceu nos subúrbios com a população negra. Os protagonistas, contudo, são brancos. O personagem de Ryan Gosling tem um objetivo: não deixar o jazz morrer. Muito emblemático. Nem sequer um coadjuvante negro, mas alguns figurantes forçam as cenas com participações não naturais e fictícias. Ou achamos mesmo que um casal negro de cerca de 60 anos se insere nas situações colocadas? O filme remonta, algumas vezes de forma atemporal inclusive, Los Angeles, um meio artístico-musical intenso, mas pasmem: não tem sequer um personagem ou figurante homossexual. Os críticos dizem que o filme passa um tom nostálgico, imagino eu que seja pelo conservadorismo, heteronormatividade e racismo. Enfim, esse ser o filme mais cotado para o "Oscar mais negro" da história só mostra que a academia não mudou nem um pouco. Não me surpreenderá ao ver que ele foi o maior ganhador da noite. De todas as qualidades, salta-se aos olho que é mais um filme feito de homem-cis-hetero-branco para homem-cis-hetero-branco.
A Girl Like Her
3.5 112Interessante o ponto trabalhado no filme. Diferente da ideia maniqueísta do bem X mal e do desejo de "justiça" a qual estamos acostumados a ver. O modo de filmagem deixa muito mais verossímil, a escolha das personagens foi bem estereotipada, o que facilita reconhecermos episódios parecidos a nosso período de escola. A busca por alteração na raiz do problema, isto é, na sociedade é algo que o filme traz à tona e pouco se discute no dia-a-dia. Criminalizar não resolve o problema, apenas pune uma das vítimas. Com o fim do filme, ficamos insatisfeitos e achamos que é porque não houve justiça, mas na verdade é por não sabermos lidar com a ideia de que criamos os bullies e queremos puni-los por fazer o que a sociedade faz de forma maquiada. Por que não discutimos e nem sequer pensamos em como realmente fazemos parte deste problema social de relação de poder que ganha magnitude na adolescência? Espero que o filme traga mais essa discussão para o tema, que vai muito além da criminalização e punição.