Alan Vasconcelos

O foco principal é Bia, que ao que tudo indica é a parte emergente da classe, não goza do glamour que tem a outra família principal, por exemplo, mas o emergente mesmo tendo 20% do poder aquisitivo de quem compõe a classe se considera parte dela, e o estado de espírito quase completa os 80 que faltam, a parte em que a vizinha se sente inferior por algumas polegadas a menos na TV é um clássico. Entre os seus problemas estão um cachorro que late muito e um marido inadimplente na cama, os 20% do poder aquisitivo já basta para ela não precisar subir o morro pra comprar droga e ter uma empregada pra destratar.

Os outros personagens também são extremamente fiéis ao asco da classe média. João tinha tudo pra ser um cara gente boa, mas ninguém mandou ser rico. E Francisco não podia ser gente boa porque foi o culpado de João nascer rico.

Os paralelos apresentados são ótimos, como a criança que toma um soco x o playboy que rouba sem precisar e é acobertado pelo avô, ou o emprego noturno que o filho da empregada arruma x o emprego noturno do João na Alemanha.

A reunião de condôminos de camisa social decidindo o futuro e a vida do porteiro que dormiu em serviço como se falassem de futebol.

O plot twist clichê que define o filme serve pra lembrar que servimos, e muitas vezes com orgulho, aqueles que nos destroem. KMF me ganhou quando mesmo sem saber me incluiu nos filmes, como gostam de dizer, simples e sem nada demais dele.