Fadas, centauros, dragões, elfos, orcs e outras criaturas estranhas; você com certeza já está acostumado a ver filmes com estes elementos, certo? Pois bem, Bright se utiliza destas excêntricas figuras, entretanto, em vez da história se passar em uma “época medieval” (alô Tolken!), como é de costume, passa-se nos dias atuais.
Assim, é possível notar um dragão voando por cima dos prédios, centauro isolando cena do crime, elfos fazendo compras em shoppings centers e orcs zanzando entre os humanos. Só este fato de envolver tais criaturas nos dias atuais já é o suficiente para fazer com que qualquer história (filme/HQ/série/etc.) seja, no mínimo, curiosa, certo? Pois é, Bright tinha tudo para dar certo – tinha...
Com um enredo fraco, o filme tenta (de maneira muito malfeita) fazer uma analogia entre os guetos da vida real e os guetos da ficção – é nítida a tentativa de associar o racismo da vida fora da película com o racismo dentro do filme, no caso, os orcs formam a tal raça marginalizada. Aqui, deve-se ter atenção: ao contrário da vida real, onde o correto é a utilização do termo ‘etnias’, no filme trata-se de ‘raças’ mesmo (orcs, humanos, elfos e outras).
Se não bastasse o fracasso com a metáfora do racismo/discriminação para com os negros nos EUA, o filme ainda peca – e muito – no enredo em geral. São muitos núcleos que aparecem ao decorrer do filme e a impressão que dá é que os responsáveis se perderam do meio para o fim. Aliás, falando em fim, o desfecho do filme é vergonhoso...
Ao terminar o filme é possível pensar que, se fosse uma série, talvez tivessem mais tempo para discorrer melhor sobre os personagens e núcleos do filme, aí sim, ficaria bacana. Ou seja: Bright é tiro, porrada e bomba sem uma história que convença, não tem Will Smith que dê jeito! O ator, como em quase todos os filmes dele, atuou muito bem (opa, opinião pessoal ein!). O mesmo não pode ser dito do parceiro de Smith, o orc bobalhão, interpretado por Joel Edgerton, atuação forçada e pouco convincente.
Há muitos outros defeitos, mas a resenha já ficou extensa. Então, para encerrar por aqui, uma breve sugestão: Netflix, melhore.
Em tempo: Li em algum local da internet e concordo – Bright é Zootopia com Lord of The Rings! Rsrs.
“Kong – A Ilha da Caveira” tem belas cenas de ação, onde o gorilão consegue ser apresentado com toda a sua majestade e raridade, mas o filme é só isto mesmo.
O enredo é pobre e os diálogos são extremamente forçados. Aliás, quase tudo é forçado, até mesmo a famosa relação “mocinha X King Kong” é forçada e sem sal. Há núcleos do filme que poderiam ser mais explorados, como o povo ancestral que vive na ilha, por exemplo. Já os vilões, bem, aqui os responsáveis pelo filme erraram na dose. Se você vai ao cinema assistir um filme sobre o gorilão peludo, você quer ver o gorilão peludo e ponto final. Mas o filme, erroneamente, apresenta mais: aranhas gigantes, polvo gigante, formiga gigante (alguém viu? Eu só ouvi!) e ainda, uns lagartos vindos das catacumbas dos infernos. Mentira, os lagartos vieram do subsolo mesmo, mas o filme fez questão de retratá-los como verdadeiros demônios.
E tudo isto para quê? Sinceramente, não sei. Houve momentos do filme em que fiquei me questionando se era mesmo um filme sobre o famoso King Kong, pois mais parecia um daqueles clichês Sessão da Tarde onde colocam um monte de bichos gigantes, muita pólvora e alguns soldados.
Ah, falando em soldados, o filme me deixou com pena do Samuel L. Jackson, ele realmente aparenta estar em fim de carreira, uma pena.
Bem, é isto, não tem muito mais o que falar do filme. Sinceramente, eu daria 3 estrelas em respeito ao majestoso gorila e efeitos especiais em cima deste, mas a primeira cena do filme, aquela cena confusa e tosca que é a luta entre um americano e um japonês, que mais parece uma comédia e me fez ficar pensando se aquilo já era o filme ou se era um trailer, foi capaz de me “comover” e rebaixar mais uma estrela.
Você gosta de filmes de guerra? Se a resposta for sim, você não pode deixar de assistir ‘Até o Último Homem’! Claro, a película não trata apenas de tiros e mais tiros, há uma bela história por trás das excelentes cenas de ação. Aliás, uma breve curiosidade sobre estas cenas: quase todas foram gravadas sem recursos especiais! Ou seja, as eletrizantes e explosivas sequências de guerras são reais; e aqui grande parte dos créditos vai para a equipe responsável pelos explosivos.
O filme, baseado em fatos reais, é dirigido por Mel Gibson e conta a história do soldado e socorrista Desmond T. Doss (interpretado por Andrew Garfield) que, durante a II Guerra Mundial, atuou na Batalha de Okinawa. Até aí, ele seria apenas mais um soldado cumprindo o seu dever. O grande diferencial de Desmond é que ele, ainda em sua formação militar, optou pela objeção de consciência – quando uma pessoa (por motivos religiosos, éticos ou morais) escolhe não seguir os padrões do serviço militar, seja em todo ou em partes (caso do nosso protagonista). Assim, mesmo se recusando a sequer tocar em uma arma de fogo, Desmond T. Doss foi de grande importância para a tropa à qual fazia parte. O motivo? Bem, deixo que o trailer lhe mostre um pouco. O que adianto, já que o filme é baseado em fatos reais, é que Desmond foi o único soldado do Exército dos Estados Unidos a receber uma Medalha de Honra (maior condecoração militar dos EUA) por objeção de consciência.
Esta objeção de consciência, aliás, deu-se por motivos religiosos, mas se você não gosta dos filmes com a temática religiosa, acalme-se, ‘Até o Último Homem’ consegue tratar sobre o tema sem ser enfadonho. Entretanto, o mesmo não se pode dizer do romance no início da trama, situação que este resenhista julgou ser desnecessária e um tanto quanto piegas, mas nada que diminua a grandeza da obra cinematográfica.
Outra importante observação é a sutil crítica que o filme faz ao militarismo quando, de forma despretensiosa e até mesmo cômica, retrata os militares como ‘clowns’ em suas próprias hierarquias.
Enfim, há muito mais para se conversar sobre o filme, mas isto fica restrito aos amantes do cinema que já assistiram à obra– o que poderia ser dito sem estragar as emoções e surpresas do filme já foi dito. Hacksaw Ridge (Até o Último Homem) tem tudo para se tornar um grande clássico dos cinemas, igualmente ocorreu com o icônico Saving Private Ryan (O Resgate do Soldado Ryan).
Entrar em uma sala de cinema – coisa rara hoje em dia, visto o altíssimo preço – e assistir a um filme que ganhou fama pela sua produção extremamente rigorosa e complexa, responsável por inúmeras desistências e demissões no decorrer da filmagem, não é uma situação qualquer. Para aumentar ainda mais a expectativa, o filme a ser exibido na telona está em destaque e é fortemente cotado para o Oscar.
Bem, melhor seria se eu tivesse adentrado à sala de cinema sem tais informações. Não sei, talvez eu tenha criado expectativas demais. Fato é que o filme é sim muito bom, mas eu esperava mais. Fiquem tranquilos, esta não é uma crítica profissional, aqui quem resenha pouco entende da parte técnica e elencos da sétima arte. Mas é uma opinião sincera, de alguém que ama o cinema. Continue lendo.
Filme com atuação impecável de Leonardo DiCaprio, onde conseguiu, no longo e congelante silêncio de seu personagem, passar toda a agonia, desespero e força de Hugh Glass, explorador estadunidense conhecido por suas expedições às terras nunca pisadas pelos ‘homens brancos’. Entretanto, ficou devendo a atuação do jovem Forrest Goodluck, que interpretou o filho mestiço Hawk. Ou talvez tenha sido erro do diretor, ao não dar mais força a vitalidade a um personagem tão importante na trama como o do filho mestiço de Hugh Glass: força motriz na ânsia de vingança do protagonista explorador.
Aliás, um dos destaques do filme é questão da etnicidade. Curioso notar o resgate histórico das línguas, costumes e formas de agir de alguns povos que há muito tempo foram execrados dos Estados Unidos. De forma sutil, em cenas rápidas ou em detalhes, o filme também faz dura crítica à forma violenta e contraditória de como os ‘homens brancos’ dominaram as terras e os povos indígenas da região.
Muitas cenas são forçadas, mas devemos lembrar que se trata de Hollywood. Entretanto, se por um lado isto causa um certo desconforto, por outro encanta. Fico feliz por ter assistido O Regresso em uma sala de cinema, assim pude aproveitar ao máximo a belíssima fotografia em luz natural, o som da natureza (outro grande personagem) e – não sei se pelo ar condicionado ou se pela grande quantidade de neve na tela – frio, muito frio!
Encerro a resenha com uma sincera recomendação: ao adentrar no cinema para assistir O Regresso, leve consigo um casaco, mas jamais expectativas.
"O pior inimigo que existe no mundo é sempre você mesmo”. A frase que abre este texto é uma daquelas que podemos classificar como “clichês”, tão presente em livros de autoajuda, livros estes merecidamente criticados no filme The Beaver (em português, Um Novo Despertar). Pois bem, se a frase é manjada, a forma de expressá-la foi extremamente original no desenrolar do filme, mas não estamos aqui para falar de autoajuda, estamos aqui para falar de um castor, nem que seja um fantoche de castor, e um homem em depressão.
Em determinada cena do filme, Walter (Mil Gibson) está prestes a cometer suicídio, parado na sacada de um prédio a um centímetro de se livrar da depressão da pior maneira possível, mas um fantoche (sim, um fantoche!) controlado por ele mesmo o impede de realizar tamanha asneira. Ora, se Freud estivesse vivo ele descreveria a cena da seguinte maneira: na sacada de um prédio encontrava-se um homem, que, para aliviar a tensão e e satisfazer sua necessidade de acabar com a depressão, estava sob a ação do “id”, prestes a pular quando, de repente, o “ego” entra em ação transvestido de fantoche, mais especificamente, um fofinho fantoche de castor. Conscientizando-o da realidade, “falando para Walter” (aspas porque aqui todo mundo sabe quem fala com quem!) que o fracasso é algo terrível, sim, ele é, mas que é possível superar, e com a ajuda “dele”, Walter irá reconquistar tudo o que perdeu.
Pode parecer uma ideia maluca para um filme dirigido por Jodie Foster, ou historinha de “Sessão da Tarde”, mas esta simples fórmula – família + trabalho + psicologia – apresenta excelentes resultados! Durante o filme a terapia é constantemente lembrada como algo “essencial” (basta lembrar de todas as cenas em que a esposa de Walter pergunta como andam os encontros com o psicólogo), mas na prática ela é menosprezada; toda vez que o homenzinho com um fantoche na mão mente sobre sua terapia, um psicologo se remexe na cadeira do cinema! Não precisa ser especialista para saber que estas constantes mentiras e mudanças tão radicais durante o filme logo acabariam em uma tragédia.
Dito e feito, como que se Freud quisesse mais uma vez narrar a sétima arte, o “superego” entra em ação e faz com que o iludido homem interpretado por Mel Gibson se desse conta de que o fantoche era apenas um fantoche, e todo o problema psicológico pertencia a ele e mais ninguém. Para acabar de vez com a agonia de não conseguir se controlar, o “superego” faz com que o nosso protagonista decepe a própria mão, matando assim, o castor (tá, tá, o fantoche de castor) e a depressão. Medidas radicais para problemas complexos muitas vezes podem ajudar a resolver problemas que somente nós tivemos a oportunidade de criá-los e temos a chance de encerrá-los, esta é a mensagem passada pelo filme quando, no final, uma atitude extremada muda todo o rumo da história.
Por fim, não podemos deixar de tecer alguns poucos comentários técnicos; tem-se que elogiar as excelentes atuações de Mel Gibson, Jodie Foster, Anton Yelchin, Cherry Jones, Riley Thomas Stewart, Zachary Booth, Michael Rivera. Já a atuação de Jennifer Lawrence nós podemos dar uma segunda chance em um outro filme (mas só porque é bonitinha!)...Ah, e é claro, não podemos nos esquecer da “mais completa” (com a licença do pleonasmo) mudança psicológica de Walter (e belíssima atuação de Mel Gibson), o sotaque britânico!
P.S. Se você assistiu ao filme dublado, desculpe-me, mas tenho que lhe avisar: você perdeu um dos traços mais profundos na mudança psicológica do protagonista; o sotaque do castor, e que sotaque!
Bright
3.1 804 Assista AgoraMeu ponto de vista:
Fadas, centauros, dragões, elfos, orcs e outras criaturas estranhas; você com certeza já está acostumado a ver filmes com estes elementos, certo? Pois bem, Bright se utiliza destas excêntricas figuras, entretanto, em vez da história se passar em uma “época medieval” (alô Tolken!), como é de costume, passa-se nos dias atuais.
Assim, é possível notar um dragão voando por cima dos prédios, centauro isolando cena do crime, elfos fazendo compras em shoppings centers e orcs zanzando entre os humanos. Só este fato de envolver tais criaturas nos dias atuais já é o suficiente para fazer com que qualquer história (filme/HQ/série/etc.) seja, no mínimo, curiosa, certo? Pois é, Bright tinha tudo para dar certo – tinha...
Com um enredo fraco, o filme tenta (de maneira muito malfeita) fazer uma analogia entre os guetos da vida real e os guetos da ficção – é nítida a tentativa de associar o racismo da vida fora da película com o racismo dentro do filme, no caso, os orcs formam a tal raça marginalizada. Aqui, deve-se ter atenção: ao contrário da vida real, onde o correto é a utilização do termo ‘etnias’, no filme trata-se de ‘raças’ mesmo (orcs, humanos, elfos e outras).
Se não bastasse o fracasso com a metáfora do racismo/discriminação para com os negros nos EUA, o filme ainda peca – e muito – no enredo em geral. São muitos núcleos que aparecem ao decorrer do filme e a impressão que dá é que os responsáveis se perderam do meio para o fim. Aliás, falando em fim, o desfecho do filme é vergonhoso...
Ao terminar o filme é possível pensar que, se fosse uma série, talvez tivessem mais tempo para discorrer melhor sobre os personagens e núcleos do filme, aí sim, ficaria bacana. Ou seja: Bright é tiro, porrada e bomba sem uma história que convença, não tem Will Smith que dê jeito! O ator, como em quase todos os filmes dele, atuou muito bem (opa, opinião pessoal ein!). O mesmo não pode ser dito do parceiro de Smith, o orc bobalhão, interpretado por Joel Edgerton, atuação forçada e pouco convincente.
Há muitos outros defeitos, mas a resenha já ficou extensa. Então, para encerrar por aqui, uma breve sugestão: Netflix, melhore.
Em tempo: Li em algum local da internet e concordo – Bright é Zootopia com Lord of The Rings! Rsrs.
Kong: A Ilha da Caveira
3.3 1,2K Assista AgoraMeu ponto de vista
“Kong – A Ilha da Caveira” tem belas cenas de ação, onde o gorilão consegue ser apresentado com toda a sua majestade e raridade, mas o filme é só isto mesmo.
O enredo é pobre e os diálogos são extremamente forçados. Aliás, quase tudo é forçado, até mesmo a famosa relação “mocinha X King Kong” é forçada e sem sal. Há núcleos do filme que poderiam ser mais explorados, como o povo ancestral que vive na ilha, por exemplo. Já os vilões, bem, aqui os responsáveis pelo filme erraram na dose. Se você vai ao cinema assistir um filme sobre o gorilão peludo, você quer ver o gorilão peludo e ponto final. Mas o filme, erroneamente, apresenta mais: aranhas gigantes, polvo gigante, formiga gigante (alguém viu? Eu só ouvi!) e ainda, uns lagartos vindos das catacumbas dos infernos. Mentira, os lagartos vieram do subsolo mesmo, mas o filme fez questão de retratá-los como verdadeiros demônios.
E tudo isto para quê? Sinceramente, não sei. Houve momentos do filme em que fiquei me questionando se era mesmo um filme sobre o famoso King Kong, pois mais parecia um daqueles clichês Sessão da Tarde onde colocam um monte de bichos gigantes, muita pólvora e alguns soldados.
Ah, falando em soldados, o filme me deixou com pena do Samuel L. Jackson, ele realmente aparenta estar em fim de carreira, uma pena.
Bem, é isto, não tem muito mais o que falar do filme. Sinceramente, eu daria 3 estrelas em respeito ao majestoso gorila e efeitos especiais em cima deste, mas a primeira cena do filme, aquela cena confusa e tosca que é a luta entre um americano e um japonês, que mais parece uma comédia e me fez ficar pensando se aquilo já era o filme ou se era um trailer, foi capaz de me “comover” e rebaixar mais uma estrela.
Até o Último Homem
4.2 2,0K Assista AgoraVocê gosta de filmes de guerra? Se a resposta for sim, você não pode deixar de assistir ‘Até o Último Homem’! Claro, a película não trata apenas de tiros e mais tiros, há uma bela história por trás das excelentes cenas de ação. Aliás, uma breve curiosidade sobre estas cenas: quase todas foram gravadas sem recursos especiais! Ou seja, as eletrizantes e explosivas sequências de guerras são reais; e aqui grande parte dos créditos vai para a equipe responsável pelos explosivos.
O filme, baseado em fatos reais, é dirigido por Mel Gibson e conta a história do soldado e socorrista Desmond T. Doss (interpretado por Andrew Garfield) que, durante a II Guerra Mundial, atuou na Batalha de Okinawa. Até aí, ele seria apenas mais um soldado cumprindo o seu dever. O grande diferencial de Desmond é que ele, ainda em sua formação militar, optou pela objeção de consciência – quando uma pessoa (por motivos religiosos, éticos ou morais) escolhe não seguir os padrões do serviço militar, seja em todo ou em partes (caso do nosso protagonista). Assim, mesmo se recusando a sequer tocar em uma arma de fogo, Desmond T. Doss foi de grande importância para a tropa à qual fazia parte. O motivo? Bem, deixo que o trailer lhe mostre um pouco. O que adianto, já que o filme é baseado em fatos reais, é que Desmond foi o único soldado do Exército dos Estados Unidos a receber uma Medalha de Honra (maior condecoração militar dos EUA) por objeção de consciência.
Esta objeção de consciência, aliás, deu-se por motivos religiosos, mas se você não gosta dos filmes com a temática religiosa, acalme-se, ‘Até o Último Homem’ consegue tratar sobre o tema sem ser enfadonho. Entretanto, o mesmo não se pode dizer do romance no início da trama, situação que este resenhista julgou ser desnecessária e um tanto quanto piegas, mas nada que diminua a grandeza da obra cinematográfica.
Outra importante observação é a sutil crítica que o filme faz ao militarismo quando, de forma despretensiosa e até mesmo cômica, retrata os militares como ‘clowns’ em suas próprias hierarquias.
Enfim, há muito mais para se conversar sobre o filme, mas isto fica restrito aos amantes do cinema que já assistiram à obra– o que poderia ser dito sem estragar as emoções e surpresas do filme já foi dito. Hacksaw Ridge (Até o Último Homem) tem tudo para se tornar um grande clássico dos cinemas, igualmente ocorreu com o icônico Saving Private Ryan (O Resgate do Soldado Ryan).
O Regresso
4.0 3,5K Assista AgoraMeu ponto de vista:
Entrar em uma sala de cinema – coisa rara hoje em dia, visto o altíssimo preço – e assistir a um filme que ganhou fama pela sua produção extremamente rigorosa e complexa, responsável por inúmeras desistências e demissões no decorrer da filmagem, não é uma situação qualquer. Para aumentar ainda mais a expectativa, o filme a ser exibido na telona está em destaque e é fortemente cotado para o Oscar.
Bem, melhor seria se eu tivesse adentrado à sala de cinema sem tais informações. Não sei, talvez eu tenha criado expectativas demais. Fato é que o filme é sim muito bom, mas eu esperava mais. Fiquem tranquilos, esta não é uma crítica profissional, aqui quem resenha pouco entende da parte técnica e elencos da sétima arte. Mas é uma opinião sincera, de alguém que ama o cinema. Continue lendo.
Filme com atuação impecável de Leonardo DiCaprio, onde conseguiu, no longo e congelante silêncio de seu personagem, passar toda a agonia, desespero e força de Hugh Glass, explorador estadunidense conhecido por suas expedições às terras nunca pisadas pelos ‘homens brancos’. Entretanto, ficou devendo a atuação do jovem Forrest Goodluck, que interpretou o filho mestiço Hawk. Ou talvez tenha sido erro do diretor, ao não dar mais força a vitalidade a um personagem tão importante na trama como o do filho mestiço de Hugh Glass: força motriz na ânsia de vingança do protagonista explorador.
Aliás, um dos destaques do filme é questão da etnicidade. Curioso notar o resgate histórico das línguas, costumes e formas de agir de alguns povos que há muito tempo foram execrados dos Estados Unidos. De forma sutil, em cenas rápidas ou em detalhes, o filme também faz dura crítica à forma violenta e contraditória de como os ‘homens brancos’ dominaram as terras e os povos indígenas da região.
Muitas cenas são forçadas, mas devemos lembrar que se trata de Hollywood. Entretanto, se por um lado isto causa um certo desconforto, por outro encanta. Fico feliz por ter assistido O Regresso em uma sala de cinema, assim pude aproveitar ao máximo a belíssima fotografia em luz natural, o som da natureza (outro grande personagem) e – não sei se pelo ar condicionado ou se pela grande quantidade de neve na tela – frio, muito frio!
Encerro a resenha com uma sincera recomendação: ao adentrar no cinema para assistir O Regresso, leve consigo um casaco, mas jamais expectativas.
Um Novo Despertar
3.5 517 Assista AgoraMeu ponto de vista:
FREUD E O CASTOR
"O pior inimigo que existe no mundo é sempre você mesmo”. A frase que abre este texto é uma daquelas que podemos classificar como “clichês”, tão presente em livros de autoajuda, livros estes merecidamente criticados no filme The Beaver (em português, Um Novo Despertar). Pois bem, se a frase é manjada, a forma de expressá-la foi extremamente original no desenrolar do filme, mas não estamos aqui para falar de autoajuda, estamos aqui para falar de um castor, nem que seja um fantoche de castor, e um homem em depressão.
Em determinada cena do filme, Walter (Mil Gibson) está prestes a cometer suicídio, parado na sacada de um prédio a um centímetro de se livrar da depressão da pior maneira possível, mas um fantoche (sim, um fantoche!) controlado por ele mesmo o impede de realizar tamanha asneira. Ora, se Freud estivesse vivo ele descreveria a cena da seguinte maneira: na sacada de um prédio encontrava-se um homem, que, para aliviar a tensão e e satisfazer sua necessidade de acabar com a depressão, estava sob a ação do “id”, prestes a pular quando, de repente, o “ego” entra em ação transvestido de fantoche, mais especificamente, um fofinho fantoche de castor. Conscientizando-o da realidade, “falando para Walter” (aspas porque aqui todo mundo sabe quem fala com quem!) que o fracasso é algo terrível, sim, ele é, mas que é possível superar, e com a ajuda “dele”, Walter irá reconquistar tudo o que perdeu.
Pode parecer uma ideia maluca para um filme dirigido por Jodie Foster, ou historinha de “Sessão da Tarde”, mas esta simples fórmula – família + trabalho + psicologia – apresenta excelentes resultados! Durante o filme a terapia é constantemente lembrada como algo “essencial” (basta lembrar de todas as cenas em que a esposa de Walter pergunta como andam os encontros com o psicólogo), mas na prática ela é menosprezada; toda vez que o homenzinho com um fantoche na mão mente sobre sua terapia, um psicologo se remexe na cadeira do cinema! Não precisa ser especialista para saber que estas constantes mentiras e mudanças tão radicais durante o filme logo acabariam em uma tragédia.
Dito e feito, como que se Freud quisesse mais uma vez narrar a sétima arte, o “superego” entra em ação e faz com que o iludido homem interpretado por Mel Gibson se desse conta de que o fantoche era apenas um fantoche, e todo o problema psicológico pertencia a ele e mais ninguém. Para acabar de vez com a agonia de não conseguir se controlar, o “superego” faz com que o nosso protagonista decepe a própria mão, matando assim, o castor (tá, tá, o fantoche de castor) e a depressão. Medidas radicais para problemas complexos muitas vezes podem ajudar a resolver problemas que somente nós tivemos a oportunidade de criá-los e temos a chance de encerrá-los, esta é a mensagem passada pelo filme quando, no final, uma atitude extremada muda todo o rumo da história.
Por fim, não podemos deixar de tecer alguns poucos comentários técnicos; tem-se que elogiar as excelentes atuações de Mel Gibson, Jodie Foster, Anton Yelchin, Cherry Jones, Riley Thomas Stewart, Zachary Booth, Michael Rivera. Já a atuação de Jennifer Lawrence nós podemos dar uma segunda chance em um outro filme (mas só porque é bonitinha!)...Ah, e é claro, não podemos nos esquecer da “mais completa” (com a licença do pleonasmo) mudança psicológica de Walter (e belíssima atuação de Mel Gibson), o sotaque britânico!
P.S. Se você assistiu ao filme dublado, desculpe-me, mas tenho que lhe avisar: você perdeu um dos traços mais profundos na mudança psicológica do protagonista; o sotaque do castor, e que sotaque!
Por: Fábio Esteves