Na moral, eu não consigo descrever o que essa série me faz sentir. Na maior parte do tempo, ódio, revolta, indignação, ranço. E dai a série vem e joga algumas migalhas de esperanças que a gente come como quem acha água no deserto. Ahh e a resistência.. Que sútil resistência a do cotidiano dessas mulheres. As vezes muito sútil, e as vezes de tão reprimida extremamente brutal. Mas é nessas horas, dessas pequenas ações, desses pequenos gestos, nesses pequenos olhares, que a esperança persiste. É quando Offred demora alguns segundos para responder um "praised be" É quando elas conversam simplesmente se olhando É quando uma simples feição, uma simples expressão facial revela o enfrentamento É quando elas não desistem de viver mesmo quando a vida delas é muito pior que a própria morte.
O Brasil registrou 1 estupro a cada 11 minutos em 2015. (Fonte: Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública) o Brasil é hoje o país com maior número de mulheres traficadas para fins sexuais da América do Sul. Fonte: (APRAMP) A cada 7.2 segundos uma mulher é vítima DE VIOLÊNCIA FÍSICA. (Fonte: Relógios da Violência, do Instituto Maria da Penha) PEC 181 Proíbe o aborto até em casos de estupro e em casos de gravidez de risco.
The Handmaid's Tale foi a serie mais perturbadora que assisti nos últimos tempos, e sem duvidas a que mais despertou o meu desejo por vingança, por mortes lentas e dolorosas e muito sangue. Muitos questionamentos surgem e as comparações com o momento politico atual chegam a assustar. A serie revela através da """"hipérbole"""" as dinâmicas de gênero numa sociedade patriarcal e dogmática em que as mulheres são extremamente objetificadas e a reprodução é um recurso raro, e portanto, extremamente desejado, valioso, disputado. A religião (católica) e o livro sagrado (Bíblia) é o pilar que sustenta a dominação masculina, a submissão feminina, e sua co sequente desumanização em um processo que as transforma em objetos de venda e troca. É interessante pensar como as passagens da bíblia servem para embasar todos os tipos de violência desde os mais simples até os mais hediondos, desde a mentira ate o estupro mata-se em nome de Deus. A serie é um retrato do antigo testamento posto em pratica pelas pessoas de bem.
A serie me fez questionar o quanto os direitos arduamente conquistados ao longo de seculos pelas mulheres, podem com o poder da tinta de uma caneta serem destruídos. Uma lei politica qualquer que proíba as mulheres de terem renda /educação /saúde/ moradia e consequentemente liberdade e autonomia não é algo surreal se analisarmos a conjuntura politica atual ou a historia do feminismo, visto que as mulheres não tem legalmente direito de decisão sobre seu próprio corpo pois as leis são feitas por homens. Podemos observar o quanto avançamos na diminuição da desigualdade mas sobretudo o quanto nos falta avançar para conquistar a utópica equidade.
Para além dos questionamentos políticos, o roteiro, a fotografia, trilha sonora e principalmente a atuação da Elisabeth, estão impecáveis.
Enfim, é uma serie espetacular que causa aquele mal estar necessário em tempos em que o fascismo avança mundialmente.
O que nos torna humanos? Essa é a questão central em WestWorld (WW). Ali a tecnologia se encontra tão avançada que fabricamos humanoides cujas únicas diferenças são sua forma de nascimento; um nasce do milagre da evolução natural por parto o outro do milagre da evolução tecnológica por programação. Hawking temia a inteligência artificial, segundo ele "O desenvolvimento da inteligência artificial total poderia significar o fim da raça humana", "(Essas máquinas) avançariam por conta própria e se reprojetariam em ritmo sempre crescente", afirmou. "Os humanos, limitados pela evolução biológica lenta, não conseguiriam competir e seriam desbancados." É ainda esse tema que embasa diversos filmes em que as máquinas se revoltam contra seus criadores. De fato, poderia ser o fim do que entendemos como ser humano, e o inicio de um novo ser humano, o ciborgue, muito além das fronteiras fixas de identidade. HARAWAY no Manifesto Ciborgue defende que a distinção humano/máquina não mas faz sentido uma vez que a tecnologia das máquinas colonizou nossos corpos deixando de ser apenas uma extensão dos nossos corpos para se tornar nosso próprio corpo. "Neste nosso tempo, um tempo mítico, somos todos quimeras, híbridos – teóricos e fabricados – de maquina e organismo; somos, em suma, ciborgues. A medicina moderna também está cheia de ciborgues, de junções entre organismo e máquina, a academia, o atletismo, as altas performances, por todos os lados encontramos esses seres, ubiquos. Quem vive hoje desprovido de qualquer aparelho tecnológico? Celulares carros relógios televisores computador tablets rádios. Há Internet no PC no celular na TV no relógio nos óculos enfim por toda parte. Mais para muito além da confusão de fronteiras que se faz entre maquinas e humanos WW questiona o quão consciente são as decisões e escolhas humanas. De fato somos determinados por diversas coisas, muita das quais não nos damos conta conscientemente. Freud ao introduzir o conceito de inconsciente legou mais um golpe narcísico na humanidade, o homem não é o senhor da sua própria casa. De um modo ou de outro, somos pré-programados por nosso código genético, por nosso meio ambiente, pelos fatores políticos sociais e históricos do momento em que vivemos. Nesse aspecto somos tão programados quanto os anfitriões. E assim como eles temos uma possibilidade de improvisação frente a todos os determinantes. A prostituta Maeve se confronta com esse dilema quando imagina que até mesmo a sua rebelião e fuga do Loop em que se encontrava pode ter sido parte de um plano do seu programador, ou seja, ela continua presa aos determinantes. Quando penso nos loops dos anfitriões programados para fazer todas as coisas que fazem, repetidamente, por toda a sua vida, não consigo deixar de fazer um paralelo com a mesmice da vida humana moderna ocidental, onde a maior parte dos humanos, todos os dias, tem seu roteiro e script a ser seguido, com algumas pequenas alterações nas narrativas. Pensemos por exemplo na rotina de um empresário, acordar as 6:00, tomar um banho, lanchar, escovar os dentes, ir trabalhar, voltar para a casa, jantar, assistir televisão, dormir. Isso dia após dia em uma espiral de "perpétua recorrência da mesma coisa". Escolhas ? Destino ? lembrando que a repetição, é um dos conceitos fundamentais na teoria Psicanalitica Outro paralelo possível está em ouroboros que simboliza o ciclo da evolução voltando-se sobre si mesmo. O símbolo contém as ideias de movimento, continuidade, auto fecundação e, em consequência, eterno retorno. "E se um dia ou uma noite um demônio se esgueirasse em tua mais solitária solidão e te dissesse: "Esta vida, assim como tu vives agora e como a viveste, terás de vivê-la ainda uma vez e ainda inúmeras vezes: e não haverá nela nada de novo, cada dor e cada prazer e cada pensamento e suspiro e tudo o que há de indivisivelmente pequeno e de grande em tua vida há de te retornar, e tudo na mesma ordem e sequência - e do mesmo modo esta aranha e este luar entre as árvores, e do mesmo modo este instante e eu próprio. A eterna ampulheta da existência será sempre virada outra vez, e tu com ela, poeirinha da poeira!". Não te lançarias ao chão e rangerias os dentes e amaldiçoarias o demônio que te falasses assim? Ou viveste alguma vez um instante descomunal, em que lhe responderías: "Tu és um deus e nunca ouvi nada mais divino!" Se esse pensamento adquirisse poder sobre ti, assim como tu és, ele te transformaria e talvez te triturasse: a pergunta diante de tudo e de cada coisa: "Quero isto ainda uma vez e inúmeras vezes?" pesaria como o mais pesado dos pesos sobre o teu agir! Ou, então, como terias de ficar de bem contigo e mesmo com a vida, para não desejar nada mais do que essa última, eterna confirmação e chancela?" Em WW os anfitriões são levados a alcançar o que supostamente os diferencia dos seres humanos, a auto-consciecia, em uma longa jornada interior, de auto-descoberta, elxs começam a fugir do seu loop de repetição após uma atualização chamada devaneios. Devaneio é um estado de divagação do ser humano, quando se deixa levar pela imaginação, imagens, sonhos ou pensamentos profundos; ignorando o contato com a realidade ou o ambiente que o rodeia.. A partir dai passam a sonhar e a se lembrar dos seus sonhos. Está é a receita da autoconsciência essa voz interior que nos guia. Devaneios sonhos e memória. Além é claro do sofrimento e de todo o leque de emoções e sentimentos. Não sabemos o quão programados estavam os anfitriões quando atingem a autoconsciência, porém a nova narrativa não mais acontecerá em um parque temático onde os anfitriões interpretam seus papéis em seus loops eternos e sim no mundo onde a principal diferença entre os anfitriões e os convidados não mais existe.
Black Mirror é uma série carregada de pesadas críticas sociais aos diversos usos que podemos fazer das tecnologias. Gerou-me um sentimento de estranhamento com essa realidade futura ao mesmo tempo em que sentia uma profunda identificação com esse tempo, nesse sentido a serie parecia retratar um futuro muito presente o que me faz pensar que estou vivendo no futuro onde a divisão humano/máquina nao faz mais nenhum sentido. Era de cyborgs máquinas humanas biomecânica mecânica orgânica robôs drones e smarthphones, smart tvs smart life.
O primeiro episódio dessa temporada me fez refletir sobre a busca de status na sociedade, principalmente a partir das relações virtuais. Porém, não faz mais sentido dividir a vida em Real e virtual uma vez que o virtual colonizou a vida real e todas as relações possíveis dentro dele. Desse modo as relações cotidianas e presenciais acabam se parecendo com as relações virtuais, diálogos superfulos.
Ali todo ato é virtualizado e submetido à uma rigorosa avaliação por parte de todas as pessoas. A avaliacao é feita em uma escala de um a cinco, quanto mais baixo na escala menores os privilégios e quanto mais alto maiores os privilégios. Tais indivíduos quanto mais alto na hierarquia maiores serão as chances de esse indivíduo ter sua vida assegurada e protegida, bem como a saúde mental, maiores possibilidades maior fluxo de deslocamento, maiores acessos a todos os serviços oferecidos pela sociedade.A busca por aceitação social e status é completamente intermediada pelas redes sociais onde tudo será avaliado.
O sonho ali é portanto atingir um status de 4.6 acima para poder acessar os privilégios dessa classe de pessoas seletas. Comprar uma casa em algum bairro exige determinado status frequentar certos ambientes também. Essa busca desenfreada por aceitacao social não é vista como patológica e é um claro paralelo ao enquadre na normalidade.
Atualmente contamos com as mais diversas redes sociais onde podemos submeter nossas vidas virtuais para avaliações alheias. Curtidas São indispensáveis quanto mais likes mais popular e mais desejável é a pessoa. O filmow por exemplo, como uma boa rede social, permite que façamos nossas avaliações dos filmes, avaliação das avaliações dos usuarios, curtir ou não curtir as avaliações e comentários, etc.
Passamos nossas vidas avaliando os perfis virtuais e submetendo nossas vidas para avaliação. Aqui impera o grande outro que a tudo ve e a tudo julga. Uma vida virtual feliz e desejável é uma fuga de escape da realidade. Jogos como second Life, the sims entre outros oferecem a possibilidade levar uma vida virtual muito mais prazerosa q a vida real.
O uso das tecnologias e redes sociais torna se cada vez mais indispensável uma vez que as relações virtuais são reais es relações reais sao virtuais. A tênue linha que separa o mundo virtual do mundo real não existe em Black mirror e tendo a acreditar que nem mesmo nos tempos pós modernos. O segundo episódio exemplifica os efeitos psicossomáticos dessa virtualidade. Qualquer pessoa que já tenha se aventurado com vídeo games sabe o quanto os jogos nos causam as mais variadas sensações. Cm o avanço da tecnologia, o uso de óculos de realidade virtual e outros instrumentos, intensificam ainda mais essa maré de sentimentos onde o cérebro não consegue distinguir virtualidades de realidades. Quem se submete a tirar carteira de motorista categoria B, hoje tem que passar não apenas pelas aulas práticas, mas deve fazer um determinado numero de aulas em um simulador, que se parece muito com aquelas maquininhas de fliperama.
A tecnologia tem o poder e nos manter vivos, o terceiro episódio retrata como a virtualidade incluirá até mesmo pessoas que na vida real estão mais mortas que vivas, em estado vegetativo.
O corpo físico é mantido por máquinas e aqui torna-se um objeto descartável que faz a conexão entre o mundo real e virtual. Misteriosamente após o abandono desse corpo físico a pessoa pode viver em uma realidade virtual e coletiva.
Estar fora das redes sociais é estar fora do padrão de normalidade exigido e isso acarretará em punições de todas as ordens que as pessoas que estão a margem da normalidade são submetidas.
No entanto, quando o uso de tais tecnologias torna se um imperativo escravizante da subjetividade renunciar a toda essa loucura social midiática faz se necessário.
Preacher (1ª Temporada)
4.0 325Tulipa salvando a série.
O Conto da Aia (2ª Temporada)
4.5 1,2K Assista AgoraNa moral, eu não consigo descrever o que essa série me faz sentir.
Na maior parte do tempo, ódio, revolta, indignação, ranço.
E dai a série vem e joga algumas migalhas de esperanças que a gente come como quem acha água no deserto.
Ahh e a resistência.. Que sútil resistência a do cotidiano dessas mulheres.
As vezes muito sútil, e as vezes de tão reprimida extremamente brutal.
Mas é nessas horas, dessas pequenas ações, desses pequenos gestos, nesses pequenos olhares, que a esperança persiste.
É quando Offred demora alguns segundos para responder um "praised be"
É quando elas conversam simplesmente se olhando
É quando uma simples feição, uma simples expressão facial revela o enfrentamento
É quando elas não desistem de viver mesmo quando a vida delas é muito pior que a própria morte.
Nolite te bastardes carborundorum
The Good Place (1ª Temporada)
4.2 519 Assista AgoraA lição de moral que tirei da série foi a seguinte.
Jesus já voltou e salvou quem tinha que salvar. Nós somos os que restaram e o inferno é a terra. Bjos.
O Conto da Aia (1ª Temporada)
4.7 1,5K Assista AgoraO Brasil registrou 1 estupro a cada 11 minutos em 2015. (Fonte: Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública)
o Brasil é hoje o país com maior número de mulheres traficadas para fins sexuais da América do Sul. Fonte: (APRAMP)
A cada 7.2 segundos uma mulher é vítima DE VIOLÊNCIA FÍSICA. (Fonte: Relógios da Violência, do Instituto Maria da Penha)
PEC 181 Proíbe o aborto até em casos de estupro e em casos de gravidez de risco.
The Handmaid's Tale foi a serie mais perturbadora que assisti nos últimos tempos, e sem duvidas a que mais despertou o meu desejo por vingança, por mortes lentas e dolorosas e muito sangue. Muitos questionamentos surgem e as comparações com o momento politico atual chegam a assustar.
A serie revela através da """"hipérbole"""" as dinâmicas de gênero numa sociedade patriarcal e dogmática em que as mulheres são extremamente objetificadas e a reprodução é um recurso raro, e portanto, extremamente desejado, valioso, disputado. A religião (católica) e o livro sagrado (Bíblia) é o pilar que sustenta a dominação masculina, a submissão feminina, e sua co sequente desumanização em um processo que as transforma em objetos de venda e troca. É interessante pensar como as passagens da bíblia servem para embasar todos os tipos de violência desde os mais simples até os mais hediondos, desde a mentira ate o estupro mata-se em nome de Deus. A serie é um retrato do antigo testamento posto em pratica pelas pessoas de bem.
A serie me fez questionar o quanto os direitos arduamente conquistados ao longo de seculos pelas mulheres, podem com o poder da tinta de uma caneta serem destruídos. Uma lei politica qualquer que proíba as mulheres de terem renda /educação /saúde/ moradia e consequentemente liberdade e autonomia não é algo surreal se analisarmos a conjuntura politica atual ou a historia do feminismo, visto que as mulheres não tem legalmente direito de decisão sobre seu próprio corpo pois as leis são feitas por homens.
Podemos observar o quanto avançamos na diminuição da desigualdade mas sobretudo o quanto nos falta avançar para conquistar a utópica equidade.
Para além dos questionamentos políticos, o roteiro, a fotografia, trilha sonora e principalmente a atuação da Elisabeth, estão impecáveis.
Enfim, é uma serie espetacular que causa aquele mal estar necessário em tempos em que o fascismo avança mundialmente.
MACHISTAS NÃO PASSARÃO!
Westworld (1ª Temporada)
4.5 1,3KO que nos torna humanos? Essa é a questão central em WestWorld (WW). Ali a tecnologia se encontra tão avançada que fabricamos humanoides cujas únicas diferenças são sua forma de nascimento; um nasce do milagre da evolução natural por parto o outro do milagre da evolução tecnológica por programação.
Hawking temia a inteligência artificial, segundo ele "O desenvolvimento da inteligência artificial total poderia significar o fim da raça humana", "(Essas máquinas) avançariam por conta própria e se reprojetariam em ritmo sempre crescente", afirmou. "Os humanos, limitados pela evolução biológica lenta, não conseguiriam competir e seriam desbancados." É ainda esse tema que embasa diversos filmes em que as máquinas se revoltam contra seus criadores.
De fato, poderia ser o fim do que entendemos como ser humano, e o inicio de um novo ser humano, o ciborgue, muito além das fronteiras fixas de identidade.
HARAWAY no Manifesto Ciborgue defende que a distinção humano/máquina não mas faz sentido uma vez que a tecnologia das máquinas colonizou nossos corpos deixando de ser apenas uma extensão dos nossos corpos para se tornar nosso próprio corpo. "Neste nosso tempo, um tempo mítico, somos todos quimeras, híbridos – teóricos e fabricados – de maquina e organismo; somos, em suma, ciborgues.
A medicina moderna também está cheia de ciborgues, de junções entre organismo e máquina, a academia, o atletismo, as altas performances, por todos os lados encontramos esses seres, ubiquos. Quem vive hoje desprovido de qualquer aparelho tecnológico? Celulares carros relógios televisores computador tablets rádios. Há Internet no PC no celular na TV no relógio nos óculos enfim por toda parte.
Mais para muito além da confusão de fronteiras que se faz entre maquinas e humanos WW questiona o quão consciente são as decisões e escolhas humanas. De fato somos determinados por diversas coisas, muita das quais não nos damos conta conscientemente. Freud ao introduzir o conceito de inconsciente legou mais um golpe narcísico na humanidade, o homem não é o senhor da sua própria casa.
De um modo ou de outro, somos pré-programados por nosso código genético, por nosso meio ambiente, pelos fatores políticos sociais e históricos do momento em que vivemos.
Nesse aspecto somos tão programados quanto os anfitriões. E assim como eles temos uma possibilidade de improvisação frente a todos os determinantes. A prostituta Maeve se confronta com esse dilema quando imagina que até mesmo a sua rebelião e fuga do Loop em que se encontrava pode ter sido parte de um plano do seu programador, ou seja, ela continua presa aos determinantes. Quando penso nos loops dos anfitriões programados para fazer todas as coisas que fazem, repetidamente, por toda a sua vida, não consigo deixar de fazer um paralelo com a mesmice da vida humana moderna ocidental, onde a maior parte dos humanos, todos os dias, tem seu roteiro e script a ser seguido, com algumas pequenas alterações nas narrativas. Pensemos por exemplo na rotina de um empresário, acordar as 6:00, tomar um banho, lanchar, escovar os dentes, ir trabalhar, voltar para a casa, jantar, assistir televisão, dormir. Isso dia após dia em uma espiral de "perpétua recorrência da mesma coisa". Escolhas ? Destino ?
lembrando que a repetição, é um dos conceitos fundamentais na teoria Psicanalitica
Outro paralelo possível está em ouroboros que simboliza o ciclo da evolução voltando-se sobre si mesmo. O símbolo contém as ideias de movimento, continuidade, auto fecundação e, em consequência, eterno retorno.
"E se um dia ou uma noite um demônio se esgueirasse em tua mais solitária solidão e te dissesse: "Esta vida, assim como tu vives agora e como a viveste, terás de vivê-la ainda uma vez e ainda inúmeras vezes: e não haverá nela nada de novo, cada dor e cada prazer e cada pensamento e suspiro e tudo o que há de indivisivelmente pequeno e de grande em tua vida há de te retornar, e tudo na mesma ordem e sequência - e do mesmo modo esta aranha e este luar entre as árvores, e do mesmo modo este instante e eu próprio. A eterna ampulheta da existência será sempre virada outra vez, e tu com ela, poeirinha da poeira!". Não te lançarias ao chão e rangerias os dentes e amaldiçoarias o demônio que te falasses assim? Ou viveste alguma vez um instante descomunal, em que lhe responderías: "Tu és um deus e nunca ouvi nada mais divino!" Se esse pensamento adquirisse poder sobre ti, assim como tu és, ele te transformaria e talvez te triturasse: a pergunta diante de tudo e de cada coisa: "Quero isto ainda uma vez e inúmeras vezes?" pesaria como o mais pesado dos pesos sobre o teu agir! Ou, então, como terias de ficar de bem contigo e mesmo com a vida, para não desejar nada mais do que essa última, eterna confirmação e chancela?"
Em WW os anfitriões são levados a alcançar o que supostamente os diferencia dos seres humanos, a auto-consciecia, em uma longa jornada interior, de auto-descoberta, elxs começam a fugir do seu loop de repetição após uma atualização chamada devaneios. Devaneio é um estado de divagação do ser humano, quando se deixa levar pela imaginação, imagens, sonhos ou pensamentos profundos; ignorando o contato com a realidade ou o ambiente que o rodeia.. A partir dai passam a sonhar e a se lembrar dos seus sonhos.
Está é a receita da autoconsciência essa voz interior que nos guia. Devaneios sonhos e memória. Além é claro do sofrimento e de todo o leque de emoções e sentimentos.
Não sabemos o quão programados estavam os anfitriões quando atingem a autoconsciência, porém a nova narrativa não mais acontecerá em um parque temático onde os anfitriões interpretam seus papéis em seus loops eternos e sim no mundo onde a principal diferença entre os anfitriões e os convidados não mais existe.
Welcome to the 'real' world dear cyborgs
Black Mirror (3ª Temporada)
4.5 1,3K Assista AgoraBlack Mirror é uma série carregada de pesadas críticas sociais aos diversos usos que podemos fazer das tecnologias.
Gerou-me um sentimento de estranhamento com essa realidade futura ao mesmo tempo em que sentia uma profunda identificação com esse tempo, nesse sentido a serie parecia retratar um futuro muito presente o que me faz pensar que estou vivendo no futuro onde a divisão humano/máquina nao faz mais nenhum sentido. Era de cyborgs máquinas humanas biomecânica mecânica orgânica robôs drones e smarthphones, smart tvs smart life.
O primeiro episódio dessa temporada me fez refletir sobre a busca de status na sociedade, principalmente a partir das relações virtuais. Porém, não faz mais sentido dividir a vida em Real e virtual uma vez que o virtual colonizou a vida real e todas as relações possíveis dentro dele. Desse modo as relações cotidianas e presenciais acabam se parecendo com as relações virtuais, diálogos superfulos.
Ali todo ato é virtualizado e submetido à uma rigorosa avaliação por parte de todas as pessoas. A avaliacao é feita em uma escala de um a cinco, quanto mais baixo na escala menores os privilégios e quanto mais alto maiores os privilégios. Tais indivíduos quanto mais alto na hierarquia maiores serão as chances de esse indivíduo ter sua vida assegurada e protegida, bem como a saúde mental, maiores possibilidades maior fluxo de deslocamento, maiores acessos a todos os serviços oferecidos pela sociedade.A busca por aceitação social e status é completamente intermediada pelas redes sociais onde tudo será avaliado.
O sonho ali é portanto atingir um status de 4.6 acima para poder acessar os privilégios dessa classe de pessoas seletas. Comprar uma casa em algum bairro exige determinado status frequentar certos ambientes também. Essa busca desenfreada por aceitacao social não é vista como patológica e é um claro paralelo ao enquadre na normalidade.
Atualmente contamos com as mais diversas redes sociais onde podemos submeter nossas vidas virtuais para avaliações alheias. Curtidas São indispensáveis quanto mais likes mais popular e mais desejável é a pessoa. O filmow por exemplo, como uma boa rede social, permite que façamos nossas avaliações dos filmes, avaliação das avaliações dos usuarios, curtir ou não curtir as avaliações e comentários, etc.
Passamos nossas vidas avaliando os perfis virtuais e submetendo nossas vidas para avaliação. Aqui impera o grande outro que a tudo ve e a tudo julga.
Uma vida virtual feliz e desejável é uma fuga de escape da realidade. Jogos como second Life, the sims entre outros oferecem a possibilidade levar uma vida virtual muito mais prazerosa q a vida real.
O uso das tecnologias e redes sociais torna se cada vez mais indispensável uma vez que as relações virtuais são reais es relações reais sao virtuais.
A tênue linha que separa o mundo virtual do mundo real não existe em Black mirror e tendo a acreditar que nem mesmo nos tempos pós modernos. O segundo episódio exemplifica os efeitos psicossomáticos dessa virtualidade. Qualquer pessoa que já tenha se aventurado com vídeo games sabe o quanto os jogos nos causam as mais variadas sensações. Cm o avanço da tecnologia, o uso de óculos de realidade virtual e outros instrumentos, intensificam ainda mais essa maré de sentimentos onde o cérebro não consegue distinguir virtualidades de realidades. Quem se submete a tirar carteira de motorista categoria B, hoje tem que passar não apenas pelas aulas práticas, mas deve fazer um determinado numero de aulas em um simulador, que se parece muito com aquelas maquininhas de fliperama.
A tecnologia tem o poder e nos manter vivos, o terceiro episódio retrata como a virtualidade incluirá até mesmo pessoas que na vida real estão mais mortas que vivas, em estado vegetativo.
O corpo físico é mantido por máquinas e aqui torna-se um objeto descartável que faz a conexão entre o mundo real e virtual. Misteriosamente após o abandono desse corpo físico a pessoa pode viver em uma realidade virtual e coletiva.
Estar fora das redes sociais é estar fora do padrão de normalidade exigido e isso acarretará em punições de todas as ordens que as pessoas que estão a margem da normalidade são submetidas.
No entanto, quando o uso de tais tecnologias torna se um imperativo escravizante da subjetividade renunciar a toda essa loucura social midiática faz se necessário.
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