Se o Bruce no início é apresentado como um homem obstinado a grandeza, cheio de si e um manipular sádico, depois, quando os vícios se tornam incontroláveis, toda repulsa que temos pelo anti-herói se transforma em pena.
O mais interessante é que a percepção esquizofrênica que a narrativa oferece, construída através de recursos estilísticos, se torna uma doença real ao decorrer do filme. É como se isso retratasse o efeito continuo do abuso de drogas: na primeira etapa temos a misantropia como algo cool, resultado de um Bruce eufórico e poderoso. Na segunda parte os traumas começam a ficar mais evidentes (principalmente quando o filme nos transporta para o subconsciente de Bruce) e a fuga da realidade, geralmente muito romantizada, é marcada pela depressão, paranoia e profunda carência afetiva.
"O selvagem, pelo contrário, sabe muito bem como obter o seu alimento quotidiano, e quais as instituições que nisso o ajudam. A intelectualização e a racionalização geral não significam, pois, um maior conhecimento geral das condições da vida, mas algo de muito diverso: o saber ou a crença em que, se alguém simplesmente quisesse, poderia, em qualquer momento, experimentar que, em princípio, não há poderes ocultos e imprevisíveis, que nela interfiram; que, pelo contrário, todas as coisas podem – em princípio - ser dominadas mediante o cálculo. Quer isto dizer: o desencantamento do mundo."
"O destino da nossa época, com a sua racionalização, intelectualiza- ção e, sobretudo, desencantamento do mundo, consiste justamente em que os valores últimos e mais sublimes desapareceram da vida pública e imergiram ou no reino trasmundano da vida mística, ou na fraternidade das relações imediatas dos indivíduos entre si."
No meu ponto de vista, "Som ao redor" é emblemático por trazer de forma aguda (mesmo que colocada sutilmente sob a perspectiva de um cotidiano reforçado de características comuns a nós mesmos) dois temas naturais as grandes cidades e ao brasileiro em geral: o confronto ou a convivência entre a tradição e o novo, além da normatização da falta de ética e empatia pelo próximo residentes em nossa realidade. Ao mesmo tempo que observamos um bairro de classe média alta do Recife abarrotado de novas tecnologias (câmeras, televisores, eletrodomésticos importados, etc), com várias e várias crianças ao seu redor, também denotamos o quanto o lugar é dominado pelo poder do velho (coronel) Francisco. A vista disso, o filme sai do território urbano e nos transporta para o engenho de Francisco, numa zona rural e abandonada de Pernambuco, explicando a origem da "grandiosidade" daquele homem. Numa capital modernizada pela globalização, o presente não abandona suas raízes no passado, isso é, o passado não é um ponto cheio de peculiaridades distante do ponto do presente na nossa linha temporal histórica, o passado na verdade se camufla e domina o presente. A cena final, as razões pelo término de Dinho que, segundo ele, foram porque a ex tinha outra história e outros lugares, além das lembranças saudosistas de tio de Dinho são demonstrações disso. Aqui, não caminhamos rumo ao progresso, pelo contrário, se furtamos de viver a experiência que o hoje pode nos proporcionar pela grande frequência de tradições e aceitações, como o coronelismo e os famigerados jeitinhos, em nosso dia-a-dia.
O outro ponto reside aí, como o brasileiro está tranquilizado diante da própria decadência moral. Seja pela inquilina que quer desconto por causa de um suicídio, pelo segurança que mostra vídeos de assassinato e tragédia para os companheiros, ou também, são tratados com certa inferioridade por Francisco, mas que ao primeiro passo batem num garoto marginalizado; além da dona de casa que tenta matar o cachorro do vizinho sem discutir o problema, ou a mulher que briga com essa mesma dona de casa por motivos fúteis, ou as pessoas que discutem a demissão de um velho porteiro sem levar em conta sua situação, ou esse mesmo porteiro que adentra a privacidade de um casal através de uma câmera de segurança. Pois está aí, os exemplos se multiplicam e se propagam numa cadeia inesgotável, e tudo sob o olhar de um espectador que assiste àquilo sem perceber que ele também faz parte desse miserável circo de horrores.
Me lembrou uma mistura de south park (por causa do humor negro altamente crítico), irreversível (experimentações do diretor, violência crua e situações pertubadoras), com Frank (banda de degenerados problemáticos)
Começa chocante e poderoso, capaz de perturbar o espectador de maneira singular. Depois a trama fica banal e cotidiana demais, os diálogos e os personagens não me interessaram muito nesse caso. Talvez o noé quisesse mostrar como a desgraça pode ser um infortúnio, não sei, não vi entrevistas dele a respeito disso
A cena do rectum (bar gay) é extremamente angustiante. A câmera caótica + vincent cassel atordoado + iluminação obscura + trilha sonora + masoquistas frenéticos, foi um PQP master, nóe foi genial (ou sádico) ao produzir uma sequencia tão desesperadora.
Genial. Achei o Ferguson um personagem extremamente cativante e bem desenvolvido, um homem que não possui muita sutileza é o mesmo com uma série de fragilidades. Mas eu interpretei o filme de uma maneira diferente e acho que o final também devia ser diferente
O ferguson devia olhar o corpo da Judy e cair junto, como resultado de sua acrofobia. Acho que isso simbolizaria melhor a mensagem que o filme passou pra mim: "se estamos presos ao passado estamos fadados a cair". Pq o ferguson era um homem constantemente preso a acontecimentos, o que de certa forma o impossibilita de viver uma vida plena. Primeiro a morte do parceiro, que o fez desenvolver acrofobia, depois a morte da madelaine, e o protagonista agora tem depressão aguda e fica mais alguns meses com esse quadro; mais tarde ele encontra judy, que é madelaine, e novamente se prende ao passado, o que o impede de se entregar a sua amada. A coisa chega a ser tão louca que ele pede para que judy se vista de madelaine e refaça os passos dela, para finalmente se livrar das chagas do passado, o que se demonstra impossível, já que judy cai da torre.
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Titane
3.5 390 Assista AgoraUm filme sobre amor rs
Filth: O Nome da Ambição
3.7 487 Assista AgoraA virada que esse filme dá é sensacional
Se o Bruce no início é apresentado como um homem obstinado a grandeza, cheio de si e um manipular sádico, depois, quando os vícios se tornam incontroláveis, toda repulsa que temos pelo anti-herói se transforma em pena.
O mais interessante é que a percepção esquizofrênica que a narrativa oferece, construída através de recursos estilísticos, se torna uma doença real ao decorrer do filme. É como se isso retratasse o efeito continuo do abuso de drogas: na primeira etapa temos a misantropia como algo cool, resultado de um Bruce eufórico e poderoso. Na segunda parte os traumas começam a ficar mais evidentes (principalmente quando o filme nos transporta para o subconsciente de Bruce) e a fuga da realidade, geralmente muito romantizada, é marcada pela depressão, paranoia e profunda carência afetiva.
E pqp no James McAvoy, que atuação foda.
O Abraço da Serpente
4.4 237 Assista Agora"O selvagem, pelo contrário, sabe muito bem como obter o seu alimento quotidiano,
e quais as instituições que nisso o ajudam. A intelectualização
e a racionalização geral não significam, pois, um maior conhecimento
geral das condições da vida, mas algo de muito diverso: o saber ou
a crença em que, se alguém simplesmente quisesse, poderia, em qualquer
momento, experimentar que, em princípio, não há poderes ocultos
e imprevisíveis, que nela interfiram; que, pelo contrário, todas as coisas
podem – em princípio - ser dominadas mediante o cálculo. Quer
isto dizer: o desencantamento do mundo."
"O destino da nossa época, com a sua racionalização, intelectualiza-
ção e, sobretudo, desencantamento do mundo, consiste justamente em
que os valores últimos e mais sublimes desapareceram da vida pública
e imergiram ou no reino trasmundano da vida mística, ou na fraternidade
das relações imediatas dos indivíduos entre si."
Max Weber, Ciência como Vocação.
O Som ao Redor
3.8 1,1K Assista AgoraNo meu ponto de vista, "Som ao redor" é emblemático por trazer de forma aguda (mesmo que colocada sutilmente sob a perspectiva de um cotidiano reforçado de características comuns a nós mesmos) dois temas naturais as grandes cidades e ao brasileiro em geral: o confronto ou a convivência entre a tradição e o novo, além da normatização da falta de ética e empatia pelo próximo residentes em nossa realidade. Ao mesmo tempo que observamos um bairro de classe média alta do Recife abarrotado de novas tecnologias (câmeras, televisores, eletrodomésticos importados, etc), com várias e várias crianças ao seu redor, também denotamos o quanto o lugar é dominado pelo poder do velho (coronel) Francisco. A vista disso, o filme sai do território urbano e nos transporta para o engenho de Francisco, numa zona rural e abandonada de Pernambuco, explicando a origem da "grandiosidade" daquele homem. Numa capital modernizada pela globalização, o presente não abandona suas raízes no passado, isso é, o passado não é um ponto cheio de peculiaridades distante do ponto do presente na nossa linha temporal histórica, o passado na verdade se camufla e domina o presente. A cena final, as razões pelo término de Dinho que, segundo ele, foram porque a ex tinha outra história e outros lugares, além das lembranças saudosistas de tio de Dinho são demonstrações disso. Aqui, não caminhamos rumo ao progresso, pelo contrário, se furtamos de viver a experiência que o hoje pode nos proporcionar pela grande frequência de tradições e aceitações, como o coronelismo e os famigerados jeitinhos, em nosso dia-a-dia.
O outro ponto reside aí, como o brasileiro está tranquilizado diante da própria decadência moral. Seja pela inquilina que quer desconto por causa de um suicídio, pelo segurança que mostra vídeos de assassinato e tragédia para os companheiros, ou também, são tratados com certa inferioridade por Francisco, mas que ao primeiro passo batem num garoto marginalizado; além da dona de casa que tenta matar o cachorro do vizinho sem discutir o problema, ou a mulher que briga com essa mesma dona de casa por motivos fúteis, ou as pessoas que discutem a demissão de um velho porteiro sem levar em conta sua situação, ou esse mesmo porteiro que adentra a privacidade de um casal através de uma câmera de segurança. Pois está aí, os exemplos se multiplicam e se propagam numa cadeia inesgotável, e tudo sob o olhar de um espectador que assiste àquilo sem perceber que ele também faz parte desse miserável circo de horrores.
Ex Baterista
3.8 314Me lembrou uma mistura de south park (por causa do humor negro altamente crítico), irreversível (experimentações do diretor, violência crua e situações pertubadoras), com Frank (banda de degenerados problemáticos)
Irreversível
4.0 1,8K Assista AgoraComeça chocante e poderoso, capaz de perturbar o espectador de maneira singular. Depois a trama fica banal e cotidiana demais, os diálogos e os personagens não me interessaram muito nesse caso. Talvez o noé quisesse mostrar como a desgraça pode ser um infortúnio, não sei, não vi entrevistas dele a respeito disso
A cena do rectum (bar gay) é extremamente angustiante. A câmera caótica + vincent cassel atordoado + iluminação obscura + trilha sonora + masoquistas frenéticos, foi um PQP master, nóe foi genial (ou sádico) ao produzir uma sequencia tão desesperadora.
Um Corpo que Cai
4.2 1,3K Assista AgoraGenial. Achei o Ferguson um personagem extremamente cativante e bem desenvolvido, um homem que não possui muita sutileza é o mesmo com uma série de fragilidades.
Mas eu interpretei o filme de uma maneira diferente e acho que o final também devia ser diferente
O ferguson devia olhar o corpo da Judy e cair junto, como resultado de sua acrofobia. Acho que isso simbolizaria melhor a mensagem que o filme passou pra mim: "se estamos presos ao passado estamos fadados a cair". Pq o ferguson era um homem constantemente preso a acontecimentos, o que de certa forma o impossibilita de viver uma vida plena. Primeiro a morte do parceiro, que o fez desenvolver acrofobia, depois a morte da madelaine, e o protagonista agora tem depressão aguda e fica mais alguns meses com esse quadro; mais tarde ele encontra judy, que é madelaine, e novamente se prende ao passado, o que o impede de se entregar a sua amada. A coisa chega a ser tão louca que ele pede para que judy se vista de madelaine e refaça os passos dela, para finalmente se livrar das chagas do passado, o que se demonstra impossível, já que judy cai da torre.