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23 years Lavras da Mangabeira - (BRA)
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Últimas opiniões enviadas

  • Mateus

    Capitão Fantástico (Captain Fantastic, de Matt Ross, 2016) fascina logo de início. É ferrenho nas críticas e delicado nas relações familiares que apresenta, sendo este um dos aspectos que mais modela o longa em direção a um distanciamento de simples panfletagem. Seguindo no trato delicado e, por favor, não confundam delicadeza com fraqueza, o filme é montado em um grande lembrete demonstrado em cada cena. É como se elas dissessem: o que estais a fazer com a vida que presencias a todo momento? O que fizeste com o animal que há em ti? Foi preciso de quanta falsa moralidade para corromper a criança que outrora existia em teu corpo?

    Postos tais questionamentos, posso afirmar que Capitão Fantástico é uma obra difícil de assistir. Vale ressaltar que me refiro a assistir verdadeiramente, doando os sentidos nos 118 minutos que compõem o longa, uma vez que assim é possível perceber o quanto o mesmo pode chegar a doer de modo diretamente proporcional ao estilo de vida que a e o expectador têm levado, pois é bem provável que tal estilo seja criticado, ou ao menos certas características pertencentes a ele. À vista disso, cá pode ser notada uma excelente estruturação do roteiro desenvolvido por Matt Ross, pois as desaprovações que são feitas pelas personagens e simultaneamente forjam os traços que as relacionam entre si e com o meio em que estão, não são diretamente conduzidas aos cotidianos das e dos expectadores, mas sim ao sistema vivenciado por elas e eles.

    Todavia, o longa chega a ser demasiadamente idealista e um tanto extremista em seus ideais, sendo, portanto, praticamente impossível de ser aplicável na realidade, o que pode transmitir um certo amargor ou inspiração agridoce durante e principalmente no fim do mesmo, algo que o filme Castelo de Vidro (The Glass Castle, de Destin Cretton, 2017), o qual segue linhas parecidas de enredo, não chega a cometer. É claro que preciso salientar que o fato de Castelo de Vidro ser uma obra baseada no livro de memórias de Jeannette Walls deve ter sido o baluarte principal para que o filme tenha sido concebido com um teor enormemente mais realista quando comparado a Capitão Fantástico, o que, no entanto, não desqualifica nenhuma dos dois longas.

    Enfim, é necessário assistir muitas e muitas vezes Capitão Fantástico, visto que que ele não foi produzido tão somente para entreter de tal modo que, se estiver buscando apenas entretenimento, o filme possivelmente o decepcionará. Ele oferece bem mais do que uma diversão facilmente esquecida; na verdade, ele rememora a espontaneidade infantil no passo que desmascara com desenvoltura o quanto a vida das supostas civilizações manifesta uma infinidade de deveres e regras que foram e são impostos mesmo que não façam o menor sentido para aquelas e aqueles que aprendem a executá-las tal como maquinas, além de, é claro, as ensinarem prontamente às próximas gerações.

    Em suma, Capitão Fantástico é um canto à vida. É algo como a mais férrea condenação a tudo que a impede de germinar. Sendo não só belo de se sentir como fértil para afetar, manifesta com maestria valores há muito desprezados. Exprime que a barbaridade não está em começarmos a agir como os outros animais, na verdade, a barbárie está no abismo que agora nos afasta das possibilidades de sermos animais, isto é, de praticarmos a condição primordial da vida, sendo ela a mais simples de todas: viver. É assim que o longa narra sua historia ao demonstrar as possibilidades de contemplar o nascer e morrer que praticamos espontaneamente a cada momento, transformando criativamente e coexistindo em simbiose com os demais organismos. Tarefa difícil, tenho que admitir. No entanto, é algo que ainda vale a luta.

    "Eu tento o tempo todo nesta instituição. E eu rezo, oh, meu Deus, como eu rezo. Eu rezo todo santo dia por uma revolução" - Linda Perry

    (G.E.C.A.FE - GRUPO DE ESTUDOS EM CINEMA, ARTE E FENOMENOLOGIA)

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  • Mateus

    De modo geral, sendo ambientado no interior da Bahia, o filme acompanha a trajetória de Maria (Fernanda Carvalho), uma garota de 12 anos que acaba por ser vendida por seu pai (Rui Manthur) a um explorador chamado Tadeu (Francisco Diaz). É importantíssimo mencionar aqui que o longa deixa latente desde o início a ingênua esperança de uma família esquecida em meio a seca e a pobreza pelo Estado que, por sua vez, oferece belamente as necessidades educacionais, sociais e econômicas da população que o forma, parte dela, pelo menos. Assim sendo, como muitos pais, os do longa acreditam que as filhas poderão ter um futuro melhor, o que faz com que não seja um problema pensar que uma delas poderá ser adotada por uma família com superiores condições de vida, algo que serve como proveito para oportunistas que como um milagre oferecem prontamente uma suposta ajuda.

    Mesmo com um roteiro previsível, o filme brasileiro Anjos do Sol (Rudi Lagermann, 2006), responsável por granjear o prêmio de júri popular para Melhor Longa de Ficção Ibero-Americana no Miami International Film Festival, vem apresentar uma temática mais do que pertinente às cidadãs e cidadãos desta serena terra chamada Brasil - aliás, não só dela, mas de outras tantas nações que se espalham pelo planeta. Afinal, o longa trata da exploração sexual comercial de crianças e adolescentes, a qual traz por si só um impacto ao ser especificada como o mote principal de um debate, ainda mais para aquelas e aqueles que pensam: "e isso ainda existe?".

    Tráfico infanto-juvenil, estupros, prostituição, enfim, não são assuntos tão fáceis de se tratar, ainda por cima em uma obra cinematográfica, no entanto, o roteiro e direção de Rudi Lagermann galgam, por assim dizer, tal feito, mesmo que de modo um tanto didático e fragmentado, aspectos estes que transformaram um longa de 1h e 32min em algo um tanto entediante em certos pontos de sua narrativa, o que também se deve à previsibilidade do roteiro, seja nas falas das personagens seja no desfecho de cada cena.

    Outro fator que vale ser elencado é o modo como as problemáticas se resolvem rápido demais, algo que não seria um defeito caso não fosse deixado tão visível aos expectadores. À vista disso, do primeiro arco ao último, o filme aparenta estar apressado em aplicar um desfecho, não permitindo, consequentemente, uma contemplação das situações demonstradas por ele, as quais poderiam ter um melhor desdobramento caso lhes fossem concedido uma maior demora e desenvolvimento. Todavia, como tal desenvolvimento não se desenrola de modo fluído, o longa se fixa em citar um a um os problemas enfrentados pelas meninas traficadas, os dirigindo - ora perceptivelmente ora não - em formatos de críticas severas ao contexto social da época que, infelizmente, ainda perdura. Deste modo, afirmo inexoravelmente que a maior e mais ferrenha crítica está na negligência e silenciamento das pessoas que nada fazem ao visualizar todas as atrocidades que lhes são apresentadas. Cá está o que mais me agradou, isto é, o longa deixa muito claro que cada indivíduo ganha algo em troca de seu silêncio, seja o sexo, o dinheiro ou simplesmente o não envolvimento em algo que supostamente destruiria sua vida.

    Posto isso, o que podemos dizer no que se refere às atuações? Bem, elas não são o ponto forte do longa, exceto em relação aos atores e atrizes mais experientes como Otávio Augusto, Vera Holtz e, principalmente, Antonio Calloni que, diferente dos colegas, vai além do que lhe é pedido e nos entrega à primeira vista um Saraiva repulsivo e atroz, envolvido em uma língua mansa com fortes toques da representação que o desenvolve como um autêntico carrasco. Ademais, a atriz Fernanda Carvalho se fecha em uma expressão melancólica que permanece inalterável do início ao fim, o que chega a ser positivo pelo fato de sua personagem possuir pouquíssimas falas, mas negativo pela causa nula mudança de expressão facial. Bianca Comparato, por sua vez, expõe a sua personagem Inês em uma carranca que, saindo do que é apresentado por Fernanda Carvalho, não chega a incomodar, o que se deve a uma desenvoltura maior da atriz.

    Por fim, ouso dizer que, mesmo com os empecilhos supracitados, o longa-metragem Anjos do Sol não só concede uma ampliação de debates acerca do tema a que se propõe, como também estabelece viabilidade de se acessar uma demonstração baseada em fatos de algo que pode aparentar ser distante do cotidiano dos brasileiros, salientando a magnitude do cinema para a aproximação do público de temáticas muitas vezes ocultadas no meio social e olvidadas até hoje pela sociedade.

    Destarte, eis, após tantas considerações, o que de maior pode se tirar da obra que aqui critico:

    Na cena do ato final, Maria, uma menina de 12 anos - arrancada do vulnerável seio familiar em que já sofria - sem educação escolar, várias vezes estuprada e violentada de tantas formas, nota, mesmo com dificuldade, a verdadeira realidade deste mundo que pode ser demasiadamente amargo para aquelas e aqueles que se tornam invisíveis aos seus semelhantes, uma vez que ao pedir ajuda, Maria se depara com um motorista de caminhão que não exita em perguntar o que ela pode lhe ofertar em troca da carona, sendo que ela, sabendo o que a aguarda, se entrega ao sistema em que vivemos, onde deve se oferecer para se receber, sendo que sempre a perda de uns será o ganho de outros. Logo, é facílimo - quando não se conhece a trajetória - julgar uma Maria crescida que sobrevive através da prostituição, assim como é ainda mais fácil apontar o dedo para aquelas e aqueles que se beneficiam com o sofrimento humano, no entanto, não há de ser tão fácil estender a mão e ajudar.

    "Segundo os dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT), mais de 100 mil meninas são vítimas de exploração sexual no país, e pela Organização das Nações Unidas, calcula-se que o tráfico de seres humanos para exploração sexual movimenta cerca de 9 bilhões de dólares no mundo, e só perde em rentabilidade para o mercado ilegal de drogas e armas." (Jordelma Veloso Costa, Juma Frota Rodrigues, dezembro de 2014).

    (G.E.C.A.FE - GRUPO DE ESTUDOS EM CINEMA, ARTE E FENOMENOLOGIA)

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  • Mateus

    O longa-metragem Julgamento em Nuremberg (Judgment at Nuremberg, de Stanley Kramer, 1961) pode ser considerado um dos melhores dramas históricos sobre julgamentos em tribunais - quiçá o mais satisfatoriamente produzido em prol de tal aspecto. Logo, sendo ambientado em 1948, o filme granjeia com primazia a demonstração das pretensões pessoais de cada personagem apresentada durante o longa em uma correlação direta com o que estava acontecendo na época, ou seja, o desenrolar dos processos contra quatro juízes acusados de cometer crimes de guerra durante o Regime Nazista (Terceiro Reich).

    A partir do supracitado, é inegável afirmar que o roteiro de Abby Mann e o elenco de peso são os dois pontos cruciais à conquista da inter-relação tão belamente desenvolvida entre os fatos terríveis que antecederam o julgamento, os efeitos dos mesmos sobre a população alemã e mundial e a reverberação das consequências dos resultados do júri para as nações como um todo. Deste modo, cada cena foi certamente construída para que cada uma das personagens exteriorizassem suas opiniões e, melhor dizendo, seus julgamentos sobre o papel do povo alemão no Holocausto.

    De modo geral, quanto ao elenco, deixo aqui minha admiração ao ator austríaco Maximilian Schell, responsável por brilhantemente interpretar o advogado de defesa Has Rolfe. Ademais, a condução magnífica do julgamento foi avultada tanto por ele quanto pelos atores Spencer Tracy (Dan Haywood), o qual entrega um juiz estadunidense magnânimo e perceptivelmente cansado, Tad Lawson (Richard Widmark), o qual dedica-se em transmitir um advogado estadunidense simultaneamente imerso e inexorável nos seus ideais, Rudoph Petersen (Montgomery Clift), responsável por entregar uma testemunha de defesa notavelmente perturbada com os horrores que vivenciou e Burt Lancaster (Dr. Ernst Janning), dando vida a um juiz alemão amargurado e melancólico, além das atrizes Judy Garland (Irene Hoffman), encarregada da segunda testemunha do caso, fazendo isto com destreza ao doar-se à transmissão de uma mulher resiliente e ainda assombrada com o que vivenciou e Marlene Dietrich (Madame Bertholt), incumbida de conceder uma viúva altiva e crédula em uma Alemanha melhor.

    Posto isso, não posso negligenciar o modo como o longa guia o espectador, o transformando em um ser inerte aos dois lados da defesa no passo em que o convoca na tomada de escolha, sendo ela apresentada em meio a dicotomia dos tribunais, isto é, considerar culpados ou inocentes aqueles que estão sendo julgados. É desta maneira que a trama nos convence de que a acusação está correta à medida que nos cativa, no entanto, em tomar por verdade as falas da defesa. Por conseguinte, cá está Julgamento em Nuremberg como um atestador das cicatrizes - perdoem o eufemismo - da tragédia do Holocausto, principalmente na cena mais marcante do longa, em que são mostradas cenas reais dos campos de concentração onde mais de seis milhões de judeus foram massacrados.

    Por fim, Julgamento em Nuremberg promove o que pode ser colocado como a excelência da representação em tela de cinema da defesa dos Direitos Humanos. Além do mais, as reflexões que germinam em um desenvolvimento de personagens altamente rico, principalmente no que se refere ao posicionamento de câmera que abruptamente aproxima o espectador em uma imagem perfil das personagens, trazem consigo o seguinte questionamento: nós, seres humanos, estamos tentando desesperadamente fingir não saber das mazelas sociais que afloram ao nosso redor, assim como os alemães representados no longa afirmam prontamente não ter conhecimento do que estava acontecendo com os judeus? Ademais, devemos ser julgados por uma tão vaga percepção do sofrimento "alheio"?

    (G.E.C.A.FE - GRUPO DE ESTUDOS EM CINEMA, ARTE E FENOMENOLOGIA)

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