Sorrisos etéreos e apaixonados enquanto assistia a esta película. Beleza sonante, sonante, sonante. Fatima (a persona ficta) tem uns rasgos de literatura em suas vísceras, ô coisa linda.
O negro oferece a perspectiva dos que não têm o domínio do corpo e da voz (ou espírito). Digamos que sua desinência enquanto indivíduo se restringisse (assim pensavam os "dominadores") ao afeto e à paixão (stricto sensu). O problema em dividir a integralidade humana em pathos e razão é esquecer que ambas subsistem per si apenas na linguagem. Em face disto é que se pode entender o porquê de ter sido tão fácil a reviravolta do "negro apaixonado" no final. Os brancos tinham a propriedade sobre os organismos humanos e suas peculiaridades, mas a lucidez que provém da observação de imagens (o elemento estático) só o "nigga" ousou alcançar.
A atuação do Spacey nesse filme é coisa de louco. Quanto ao filme, mostra-se invejável a capacidade dos realizadores em tomar elementos banais e ridículos da sociedade e em reproduzi-los nos mínimos detalhes, para afinal, na linha arriscada entre o drama cômico e o melodrama, conseguir dar à plena luz uma tragédia belíssima (posto que carregada de inalcançável ironia).
Tanto em Salieri como também em Mozart é possível entrever a imensa dimensão trágica que lhes é inerente e portanto irreprimível. O riso ilude com eficácia.
As atuações aparentam estar em plena conformidade com o espírito da obra, especialmente a representação de Chiron pelo ator adolescente. O trabalho retrospectivo do ator que representou Chiron na "terceira fase" também é importantíssimo para manter a solidez dos aspectos já postos em concreção pelos outros dois atores. Quanto ao garoto, não há muito o que dizer: a força de um olhar sempre me "diz" mais que qualquer outra fonte de expressão. Por falar nisso, os traços, as cores, os tons de voz, a música ambiguamente "instrumental"... esses detalhes somente podem ser plenamente refletidos e relacionados a peguntas como a de Teresa a Chiron ("Do you feel me?") se quem assiste tiver algum tipo de identificação verdadeira e essencial com ao menos algum tema do filme (sexualidade, cultura dos "niggas", abandono parental ou, sobretudo, um tipo de solidariedade mágica que transcende o blá-blá-blá da caridade humanística e capta cada micromovimento, cada pequenino levantar de sobrancelhas acompanhado de um senso de humor desembaraçado, cada sorriso profundo que se consome em dois ou três segundos e quase não permite que se entreveja a tal "profundidade"). Em suma, difícil eleger uma encenação em especial dentre tantos momentos bem construídos na trama...
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Fatima
3.6 25 Assista AgoraSorrisos etéreos e apaixonados enquanto assistia a esta película. Beleza sonante, sonante, sonante. Fatima (a persona ficta) tem uns rasgos de literatura em suas vísceras, ô coisa linda.
Corra!
4.2 3,6K Assista AgoraO negro oferece a perspectiva dos que não têm o domínio do corpo e da voz (ou espírito). Digamos que sua desinência enquanto indivíduo se restringisse (assim pensavam os "dominadores") ao afeto e à paixão (stricto sensu). O problema em dividir a integralidade humana em pathos e razão é esquecer que ambas subsistem per si apenas na linguagem. Em face disto é que se pode entender o porquê de ter sido tão fácil a reviravolta do "negro apaixonado" no final. Os brancos tinham a propriedade sobre os organismos humanos e suas peculiaridades, mas a lucidez que provém da observação de imagens (o elemento estático) só o "nigga" ousou alcançar.
Beleza Americana
4.1 2,9K Assista AgoraA atuação do Spacey nesse filme é coisa de louco. Quanto ao filme, mostra-se invejável a capacidade dos realizadores em tomar elementos banais e ridículos da sociedade e em reproduzi-los nos mínimos detalhes, para afinal, na linha arriscada entre o drama cômico e o melodrama, conseguir dar à plena luz uma tragédia belíssima (posto que carregada de inalcançável ironia).
Amadeus
4.4 1,1KTanto em Salieri como também em Mozart é possível entrever a imensa dimensão trágica que lhes é inerente e portanto irreprimível. O riso ilude com eficácia.
Moonlight: Sob a Luz do Luar
4.1 2,4K Assista AgoraAs atuações aparentam estar em plena conformidade com o espírito da obra, especialmente a representação de Chiron pelo ator adolescente. O trabalho retrospectivo do ator que representou Chiron na "terceira fase" também é importantíssimo para manter a solidez dos aspectos já postos em concreção pelos outros dois atores. Quanto ao garoto, não há muito o que dizer: a força de um olhar sempre me "diz" mais que qualquer outra fonte de expressão. Por falar nisso, os traços, as cores, os tons de voz, a música ambiguamente "instrumental"... esses detalhes somente podem ser plenamente refletidos e relacionados a peguntas como a de Teresa a Chiron ("Do you feel me?") se quem assiste tiver algum tipo de identificação verdadeira e essencial com ao menos algum tema do filme (sexualidade, cultura dos "niggas", abandono parental ou, sobretudo, um tipo de solidariedade mágica que transcende o blá-blá-blá da caridade humanística e capta cada micromovimento, cada pequenino levantar de sobrancelhas acompanhado de um senso de humor desembaraçado, cada sorriso profundo que se consome em dois ou três segundos e quase não permite que se entreveja a tal "profundidade"). Em suma, difícil eleger uma encenação em especial dentre tantos momentos bem construídos na trama...