A construção do clímax vai bem até metade do filme. Depois se perde. O triste mesmo foi apelar com jump scares a cada 2 minutos com decibéis maiores que uma turbina de avião.
O filme é uma espécie de A Mulher Faz o Homem / Mr. Smith Goes To Washington (Frank Capra), englobado com aquele climão parrudo típico do gênero policial.
O que clamam "cinema de arte" é, em alguns casos, mera masturbação intelectual feita pra inflar ego alheio. Separa-se o dito "cinema comercial" para o cinema que transmite, em tese, reflexão, questionamentos, dúvidas. Uma espécie de transição de patamares; uma segregação intelectual. É o que Paolo Sorrentino fez em Youth. Ou tentou fazer.
Depois de deixar expressada sua ampla influência em Federico Fellini em seu premiado filme "A Grande Beleza", Sorrentino volta a clamar amor. Youth possui detalhes e protagonistas que fazem lembrar muito Fellini: a falta de criatividade artística (8½), novamente o vazio expressado no meio artístico (A Doce Vida), o conflito entre familiares (8½), entre tantos outros detalhes.
Talvez o maior deslize dessa obra seja sua imprecisão. A falta de tato. Alguns momentos refletem o nada sobre o nada. A gourmetização do vazio. O que remete ao clamado "Cinema de arte" embusteiro. Não que isso não seja a mensagem que a obra tentou passar. Só que ela não engrena e parece não querer levar o telespectador além de alguns poucos questionamentos levantados - que são excelentes, por sinal -. Em boa parte do tempo, o filme parece querer transmitir apenas uma mera contemplação da elite. Se a obra é considerada por muitos como "sensorial", no meu caso não desceu.
Uma citação bem famosa de Fellini - essa transcrita na obra Fellini por Fellini - é: “Não há nenhum fim. Não há nenhum começo. Há apenas a paixão da vida”. Num mero reducionismo artístico: é isso que Sorrentino tentou passar.
Infelizmente, ficou datado ao extremo com o tempo. Dá pra tirar um proveito pelo fato de ser uma metáfora com cutucadas no comunismo, mas a história é meio tacanha e cheia de furos.
Em um de seus primeiros filmes, Stanley Kubrick mostrava que vinha para ser considerado um dos maiores diretores de todos os tempos. Em "Glória Feita de Sangue", a guerra e a violência servem como pano de fundo para expor a desumanização e a injustiça sofrida nesse meio. Nele, três soldados são condenados para servirem de bode expiatório aos demais, não tendo nenhum meio de defesa, inclusive sofrendo total parcialidade do juiz do caso - obviamente, beneficiando o lado dos generais -.
O personagem do Kirk Douglas (Dax) é o paladino da história. É por meio de sua figura que os princípios de justiça respiram. Enquanto para o demais generais os três soldados deveriam servir de exemplo, sendo apenas números, Dax é o único a questionar a decisão do juiz e do "promotor", desempenhando um papel parecido com o de um advogado - visto que nenhum dos soldados possuíam meios de defesa.
O filme me lembra um pouco "Consciências Mortas", onde ambos relatam o lado obscuro de seus temas (aquele do Western e esse da Guerra). Ambos deixam de lado o aspecto heroico e denotam as injustiças sofridas nesses ambientes. Pra quem gostou desse, é uma boa pedida.
Sendo sempre um idealista, Capra demonstrou por meio dos seus filmes o que queria ver em sociedade: justiça, solidariedade, compaixão, e qualquer valor considerado modelo por pessoas de bem. É por meio de suas obras que o mesmo tenta resgatar valores estagnados pela sociedade, essa que cada vez mais tenta sempre levar o bem econômico acima do bem moral, como é demonstrado em "A Felicidade Não se Compra", "A Mulher Faz o Homem", e "O Galante Mr. Deeds, por exemplo.
Em "O Galante Mr. Deeds", Capra expõe a inocência dos humildes e simples (fato extremamente usual em sua filmografia) através da figura de Mr. Deeds (Gary Cooper), personagem esse que acaba sendo herdeiro de uma fortuna, que ao sair de sua cidadezinha no interior para a "metrópole", tem de lidar com pessoas de alto escalão, não conseguindo perceber o quão ingênuo está sendo, visto que pouco lidou com gananciosos em sua vida. É incrível perceber como o filme é atemporal. Essa questão de "pobres que se tornam ricos e viram alvos de carniças humanas" é um fato recorrente em qualquer lugar do mundo. E o filme é de 1936.
Utópico e visionário. Assistir um filme do Frank Capra é sinônimo de fugir da realidade, levando um sorriso no rosto ao término da obra. A crença nos ideais de justiça e bondade do ser humano são sempre levadas ao patamar máximo. Tudo sempre dá certo e ocorre do jeito em que uma sociedade totalmente justa ocorreria. O que só reforça seu status de sonhador.
Pode até parecer ingenuidade ou prepotência de minha parte, mas às vezes enxergo "Pânico" como um filme subestimado. Ocasionalmente é visto por algumas pessoas como "um filme qualquer de suspense dos 90's que, por ventura da época, acabou virando um clássico adolescente". Pânico é muito mais que isso.
Wes Craven, com um roteiro de Kevin Williamson, abusa de sacadinhas safadas, utilizando muitas referências do gênero - incluindo seus filmes no meio -. O diretor exagera nos clichês (principalmente dos slashers) como uma forma de zoação. Referências como: a mocinha que é perseguida pelo vilão, as atitudes estúpidas dos personagens, festas com gente bêbada, a gostosa burra, o policial despreparado, o vilão que consegue escapar, estão presentes ao longo do filme. Destaque para a cena
da personagem da Rose McGowan (Tatum), que antes de ser assassinada pelo "Pânico", profere: "No, please don't kill me, Mr. Ghostface, I wanna be in the sequel!".
É basicamente uma tiração de sarro todo o tempo. É um filme que não se leva a sério... O que é muito bom!
Além de utilizar dessas sacadas, Wes Craven aplicou aquilo que aprendeu anteriormente no gênero, construindo - com a ajuda da excelente trilha sonora de Marco Beltrami - um clima de suspense e dúvidas, onde todos os personagens são suspeitos, tendo eles todos os motivos possíveis para quererem assassinar Sidney. O filme não perde o ritmo em nenhum momento. Inclusive tendo uma das melhores - senão a melhor - abertura dos filmes de terror/suspense já existente.
o diretor do colégio abre a porta (cena essa que o público espera a aparição do vilão) e aparece o mesmo Wes Craven de zelador com a roupa do Freddy Krueger (Craven também é o criador e diretor da franquia "A hora do Pesadelo").
Se tempos antes de realizar "Pânico", Wes Craven era considerado um dos "Mestres do horror", aqui ele consolidava de vez essa alcunha.
"Intriga Internacional" é considerado por muitos como um dos melhores filmes da fase americana de Hitchcock e "39 degraus" como um dos melhores da fase britânica, sendo que "Intriga Internacional" bebeu da fonte desse. A semelhança é notável: personagens injustiçados, perseguições por parte da polícia e de agentes, mortes (com acusações nas costas do protagonista), dúvidas quanto ao motivo das perseguições ("O que são os 39 degraus?" / "Por que Roger Thornhill está sendo perseguido?"), a mocinha que se apaixona pelo protagonista, fuga por parte dos protagonistas, dentre outros. Pelo visto, a fórmula de cidadão injustiçado sendo "caçado" rendia bem.
Tendo um orçamento muito maior que "39 degraus", o filme é uma espécie desse sendo mais kafkiano, mais moderno e mais aprimorado. E melhor.
Lion: Uma Jornada para Casa
4.3 1,9K Assista AgoraVer o Dev Patel fazendo outro papel de indiano me lembrou aquele episódio do Master Of None.
Invocação do Mal 2
3.8 2,1K Assista AgoraA construção do clímax vai bem até metade do filme. Depois se perde. O triste mesmo foi apelar com jump scares a cada 2 minutos com decibéis maiores que uma turbina de avião.
Dia de Treinamento
3.9 727 Assista AgoraO filme é uma espécie de A Mulher Faz o Homem / Mr. Smith Goes To Washington (Frank Capra), englobado com aquele climão parrudo típico do gênero policial.
Meu santo deus, que pérola...
A Juventude
4.0 342O que clamam "cinema de arte" é, em alguns casos, mera masturbação intelectual feita pra inflar ego alheio. Separa-se o dito "cinema comercial" para o cinema que transmite, em tese, reflexão, questionamentos, dúvidas. Uma espécie de transição de patamares; uma segregação intelectual. É o que Paolo Sorrentino fez em Youth. Ou tentou fazer.
Depois de deixar expressada sua ampla influência em Federico Fellini em seu premiado filme "A Grande Beleza", Sorrentino volta a clamar amor. Youth possui detalhes e protagonistas que fazem lembrar muito Fellini: a falta de criatividade artística (8½), novamente o vazio expressado no meio artístico (A Doce Vida), o conflito entre familiares (8½), entre tantos outros detalhes.
Talvez o maior deslize dessa obra seja sua imprecisão. A falta de tato. Alguns momentos refletem o nada sobre o nada. A gourmetização do vazio. O que remete ao clamado "Cinema de arte" embusteiro. Não que isso não seja a mensagem que a obra tentou passar. Só que ela não engrena e parece não querer levar o telespectador além de alguns poucos questionamentos levantados - que são excelentes, por sinal -. Em boa parte do tempo, o filme parece querer transmitir apenas uma mera contemplação da elite. Se a obra é considerada por muitos como "sensorial", no meu caso não desceu.
Uma citação bem famosa de Fellini - essa transcrita na obra Fellini por Fellini - é: “Não há nenhum fim. Não há nenhum começo. Há apenas a paixão da vida”. Num mero reducionismo artístico: é isso que Sorrentino tentou passar.
Trinta Anos Esta Noite
4.3 142*erik satie plays in the background while the protagonist passes by a midlife crisis with b&w cinematography coinciding with a nihilist thought*
Amor Pra Cachorro
2.1 7Os responsáveis por essa desgraça deveriam responder um processo criminal.
O Menino e o Mundo
4.3 735 Assista AgoraCoragem, Alezão! A equipe de criação da Pixar não manja muito. Escala o Pachequismo. Deixa o coitadismo para depois. Sonha sem medo. Como Brasil...
Vampiros de Almas
3.9 157Infelizmente, ficou datado ao extremo com o tempo. Dá pra tirar um proveito pelo fato de ser uma metáfora com cutucadas no comunismo, mas a história é meio tacanha e cheia de furos.
Louca Obsessão
4.1 1,3K Assista AgoraO maior erro do Rob Reiner foi não ter colocado isso na trilha sonora
https://www.youtube.com/watch?v=PXAYtCT8oh4
Beasts of No Nation
4.3 831 Assista AgoraNão me lembro recentemente de alguém merecer uma indicação pro oscar tanto quanto o Abraham Attah (Agu).
Glória Feita de Sangue
4.4 448 Assista AgoraEm um de seus primeiros filmes, Stanley Kubrick mostrava que vinha para ser considerado um dos maiores diretores de todos os tempos. Em "Glória Feita de Sangue", a guerra e a violência servem como pano de fundo para expor a desumanização e a injustiça sofrida nesse meio. Nele, três soldados são condenados para servirem de bode expiatório aos demais, não tendo nenhum meio de defesa, inclusive sofrendo total parcialidade do juiz do caso - obviamente, beneficiando o lado dos generais -.
O personagem do Kirk Douglas (Dax) é o paladino da história. É por meio de sua figura que os princípios de justiça respiram. Enquanto para o demais generais os três soldados deveriam servir de exemplo, sendo apenas números, Dax é o único a questionar a decisão do juiz e do "promotor", desempenhando um papel parecido com o de um advogado - visto que nenhum dos soldados possuíam meios de defesa.
O filme me lembra um pouco "Consciências Mortas", onde ambos relatam o lado obscuro de seus temas (aquele do Western e esse da Guerra). Ambos deixam de lado o aspecto heroico e denotam as injustiças sofridas nesses ambientes. Pra quem gostou desse, é uma boa pedida.
O Galante Mr. Deeds
4.0 68 Assista AgoraSendo sempre um idealista, Capra demonstrou por meio dos seus filmes o que queria ver em sociedade: justiça, solidariedade, compaixão, e qualquer valor considerado modelo por pessoas de bem. É por meio de suas obras que o mesmo tenta resgatar valores estagnados pela sociedade, essa que cada vez mais tenta sempre levar o bem econômico acima do bem moral, como é demonstrado em "A Felicidade Não se Compra", "A Mulher Faz o Homem", e "O Galante Mr. Deeds, por exemplo.
Em "O Galante Mr. Deeds", Capra expõe a inocência dos humildes e simples (fato extremamente usual em sua filmografia) através da figura de Mr. Deeds (Gary Cooper), personagem esse que acaba sendo herdeiro de uma fortuna, que ao sair de sua cidadezinha no interior para a "metrópole", tem de lidar com pessoas de alto escalão, não conseguindo perceber o quão ingênuo está sendo, visto que pouco lidou com gananciosos em sua vida. É incrível perceber como o filme é atemporal. Essa questão de "pobres que se tornam ricos e viram alvos de carniças humanas" é um fato recorrente em qualquer lugar do mundo. E o filme é de 1936.
Utópico e visionário. Assistir um filme do Frank Capra é sinônimo de fugir da realidade, levando um sorriso no rosto ao término da obra. A crença nos ideais de justiça e bondade do ser humano são sempre levadas ao patamar máximo. Tudo sempre dá certo e ocorre do jeito em que uma sociedade totalmente justa ocorreria. O que só reforça seu status de sonhador.
Pânico
3.6 1,6K Assista AgoraPode até parecer ingenuidade ou prepotência de minha parte, mas às vezes enxergo "Pânico" como um filme subestimado. Ocasionalmente é visto por algumas pessoas como "um filme qualquer de suspense dos 90's que, por ventura da época, acabou virando um clássico adolescente". Pânico é muito mais que isso.
Wes Craven, com um roteiro de Kevin Williamson, abusa de sacadinhas safadas, utilizando muitas referências do gênero - incluindo seus filmes no meio -. O diretor exagera nos clichês (principalmente dos slashers) como uma forma de zoação. Referências como: a mocinha que é perseguida pelo vilão, as atitudes estúpidas dos personagens, festas com gente bêbada, a gostosa burra, o policial despreparado, o vilão que consegue escapar, estão presentes ao longo do filme. Destaque para a cena
da personagem da Rose McGowan (Tatum), que antes de ser assassinada pelo "Pânico", profere: "No, please don't kill me, Mr. Ghostface, I wanna be in the sequel!".
Além de utilizar dessas sacadas, Wes Craven aplicou aquilo que aprendeu anteriormente no gênero, construindo - com a ajuda da excelente trilha sonora de Marco Beltrami - um clima de suspense e dúvidas, onde todos os personagens são suspeitos, tendo eles todos os motivos possíveis para quererem assassinar Sidney. O filme não perde o ritmo em nenhum momento. Inclusive tendo uma das melhores - senão a melhor - abertura dos filmes de terror/suspense já existente.
O diretor também faz uma ponta na cena onde
o diretor do colégio abre a porta (cena essa que o público espera a aparição do vilão) e aparece o mesmo Wes Craven de zelador com a roupa do Freddy Krueger (Craven também é o criador e diretor da franquia "A hora do Pesadelo").
Se tempos antes de realizar "Pânico", Wes Craven era considerado um dos "Mestres do horror", aqui ele consolidava de vez essa alcunha.
Intriga Internacional
4.1 347 Assista Agora"Intriga Internacional" é considerado por muitos como um dos melhores filmes da fase americana de Hitchcock e "39 degraus" como um dos melhores da fase britânica, sendo que "Intriga Internacional" bebeu da fonte desse. A semelhança é notável: personagens injustiçados, perseguições por parte da polícia e de agentes, mortes (com acusações nas costas do protagonista), dúvidas quanto ao motivo das perseguições ("O que são os 39 degraus?" / "Por que Roger Thornhill está sendo perseguido?"), a mocinha que se apaixona pelo protagonista, fuga por parte dos protagonistas, dentre outros. Pelo visto, a fórmula de cidadão injustiçado sendo "caçado" rendia bem.
Tendo um orçamento muito maior que "39 degraus", o filme é uma espécie desse sendo mais kafkiano, mais moderno e mais aprimorado. E melhor.