´´ O resultado é bastante satisfatório e deve agradar aos fãs do gênero, num trabalho repleto de cenas tensas, muito suspense e horror gráfico! ``
Contos literários que abordam tramas de suspense e terror são marcados pela liberdade dos autores, que muitas vezes não seguem uma lógica narrativa encontrada em livros. Desta forma, é bastante comum para o leitor encontrar pequenas histórias que não são formadas por estruturas consideradas comuns, como linha de tempo estilo começo-meio-fim, ou quando o bem nem sempre vence o mal. Uma das grandes possibilidades de criar uma trama em apenas 10 páginas é que até as tradicionais explicações são deixadas de lado e isso, dependendo do trabalho, pode gerar ótimos resultados.
Lançado no mercado de DVD brasileiro, O Último Trem (The Midnigh Meat Tream, 2008) é mais uma produção adaptada de um conto de terror. E a boa notícia é que o resultado em película foi bastante satisfatório e deve agradar aos fãs do gênero, que vão assistir a um trabalho repleto de cenas tensas, muito suspense e horror gráfico da melhor qualidade.
O Último Trem é baseado no conto assinado pelo nosso velho conhecido Clive Barker, o que já é suficiente para atrair a curiosidade dos fãs do gênero. A trama acompanha o jovem fotógrafo Leon (Bradley Cooper), que passa a fazer fotos que retratem o cotidiano das cidades grandes. Ao mesmo tempo, uma série de assassinatos e desaparecimentos estão acontecendo nos metrôs que seguem na madrugada. É durante uma noite de insônia que Leon decide sair para fotografar e, neste passeio noturno, acaba descendo até uma estação próxima. A partir deste momento, ele vai travar uma investigação solitária para descobrir o que está acontecendo.
O Último Trem é uma produção que tem na linguagem fílmica o seu grande trunfo. Diferente de tramas contemporâneas, que acabam apresentando enredos parecidos e nada mais são do que refilmagens das mesmas ideias, aqui temos uma narração que foge do trivial e que vai além de um simples mistério. A concepção da ação consegue trabalhar paralelamente com várias questões enquanto o personagem Leon segue dentro de um universo cada vez mais aterrador.
Grande parte deste mérito acontece pelo fato de sabermos mais do que o personagem, o que nos coloca em uma posição de observadores. No entanto, não recebemos qualquer informação que resolva o mistério antes do momento exato. É aquela velha, porém, muito eficiente sensação de entender tudo nos cinco minutos finais, mesmo que algumas perguntas permaneçam sem respostas.
SENSAÇÕES
Alguns fãs consideram que o bom filme de terror é aquele capaz de provocar sensações em quem os assiste. Mesmo que alguns pedaços fiquem faltando na hora da conclusão, o importante é passar por este turbilhão de emoções, que sempre são bem vindas. Basta se lembrar do final de A Bruxa de Blair (The Blair Witch Project, 1999).
No caso de O Último Trem, a conclusão é um dos melhores pontos da trama e serve de lembrete de que filmes de terror devem ir além de explicações triviais. Por que todo assassino precisa ter tido algum trauma de infância? Por que toda casa assombrada precisa ter o mistério claramente explicado? Por que a polícia sempre descobre o mistério e salva o mocinho? O personagem Leon com certeza se fez estas perguntas durante o filme.
HORROR GRÁFICO
Uma das questões mais discutidas de O Último Trem é referente ao estilo utilizado pelo diretor Ryûhei Kitamura para mostrar as melhores cenas do filme. Em um gênero onde tudo é tão copiado, encontrar soluções novas, ou ao menos pouco utilizadas, já é digno de ponto positivo. Aqui vale o destaque para algumas das mortes, em especial a de uma mulher que tem a cabeça degolada. A cena é belissimamente exagerada e chama a atenção justamente por isso. Apesar de alguns excessos nos efeitos visuais, vale à pena conferir o trabalho como um todo.
Este mérito estético pode ser associado ao próprio Clive Barker, que também é um dos produtores do filme. Desde o lançamento do clássico Hellraiser – Renascido do Inferno (Hellraiser, 1987), ele é considerado, por críticos e fãs, como um dos grandes nomes do gênero e parte deste sucesso se deu pela concepção estética da trama da década de 1980, que mistura fortes cenas de gore com os primeiros monstros elegantes criados no gênero, os cenobitas.
E falando em estética, a concepção do metrô como cenário principal da trama é outro ponto interessante do filme. Utilizar esse elemento para criar cenas angustiantes é até fácil, já que a imagem de vagões vazios e estações quase desertas já são suficientes para fazerem muita gente desistir do transporte e pegar um taxi.
FALTA DE ATENÇÃO
É importante destacar que nenhuma boa trama consegue gera um filme de qualidade com um elenco fraco ou personagens mal concebidos e O Último Trem não faz parte desta categoria. Bradley Cooper, do seriado Alias, está muito bem como o mocinho Leon, assim como Leslie Bibb, de Trick ‘r Treat, que faz a namorada do nosso herói. Uma surpresa é a participação de Brooke Shields. Diretamente da Lagoa Azul, ela interpreta aqui uma artista plástica, mas infelizmente a sua participação é bastante limitada. Destaque para Vinnie Jones, de X-Men – O Confronto Final, como a pessoa misteriosa que anda no metrô de madrugada.
Apesar de todos esses pontos positivos, O Último Trem não recebeu a devida atenção da produtora LionsGate para um lançamento internacional decente, o que fez com que o filme passasse desapercebido em alguns mercados importantes. Aqui no Brasil, a produção foi lançada direto em DVD e sem muita divulgação. O próprio Clive Barker manifestou a sua insatisfação com relação a este assunto com uma carta lida durante a East Coast Fangoria Weekend of Horrors, em 2008.
A falta de uma estratégia de lançamento decente e de divulgação da LionsGate respondem como as principais deficiências de O Último Trem, que poderia ter chegado para um número maior de pessoas. Mas aproveite a dica e corra para a sua locadora. Se a mesma não tiver comprado este filme, baixe-o. Neste caso, o verdadeiro crime é deixar esta obra cair no esquecimento sem a chance de ser conhecida. Nada mal para este pequeno conto do bom e velho Barker.
Qual o melhor lugar para se criar um filho? Burt Farlander e Verona De Tessant estão no sexto mês de gravidez e acreditam estar construindo um lar em Denver (Colorado), por estarem próximos aos pais de Burt. Acontece que Jerry e Gloria, vividos por Jeff Daniels e Catherine O´Hara resolvem se mudar de repente para Bélgica. Sozinhos em um momento tão importante, Burt e Verona resolvem visitar parentes e amigos a procura de um lar ideal para criarem seu primogênito. Nasce assim um drama road movie com atmosfera indie dirigido com muita sensibilidade por Sam Mendes.
Desde que surgiu com o devastador Beleza Americana, Sam Mendes expõe as malezas da classe média do país, sempre com dramas ácidos, sarcásticos e devastadores como Foi Apenas um Sonho. Agora, aproveitando o roteiro do casal Dave Eggers e Vendela Vida, constrói um filme mais leve. Nem por isso, deixa de ser repleto de críticas a sociedade que nos formamos. Burt e Verona, vividos maravilhosamente bem pelos atores John Krasinski e Maya Rudolph, mais conhecidos por seus papéis nas séries The Office e Saturday Night Live, são um casal apaixonante. Acompanhamos sua jornada que passa Phoenix, Madison, Miami e Montreal encontrando famílias e situações das mais esdrúxulas. Há uma crítica clara à loucura que se tornou a sociedade atual, com diversos estilos.
Por uma vida melhor A beleza da construção da história está na forma como o casal carente procura o apoio em amigos e parentes que nunca mais viram e vão percebendo que cada um tem um problema, uma mania, um comportamento de fuga, um ritual próprio que não os faz encaixar naquela rotina. Como diz a sinopse, essa jornada irá mostrar a ambos o verdadeiro significado de um lar. Pode parecer frase feita, mas é verdade. O filme é sensível ao construir essa descoberta, nos envolvendo e emocionando com a resolução. É daqueles filmes que ficam em nossa memória.
Por uma vida melhor.Um ponto forte é a trilha musical, repleta de canções clássicas ou desconhecidas, que se encaixam perfeitamente com o momento em que são inseridas na trama. Temos vários momentos que se assemelham a clipes musicais, que acrescentam à história e o drama vivido, dando o ar ainda mais independente do projeto. É tudo bem dosado, humor, drama, situações surreais, emoção surpreendente. Vamos nos envolvendo com a trama, quase nos colocando no banco de carona daquele carro que passeia em busca de um porto seguro.
Sam Mendes não consegue passar em branco, mesmo quando seu filme é desvalorizado pela distribuidora e vai parar nas prateleiras da locadora sem passar pelo cinema. Talvez alguns tenham visto nos Festivais que passou, ainda com a tradução literal do título (Distante nós vamos) ou talvez tenham sido atraídos pela bela capa e o chamariz "do mesmo diretor de Beleza Americana". Não importa. O importante é conferir esse filme e passá-lo no boca a boca, pois é daqueles que merecem ser conhecidos.
É no mínimo um absurdo classificar Sr. Ninguém (2009) , filme escrito e dirigido por Jaco Van Dormael, como uma ficção científica sobre viagens no tempo, geralmente aqueles que o fazem são os mesmos que acusam o longa de ser confuso e sem sentido. Um outro equívoco recorrente é a classificação da trama como sendo complexa, o que definitivamente ela não é. Caso a proposta do filme seja compreendida ainda no início de seu desenvolvimento, tudo nele se torna mais claro, o que faz com que ele chegue a parecer até simplório em algumas partes. Como nós espectadores temos o mau costume de criticar aquilo que não entendemos, corremos o risco de apontar nele defeitos que ele não tem e com isso acabar negligenciando outros problemas menores, estes reais e perceptíveis em seu desenvolvimento.
Sr. Ninguém é sobre as escolhas que fazemos durante nossa vida e como elas determinam quem na verdade somos, na história contada pelo filme, Nemo (Jared Leto), o personagem central, se encontra em algum lugar no futuro, um tempo em que as pessoas se tornaram imortais e ele é o último ser humano mortal ainda vivo. Através de uma espécie de reality show, as pessoas desta época tentam descobrir quem ele foi quando jovem e o que ele tem para contar sobre uma época em que a vida era tão diferente. Ele, no entanto, não enxerga na própria vida o sentido que os outros buscam nela, ele, apesar de guardar memórias do passado, não sabe dizer quem na verdade é, ele esteve constantemente preso á ideia de a vida era determinada pelas suas próprias ações, o que é uma ideia controversa, uma vez que cada indivíduo está inserido em uma rede complexa e não simples de causas e consequências.
Quando criança, Nemo dizia ter o dom de enxergar o futuro e de esquecer o passado, tal declaração, que ele faz ainda no início do filme, coloca pulgas atrás das orelhas de muita gente, todavia, nela não há nada de sobrenatural, na verdade ela seria, ao meu ver, apenas um fruto de uma fantasia do menino, no entanto, ela é capaz de explicar o modo de vida que ele adotaria da infância ao ocaso de sua existência. Nemo condicionou suas escolhas à crença de que elas eram capazes de impedir coisas que ele imaginava que poderiam vir a acontecer. Por conta disso, só lhe sobrava um único caminho a seguir e isso sequer podia ser chamado de escolha, pois na maior parte das situações ele sequer fazia uma opção, por acreditar que "enquanto não se escolhe tudo permanece possível". Já na velhice, ele não consegue descobrir quem na verdade é, simplesmente porque durante toda a sua vida ele não foi corajoso o suficiente para tomar decisões que o ajudassem a descobrir sua verdadeira identidade.
Toda a narrativa do filme se baseia naquilo que o personagem poderia ter vivenciado caso tivesse feito pequenas e grandes escolhas, por isso vemos situações que parecem se repetir durante o desenvolvimento do longa, porém de uma forma diferente. Aquilo que muita gente confundiu com idas e vindas no tempo são na verdade abstrações da mente do personagem, que tenta imaginar as consequências das escolhas que poderia ter feito e como cada uma delas poderia ter lhe marcado e ajudado a compor aquilo que o diferenciaria como indivíduo. Em cada uma das reconstruções de sua própria vida, Nemo escolhe ficar com um dos pais e não com o outro, casa com uma mulher diferente, tem um emprego diferente e morre de uma forma diferente, porém, em nenhuma delas ele consegue chegar aos 117 anos, idade na qual se encontra ao ensaiar suas reminiscências, mas em todas elas ele é feliz, simplesmente por ter vivido de verdade.
É possível perceber durante todo o filme um toque onírico, que torna cada passagem parecida com algo que poderia ter saído de um sonho, pode-se reparar também que há no longa uma predominância de padrões estéticos que não condizem com a percepção da realidade, tudo é colorido demais, cada coisa está em seu devido lugar e isso reforça a ideia de que o que vemos não são lembranças, não é real, mas tão somente uma construção um tanto romantizada da mente do personagem central. A fotografia confere ao filme um visual belíssimo, que faz jus à intensidade de cada uma de suas temáticas e dos sentimentos experimentados pelo protagonista. A trilha sonora, que conta com nomes como Pixies, Buddy Holly, Ella Fitzgerald, e Eurythmics, é simplesmente maravilhosa, cada uma das canções utilizadas se encaixa perfeitamente com a passagem em que toca, gerando assim alguns momentos sublimes.
Todo o elenco do filme está muito bem, principalmente o Jared Leto, que chama a atenção não só pelas diversas caracterizações de seu personagem, mas também pelas sutis variações na construção do mesmo, que podem ser percebidas em cada uma das memórias/imaginações que compõem a trama. O filme peca pela sua longa duração, que acho desnecessária, uma vez que o essencial da trama caberia em um tempo bem menor, e também pelas variações de ritmo, que ele sofre em algumas passagens, o que chega a prejudicar o impacto provocado por ele, principalmente em seu desfecho. Mas nada disso tira do filme o brilhantismo que ele tem, ele não é uma obra perfeita, mas é sem dúvidas um filme que merece ser visto e acima de tudo refletido.
Sr. Ninguém é no fim das contas uma exaltação humanista à vida e à cada uma das experiências que ela nos oferece, sejam elas boas ou ruins. Ele me fez lembrar de que é melhor assumir as consequências de uma escolha do que permanecer passivo diante dela, afinal, tudo pode até permanecer possível enquanto uma escolha não é feita, mas isso não é uma garantia de que ao menos uma das possibilidades venham a se concretizar de fato e de nada vale uma longa vida não vivida... Assista ao filme! Nunca se esqueça de viver!
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O Último Trem
2.9 552 Assista Agora´´ O resultado é bastante satisfatório e deve agradar aos fãs do gênero, num trabalho repleto de cenas tensas, muito suspense e horror gráfico! ``
Contos literários que abordam tramas de suspense e terror são marcados pela liberdade dos autores, que muitas vezes não seguem uma lógica narrativa encontrada em livros. Desta forma, é bastante comum para o leitor encontrar pequenas histórias que não são formadas por estruturas consideradas comuns, como linha de tempo estilo começo-meio-fim, ou quando o bem nem sempre vence o mal. Uma das grandes possibilidades de criar uma trama em apenas 10 páginas é que até as tradicionais explicações são deixadas de lado e isso, dependendo do trabalho, pode gerar ótimos resultados.
Lançado no mercado de DVD brasileiro, O Último Trem (The Midnigh Meat Tream, 2008) é mais uma produção adaptada de um conto de terror. E a boa notícia é que o resultado em película foi bastante satisfatório e deve agradar aos fãs do gênero, que vão assistir a um trabalho repleto de cenas tensas, muito suspense e horror gráfico da melhor qualidade.
O Último Trem é baseado no conto assinado pelo nosso velho conhecido Clive Barker, o que já é suficiente para atrair a curiosidade dos fãs do gênero. A trama acompanha o jovem fotógrafo Leon (Bradley Cooper), que passa a fazer fotos que retratem o cotidiano das cidades grandes. Ao mesmo tempo, uma série de assassinatos e desaparecimentos estão acontecendo nos metrôs que seguem na madrugada. É durante uma noite de insônia que Leon decide sair para fotografar e, neste passeio noturno, acaba descendo até uma estação próxima. A partir deste momento, ele vai travar uma investigação solitária para descobrir o que está acontecendo.
O Último Trem é uma produção que tem na linguagem fílmica o seu grande trunfo. Diferente de tramas contemporâneas, que acabam apresentando enredos parecidos e nada mais são do que refilmagens das mesmas ideias, aqui temos uma narração que foge do trivial e que vai além de um simples mistério. A concepção da ação consegue trabalhar paralelamente com várias questões enquanto o personagem Leon segue dentro de um universo cada vez mais aterrador.
Grande parte deste mérito acontece pelo fato de sabermos mais do que o personagem, o que nos coloca em uma posição de observadores. No entanto, não recebemos qualquer informação que resolva o mistério antes do momento exato. É aquela velha, porém, muito eficiente sensação de entender tudo nos cinco minutos finais, mesmo que algumas perguntas permaneçam sem respostas.
SENSAÇÕES
Alguns fãs consideram que o bom filme de terror é aquele capaz de provocar sensações em quem os assiste. Mesmo que alguns pedaços fiquem faltando na hora da conclusão, o importante é passar por este turbilhão de emoções, que sempre são bem vindas. Basta se lembrar do final de A Bruxa de Blair (The Blair Witch Project, 1999).
No caso de O Último Trem, a conclusão é um dos melhores pontos da trama e serve de lembrete de que filmes de terror devem ir além de explicações triviais. Por que todo assassino precisa ter tido algum trauma de infância? Por que toda casa assombrada precisa ter o mistério claramente explicado? Por que a polícia sempre descobre o mistério e salva o mocinho? O personagem Leon com certeza se fez estas perguntas durante o filme.
HORROR GRÁFICO
Uma das questões mais discutidas de O Último Trem é referente ao estilo utilizado pelo diretor Ryûhei Kitamura para mostrar as melhores cenas do filme. Em um gênero onde tudo é tão copiado, encontrar soluções novas, ou ao menos pouco utilizadas, já é digno de ponto positivo. Aqui vale o destaque para algumas das mortes, em especial a de uma mulher que tem a cabeça degolada. A cena é belissimamente exagerada e chama a atenção justamente por isso. Apesar de alguns excessos nos efeitos visuais, vale à pena conferir o trabalho como um todo.
Este mérito estético pode ser associado ao próprio Clive Barker, que também é um dos produtores do filme. Desde o lançamento do clássico Hellraiser – Renascido do Inferno (Hellraiser, 1987), ele é considerado, por críticos e fãs, como um dos grandes nomes do gênero e parte deste sucesso se deu pela concepção estética da trama da década de 1980, que mistura fortes cenas de gore com os primeiros monstros elegantes criados no gênero, os cenobitas.
E falando em estética, a concepção do metrô como cenário principal da trama é outro ponto interessante do filme. Utilizar esse elemento para criar cenas angustiantes é até fácil, já que a imagem de vagões vazios e estações quase desertas já são suficientes para fazerem muita gente desistir do transporte e pegar um taxi.
FALTA DE ATENÇÃO
É importante destacar que nenhuma boa trama consegue gera um filme de qualidade com um elenco fraco ou personagens mal concebidos e O Último Trem não faz parte desta categoria. Bradley Cooper, do seriado Alias, está muito bem como o mocinho Leon, assim como Leslie Bibb, de Trick ‘r Treat, que faz a namorada do nosso herói. Uma surpresa é a participação de Brooke Shields. Diretamente da Lagoa Azul, ela interpreta aqui uma artista plástica, mas infelizmente a sua participação é bastante limitada. Destaque para Vinnie Jones, de X-Men – O Confronto Final, como a pessoa misteriosa que anda no metrô de madrugada.
Apesar de todos esses pontos positivos, O Último Trem não recebeu a devida atenção da produtora LionsGate para um lançamento internacional decente, o que fez com que o filme passasse desapercebido em alguns mercados importantes. Aqui no Brasil, a produção foi lançada direto em DVD e sem muita divulgação. O próprio Clive Barker manifestou a sua insatisfação com relação a este assunto com uma carta lida durante a East Coast Fangoria Weekend of Horrors, em 2008.
A falta de uma estratégia de lançamento decente e de divulgação da LionsGate respondem como as principais deficiências de O Último Trem, que poderia ter chegado para um número maior de pessoas. Mas aproveite a dica e corra para a sua locadora. Se a mesma não tiver comprado este filme, baixe-o. Neste caso, o verdadeiro crime é deixar esta obra cair no esquecimento sem a chance de ser conhecida. Nada mal para este pequeno conto do bom e velho Barker.
Por uma Vida Melhor
3.7 211 Assista AgoraQual o melhor lugar para se criar um filho? Burt Farlander e Verona De Tessant estão no sexto mês de gravidez e acreditam estar construindo um lar em Denver (Colorado), por estarem próximos aos pais de Burt. Acontece que Jerry e Gloria, vividos por Jeff Daniels e Catherine O´Hara resolvem se mudar de repente para Bélgica. Sozinhos em um momento tão importante, Burt e Verona resolvem visitar parentes e amigos a procura de um lar ideal para criarem seu primogênito. Nasce assim um drama road movie com atmosfera indie dirigido com muita sensibilidade por Sam Mendes.
Desde que surgiu com o devastador Beleza Americana, Sam Mendes expõe as malezas da classe média do país, sempre com dramas ácidos, sarcásticos e devastadores como Foi Apenas um Sonho. Agora, aproveitando o roteiro do casal Dave Eggers e Vendela Vida, constrói um filme mais leve. Nem por isso, deixa de ser repleto de críticas a sociedade que nos formamos. Burt e Verona, vividos maravilhosamente bem pelos atores John Krasinski e Maya Rudolph, mais conhecidos por seus papéis nas séries The Office e Saturday Night Live, são um casal apaixonante. Acompanhamos sua jornada que passa Phoenix, Madison, Miami e Montreal encontrando famílias e situações das mais esdrúxulas. Há uma crítica clara à loucura que se tornou a sociedade atual, com diversos estilos.
Por uma vida melhor A beleza da construção da história está na forma como o casal carente procura o apoio em amigos e parentes que nunca mais viram e vão percebendo que cada um tem um problema, uma mania, um comportamento de fuga, um ritual próprio que não os faz encaixar naquela rotina. Como diz a sinopse, essa jornada irá mostrar a ambos o verdadeiro significado de um lar. Pode parecer frase feita, mas é verdade. O filme é sensível ao construir essa descoberta, nos envolvendo e emocionando com a resolução. É daqueles filmes que ficam em nossa memória.
Por uma vida melhor.Um ponto forte é a trilha musical, repleta de canções clássicas ou desconhecidas, que se encaixam perfeitamente com o momento em que são inseridas na trama. Temos vários momentos que se assemelham a clipes musicais, que acrescentam à história e o drama vivido, dando o ar ainda mais independente do projeto. É tudo bem dosado, humor, drama, situações surreais, emoção surpreendente. Vamos nos envolvendo com a trama, quase nos colocando no banco de carona daquele carro que passeia em busca de um porto seguro.
Sam Mendes não consegue passar em branco, mesmo quando seu filme é desvalorizado pela distribuidora e vai parar nas prateleiras da locadora sem passar pelo cinema. Talvez alguns tenham visto nos Festivais que passou, ainda com a tradução literal do título (Distante nós vamos) ou talvez tenham sido atraídos pela bela capa e o chamariz "do mesmo diretor de Beleza Americana". Não importa. O importante é conferir esse filme e passá-lo no boca a boca, pois é daqueles que merecem ser conhecidos.
Tudo que Amo
3.8 22Pessoal tenho o DVD-R oficial , entre em contato.
Sr. Ninguém
4.3 2,7KObra-prima da 7Arte ! Sublime !
É no mínimo um absurdo classificar Sr. Ninguém (2009) , filme escrito e dirigido por Jaco Van Dormael, como uma ficção científica sobre viagens no tempo, geralmente aqueles que o fazem são os mesmos que acusam o longa de ser confuso e sem sentido. Um outro equívoco recorrente é a classificação da trama como sendo complexa, o que definitivamente ela não é. Caso a proposta do filme seja compreendida ainda no início de seu desenvolvimento, tudo nele se torna mais claro, o que faz com que ele chegue a parecer até simplório em algumas partes. Como nós espectadores temos o mau costume de criticar aquilo que não entendemos, corremos o risco de apontar nele defeitos que ele não tem e com isso acabar negligenciando outros problemas menores, estes reais e perceptíveis em seu desenvolvimento.
Sr. Ninguém é sobre as escolhas que fazemos durante nossa vida e como elas determinam quem na verdade somos, na história contada pelo filme, Nemo (Jared Leto), o personagem central, se encontra em algum lugar no futuro, um tempo em que as pessoas se tornaram imortais e ele é o último ser humano mortal ainda vivo. Através de uma espécie de reality show, as pessoas desta época tentam descobrir quem ele foi quando jovem e o que ele tem para contar sobre uma época em que a vida era tão diferente. Ele, no entanto, não enxerga na própria vida o sentido que os outros buscam nela, ele, apesar de guardar memórias do passado, não sabe dizer quem na verdade é, ele esteve constantemente preso á ideia de a vida era determinada pelas suas próprias ações, o que é uma ideia controversa, uma vez que cada indivíduo está inserido em uma rede complexa e não simples de causas e consequências.
Quando criança, Nemo dizia ter o dom de enxergar o futuro e de esquecer o passado, tal declaração, que ele faz ainda no início do filme, coloca pulgas atrás das orelhas de muita gente, todavia, nela não há nada de sobrenatural, na verdade ela seria, ao meu ver, apenas um fruto de uma fantasia do menino, no entanto, ela é capaz de explicar o modo de vida que ele adotaria da infância ao ocaso de sua existência. Nemo condicionou suas escolhas à crença de que elas eram capazes de impedir coisas que ele imaginava que poderiam vir a acontecer. Por conta disso, só lhe sobrava um único caminho a seguir e isso sequer podia ser chamado de escolha, pois na maior parte das situações ele sequer fazia uma opção, por acreditar que "enquanto não se escolhe tudo permanece possível". Já na velhice, ele não consegue descobrir quem na verdade é, simplesmente porque durante toda a sua vida ele não foi corajoso o suficiente para tomar decisões que o ajudassem a descobrir sua verdadeira identidade.
Toda a narrativa do filme se baseia naquilo que o personagem poderia ter vivenciado caso tivesse feito pequenas e grandes escolhas, por isso vemos situações que parecem se repetir durante o desenvolvimento do longa, porém de uma forma diferente. Aquilo que muita gente confundiu com idas e vindas no tempo são na verdade abstrações da mente do personagem, que tenta imaginar as consequências das escolhas que poderia ter feito e como cada uma delas poderia ter lhe marcado e ajudado a compor aquilo que o diferenciaria como indivíduo. Em cada uma das reconstruções de sua própria vida, Nemo escolhe ficar com um dos pais e não com o outro, casa com uma mulher diferente, tem um emprego diferente e morre de uma forma diferente, porém, em nenhuma delas ele consegue chegar aos 117 anos, idade na qual se encontra ao ensaiar suas reminiscências, mas em todas elas ele é feliz, simplesmente por ter vivido de verdade.
É possível perceber durante todo o filme um toque onírico, que torna cada passagem parecida com algo que poderia ter saído de um sonho, pode-se reparar também que há no longa uma predominância de padrões estéticos que não condizem com a percepção da realidade, tudo é colorido demais, cada coisa está em seu devido lugar e isso reforça a ideia de que o que vemos não são lembranças, não é real, mas tão somente uma construção um tanto romantizada da mente do personagem central. A fotografia confere ao filme um visual belíssimo, que faz jus à intensidade de cada uma de suas temáticas e dos sentimentos experimentados pelo protagonista. A trilha sonora, que conta com nomes como Pixies, Buddy Holly, Ella Fitzgerald, e Eurythmics, é simplesmente maravilhosa, cada uma das canções utilizadas se encaixa perfeitamente com a passagem em que toca, gerando assim alguns momentos sublimes.
Todo o elenco do filme está muito bem, principalmente o Jared Leto, que chama a atenção não só pelas diversas caracterizações de seu personagem, mas também pelas sutis variações na construção do mesmo, que podem ser percebidas em cada uma das memórias/imaginações que compõem a trama. O filme peca pela sua longa duração, que acho desnecessária, uma vez que o essencial da trama caberia em um tempo bem menor, e também pelas variações de ritmo, que ele sofre em algumas passagens, o que chega a prejudicar o impacto provocado por ele, principalmente em seu desfecho. Mas nada disso tira do filme o brilhantismo que ele tem, ele não é uma obra perfeita, mas é sem dúvidas um filme que merece ser visto e acima de tudo refletido.
Sr. Ninguém é no fim das contas uma exaltação humanista à vida e à cada uma das experiências que ela nos oferece, sejam elas boas ou ruins. Ele me fez lembrar de que é melhor assumir as consequências de uma escolha do que permanecer passivo diante dela, afinal, tudo pode até permanecer possível enquanto uma escolha não é feita, mas isso não é uma garantia de que ao menos uma das possibilidades venham a se concretizar de fato e de nada vale uma longa vida não vivida... Assista ao filme! Nunca se esqueça de viver!