O sistema patriarcal da Índia desumaniza mulheres e as oprime com base em sua biologia. Aqui o respeito se mede pela capacidade de gerar receita, de fazer dinheiro. Em meio a tanta crueldade, sempre me vem essas perguntas: cultura imposta é cultura? Cultura da submissão tem que ser aceita? Podemos escolher o que respeitar, ou se deve respeitar, mesmo sendo uma cultura de submissão imposta? O próprio conceito de felicidade ou de legalidade servia pra sustentar a antiga hierarquia de castas no país. São velhas questões que não se desgastam. A menstruação existe como validação de feminilidade, mas junto com a validação vem uma série de abusos, humilhações e estigmas. Como bem disse Beauvoir, o corpo da mulher é um dos elementos essenciais da situação que ela ocupa neste mundo. O mundo não pode avançar sem as mulheres, mas segue nos machucando. Excelente documentário, enfurece e comove. Go guurls!!
Chocante, mas te acorda. Entender como historicamente a "loucura" servia ao controle social é fundamental para compreender a importância da luta antimanicomial, porque a realidade dos hospitais psiquiátricos ainda é desumana. Os presídios, aliás, assim como os manicômios, estão repletos de inocentes, presos ilegais vítimas de uma política higienista cruel que determina o tipo de gente que pode circular pela cidade. É a continuidade da barbárie. A luta por uma sociedade sem manicômios é uma luta que qualquer ser humano com o mínimo de compaixão pelo próximo deveria abraçar. Todas as vidas roubadas por aquela tragédia estão à nossa responsabilidade; o que aconteceu em Barbacena foi na verdade um grande contrato social entre Estado, população, funcionários e a classe médica. Em tempos de "analista político" legitimando internação compulsória de dependentes químicos na cara dura em pleno twitter, ainda é preciso, como dizia Brecht, defender o óbvio.
Documento histórico raríssimo de importância imensurável. Essencial para entender o fenômeno do cangaço como sintoma social de estruturas altamente arcaicas e opressoras. O sertão é luta. É sobrevivência. Ou, como escreveu Guimarães Rosa, “Sertão é onde manda quem é forte, com as astúcias. Deus mesmo, quando vier, que venha armado!”. Recomendadíssimo. Material de primeira.
O maior trunfo do curta, pra mim, é suscitar se a ignorância é, de fato, a melhor condição de estado em si, mesmo em tal circunstância; o garoto julgou que sim, e resolveu não falar nada, mas não acho que esse ato de sacrifício/compaixão deva ser enxergado como uma atitude romântica, essa escolha não era só dele, ela tinha o direito de saber e receber todo apoio que pudesse ter. Mesmo sendo uma criança sem o senso moral completamente desenvolvido, a decisão dele culminou na impunidade dos verdadeiros criminosos. Sabemos muito bem que esse silêncio irresponsável e cúmplice(voluntária ou involuntariamente) cerca o estupro de milhões mulheres no mundo inteiro, e chega a doer pensar que casos como este são varridos pra debaixo do tapete o tempo todo.
Existe justiça pra escória do calibre de estupradores? O que sei é que não existe um lado poético de pensar o que faríamos no lugar daquele garoto: é desesperador! Não tem como não sentir por ele, perdendo a inocência da infância da maneira mais mórbida e torpe possível.
Absorvendo o Tabu
4.4 201 Assista AgoraO sistema patriarcal da Índia desumaniza mulheres e as oprime com base em sua biologia. Aqui o respeito se mede pela capacidade de gerar receita, de fazer dinheiro. Em meio a tanta crueldade, sempre me vem essas perguntas: cultura imposta é cultura? Cultura da submissão tem que ser aceita? Podemos escolher o que respeitar, ou se deve respeitar, mesmo sendo uma cultura de submissão imposta? O próprio conceito de felicidade ou de legalidade servia pra sustentar a antiga hierarquia de castas no país. São velhas questões que não se desgastam.
A menstruação existe como validação de feminilidade, mas junto com a validação vem uma série de abusos, humilhações e estigmas. Como bem disse Beauvoir, o corpo da mulher é um dos elementos essenciais da situação que ela ocupa neste mundo. O mundo não pode avançar sem as mulheres, mas segue nos machucando.
Excelente documentário, enfurece e comove. Go guurls!!
Em Nome da Razão
4.4 67Chocante, mas te acorda.
Entender como historicamente a "loucura" servia ao controle social é fundamental para compreender a importância da luta antimanicomial, porque a realidade dos hospitais psiquiátricos ainda é desumana. Os presídios, aliás, assim como os manicômios, estão repletos de inocentes, presos ilegais vítimas de uma política higienista cruel que determina o tipo de gente que pode circular pela cidade. É a continuidade da barbárie. A luta por uma sociedade sem manicômios é uma luta que qualquer ser humano com o mínimo de compaixão pelo próximo deveria abraçar. Todas as vidas roubadas por aquela tragédia estão à nossa responsabilidade; o que aconteceu em Barbacena foi na verdade um grande contrato social entre Estado, população, funcionários e a classe médica. Em tempos de "analista político" legitimando internação compulsória de dependentes químicos na cara dura em pleno twitter, ainda é preciso, como dizia Brecht, defender o óbvio.
Memória do Cangaço
3.9 13Documento histórico raríssimo de importância imensurável. Essencial para entender o fenômeno do cangaço como sintoma social de estruturas altamente arcaicas e opressoras. O sertão é luta. É sobrevivência. Ou, como escreveu Guimarães Rosa, “Sertão é onde manda quem é forte, com as astúcias. Deus mesmo, quando vier, que venha armado!”.
Recomendadíssimo.
Material de primeira.
Dois Pássaros
3.9 36Pesadíssimo.
O maior trunfo do curta, pra mim, é suscitar se a ignorância é, de fato, a melhor condição de estado em si, mesmo em tal circunstância; o garoto julgou que sim, e resolveu não falar nada, mas não acho que esse ato de sacrifício/compaixão deva ser enxergado como uma atitude romântica, essa escolha não era só dele, ela tinha o direito de saber e receber todo apoio que pudesse ter. Mesmo sendo uma criança sem o senso moral completamente desenvolvido, a decisão dele culminou na impunidade dos verdadeiros criminosos. Sabemos muito bem que esse silêncio irresponsável e cúmplice(voluntária ou involuntariamente) cerca o estupro de milhões mulheres no mundo inteiro, e chega a doer pensar que casos como este são varridos pra debaixo do tapete o tempo todo.
Existe justiça pra escória do calibre de estupradores? O que sei é que não existe um lado poético de pensar o que faríamos no lugar daquele garoto: é desesperador! Não tem como não sentir por ele, perdendo a inocência da infância da maneira mais mórbida e torpe possível.
"Was I good?"