Acho que essa é a temporada mais fraca. Tem muitos desvios no plot e foca em personagens irrelevantes. Mas ainda é Scissor Seven, então continua sendo engraçado e instigante.
Quem fala "rato" no Brasil? E quem fala "ele tem um "ponto"? O título "Irmandade" dá uma ótima tradução para "Brotherhood". É claramente um produto de exportação já bem ajeitado para ser traduzido para o inglês. E isso é ruim? Claro que não, é bom para fortalecer o cinema nacional, mostrar para os gringos que temos cinema de altíssima qualidade. A questão é que perde um pouco da fidelidade com a realidade nacional.
Essa série é incrível e poderia ser analisada por partes, pegando episódio por episódio para comentar, mas vou me limitar a dar uma opinião geral.
É pesada, mas necessária para refletir sobre questões pertinentes à cultura chinesa em um momento em que vivemos a quarta revolução industrial. Transitando de Confúcio a Black Mirror nas referências, temos como resultado essa série bastante interessante para quem estuda a cultura chinesa em sua totalidade, sem apologias nem preconceitos. Infelizmente desconhecida, é tecnicamente muito bem feita e chama a atenção por seus significados críticos. As atuações são bem realistas e sensíveis, fotografia e direção de arte são agradáveis, e a trilha sonora é limitada a poucas músicas que, porém, combinam com o tom da série.
Talvez represente um grito ocidentalizado contra a cultura confucionista centrada na hierarquia familiar, escolar e governamental? Um desabafo sincero sobre os aspectos patológicos dessa sociedade? Temor diante das consequências da tecnologia em uma sociedade que preserva tradições milenares? Ficam aí algumas questões para refletir.
na boa, eu nem gosto de anime e sou véio pra ver "desenho", mas como estudante de mandarim eu digo sem vergonha NENHUMA que isso aqui é uma coisa perfeita e extremamente recomendada
Para que desperdiçaram um dos dois personagens mais engraçados do elenco justo no último episódio? Os gêmeos animavam o núcleo chocho do Doni.
O núcleo horroroso da Rita podia ter sido consertado, mas só piorou ao longo de toda a temporada e atingiu o ápice quando o pastor fez o convite para ela entrar na política. Enquanto isso, fiquei só esperando escancararem a corrupção previsível da igreja, mas não aconteceu. Só normalizaram o fato de dinheiro do crime (doado pelo Formigão) vir para cobrir uma dívida da Rita. Só isso. Mas poderiam ter explorado mais essa realidade corriqueira e óbvia das igrejas neopentecostais.
E o núcleo do Nando é o mais legal, é o que mais me prende desde a primeira temporada, mas podia ter sido muito melhor desenvolvido. O jogo de câmeras denunciava tanto que o Formigão poderia ser o rato, o X9, mas na real ele era só um cara ansioso e que queria virar crente. Imagina se não fosse isso? Se o Nando tivesse que enfrentar outro dilema para "ripar" mais um amigo dele? No final, o rato era só um cara aleatório mesmo. Algo que podia trazer um dilema extremo, intenso, contraditório e tenso acabou trazendo só um conflito comum.
A série inteira me prendeu muito, apesar de todas as cenas do núcleo crente. Mas depois desse final tosco eu acho que nem vou assistir à terceira temporada.
Imagina só um mundo em que dá para invadir casas com tanta facilidade, se safar de crimes cometidos no meio da rua, fugir para Paris depois de forjar a própria morte e mudar de identidade?
Os furos incomodaram, mas a direção conduzida por um monólogo detalhista é fascinante e prende a atenção até o fim. Também gostei da abordagem crítica de temas polêmicos envolvendo a superficialidade de redes sociais, o pós-pandemia, gente antivax, masculinismo, a crise da instituição familiar, o estilo de vida burguês etc. É um retrato do tempo que vivemos.
Teve gente que reclamou do último episódio, mas essa vontade de exagerar, de pôr reviravoltas a mais, de revelar o que ficou estranho na história e de deixar tudo bem explicado é bem comum em outras séries e filmes da Coreia do Sul. Todo mundo que assistiu a Old boy, Parasita, O Caçador, Em Chamas etc. sabe disso.
Tem muitos temas e influências dessas produções, inclusive, nessa série.
Ainda que eu ache que seria mais agradável se entre todos os plot twists do final os roteiristas tivessem deixado a mãe do Gi-Hun viva e não transformado Il-Nam num vilão, não me frustrei. Não entregar o que o público quer fez parte do tom absurdo da série. E eu já estava esperando por isso.
O tom é tão absurdo que o Gi-Hun virou o Iori Yagami no final. Do nada. Por nada.
É muito mais rico em conteúdo e significado do que um Jogos Mortais da vida (acho desagradável comparar). Aqui tem uma critica ao capitalismo muito bem construída, não só violência gratuita.
Muito bem feito e informativo, bastante preciso para conhecer de forma bem resumida a biografia e alguns conceitos principais de Marx, mas meio brega devido ao choque cultural e à pretensão de abranger um público chinês jovem.
Ainda assim, levando em conta que se trata de uma pequena homenagem aos 200 anos de Marx feita com apoio do governo chinês e sob consulta histórica e filosófica de intelectuais da Academia Chinesa de Ciências Sociais, é impossível não refletir bastante sobre o legado do marxismo na China e no mundo. Esse é um pequeno sinal que representa algo muito profundo para pensar as Ciências Sociais e as Relações Internacionais durante um período tão confuso da história.
Acho que dá para dizer que é uma pequena animação bastante didática e meio brega, mas capaz de acabar com qualquer reducionismo que se prega por aí quando se fala sobre China.
Surpreendente para os padrões Globo de qualidade, mas ainda presa a vícios novelescos no pior sentido da expressão.
Esse negócio de criar subtramas para aumentar a vida útil da série só tornou tudo desnecessariamente denso. Eu não queria saber da irmã da protagonista nem do namorado sem graça dela. E é exatamente esse prolongamento que deu uma cara de novela para a série. Poderia ter só três ou cinco episódios objetivos e de qualidade, mas acabou tendo dez cheios de enrolação.
A trilha sonora é muito boa, mas reproduz tanto as mesmas músicas que o peso delas é relativamente descartado. Essa saturação da trilha sonora dá mais um quê de novela. As músicas do Nick Cave, do Elvis, do Depeche Mode e da MPB poderiam ter uma presença mais marcante se cada uma surgisse só uma vez dentro de um timing adequado.
Além disso, tem alguns pontos que não colaram tão bem no roteiro. Uma patricinha recém-formada em medicina não se viciaria em crack. Seria mais "verossímil" se ela cheirasse pó ou fosse alcoólatra. O vício em crack está relacionado principalmente com a pobreza, sendo uma droga muito comum entre moradores de rua. E por que os roteiristas erraram nisso e ninguém da produção corrigiu? É isso que acontece quando, em um trabalho artístico (que exige pesquisa mínima), o sujeito e o objeto não têm relação alguma e mesmo assim o primeiro quer se envolver com o segundo: dissonância absoluta devido a um tratamento alienígena. A série tem uma síndrome de "antropologia etnocêntrica" ao objetificar um estrato social do próprio país sem conseguir utilizar a lente correta.
Ainda assim, a fotografia é bonita (é obrigação de um estúdio com tantos recursos cumprir esse requisito) e as atuações naturais (nada teatrais) são de extrema qualidade. Fábio Assunção meio que se redimiu ao fazer esse papel de viciado em busca de superação. E a Letícia Colin possivelmente fez o melhor trabalho da carreira dela.
A mensagem principal é: coletividade > individualismo. Não costumo gostar de produções da Netflix, mas essa aí ficou boa demais até para quem é ruim no xadrez como eu.
O esforço para entender vale muito a pena. A complexidade e a densidade do roteiro compensam demais o espectador dedicado. Sem contar que a qualidade técnica não deixa a desejar: fotografia, atuações e trilha sonora mostram que isso aqui é uma superprodução. A trilha do Ben Frost traz uma ambientação única, raríssima em comparação com séries comuns feitas pela Netflix.
Quanto ao significado do roteiro, eu diria que se trata de um De Volta para o Futuro com um tom shakespeariano. A construção é perfeita, complexa, e o desfecho é justo. E, pensando na temática de multiverso, não acho exagero dizer que bate de frente com Twin Peaks. Deve ser uma das melhores séries da Netflix.
É uma satisfação enorme poder continuar acompanhando qualquer coisa produzida com a direção do Vince. Ainda mais esse roteiro brilhante, complexo, cheio de núcleos paralelos que se cruzam a todo instante sem incoerência alguma, sem furos. É genial a precisão do Peter e do Vince ao brincarem com a cronologia do Breaking Bad.
Eu fiquei meio puto por não terem dado logo um fim no Lalo porque agora, com essa crise do COVID-19, vai demorar pra cacete pra gravarem uma continuação, enquanto o tempo passa rápido demais e vai levando gigantes, como Robert Forster, que infelizmente não vai mais estar disponível pra gravar a cena futura em que Saul vai procurar ele para resetar sua identidade (a gente sabe que isso vai acontecer por causa dos flashforwards em que o Saul vira gerente de fast food). Mas tudo bem, vamos tentar manter a calma. Pensando pelo lado positivo, acredito que o Vince vai dar um jeito de contornar essa barreira inesperada e improvisar uma forma bacana de representar esse desfecho talvez até fazendo uma devida homenagem ao Robert.
E, pensando bem, essa temporada foi fundamental para arquitetar desfechos mais intensos para a próxima, com certeza. A sexta temporada vai fechar BCS com chave de ouro.
Observação: esse episódio 8 é o melhor de toda a série! Puta que pariu, que obra prima.
A série mostra de forma livre, criativa, um período da história da Prússia a partir da imagem do Freud. Mas esse Freud é aquele do início da carreira, de quando ainda utilizava o método catártico. Mais tarde ele faz uma autocrítica, abandona a hipnose e adota a "talking cure" ou a associação livre (o famoso método do divã). E quer saber? A escolha desse período da vida do personagem foi bem ruim.
A série poderia ter abordado outros momentos da vida de Freud, que teriam a ver com o que a psicanálise realmente foi. Alguns exemplos são os embates com Breuer, Anna O., pequeno Hans, a relação de Freud com Jung, a fuga do nazismo etc. Claro que tudo isso, se fosse abordado, apareceria de forma deturpada, exagerada e sensacionalista, levando em conta a pegada do diretor.
E não sei se essa série vai para frente e se vai ter uma nova temporada para abordar esses períodos da biografia do Freud em idade mais avançada. A ideia é focar nesse Freud lumberjack hipster e fortinho, oras. Então não sei se tem como Marvin Kren salvar isso.
Um deus ex-machina atrás do outro, um monte de clichês e um humor extremamente infantil. Extremamente previsível. E acho que depois que tudo ficou explicadinho demais Stranger Things jamais vai voltar a ter o clima de mistério da primeira temporada. Podem enterrar esse lixão.
o ep. 1 trouxe mais lacração e abordou de novo a mesma tecnologia fictícia de episódios anteriores sobre games (USS Callister e Playtest); o ep. 2 salvou a temporada, ficou perfeito; e o ep. 3 ficou parecendo filme da Disney. que porra é essa, Charlie Brooker?
Essa é a pior temporada de todas. Black Mirror sucumbiu na mesmice, no cruzamento entre elementos de episódios anteriores, na falta de inovação e na adoção de discursos manjados. Dá para retomar elementos de episódios anteriores em absolutamente todos os episódios desta temporada. Para piorar, a série parou de fazer as críticas que antes fazia só para reproduzir um sensacionalismo baseado em chocar por chocar, sem dizer nada de útil, só para impressionar o público, se equiparando a filmes de terror mainstream.
Infelizmente as coisas ficam assim quando um diretor genial (Charlie Brooker), que fazia as coisas em seu tempo, é comprado por uma empresa para produzir dentro de prazos determinados. Perdeu a qualidade só para produzir quantidade.
Não fossem os episódios 6, 7 e 8 tão bons, eu daria no máximo duas estrelas na minha avaliação. Do primeiro ao quinto episódio a série faz um aprofundamento desnecessário em várias questões irrelevantes e enrolações sobre como foi o processo para descobrir a identidade do "unabomber" (que poderiam ser resumidas em um só episódio) e explora demais a mentalidade de um protagonista medíocre e desinteressante. Acho que a série deveria começar no episódio 6, puxar todo o conteúdo dos primeiros cinco para um episódio só sobre como descobriram quem era o "vilão" e depois encerrar com o 7 e o 8. Aliás, poderiam fazer um filme de duas horas ao invés de uma série!
Apesar disso tudo, depois de cinco episódios chatos, o episódio 6 é encantador. Finalmente falam sobre o Kaczynski e até a qualidade técnica parece aumentar (a fotografia fica absurdamente boa, do nada). A conclusão, depois, encerra a série com chave de ouro: traz uma reflexão profunda. Isso compensou toda a chatice inicial de uma forma incrível e por isso dou 4/5 estrelas na nota.
Bojack: "I wish I could somehow pay you back for all your help." Eddie: "Don't sweat it." Bojack: "Hey, Eddie." (Bojack se joga do telhado segurando a escada em que se apoiava) Eddie: "What are you doing!? What the hell'd you do that for!?" Bojack: "I don't know, I thought you would fly to save me and by making you fly I would, in a sense, be SAVING YOU!" Eddie: "How many times do I have to tell you? I DON'T FLY!" Bojack: "You're flying right now, asshole!"
Ver os personagens todos velhos foi uma experiência tão nostálgica quanto reencontrar velhos amigos que não eram vistos há 25 anos. E o clima de naturalidade diante disso é bonito, bem lynchiano, com um misto entre comédia e horror no comportamento deles, assim como acontece na vida, de acordo com palavras do próprio Mark Frost. Não teve forçação e comemoração pelo reencontro, não, simplesmente a história continuou objetivamente.
O problema é que todos os antigos (Com exceção do Cooper) deixaram de ser centrais na trama.
Também, acho que nunca ninguém na história do cinema conseguiu passar tão bem para as telas a experiência de sonhar. As ausências de diálogos claros, as vozes distorcidas, os cortes bruscos nas movimentações e acontecimentos nonsense que definem as visitas ao black lodge são definitivamente retratos da vida onírica.
Scissor Seven (4ª Temporada)
4.0 2Acho que essa é a temporada mais fraca. Tem muitos desvios no plot e foca em personagens irrelevantes. Mas ainda é Scissor Seven, então continua sendo engraçado e instigante.
Better Call Saul (6ª Temporada)
4.7 406"If you want to ask about regrets, then ask about regrets and leave all this time traveling nonsense out of it".
Irmandade (2ª Temporada)
4.1 37 Assista AgoraQuem fala "rato" no Brasil? E quem fala "ele tem um "ponto"? O título "Irmandade" dá uma ótima tradução para "Brotherhood". É claramente um produto de exportação já bem ajeitado para ser traduzido para o inglês. E isso é ruim? Claro que não, é bom para fortalecer o cinema nacional, mostrar para os gringos que temos cinema de altíssima qualidade. A questão é que perde um pouco da fidelidade com a realidade nacional.
Filhos do Caos
3.9 11 Assista AgoraEssa série é incrível e poderia ser analisada por partes, pegando episódio por episódio para comentar, mas vou me limitar a dar uma opinião geral.
É pesada, mas necessária para refletir sobre questões pertinentes à cultura chinesa em um momento em que vivemos a quarta revolução industrial. Transitando de Confúcio a Black Mirror nas referências, temos como resultado essa série bastante interessante para quem estuda a cultura chinesa em sua totalidade, sem apologias nem preconceitos. Infelizmente desconhecida, é tecnicamente muito bem feita e chama a atenção por seus significados críticos. As atuações são bem realistas e sensíveis, fotografia e direção de arte são agradáveis, e a trilha sonora é limitada a poucas músicas que, porém, combinam com o tom da série.
Talvez represente um grito ocidentalizado contra a cultura confucionista centrada na hierarquia familiar, escolar e governamental? Um desabafo sincero sobre os aspectos patológicos dessa sociedade? Temor diante das consequências da tecnologia em uma sociedade que preserva tradições milenares? Ficam aí algumas questões para refletir.
Scissor Seven (3ª Temporada)
4.3 7na boa, eu nem gosto de anime e sou véio pra ver "desenho", mas como estudante de mandarim eu digo sem vergonha NENHUMA que isso aqui é uma coisa perfeita e extremamente recomendada
Sintonia (2ª Temporada)
3.6 54Tinha como o final ser mais merda?
Para que desperdiçaram um dos dois personagens mais engraçados do elenco justo no último episódio? Os gêmeos animavam o núcleo chocho do Doni.
O núcleo horroroso da Rita podia ter sido consertado, mas só piorou ao longo de toda a temporada e atingiu o ápice quando o pastor fez o convite para ela entrar na política. Enquanto isso, fiquei só esperando escancararem a corrupção previsível da igreja, mas não aconteceu. Só normalizaram o fato de dinheiro do crime (doado pelo Formigão) vir para cobrir uma dívida da Rita. Só isso. Mas poderiam ter explorado mais essa realidade corriqueira e óbvia das igrejas neopentecostais.
E o núcleo do Nando é o mais legal, é o que mais me prende desde a primeira temporada, mas podia ter sido muito melhor desenvolvido. O jogo de câmeras denunciava tanto que o Formigão poderia ser o rato, o X9, mas na real ele era só um cara ansioso e que queria virar crente. Imagina se não fosse isso? Se o Nando tivesse que enfrentar outro dilema para "ripar" mais um amigo dele? No final, o rato era só um cara aleatório mesmo. Algo que podia trazer um dilema extremo, intenso, contraditório e tenso acabou trazendo só um conflito comum.
A série inteira me prendeu muito, apesar de todas as cenas do núcleo crente. Mas depois desse final tosco eu acho que nem vou assistir à terceira temporada.
Você (3ª Temporada)
3.5 361 Assista AgoraImagina só um mundo em que dá para invadir casas com tanta facilidade, se safar de crimes cometidos no meio da rua, fugir para Paris depois de forjar a própria morte e mudar de identidade?
Round 6 (1ª Temporada)
4.0 1,2K Assista AgoraNo melhor estilo coreano, a direção prende do início ao fim, as atuações são incríveis, e o roteiro é CHEIO de plot twists.
Teve gente que reclamou do último episódio, mas essa vontade de exagerar, de pôr reviravoltas a mais, de revelar o que ficou estranho na história e de deixar tudo bem explicado é bem comum em outras séries e filmes da Coreia do Sul. Todo mundo que assistiu a Old boy, Parasita, O Caçador, Em Chamas etc. sabe disso.
Tem muitos temas e influências dessas produções, inclusive, nessa série.
Ainda que eu ache que seria mais agradável se entre todos os plot twists do final os roteiristas tivessem deixado a mãe do Gi-Hun viva e não transformado Il-Nam num vilão, não me frustrei. Não entregar o que o público quer fez parte do tom absurdo da série. E eu já estava esperando por isso.
O tom é tão absurdo que o Gi-Hun virou o Iori Yagami no final. Do nada. Por nada.
É muito mais rico em conteúdo e significado do que um Jogos Mortais da vida (acho desagradável comparar). Aqui tem uma critica ao capitalismo muito bem construída, não só violência gratuita.
The Leader: Karl Marx
4.1 3Muito bem feito e informativo, bastante preciso para conhecer de forma bem resumida a biografia e alguns conceitos principais de Marx, mas meio brega devido ao choque cultural e à pretensão de abranger um público chinês jovem.
Ainda assim, levando em conta que se trata de uma pequena homenagem aos 200 anos de Marx feita com apoio do governo chinês e sob consulta histórica e filosófica de intelectuais da Academia Chinesa de Ciências Sociais, é impossível não refletir bastante sobre o legado do marxismo na China e no mundo. Esse é um pequeno sinal que representa algo muito profundo para pensar as Ciências Sociais e as Relações Internacionais durante um período tão confuso da história.
Acho que dá para dizer que é uma pequena animação bastante didática e meio brega, mas capaz de acabar com qualquer reducionismo que se prega por aí quando se fala sobre China.
Onde Está Meu Coração
4.1 112Surpreendente para os padrões Globo de qualidade, mas ainda presa a vícios novelescos no pior sentido da expressão.
Esse negócio de criar subtramas para aumentar a vida útil da série só tornou tudo desnecessariamente denso. Eu não queria saber da irmã da protagonista nem do namorado sem graça dela. E é exatamente esse prolongamento que deu uma cara de novela para a série. Poderia ter só três ou cinco episódios objetivos e de qualidade, mas acabou tendo dez cheios de enrolação.
A trilha sonora é muito boa, mas reproduz tanto as mesmas músicas que o peso delas é relativamente descartado. Essa saturação da trilha sonora dá mais um quê de novela. As músicas do Nick Cave, do Elvis, do Depeche Mode e da MPB poderiam ter uma presença mais marcante se cada uma surgisse só uma vez dentro de um timing adequado.
Além disso, tem alguns pontos que não colaram tão bem no roteiro. Uma patricinha recém-formada em medicina não se viciaria em crack. Seria mais "verossímil" se ela cheirasse pó ou fosse alcoólatra. O vício em crack está relacionado principalmente com a pobreza, sendo uma droga muito comum entre moradores de rua. E por que os roteiristas erraram nisso e ninguém da produção corrigiu? É isso que acontece quando, em um trabalho artístico (que exige pesquisa mínima), o sujeito e o objeto não têm relação alguma e mesmo assim o primeiro quer se envolver com o segundo: dissonância absoluta devido a um tratamento alienígena. A série tem uma síndrome de "antropologia etnocêntrica" ao objetificar um estrato social do próprio país sem conseguir utilizar a lente correta.
Ainda assim, a fotografia é bonita (é obrigação de um estúdio com tantos recursos cumprir esse requisito) e as atuações naturais (nada teatrais) são de extrema qualidade. Fábio Assunção meio que se redimiu ao fazer esse papel de viciado em busca de superação. E a Letícia Colin possivelmente fez o melhor trabalho da carreira dela.
Vida Após a Morte
3.4 51 Assista AgoraOs episódios 1, 4 e 6 são bastante honestos e científicos na medida do possível dentro do campo da metafísica.
O Gambito da Rainha
4.4 931 Assista AgoraA mensagem principal é: coletividade > individualismo. Não costumo gostar de produções da Netflix, mas essa aí ficou boa demais até para quem é ruim no xadrez como eu.
Dark (3ª Temporada)
4.3 1,3KO esforço para entender vale muito a pena. A complexidade e a densidade do roteiro compensam demais o espectador dedicado. Sem contar que a qualidade técnica não deixa a desejar: fotografia, atuações e trilha sonora mostram que isso aqui é uma superprodução. A trilha do Ben Frost traz uma ambientação única, raríssima em comparação com séries comuns feitas pela Netflix.
Quanto ao significado do roteiro, eu diria que se trata de um De Volta para o Futuro com um tom shakespeariano. A construção é perfeita, complexa, e o desfecho é justo. E, pensando na temática de multiverso, não acho exagero dizer que bate de frente com Twin Peaks. Deve ser uma das melhores séries da Netflix.
Better Call Saul (5ª Temporada)
4.6 327É uma satisfação enorme poder continuar acompanhando qualquer coisa produzida com a direção do Vince. Ainda mais esse roteiro brilhante, complexo, cheio de núcleos paralelos que se cruzam a todo instante sem incoerência alguma, sem furos. É genial a precisão do Peter e do Vince ao brincarem com a cronologia do Breaking Bad.
Eu fiquei meio puto por não terem dado logo um fim no Lalo porque agora, com essa crise do COVID-19, vai demorar pra cacete pra gravarem uma continuação, enquanto o tempo passa rápido demais e vai levando gigantes, como Robert Forster, que infelizmente não vai mais estar disponível pra gravar a cena futura em que Saul vai procurar ele para resetar sua identidade (a gente sabe que isso vai acontecer por causa dos flashforwards em que o Saul vira gerente de fast food). Mas tudo bem, vamos tentar manter a calma. Pensando pelo lado positivo, acredito que o Vince vai dar um jeito de contornar essa barreira inesperada e improvisar uma forma bacana de representar esse desfecho talvez até fazendo uma devida homenagem ao Robert.
E, pensando bem, essa temporada foi fundamental para arquitetar desfechos mais intensos para a próxima, com certeza. A sexta temporada vai fechar BCS com chave de ouro.
Observação: esse episódio 8 é o melhor de toda a série! Puta que pariu, que obra prima.
Freud (1ª Temporada)
3.0 186 Assista AgoraA série mostra de forma livre, criativa, um período da história da Prússia a partir da imagem do Freud. Mas esse Freud é aquele do início da carreira, de quando ainda utilizava o método catártico. Mais tarde ele faz uma autocrítica, abandona a hipnose e adota a "talking cure" ou a associação livre (o famoso método do divã). E quer saber? A escolha desse período da vida do personagem foi bem ruim.
A série poderia ter abordado outros momentos da vida de Freud, que teriam a ver com o que a psicanálise realmente foi. Alguns exemplos são os embates com Breuer, Anna O., pequeno Hans, a relação de Freud com Jung, a fuga do nazismo etc. Claro que tudo isso, se fosse abordado, apareceria de forma deturpada, exagerada e sensacionalista, levando em conta a pegada do diretor.
E não sei se essa série vai para frente e se vai ter uma nova temporada para abordar esses períodos da biografia do Freud em idade mais avançada. A ideia é focar nesse Freud lumberjack hipster e fortinho, oras. Então não sei se tem como Marvin Kren salvar isso.
After Life: Vocês Vão Ter de Me Engolir (1ª Temporada)
4.2 183 Assista Agoranão faz sentido essa nota 4, não entendi vocês avaliando bem essa auto-ajuda genérica
Stranger Things (3ª Temporada)
4.2 1,3KUm deus ex-machina atrás do outro, um monte de clichês e um humor extremamente infantil. Extremamente previsível. E acho que depois que tudo ficou explicadinho demais Stranger Things jamais vai voltar a ter o clima de mistério da primeira temporada. Podem enterrar esse lixão.
Chernobyl
4.7 1,4K Assista Agorahttps://filmow.com/chernobyl-t278094/
https://noticias.r7.com/internacional/chernobyl-como-a-serie-e-vista-na-russia-e-por-que-o-pais-esta-fazendo-sua-propria-versao-10062019
Black Mirror (5ª Temporada)
3.2 962o ep. 1 trouxe mais lacração e abordou de novo a mesma tecnologia fictícia de episódios anteriores sobre games (USS Callister e Playtest); o ep. 2 salvou a temporada, ficou perfeito; e o ep. 3 ficou parecendo filme da Disney. que porra é essa, Charlie Brooker?
Black Mirror (4ª Temporada)
3.8 1,3K Assista AgoraEssa é a pior temporada de todas. Black Mirror sucumbiu na mesmice, no cruzamento entre elementos de episódios anteriores, na falta de inovação e na adoção de discursos manjados. Dá para retomar elementos de episódios anteriores em absolutamente todos os episódios desta temporada. Para piorar, a série parou de fazer as críticas que antes fazia só para reproduzir um sensacionalismo baseado em chocar por chocar, sem dizer nada de útil, só para impressionar o público, se equiparando a filmes de terror mainstream.
Infelizmente as coisas ficam assim quando um diretor genial (Charlie Brooker), que fazia as coisas em seu tempo, é comprado por uma empresa para produzir dentro de prazos determinados. Perdeu a qualidade só para produzir quantidade.
Manhunt: Unabomber (1ª Temporada)
4.2 165Não fossem os episódios 6, 7 e 8 tão bons, eu daria no máximo duas estrelas na minha avaliação. Do primeiro ao quinto episódio a série faz um aprofundamento desnecessário em várias questões irrelevantes e enrolações sobre como foi o processo para descobrir a identidade do "unabomber" (que poderiam ser resumidas em um só episódio) e explora demais a mentalidade de um protagonista medíocre e desinteressante. Acho que a série deveria começar no episódio 6, puxar todo o conteúdo dos primeiros cinco para um episódio só sobre como descobriram quem era o "vilão" e depois encerrar com o 7 e o 8. Aliás, poderiam fazer um filme de duas horas ao invés de uma série!
Apesar disso tudo, depois de cinco episódios chatos, o episódio 6 é encantador. Finalmente falam sobre o Kaczynski e até a qualidade técnica parece aumentar (a fotografia fica absurdamente boa, do nada). A conclusão, depois, encerra a série com chave de ouro: traz uma reflexão profunda. Isso compensou toda a chatice inicial de uma forma incrível e por isso dou 4/5 estrelas na nota.
House of Cards (6ª Temporada)
3.1 201 Assista AgoraRipaço. Deveria ser cancelada, na verdade.
BoJack Horseman (4ª Temporada)
4.5 240 Assista AgoraBojack: "I wish I could somehow pay you back for all your help."
Eddie: "Don't sweat it."
Bojack: "Hey, Eddie."
(Bojack se joga do telhado segurando a escada em que se apoiava)
Eddie: "What are you doing!? What the hell'd you do that for!?"
Bojack: "I don't know, I thought you would fly to save me and by making you fly I would, in a sense, be SAVING YOU!"
Eddie: "How many times do I have to tell you? I DON'T FLY!"
Bojack: "You're flying right now, asshole!"
Twin Peaks (3ª Temporada)
4.4 621 Assista AgoraVer os personagens todos velhos foi uma experiência tão nostálgica quanto reencontrar velhos amigos que não eram vistos há 25 anos. E o clima de naturalidade diante disso é bonito, bem lynchiano, com um misto entre comédia e horror no comportamento deles, assim como acontece na vida, de acordo com palavras do próprio Mark Frost. Não teve forçação e comemoração pelo reencontro, não, simplesmente a história continuou objetivamente.
O problema é que todos os antigos (Com exceção do Cooper) deixaram de ser centrais na trama.
Também, acho que nunca ninguém na história do cinema conseguiu passar tão bem para as telas a experiência de sonhar. As ausências de diálogos claros, as vozes distorcidas, os cortes bruscos nas movimentações e acontecimentos nonsense que definem as visitas ao black lodge são definitivamente retratos da vida onírica.
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