Últimas opiniões enviadas
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Como outras histórias de vida na metrópole, o filme retrata a crise da modernidade e os desafios decorrentes para a vida cotidiana: profissão, saúde, relacionamentos, amizades, família, likes e sucesso são algumas das cobranças sociais e externas diárias, enquanto as demandas pessoais não cabem nesta correria. Está todo mundo perdido no mesmo turbilhão. Porém, Brittany mostra como o simples ato de se abrir a porta pode oferecer um mundo de novas oportunidades, cultivando afetos, um passo de cada vez.
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Baseado numa história real ocorrida nos anos 1950 e 1960, período da luta pelos direitos civis nos EUA, o filme estabelece uma ótica ainda atual sobre a lógica excludente e racializada que domina, por essência, os espaços da elite e do poder. Em tempos quando a luta antirracista toma contornos de urgência, a história nos oferece os limites da busca pelo "sonho americano", estruturado sob os signos do trabalho, do mérito e do sucesso através da grana - porém, apenas para alguns, cumpridas certas características. A procura por igualdade e direitos através da inserção no sistema capitalista, estruturado na exclusão de muitos em benefício de poucos, não permite justiça para o povo. As opressões de raça, gênero e classe se impõem para além de qualquer esforço, inteligência ou sagacidade.
Últimos recados
- Nenhum recado para Rennan Cantuária.
Destruição Final: O último refúgio junta filme-catástrofe, ufanismo estadunidense, moral cristã e Gerard Butler, expoentes do cinema pipoca. Por meio da jornada heroica ante a tragédia planetária, o filme articula todos os clichês que gostamos e termina numa sensível metaficção.
Porém, fico com a impressão de que o "encanto da catástrofe", a fantasia entre a barbárie e a caridade, se perde um tanto perante a tragédia que vivenciamos atualmente. Se resistir às explosões é ficção exagerada, algumas relações também podem passar a soar como tal, ainda que emocionem.
Vale uma reflexão a respeito da recepção das obras pelo público ao compará-las com a catástrofe que habita suas memórias recentes, os noticiários e o cotidiano vivido. Agora tais questões ultrapassam os sentidos construídos por artifícios ficcionais e são contraditos pelo real.
Assim, quais serão os impactos da pandemia sobre a indústria cultural? Ainda que compreenda as nuances sensíveis e os clichês que se inscrevem no presente, penso se deveríamos fazê-los do mesmo modo que antes, como se agora não compreendêssemos um pouco mais acerca de sobreviver.
Ric Roman Waugh não superou o desafio, mas aponta um caminho na voz de uma criança:
"Meu amigo Teddy disse que a vida passa como um filme quando a gente morre. Acho que seria melhor se fosse enquanto estamos vivos. A gente veria as lembranças boas e ficaria feliz."
Poético, né? Bom filme.