caio kersting

Só quem procura um filme trash maneiro e descobre essa perola entende o verdadeiro valor dessa obra.

Tem gente que nao consegue entender a diferenca entre "critica social" de um filme comprado, com uma ideologia cega. Filmes desse tipo caem com o nivel nao só do cinema, mas de toda uma geracao artistica que se resume a uma militancia comprada e com mascaras que ja nao escondem nada.

O filme é uma experiencia bastante humana. Desde a primeira parte da saga, Zé ja se mostra um personagem facil de se identificar, cheio de falsas certezas, cheio de prepotencia e de olhar atento em julgar as pessoas, da mesma maneira que as pessoas sempre o julgaram. O roteiro é quase um aperfeicoamento do primeiro, consolidando a construcao desse personagem que ao contrario dos vampiros em que foi inspirado, é um humano, é um limbo que nunca se termina de entender se tem algo especial ou nao e te deixa como qualquer um daquela cidade, sem saber se ele é algo especial, algo sobrenatural ou nao (e nos somos algo especial?). Zé mesmo nao reconhecendo um Deus, tinha Deus muito presente em sua mente, e sua loucura ou consciencia se personifica em sua propria versao de Deus, o julga o persegue e o guia a seu favor ou ao seu contra, mas sempre é seu ponto de partida. O filme nao deve nada para as filosoficas pasagens de Bergman, e tem o atrativo de citar obras consagradas sobre os temas abordados, jogar cultura ainda que seja tratado como trash. Que boa surpresa foi ter descoberto essa grande obra, sem duvida um dos meus filmes nacionais preferidos, com o agravante que nao é baseado em fatos reais, nao é uma fotografia do cotidiano, é um universo criado, é o limite do real e da ficcao.
Verei as demais obras do Mojica, que sem esperar nada ja me deu um banquete de criatividade,