As boas atuações não conseguem disfarçar o roteiro muito mal escrito. A sensação que fica é que este filme poderia ser uma peça teatral ou mesmo uma rádio-novela e o entedimento da obra em pouco se alteraria. O filme acaba e pouco, de fato, se entende ou sequer se investiga sobre o mundo interior da protagonista; além de excessivamente confiante, explosiva, intensa e talentosa, o filme parece pouco preocupado em entender como Elis entendia a própria vida e porque era do jeito que era.
Falta o poder da imagem cinematográfica. A fotografia e a direção de arte conseguem belas imagens, mas que não passam muito disso. Não há a criação de signos imagéticos que constituam alguma mensagem subliminar poderosa, e nem há espaço para isso.
Faltam silêncios no filme. A verborragia do roteiro tenta desesperadamente abarcar as informações e impressões que a projeção falha em encontrar tempo hábil para explorar de forma satisfatória. Há pouco tempo para absorver e respirar entre os acontecimentos que parecem mais ou menos desconectados entre si, com assuntos que surgem e desaparecem - numa colagem que tem como único critério aparente a conveniência destes para o roteiro e a criação do pretenso arco dramático, que soa no mínimo forçado.
Falta a fluidez de desenvolvimento que uma obra cinematográfica deveria ter. Quando o filme começa a mostrar algo mais parecido com um encadeamento de acontecimentos melhor desenvolvido, já estamos quase na metade da projeção. E, apesar disso, o passar dos anos fica confuso para o expectador. Não se sabe ao certo em que ano estamos, salvo pela primeira cena do longa. Cada fade-out que representa um salto temporal se dá como as cortinas de um teatro entre os atos de uma peça.
Por fim, a mixagem do filme - principalmente nos trechos musicais - prejudica muito a história, pois (salvo a performance de Cabaré, de João Bosco e Aldir Blanc) a textura do som deixa claro que ele não vem daqueles instrumentos que aparecem em cena, mas do disco da cantora. Além disso, por mais intensa, esforçada e parecida de rosto que Andrea Horta seja com Elis, o roteiro e a mixagem vão contra o trabalho dela.
A voz cantada ou falada da Elis verdadeira é muito diferente em peso da voz falada da Elis de Andrea, por mais que esta tenha feito um ótimo trabalho de mimetização dos trejeitos da pessoa real. Por mais que tenha inegáveis similaridades faciais com a cantora, Andrea por seu biotipo, parece por vezes delicada e franzina demais para ser Elis, conhecidamente baixinha e troncuda. A movimentação por ora carregada de dramaticidade, ora sarcástica e descontraída, tão própria da Pimentinha, por vezes parece fora de lugar no corpo de Andrea. Isso, no entanto, é evidente que não é culpa da atriz, que fez o melhor trabalho possível no dado contexto.
Uma grande surpresa! Humor maravilhosamente incorreto e roteiro absurdamente provocativo. Nunca achei que fosse ver algo assim na minha vida e gostar tanto. Um filme que trata de questões base da existência humana com ousadia e desapego, e com pouco ou nada de lugares-comuns. Um prato cheio para os aspirantes à niilistas. Amei de verdade!
Um filme calmo e meditativo. Cheio de belíssimas paisagens e sons. De proposta nobre e singela ao mesmo tempo. Um verdadeiro repouso para os sentidos. Intrigante para a mente. E me deu vontade de viver. :)
Bela trilha sonora, belas atuações. Já o roteiro cria simetrias fáceis e esclarecimentos que creio serem desnecessários para o desenvolvimento da trama e do envolvimento do espectador com o que é mostrado (ao menos da forma que foi feito). Pra mim, soou meio forçado. Mas não é um filme ruim. É decepcionante para um Almodóvar.
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Elis
3.5 522 Assista AgoraAs boas atuações não conseguem disfarçar o roteiro muito mal escrito. A sensação que fica é que este filme poderia ser uma peça teatral ou mesmo uma rádio-novela e o entedimento da obra em pouco se alteraria. O filme acaba e pouco, de fato, se entende ou sequer se investiga sobre o mundo interior da protagonista; além de excessivamente confiante, explosiva, intensa e talentosa, o filme parece pouco preocupado em entender como Elis entendia a própria vida e porque era do jeito que era.
Falta o poder da imagem cinematográfica. A fotografia e a direção de arte conseguem belas imagens, mas que não passam muito disso. Não há a criação de signos imagéticos que constituam alguma mensagem subliminar poderosa, e nem há espaço para isso.
Faltam silêncios no filme. A verborragia do roteiro tenta desesperadamente abarcar as informações e impressões que a projeção falha em encontrar tempo hábil para explorar de forma satisfatória. Há pouco tempo para absorver e respirar entre os acontecimentos que parecem mais ou menos desconectados entre si, com assuntos que surgem e desaparecem - numa colagem que tem como único critério aparente a conveniência destes para o roteiro e a criação do pretenso arco dramático, que soa no mínimo forçado.
Falta a fluidez de desenvolvimento que uma obra cinematográfica deveria ter. Quando o filme começa a mostrar algo mais parecido com um encadeamento de acontecimentos melhor desenvolvido, já estamos quase na metade da projeção. E, apesar disso, o passar dos anos fica confuso para o expectador. Não se sabe ao certo em que ano estamos, salvo pela primeira cena do longa. Cada fade-out que representa um salto temporal se dá como as cortinas de um teatro entre os atos de uma peça.
Por fim, a mixagem do filme - principalmente nos trechos musicais - prejudica muito a história, pois (salvo a performance de Cabaré, de João Bosco e Aldir Blanc) a textura do som deixa claro que ele não vem daqueles instrumentos que aparecem em cena, mas do disco da cantora. Além disso, por mais intensa, esforçada e parecida de rosto que Andrea Horta seja com Elis, o roteiro e a mixagem vão contra o trabalho dela.
A voz cantada ou falada da Elis verdadeira é muito diferente em peso da voz falada da Elis de Andrea, por mais que esta tenha feito um ótimo trabalho de mimetização dos trejeitos da pessoa real. Por mais que tenha inegáveis similaridades faciais com a cantora, Andrea por seu biotipo, parece por vezes delicada e franzina demais para ser Elis, conhecidamente baixinha e troncuda. A movimentação por ora carregada de dramaticidade, ora sarcástica e descontraída, tão própria da Pimentinha, por vezes parece fora de lugar no corpo de Andrea. Isso, no entanto, é evidente que não é culpa da atriz, que fez o melhor trabalho possível no dado contexto.
Festa da Salsicha
2.9 816 Assista AgoraUma grande surpresa! Humor maravilhosamente incorreto e roteiro absurdamente provocativo. Nunca achei que fosse ver algo assim na minha vida e gostar tanto. Um filme que trata de questões base da existência humana com ousadia e desapego, e com pouco ou nada de lugares-comuns. Um prato cheio para os aspirantes à niilistas. Amei de verdade!
Ventos de Agosto
3.3 73 Assista AgoraUm filme calmo e meditativo. Cheio de belíssimas paisagens e sons. De proposta nobre e singela ao mesmo tempo. Um verdadeiro repouso para os sentidos. Intrigante para a mente. E me deu vontade de viver. :)
Julieta
3.8 529 Assista AgoraBela trilha sonora, belas atuações. Já o roteiro cria simetrias fáceis e esclarecimentos que creio serem desnecessários para o desenvolvimento da trama e do envolvimento do espectador com o que é mostrado (ao menos da forma que foi feito). Pra mim, soou meio forçado. Mas não é um filme ruim. É decepcionante para um Almodóvar.