O documentário Maradona, no original Maradona by Kusturica, é imperdível, principalmente para os amantes do futebol. A genialidade do craque argentino é confrontada com os problemas pelo qual o jogador passou, e conhecemos ainda seu discurso político, afinado com as tendências socialistas-revolucionárias da América Latina: Maradona é um grande amigo de Fidel Castro e aparece ao lado de Evo Morales e Hugo Chávez em palanques políticos.
Emir Kusturica, duas vezes premiado com a Palma de Ouro em Cannes, não tenta esconder a amizade e admiração pelo jogador e realiza uma obra pessoal, o que é ainda melhor. Merecem destaque os dois lances que ocorreram durante a Copa do Mundo de 1986 – vencida pela Argentina –, o gol de mão e a impressionante jogada em que driblou dez adversários e marcou para sua seleção, ambos contra a Inglaterra.
Esse é o ponto em que Maradona declara ter sido uma vitória política, pois seu país havia sido atacado pela forças inglesas na Guerra das Malvinas (1982). O diretor aproveita a imagem do gol para brincar com personagens políticos, como o Rei Charles, a primeira-ministra Margareth Tatcher e até Tony Blair.
Ainda são exibidas outras sequências engraçadas, principalmente as que remetem à Igreja Maradoniana, adaptada ao deus Maradona. Os batizados e casamentos ocorrem em um campo de futebol e o objeto a ser adorado é uma bola com uma coroa de espinhos, além das orações, alteradas para enaltecer o argentino.
As gravações do documentário ocorreram entre 2005 e o início 2007, momento em que o jogador estava bem, mas sofreria outra recaída logo em seguida. As causas principais dos problemas durante a carreira de Maradona foram o vício em cocaína e o abuso do álcool. Duas vezes punido em exames antidoping, o argentino declara, arrependido, que caso não tivesse se envolvido com as drogas teria sido ainda melhor. Difícil imaginar como isso seria possível.
Filmar em locais inóspitos, como o deserto australiano, não é tarefa fácil e o próprio ambiente passa a ter uma grande importância. Em Samson & Delilah somos apresentados a uma comunidade aborígine e aos dois jovens que dão título ao filme. A vida de ambos segue uma rotina monótona e a música é a única diversão, ou escape, para os personagens. Esse aspecto dá o tom do filme, bem explorado no decorrer da história.
A escolha do diretor Warwick Thornton em utilizar dois “não-atores” nos papéis principais atinge um efeito interessante, ambos conseguem cativar o espectador. O garoto Samson (Rowan McNamara) é acordado todos os dias ao som da banda de seu irmão, com quem divide a casa, e passa o dia vagando pela comunidade ou alimentando o vício à gasolina. Delilah (Marissa Gibson) cuida da avó e ajuda na pintura de tecidos que serão revendidos na cidade.
Entre uma canção country e uma balada latina o ritmo do filme se mantém inalterado, até uma ruptura na ordem em que vivem. Obrigados a juntar suas (poucas) coisas e fugir, a dupla segue até a cidade, onde se instala e passa a viver na companhia de um mendigo.
Quase não há diálogos no longa e você não ouvirá a voz do garoto Samson durante a história. Todas as expressões são por olhares ou expressões, mas o diretor consegue transmitir uma força impressionante mesmo nessas condições. A partir da mudança o casal enfrentará as adversidades ao confrontar-se com uma nova cultura e os dois sofrerão com a indiferença alheia, ali eles são invisíveis. Uma atmosfera de calor intenso durante o filme contrasta com a frieza nas relações pessoais, apenas o mendigo se importa, de alguma forma, com os personagens.
Será difícil sair do cinema com a sensação de já ter visto um filme parecido antes, e esse é o grande mérito da produção que ganhou o Prêmio Câmera D’Or em Cannes – concedido aos diretores estreantes. Uma relação de afeto diferente entre dois jovens, a abordagem de uma questão social local e passagens engraçadas, fugindo dos clichês a produção australiana inova e encanta.
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Emir Kusturica, duas vezes premiado com a Palma de Ouro em Cannes, não tenta esconder a amizade e admiração pelo jogador e realiza uma obra pessoal, o que é ainda melhor. Merecem destaque os dois lances que ocorreram durante a Copa do Mundo de 1986 – vencida pela Argentina –, o gol de mão e a impressionante jogada em que driblou dez adversários e marcou para sua seleção, ambos contra a Inglaterra.
Esse é o ponto em que Maradona declara ter sido uma vitória política, pois seu país havia sido atacado pela forças inglesas na Guerra das Malvinas (1982). O diretor aproveita a imagem do gol para brincar com personagens políticos, como o Rei Charles, a primeira-ministra Margareth Tatcher e até Tony Blair.
Ainda são exibidas outras sequências engraçadas, principalmente as que remetem à Igreja Maradoniana, adaptada ao deus Maradona. Os batizados e casamentos ocorrem em um campo de futebol e o objeto a ser adorado é uma bola com uma coroa de espinhos, além das orações, alteradas para enaltecer o argentino.
As gravações do documentário ocorreram entre 2005 e o início 2007, momento em que o jogador estava bem, mas sofreria outra recaída logo em seguida. As causas principais dos problemas durante a carreira de Maradona foram o vício em cocaína e o abuso do álcool. Duas vezes punido em exames antidoping, o argentino declara, arrependido, que caso não tivesse se envolvido com as drogas teria sido ainda melhor. Difícil imaginar como isso seria possível.
Sansão e Dalila
3.8 6Filmar em locais inóspitos, como o deserto australiano, não é tarefa fácil e o próprio ambiente passa a ter uma grande importância. Em Samson & Delilah somos apresentados a uma comunidade aborígine e aos dois jovens que dão título ao filme. A vida de ambos segue uma rotina monótona e a música é a única diversão, ou escape, para os personagens. Esse aspecto dá o tom do filme, bem explorado no decorrer da história.
A escolha do diretor Warwick Thornton em utilizar dois “não-atores” nos papéis principais atinge um efeito interessante, ambos conseguem cativar o espectador. O garoto Samson (Rowan McNamara) é acordado todos os dias ao som da banda de seu irmão, com quem divide a casa, e passa o dia vagando pela comunidade ou alimentando o vício à gasolina. Delilah (Marissa Gibson) cuida da avó e ajuda na pintura de tecidos que serão revendidos na cidade.
Entre uma canção country e uma balada latina o ritmo do filme se mantém inalterado, até uma ruptura na ordem em que vivem. Obrigados a juntar suas (poucas) coisas e fugir, a dupla segue até a cidade, onde se instala e passa a viver na companhia de um mendigo.
Quase não há diálogos no longa e você não ouvirá a voz do garoto Samson durante a história. Todas as expressões são por olhares ou expressões, mas o diretor consegue transmitir uma força impressionante mesmo nessas condições. A partir da mudança o casal enfrentará as adversidades ao confrontar-se com uma nova cultura e os dois sofrerão com a indiferença alheia, ali eles são invisíveis. Uma atmosfera de calor intenso durante o filme contrasta com a frieza nas relações pessoais, apenas o mendigo se importa, de alguma forma, com os personagens.
Será difícil sair do cinema com a sensação de já ter visto um filme parecido antes, e esse é o grande mérito da produção que ganhou o Prêmio Câmera D’Or em Cannes – concedido aos diretores estreantes. Uma relação de afeto diferente entre dois jovens, a abordagem de uma questão social local e passagens engraçadas, fugindo dos clichês a produção australiana inova e encanta.