Partindo desta premissa básica – até mesmo simples – a série Breaking Bad transformou-se em um fenômeno da televisão. O seriado, que chega ao final neste domingo, vem sido aclamado dia após dia, e conseguiu até mesmo a proeza de fazer crítica e público concordarem a respeito da qualidade da produção.
A poucos dias do final da série, o mundo pode ser dividido em dois grupos: aqueles (poucos) que não estão acompanhando o seriado e aqueles que apontam Breaking Bad como uma das maiores séries da história da televisão. Procurar por uma pessoa que conheça o seriado e não seja apaixonado por ele seria quase perda de tempo.
Os elogios são totalmente justos. E isso fica claro não somente pelo Emmy recebido como Melhor Série Dramática.
A série tem um desenvolvimento primoroso, planejado desde o primeiro episódio. Sua narrativa é elegante, inteligente, cativante. Além de ser extremamente bem feita, ela tem o ingrediente necessário para agradar ao público: ela é divertida. Os espectadores torcem pelos personagens, sofrem junto com eles, comemoram cada vitória deles como se fossem suas.
É justamente por isso que Breaking Bad se tornou mais que um sucesso de audiência. Hoje, o seriado tem o status de fenômeno cultural. E – tenha certeza disso – o legado que ela deixará será sentido nos próximos anos. Mas, certamente, em menor intensidade.
Afinal, ao que tudo indica, este domingo terá não apenas o final de Breaking Bad, mas corre-se o risco de ver uma Era de Ouro na televisão também chegar ao seu final. Os últimos anos foram palco de verdadeiras revoluções na televisão, e seus pontos chave são bastante conhecidos do público: Família Soprano e Breaking Bad.
Enquanto a série de máfia da HBO abriu os caminhos para produções luxuosas, originais e extremamente bem cuidadas, a saga de Walter White pode marcar o ponto final desta época.
As próprias emissoras vêm demonstrando isso, ao apostarem cada vez mais em portos seguros, importando personagens de outras mídias e que já contam com uma enorme base de fãs, casos de Game of Thrones, Hannibal, The Walking Dead e tantas outras – que estão sendo produzidas ou foram anunciadas.
Independente da qualidade destas séries – muitas delas são programas de primeira grandeza – isto deixa clara uma tendência que a televisão deve seguir nos próximos anos: a aposta em franquias já reconhecidas pelo público. É um caminho perigoso, como o cinema bem sabe (Hollywood, hoje, está presa no sistema de franquias e mal consegue espaço para apresentar algo novo).
A fórmula pode dar certo na televisão. Ou, ao menos, mais certo que no cinema, já que as séries podem ir se ajustando, ao longo de temporadas, de acordo com o retorno do público. Mas, da mesma forma que Família Soprano deixou uma lacuna na televisão, o mesmo acontecerá nesta segunda-feira, quando o mundo acordar e perceber que as aventuras de Walter White se encerraram. E, sim, a AMC já anunciou um spin off, sobre o advogado Saul Goodman, mas, sejamos sinceros, vai ser a mesma coisa? Quase certo que não.
A partir desta segunda-feira, a qualidade da televisão vai estar um pouco mais baixa. E talvez, como dissemos aqui, uma Era de Ouro tenha se encerrado.Se você acompanha Breaking Bad, assista ao episódio final – algo que você faria de qualquer forma – sabendo que você estará participando de um momento muito importante na história da televisão.
Agora, se você não conhece a série e não entende porque todo mundo está falando dela, corra: peça folga no trabalho e faça uma maratona (as primeiras quatro temporadas e a primeira metade da quinta, que foi dividida em duas partes, estão disponíveis no Netflix): afinal, se Breaking Bad mudou a televisão, certamente vai mudar sua vida.