Esta aventura do Extraordinário Hayao Miyazaki, o diretor do também Ótimo "A Viagem de Chihiro", é mais um tour de force artístico, em que a transbordante imaginação do animador se conjuga a uma história aparentemente simples e singela. A história é focada em uma garota de 18 anos chamada Sophie que, após atrair o olhar de uma bruxa para si, é vítima de uma maldição, que a transforma numa velha. Desesperada com a nova aparência, ela não se deixa ver por ninguém. Abandona a cidade e ruma para a Terra do Nada, onde dizem morar a bruxa que a enfeitiçou. Mas no caminho, Sophie encontra um castelo ambulante. Lá ela trabalha para um ser mágico, Hauru, que durante à noite, se transforma em uma ave gigantesca para entrar na perigosa batalha. Com sua complexidade e temática lúdica, "Castelo Animado" é muito mais do que um filme apenas para crianças. A Sophie do início do filme é o arquétipo da heroína de Miyazaki, ainda ingênua, longe de compreender a sua importância. Segue-se uma aventura que a guiará numa jornada de auto descoberta e superação pessoal. Do ponto de vista técnico também é um desenho que enche os olhos. Miyazaki, o último resistente da animação tradicional, continua a deslumbrar-nos com a precisão do seu traço. E aqui ele usa a batalha entre feiticeiros e criaturas mágicas para produzir uma festa de cores. Recomendadíssimo!
O ponto de partida deste "Wolf Creek" é algo indistinto. Na Austrália, país cheio de redutos selvagens poucos explorados, desaparecem oficialmente por ano cerca de 30.000 pessoas. Mas, os três jovens amigos que estrelam o filme - um australiano e duas inglesas - pouco ligam para esse assunto. Partem para um fim-de-semana num mítico Parque Nacional na Austrália, Wolf Creek, local onde se situa uma gigantesca cratera gerada pela queda de um meteoro. Só que a jornada adquire, aos poucos, outros contornos. Uma avaria no automóvel ao anoitecer inquieta o grupo, quando eles pressentem que não estão sós. Recorrendo a poucos meios, "Wolf Creek" contém personagens palpáveis na representação do horror. A espontaneidade e convicção dos três jovens atores - Cassandra Magrath, Kestie Morassi e Nathan Philips -, praticamente desconhecidos da grande audiência, é determinante, embora a estranha presença de John Jarratt na pele do macabro vilão seja o desempenho mais Memorável da película, compondo uma figura assustadora, com um sentido de humor cruel e sanguinário. Apesar de "Wolf Creek" 'demorar' algum tempo a entrar nos domínios do terror, desde cedo o diretor Greg McLean vai construindo uma intrigante atmosfera onde um ambiente paradisíaco se transforma gradativamente. Com uma câmara (digital e ao ombro) McLean registra e modela de forma bastante segura, a sensação de medo e de isolamento sofridos pelos três amigos ao encontrarem o requinte de sadismo e a perversão personificados num ser humano completamente obcecado pela degradação e humilhação das suas vítimas. É um filme sufocante e bem acima da média do que se apresenta no gênero.
Ao longo da história, o número 23 mostrou ter um profundo significado. O ser humano recebe 23 cromossomos de cada pai. A geometria é baseada em 23 leis naturais. Mas muitos acreditam que o número carrega também uma faceta sombria e malévola. É o caso, por exemplo, de Walter Sparrow (Jim Carrey, de "O Show do Truman"). Simplório pai de família, ele ganha um livro de presente de sua esposa (Virginia Madsen de Sideways - Entre Umas e Outras) e que promete mudar a sua vida para sempre. Chamada "O Número 23", a obra relata a terrível obsessão de um homem com o 23 e como isso começa a dominar a sua vida. O mais estranho é que diversas passagens do livro reproduzem fielmente detalhes da vida de Walter - e ele começa a perceber o número 23 em seu passado e também em seu presente. Tão paranóico quanto o personagem da história, ele descobre que o livro termina com uma morte brutal. Estaria Walter destinado a repetir este capítulo e também tornar-se um assassino?
“Número” 23 é um suspense BOM e INTRIGANTE que nos estimula a tentar descobrir o que se esconde por trás de uma grande obsessão e traz uma grata atuação de Jim Carey conseguindo se desvincular do estereótipo de comediante, mostrando sua outra face artística com o personagem de Sparrow. Eu Gostei e Recomendo!
"A Mosca 2" tem os seus momentos bons, curiosos, divertidos, emocionantes, ágil e dinâmico, Mas, no seu todo é uma produção regular. O filme funciona melhor se for analisado longe das prováveis comparações com o seu antecessor.
Esta primeira película do desde já enigmático John August na direção de seu próprio roteiro (lembrando que ele roteirizou três filmes de Tim Burton) é CURIOSA e REFRESCANTE. Seu filme originalmente chamado de ‘Os Noves’ possui uma premissa de início ABSURDA e o longa começa fazendo-nos coçar a cabeça inúmeras vezes. Isso inegávelmente nos desperta certo incômodo, mas é também EXTREMAMENTE interessante ver onde as idéias de August começam a se unir, no último segmento realmente FASCINANTE do longa. A irregularidade deve ser o principal "problema" de tudo. Algumas vezes, o cineasta "meio-que-derrapa" em o que quer dizer e em mais de uma vez ele desperta o desconforto ao invés da satisfação. É TUDO UMA QUESTÃO DE FICAR MESMO LIGADO NO FILME E NOS PERSONAGENS E TENTAR AO MÁXIMO COMPREENDER SEU FIM ENIGMÁTICO. O que o filme desperta ao final se revela derradeiramente SATISFATÓRIO, pois não decepciona, entregando-nos um desfecho reluzente em originalidade e idéias. Todo o ÊXITO do longa se deve, e muito, ao seu elenco com suas atuações: Ryan Renolds surpreende e atingi o equilibrio total aqui. Interpreta três personagens diferentes e comuns, e traz algo especial, único, à eles. Outra surpresa é Melissa McCarthy, fantástica e cheia de emoção. Hope Davis também brilha, ao passo que a pequena Elle Fanning mostra desenvoltura definitivamente. Então entre personagens interessantes, narrativas transviadas, diálogos excelentes e um fim definitivamente provocador, encontramos um filme intensamente interessante.
Excelente! Vale a viagem! Mas, RECOMENDADO Para Poucos.
"Se Tem Uma Coisa Que Esse Trabalho Me Ensinou, é Que a Verdade é Mais Estranha Que a Ficção. "
"- Quem Nasceu Primeiro o Ovo ou a Galinha? - O Galo. -... - Mas, Você Já Pensou Nisso? - Nisso o Quê? - Sobre Quem Nasceu Primeiro."
Entender a trama de 'O Predestinado" NÃO É TAREFA DAS MAIS FÁCEIS. Essa ficção científica de baixo orçamento nos deixa ATORDOADO com uma história COMPLEXA e INTRIGANTE. A fonte é o conto 'All You Zombies' de Robert A. Heinlein (1907-1988), autor de outras obras de ficção que viraram filmes, entre eles 'Tropas Estelares'. Sem revelar mais que o necessário, a produção tem Ethan Hawke na pele de um agente temporal que viaja no tempo para prevenir crimes antes que eles aconteçam. Sua missão é deter o chamado Detonador Sussurrante, que em 1975 explode dez quadras de Nova York, matando 11 mil pessoas. Em umas das paradas no passado, o agente trava papo com um sujeito estranho que conhece em um bar, e de quem escuta uma história impensável. A dupla de cineastas injeta dignos signos noir nessa obra sombreada na estética e nas emoções. A forma como os personagens se conectam através das dobras temporais é SURREAL, TRÁGICO e FASCINANTE. Apesar de a trama lembrar... o divertido 'Timecop - O Guardião do Tempo' (aquele estrelado por Jean Claude Van-Damme), "O Predestinado" foge do lugar comum e sempre arranja um jeito de nos surpreender. E acredite, todas as pontas se AMARRAM. EXCELENTE! Vale a viagem! Mas, RECOMENDADO Para Poucos.
P. S. - Destaque para a ÓTIMA interpretação da jovem atriz Sarah Snook.
Segue Aqui Um Diálogo-Chave Interessantíssimo Entre o Agente Temporal e Robertson:
"- Ela sofrerá muita dor por causa do que eu faço. - Mas, é assim que tem que ser. E sempre foi assim. Deveria entender isso melhor do que ninguém. - A cobra que come o próprio rabo. Para todo o sempre. - Você está aqui para criar história e influenciar o futuro. - Acho que não consigo. - Entenda, você é mais do que um agente. Você é uma dádiva, dado ao mundo em forma de Paradoxo de Predestinação(*). Você é o único livre da história, da ancestralidade. - O "Galo". - Mas, você precisa completar sua missão. Precisa lançar as sementes para o futuro. Contamos com você. - E quando chegar o dia em que não terei mais conhecimento do meu futuro? - Assim, como todo mundo, você terá que viver um dia de cada vez.
(*) O Paradoxo da Predestinação (também chamado de ciclo causal ou ciclo da causalidade, e não muito frequentemente, ciclo fechado ou ciclo do tempo fechado), é o paradoxo da viagem no tempo que muitas vezes é usado como uma convenção de ficção científica. Ele existe quando um viajante do tempo é pego em um ciclo de eventos que "predestina" ou "antecede" ele ou ela (O "viajante") para viajar de volta no tempo. Devido a possibilidade de influenciar o passado enquanto viaja no tempo, uma forma de explicar por que a história não muda, é dizendo que, o que aconteceu pode acontecer. Isso quer dizer que viajantes do tempo tentando alterar o passado, neste modelo, intencionalmente ou não, só deveria cumprir o seu papel na criação da história como a conhecemos e não mudar ela, ou os viajantes já teriam em seu conhecimento pessoal da história, as futuras viagens deles nas suas experiencias do passado. Em outras palavras: Viajantes do tempo estão no passado, o que exige que eles estavam no passado antes. Por isso, sua presença é vital para o futuro, e eles fazem algo para garantir que o futuro ocorra da mesma forma que eles se lembram.
"Feliz Natal: Onde Estão Os Presentes" é uma comédia natalina mediana. Sua direção é fraca, seu roteiro não traz nenhuma novidade e mesmo com os clichês típicos do gênero, não empolga. Pouco se aproveita, senão, algumas piadas certeiras e ver uma das últimas aparições de um dos grandes atores de sua geração - Robin Williams, mesmo que essa aparição seja quase irrelevante para sua carreira.
"Mulheres à beira de um ataque de nervos" penetra como uma furadeira em busca da essência da mente feminina, seus anseios, mágoas, medos, alegrias… paixões. A estética do filme remete um mundo alegremente latino, cheio de cores vibrantes e personalidade expansiva. Ao contrário da personalidade dos personagens hollywoodianos, os personagens deste longa não se acanham em exprimir seus sentimentos. Contudo, as mulheres são o ponto de interesse maior da narrativa. A partir do momento em que são desnudadas (não seus corpos, mas suas mentes) realça-se o âmago do coração feminino, que é o de entregar-se e sofrer por amor. Para quem espera por uma película EXTREMAMENTE DIVERTIDA, mas que ao mesmo tempo tenha um roteiro bem tecido, esta obra é uma EXCELENTE indicação. Vale muito a pena assistí-lo. Extremamente divertido. Surpreendentemente inteligente e nada superficial.
“Dá para saber muito sobre alguém pelos sapatos. Para onde ela vai, onde ela esteve…”
"Forrest Gump - O Contador de Histórias" é um filme MARAVILHOSO, MÁGICO! Apresentando várias mensagens, o filme foi feito para EMOCIONAR e para que as pessoas REFLITAM sobre a vida. A ÓTIMA história, contada com um misto de drama e bom humor, surpreende-nos à cada cena. O filme é uma OBRA-PRIMA do fazer narrativo cinematográfico já que não é qualquer diretor que tem a capacidade de coordenar tantos eventos históricos em uma única produção, sem deixar que a sequência de cenas fique desconexa, maçante ou desinteressante. Pelo contrário, "Forrest Gump - O Contador De Histórias" retrata 40 anos de acontecimentos importantes aos olhos do inocente Forrest, homem com Q. I. abaixo da média que, seja onde for que a história norte-americana esteja sendo escrita, está lá para participar. E é justamente esse olhar ingênuo que tornar o filme o clássico que representa para o cinema, com seu herói fora de qualquer padrão já visto. Ganhador do Oscar de Melhor Ator, Tom Hanks encarna em Forrest o mais NOTÓRIO papel de sua carreira. O tom pelo qual o filme é conduzido deve muito à interpretação AMÁVEL, CATIVANTE, EMOCIONANTE e CARISMÁTICA que o ator dá a seu personagem icônico. Ainda é responsável por ETERNIZAR frases como “A vida é como uma caixa de bombons. Você nunca sabe o que vai encontrar.” Em suma, "Forrest Gump - O Contador de Histórias" arrebatou, MERECIDAMENTE, nada menos que 6 Oscars, entre eles os de melhor filme, melhor roteiro, melhor direção e melhor ator. CERTAMENTE, a atuação de Tom Hanks é fantástica! Mas, menções especiais devem ser dadas a Gary Sinise, como o tenente Dan Taylor, Sally Field, como a mãe de Gump e Robin Wright Penn, como Jenny que com suas atuações tornaram este longa um CLÁSSICO ETERNO.
Neste INSPIRADO e OUSADO drama independente, temos contato com um ator promissor, Jon Foster (Treze Dias, O Exterminador do Futuro 3), que interpreta com PERÍCIA o jovem Eddie O'Hare, e este tem cenas arrojadas de sexo para padrões americanos com a sempre belíssima Kim Basinger ( Los Angeles -Cidade Proibida). Eddie começa a trabalhar como assistente do renomado escritor infantil Ted Cole (Jeff Bridges, de "O Grande Lebowski), que está em crise matrimonial com Marion, alcoliza-se com freqüência e tem um caso com a rica vizinha Evelyn Vaughn (Mimi Rogers, do primeiro Austin Powers). O cenário outonal da casa de praia do escritor influencia o comportamento dos personagens adultos, mais afeitos a desajustes em suas relações pessoais. O filme, MUITO BEM dirigido e escrito por Tod Williams, a partir do romance homônimo de John Irving, valoriza diálogos e silêncios para atingir seu máximo potencial dramático. Vale a Conferida!
A aliança, um tipo de sociedade controladora cujos fins justificam os meios, mantém a jovem paranormal River Tam (Summer Glau) presa, depois de treiná-la para ser uma máquina de matar perfeita. Seu irmão, Simon (Sean Maher), quer que ela tenha uma vida normal e por isso resgata a garota do seu cativeiro contratando os serviços da tripulação da nave Serenity, os poucos 'independente' na ativa capazes de encarar a Aliança. Mas, o capitão Malcom Reynolds (Nathan Filion) não acha que a garota está valendo o risco e pretende abandoná-la. River e seu irmão, entretanto, o convence a partir em uma jornada reveladora.
Esqueça o mundo de maravilhas tecnológicas criado pela ficção de George Lucas ou Gene Roddenberry. Neste "Serenity - A Luta Pelo Amanhã" não há aliens, nem cidades espaciais gloriosamente equipadas com engenhocas coloridas. O princípio da aventura nem mesmo ocorre entre as estrelas, elas servem apenas como pano de fundo. O verdadeiro frisson desta película do roteirista e diretor Joss Whedon no cinema, é a exploração rica e cuidadosa dos personagens. "Serenity" é o que os americanos chamam de 'Spin Off' (ou seja, um derivado) de um produto, cuja idéia já tinha sido testada com êxito antes. A origem aqui é um seriado de TV chamado 'Firefly', que infelizmente durou apenas 12 episódios. Whedon, que também estabeleceu a estrutura geral de "Buffy - A Caça Vampiros", percebeu que havia algumas verdades sobre a tripulação da astronave Serenity que eram mais amplas do que ele tinha desenvolvido naqueles poucos episódios de 45 minutos de duração e que poderiam render novas possibilidades em um longa-metragem. Os 'Browncoats', apelido que os heróis receberam por andar com sobretudos marrom, são liderados por um capitão bonachão como o Han Solo de Star Wars. Mas não se engane com seu heroísmo, por trás do senso de humor, Malcom Reynolds (Nathan Fillion) é um sujeito prático, que atira primeiro, toma o que quer para si e está sempre brigando com alguém da tripulação que o reprova por suas manias. A propósito, até o nome da nave cargueiro Serenity engana, porque ocorre de tudo ali, menos serenidade. Há uma grandalhona de pavio curto (Gina Torres) que zela pela tripulação quando Malcom está fora de circulação; um brutamontes (Adam Baldwin) que abre caminho no muque quando preciso; uma jovem mecânica (Jewel Statie) que improvisa consertos usando grampos de cabelo e um piloto boa praça (Alan Tudyk), que leva tudo muito a sério, enquantos todos parecem se importar só quando a situação está muito crítica. Interessa para Whedon como essa turma se relaciona, como conversam (os diálogos são mordazes), como evoluem. E é sempre essa falta de um padrão estratégico que impede a Aliança de capturá-los. Os vilões da história também parecem tolos, mas fogem do senso comum. Os dirigentes da alta cúpula da Aliança nunca são vistos. Temos apenas o Operativo (Chiwetel Ejiofor), uma espécie de capataz da Aliança, designado para estudar uma jovem inimiga imprevisível (Summer Glau), que liquidou uma patrulha fortemente armada, usando apenas as mãos. A tecnologia permite ao Operativo assistir a última investida da garota, River Tam, contra sua guarda. Ele literalmente entra na ação, caminha ao redor da adversária, congela os movimentos dela e a examina friamente como se fosse um entomologista. Mas, ele não pode tocá-la, porque aquela imagem é apenas uma reapresentação virtual do que aconteceu. River Tam e o irmão serão encontrados pela tripulação da Serenity, o que fará com que a polícia de toda Galáxia persiga os heróis sem trégua. Vale notar o trabalho de câmera de Whedon, que parece querer seguir os atores para fora de seu enquadramento, observá-los de outros ângulos, vivenciá-los em três dimensões. É Impressionante o tremendo afeto que ele tem mesmos pelos bandidões. Até o sinistro Operativo, que adora quebrar pescoços, revela-se vulnerável. Ele age em nome de algo que julga que será bom para a Humanidade e como uma cobra admira a posição de suas presas. "Acreditamos nas mesmas coisas", ele diz ao capitão Malcom, "a diferença entre nós é que você quer ser livre e eu prefiro representar alguém." Longe daquele tom grandioso que marca a ficção científica, Whedon vai a essência dos conflitos, apresentando combates corpo a corpo, nostálgicos tiroteios, prolongando o imaginário televisivo para o veículo de grande tela. E se sai MUITO BEM!
É impressionante como "O Poderoso Chefão - Parte III" não se utiliza de meias-palavras. Enquanto o primeiro filme não mencionava a palavra máfia e jamais ousava sair do circuito familiar dos negócios dos Corleone, aqui Coppola e Mario Puzo vão até Wall Street e o Vaticano para deixar bem claras as implicações e as conexões entre a Igreja, as finanças e os negócios escusos da família. O cineasta não tem medo de explicitar a hipocrisia do catolicismo - dinheiro em troca de perdão incondicional - nem tampouco de especular sobre a morte do Papa, então no poder. As sequências religiosas do filme, aliás, estão entre as mais espetaculares do filme, em especial a emocionante confissão de Michael, arrependido e cheio de remorsos pelas mortes que carrega nas costas, em especial a do irmão Fredo - é arrepiante quando, em uma de suas crises de saúde, ele grita seu nome, em uma espécie de delírio que somente um ator do porte de Pacino é capaz de transmitir sem soar patético ou forçado. Absolutamente ciente de seu poder como intérprete, ele é, inclusive, a razão de ser de todo o filme, uma força catalisadora que transforma tudo em um espetáculo de encher a alma e os olhos. Visualmente, o terceiro capítulo da saga dos Corleone é o mais bem-acabado. Lindamente fotografado por Gordon Willis e com uma direção de arte impecável, o filme de Coppola seduz com seus enquadramentos meticulosamente planejados, realizados com uma competência ímpar - coisa de quem sabe o que faz! A estética de algumas cenas casa com perfeição às incoerências do coração de Michael - um homem torturado por um passado negro que não o deixa vislumbrar um futuro brilhante, uma personagem de Shakespeare perdida em algum canto da Sicília. E é na Sicília, inclusive, que Coppola encerra sua história, em quarenta minutos dos mais excitantes que o cinema pode produzir. Ao reunir todos os protagonistas de seu filme na apresentação da ópera "Cavalleria Rusticana", de Mascagni - que versa basicamente sobre vendetta - Coppola e Puzo praticamente montaram um ato final que beira à perfeição cinematográfica e emocional. A edição excepcional, a música poderosa e os desdobramentos de toda uma vida dedicada ao crime, ao sangue e à vingança são apresentados à plateia de forma arrebatadora, culminando na provavelmente mais angustiante cena de desespero de toda a série (e mais uma vez é Al Pacino o responsável por tamanho show). Poucas vezes foi visto no cinema uma conjunção de fatores tão alinhada quanto nessa derradeira meia-hora, em que fica patente o talento descomunal de Coppola de transformar em arte uma necessidade financeira. E quando o filme acaba, ao som da melancólica música de Nino Rota, até mesmo os pecados cometidos por ele acabam sendo perdoados, inclusive a escalação de sua filha Sofia no crucial papel de Mary Corleone. Pois, afinal, ela é um frágil elo do filme. Em suma, "O Poderoso Chefão: Parte III", último filme da trilogia realizada por Francis Ford Coppola, se encerra com chave de ouro. Al Pacino está fantástico, talvez em sua melhor performance de Don Michael Corleone. Diane Keaton, embora apareça menos, também está ótima. O filme conta, ainda, com um elenco de coadjuvantes de primeiríssima qualidade, com destaques para Talia Shire, Andy Garcia, Eli Wallach, Raf Vallone e Joe Mantegna. Bridget Fonda, embora ótima atriz, aparece pouco no filme. Sofia Coppola destoa do grupo com uma atuação fraquíssima. O roteiro mostra, nesse terceiro filme, o final mais épico dos três. Os cenários da Sicília são maravilhosos. A trilha sonora de Nino Rota é, também, excelente. O diretor faz citações diretas ao suposto assassinato do Papa João Paulo I e às famosas transações comerciais ilícitas do Banco Ambrosiano.
Embora o primeiro 'Chefão' seja o MELHOR da trilogia, esta continuação da história da família Corleone Tem Sua Grande Importância e Mantém o Ótimo Nível Cinematográfico estabelecido pelo seu antecessor. Dessa vez, somos convidados a acompanhar duas histórias paralelas, que são o amadurecimento de Michael (Al Pacino) como patriarca da máfia e suas difíceis decisões diante de conflitos familiares, disputas de poder e traições, e a juventude de Vito Corleone (Robert De Niro), desde a fuga da Sicília até o desenvolvimento de seu poderoso clã. O longa conta com um roteiro preciso e precioso, que reúne frases marcantes (como "Mantenha seus amigos por perto e os seus inimigos mais perto ainda", de Michael), uma trilha sonora impecável, novamente organizada por Carmine Coppola, pai do diretor, e uma trama que prende do início ao fim - recheada, novamente, com uma avalanche de cenas MEMORÁVEIS. Porém, vale destacar a sequência incrível em que, após ver um desenho de seu filho em cima da cama, Michael é questionado por Kay (Diane Keaton) sobre o porquê das cortinas estarem abertas. Em seguida, mal tendo tempo para reação, tiros estraçalham pelo quarto inteiro. "O Poderoso Chefão - Parte II" é um dos filmes que provam que o cinema é realmente uma forma de arte, além de ser um entretenimento. Com uma habilidosa direção de Francis Ford Coppola, excelentes atuações de Pacino, De Niro, Gazzo, Strasberg, Cazale, Duvall, Keaton e Shire, com uma fantástica fotografia de Gordon Willis (em seqüências belíssimas gravadas na Sicília e durante a chegada dos imigrantes italianos à Nova York), com um roteiro muito bem escrito, "O Poderoso Chefão - Parte II" conta uma história de coragem, amor, traição e devoção que marcaram a vida e a saga dos Corleone.
O MELHOR FILME DE MÁFIA DE TODA A HISTÓRIA DO CINEMA!
UM DOS MAIORES CLÁSSICOS DO CINEMA E UM DOS FILMES MAIS IMPORTANTES DE TODOS OS TEMPOS.
A mitologia do cinema ficaria manca sem as grandes cenas de "O Poderoso Chefão": o acordo de submissão e fidelidade do imigrante Bonasera com o padrinho Vito Corleone (Marlon Brando - EXCELENTE! - aparentando 20 anos a mais que seus 47 na época, e com cara de buldogue); a alegria solar de uma festa de casamento em contraponto com a escuridão no cômodo em que mafiosos acertam 'vendettas'; a cabeça de cavalo ensopando de sangue a cama de um inimigo; o balé terrível que é o fuzilamento do filho Sonny num pedágio; os diálogos que viraram fenômeno pop ("deixe a arma, pegue os cannoli); e a sequência final, conjugando o extermínio de famílias rivais com a solenidade de um batizado de criança. Entre os sacramentos do matrimônio e do batismo que amarram o longa, vemos 18 corpos assassinados. Incluindo o cavalo. A trajetória dos Corleone, uma das mais influentes famílias mafiosas de Nova York, é referência de filme-ícone para dez entre dez cinéfilos - e eu sou um deles assumido. A lista de fatores que contribui para isso é praticamente infinita. Pode-se mencionar o preciosismo de Coppola, que enfrentou muita oposição e descrédito em quase todas as etapas da produção, além do orçamento baixo, a direção de arte detalhista e extremamente competente, que mesmo nas atitudes mais simples (como a flor vermelha diferente das demais no paletó de Don Corleone, no casamento da filha) demonstrando toda a hierarquia familiar, e as atuações ELOGIADÍSSIMAS de Marlon Brando e Al Pacino. Sustentar os valores familiares, custe o que custar - é essa a mensagem transmitida pelos personagens inesquecíveis desse longa. Uma curioso detalhe se faz coerente em mencionar: Coppola nunca foi um grande fã de cenas de violência e, para isso, elaborou certas sutilezas para esses momentos, como as laranjas que rolam pelo asfalto durante um assassinato. Uma forma sublime de exibir a tensão.
Em suma, "O Poderoso Chefão" é uma oferta cinematográfica irrecusável que todo Cinéfilo de carteirinha deve, ou melhor, tem a OBRIGAÇÃO de pelo menos uma vez na sua vida ASSISTI-Lo!
Quem nunca teve um dia estressante e teve vontade de jogar tudo pro alto. Em "Um Dia de Fúria " de 1993 William Foster, personagem de Michael Douglas, depois de perder o emprego e se ver perdendo o aniversário da filha, simplesmente abandona seu carro no meio do tráfego e parte numa jornada para chegar em casa, mas para isso ele deve passar pelos subúrbios de Los Angeles. O filme em si é uma GRANDE crítica! Ele critica o american way, o sistema dos bancos mostrando o tratamento diferente dado aos “não economicamente viáveis”, critica até os fast-foods com seus produtos enganadores, mas principalmente critica o comportamento 'deplorável' dos cidadãos das grandes cidades, que em meio ao estresse do dia só sabem piorar ainda mais a situação com seus semelhantes. Embora William seja muito violento, isso não quer dizer que seja um monstro, ele é mais qualificado como um produto do meio onde vive. Depois de perder o emprego e se ver afastado da filha por ordem judicial, Willian acaba 'explodindo' não só por estar desempregado e longe da família, mas por causa da sociedade que faz com que um homem "digno" como ele esteja sem emprego e sem família. Se por um lado temos o William com todo seu temperamento agressivo, por outro temos o detetive Prendergast, interpretado por Robert Duval, em seu último dia de trabalho antes de aposentar. Prendergast é exatamente o oposto de Willian, ele é calmo, amigável, mas é ridicularizado por seus colegas de trabalho por ser um pau-mandado muito preocupado com sua mulher e estar se aposentando por ela, ele é o responsável por capturar William Foster. Realizado pelo cineasta nova-iorquino Joel Schumacher a partir de um roteiro escrito por Ebbe Roe Smith, “Um Dia de Fúria” é um ÓTIMO filme. Sua trama é muito bem conduzida por Schumacher, no que é ajudado pelas ótimas atuações dos principais atores, Michael Douglas e Robert Duvall. Embora se trate de um policial-drama, o filme tem algumas passagens bastante engraçadas como aquelas que se passam num restaurante tipo fast-food, onde Foster pede um hambúrguer. ENFIM, “UM DIA DE FÚRIA” É UM FILME QUE MERECE SER VISTO!
A ação deste longa de Richard Donner (responsável por grandes sucessos de bilheterias como a série 'Máquina Mortífera') é vertiginosa e a estrutura remete a do seriado '24 horas', um dos maiores sucesso da TV. O filme se passa em tempo real. Em "16 Quadras", o astro Bruce Willis (Ótimo!) vive o depressivo detetive Jack Mosley. Ele corre contra o tempo para transportar o presidiário Eddie Bunker, interpretado pelo ator-rapper, Mos Def (Bom!) que deve testemunhar no tribunal às 10hs da manhã, em ponto. Um trajeto de 16 quadras, que deveria levar no máximo 15 minutos de carro acaba se esticando para quase duas horas, onde o tira e o presidiário passam a ser caçados por atiradores sem maiores explicações. Sem saber o verdadeiro motivo da perseguição, o tira protege o bandido. A dinâmica da ação é INTENSA, neste filme que se passa quase o tempo todo nas ruas. O policial tenta entender a dificuldade de chegar ao tribunal, mas então percebe que são os próprios companheiros de trabalho que estão atirando contra ele. Uma conversa com um parceiro de vinte anos de trabalho elucida a questão: na verdade o homem escoltado deve ser morto a todo custo antes de testemunhar, por saber demais, sobre a corrupção de seus colegas. Donner promove obstáculos de todo tipo para o herói e cenas de tiroteio MAGISTRAIS. Bruce Willis é o destaque da película. Seu visual envelhecido, cansado traz uma considerável dramaticidade aos momentos de caçada. Recomendado, principalmente, para os fãs de carteirinha - como eu - de Bruce Willis! Vale a viagem!
Baseado no livro homônimo de Leon Uris, "Topázio" é um bom filme de suspense e espionagem. Realizado por Hitchcock, a trama diz respeito a um episódio ocorrido em 1962, pouco antes da crise dos mísseis soviéticos em Cuba, crise essa enfrentada pelo governo do Presidente Kennedy. O filme nos brinda com ótimos momentos como, por exemplo, o início intrigante, o roubo dos documentos, a morte de Juanita, a tortura de espiões cubanos, ou o almoço dos agentes franceses. O elenco está muito bem, com atuações marcantes como as apresentadas por John Vernon, Karin Dor, Frederick Stafford e John Forsythe. Mesmo com pouco tempo de tela, merecem ser citadas, ainda, as participações de Michel Piccoli e Philippe Noiret. Em suma, "Topázio" é CERTAMENTE um filme menor de Hitchcock, para alguns ou muitos uma obra ruim mesmo, se comparado à qualidade dos melhores títulos da filmografia do Mestre Do Suspense. Mas, não menos INTERESSANTE se tivermos a devida calma e paciência em procurar a apreciar esse esforço do diretor.
Melodrama romântico com TODOS os artifícios a que tem direito, "Ghost - Do Outro Lado Da Vida" supera as demais obras semelhantes por dosar os fatores necessários para se encaixar no gênero tão amado pela audiência. O amor intenso do casal protagonista é o que IMPULSIONA a história e ENVOLVE-NOS, ainda que Whoopi Goldberg, no papel da médium charlatã Oda Mae, também se prove EXCEPCIONAL como alívio cômico. A ÓTIMA amarração destes pontos adversos: romance - drama - suspense e comédia é o que faz o filme MERECER SER VISTO. São muitos os elementos que ETERNIZAM "Ghost" na nossa memória - amantes de um bom romance - mas, dois deles são ainda superiores. A música 'Unchained Melody' é o primeiro, mantendo-se sempre associada ao filme, seguida da cena clássica do casal moldando vasos, em uma das imagens mais replicadas do cinema. Recomendadíssimo! Vale a Viagem!
"Memórias De Um Assassino" é uma das MAIORES jóias do cinema sul-coreano. A película revela o primoroso trabalho de Bong Jun-ho, um realizador festejado e tido como gênio do cinema asiático. O longa opõe dois policiais de métodos extremamente opostos na caçada de um serial-killer numa região agrícola da Coréia do Sul, que está passando por profundas mudanças com a chegada do progresso industrial. Um deles é um investigador da cidade, com formação e cultura modernas, o outro é um inspetor local, que acredita ser capaz de descobrir um culpado olhando-o nos olhos. O homem do progresso sugere uma nova perspectiva e atitude, opondo os seus métodos científicos à 'intuição infalível' do policial local. Isso torna o convívio da dupla tenso e a um nível quase intolerável, quando os membros da polícia recorrem a dada altura, aos préstimos de um 'médium' para descobrir o assassino. Para desespero de todos, as mulheres continuam a morrer e nem mesmo o milagre do inspetor da cidade parece ajudar na captura do culpado. O assassino pode estar escondido em qualquer lugar, numa vala, num túnel abandonado, agachado sob a plantação, esperando a hora certa de atacar de novo. O filme é baseado num caso real e É INTRIGANTE PELA FORMA COMO CONSTRÓI ESSE ESTADO DE HORROR.
Está aqui uma comédia romântica bem acima da média, dirigida pelo mesmo Paul Weltz, de 'Um Grande Garoto'. "Em Boa Companhia" reforça os elementos que já são a marca deste diretor: tons agridoce, num equilibrado registro de comédia, e uma considerável atenção às personagens. O filme enfoca a tensa relação entre Dan Foreman (Dennis Quaid - Bom!), o chefe de publicidade de uma revista, e um jovem com cerca de metade da sua idade (Topher Grace - Ótimo!) que repentinamente o substitui em seu cargo. O longa proporciona uma abordagem MADURA a questões como a crise de valores, o desemprego e o quotidiano da vida empresarial. Scarlett Johansson (Linda e Talentosa!) cumpre o seu papel interpretando a filha do personagem de Quaid, que inicia uma relação amorosa com o chefe do pai. Em suma, "Em Boa Companhia" é uma comédia daquelas que agradam pela sua simplicidade - um humor leve, bons personagens e um bom trabalho por parte de Paul Weitz, que escalou, escreveu e dirigiu.
P. S. - "Em Boa Companhia" parece um filme simples, mas, a produção teve apenas cinco dias para filmar externas em Nova York. A dificuldade maior foram as cenas em que Quaid participa de uma partida de basquete e que Scarlett joga tênis. Nenhum dos dois são bons no esporte e no filme fazem parecer.
"Não é Que Minha Mãe Seja Uma Maníaca. Ela Só Fica Um Pouco Zangada Às Vezes."
O CINEMA DE TERROR AMERICANO NUNCA MAIS FOI O MESMO DEPOIS DE "PSICOSE"!
A secretária Marion Crane resolve roubar 40 mil dólares da imobiliária em que trabalha e fugir em busca de uma vida melhor. Durante a fuga, ela acaba enfrentando uma forte tempestade na estrada, o que faz errar o caminho e chegar a um velho hotel. Norman Bates é o administrador atencioso do local e nutre um imenso respeito e amor por sua mãe. Impressionada com a simpatia do rapaz, Marion decide passar a noite ali e ainda aceita o convite para um lanche. O perigo, no entanto, pairava sobre a vida da secretária sem que ela soubesse: depois de uma briga entre mãe e filho, Marion é esfaqueada durante o banho.
A cena do assassinato no chuveiro é provavelmente a mais emblemática da história das telonas até hoje. Ao falarmos de "PSICOSE", automaticamente lembramos da trilha sonora de Bernard Hermann que acompanha as facadas sofridas pela personagem de Janet Leigh, mais uma das musas Loiras do diretor. Mas, a QUALIDADE de "PSICOSE" vai além, e Hitchcock traz um filme com doses explícitas de tensão e suspense. A direção competente se reflete em especial nas expressões dos atores (Anthony Perkins brilha como o excêntrico Norman Bates), que servem de fio condutor para a perturbadora narrativa. A película tem também como ponto alto a surpreendente troca de protagonista no meio do longa. O uso do recurso prova a genialidade do Mestre, que durante todo filme aposta em reviravoltas para manter-nos atento até o desfecho final. Enfim, É ICÔNICO! É ETERNO! É OBRIGATÓRIO! É RECOMENDADÍSSIMO! E VALE, POR DEMAIS, A VIAGEM!
Em "Hitchcock", acompanhamos de maneira ficcional os bastidores da obra que se tornou a mais famosa do mestre do suspense: Psicose. Só que, ousando ir além, a película ainda explora as angústias e obsessões do diretor naquele conturbado período de sua carreira, e tenta sintetizar o relacionamento dele com a esposa Alma Reville, que foi uma peça FUNDAMENTAL para o êxito profissional do marido. A semelhança dos personagens foi um fator perseguido com tenacidade pela produção, e o resultado mostrou-se EFICIENTE. Anthony Hopkins, sem palavras, está ótimo como Hitchcock - mesmo debaixo de uma elaborada maquiagem. Scarlett Johansson e James D'Arcy também ficaram muito parecidos com Janet Leigh e Anthony Perkins (astros centrais de "Psicose"), e NÃO decepcionaram com suas interpretações. No elenco temos ainda as ótimas participações de Michael Sthuhlbarg, como o dedicado empresário Lew Wasserman, e Helen Mirren, como a tolerante esposa Alma - o trabalho meticuloso da atriz britânica é destaque na obra. Embora o conflito criado entre Hitchcock e sua esposa seja supérfluo e exagerado (o ciúme, o regime e a falta de afeição), ele serve a um propósito: tirar o diretor de sua zona de conforto, o que fatidicamente intensifica a pressão enfrentada naqueles dias de filmagens. Cobranças vinham de todos os lados. Sua batalha com a censura, por exemplo, envolvia uma absurda discussão sobre o vaso sanitário em que a personagem Marion elimina evidências: aparentemente isto nunca havia sido filmado antes, "e ainda mais dando descarga" - absurdos puritanistas dos EUA nos anos sessenta.
Os demais elementos abordados revelam-se instigantes, ainda que modelados por muita licença poética. Temos uma interessante análise da fixação de Hitchcock por suas protagonistas (sempre loiras, belíssimas e misteriosas), e também toda a audácia do diretor que, mesmo depois de um grande sucesso como "Intriga Internacional", teve de produzir "Psicose" de maneira independente (um verdadeiro papelão orquestrado pela Paramount). Suas conversas ilusórias com Ed Gein fazem de ambos deturpados amigos compreensivos, e a montagem simbólica das filmagens e cenas históricas é um prato cheio para os admiradores do mestre, como eu. Enfim, elementos que dão profundidade dramática ao homem de aparência inabalável, aproximando-o assim do público. Em suma: "Hitchcok" consegue, de maneira agradável, homenagear quatro importantes ícones do cinema mundial: o primeiro foi o assassino Ed Gein, pois sem ele não existiriam Norman Bates. Em seguida vem a digna glorificação de Alma Riville, uma parceira multifuncional que acertava arestas de roteiros e dirigia quando necessário - a famosa cena da escada foi conduzida por ela. Em terceiro, temos uma convincente personificação de Hitchcock, com seus defeitos e qualidades expostos honestamente. E por fim, aquele que é considerado um dos maiores clássicos do cinema de horror e mistério: "Psicose" - Que vale muito a pena conferir!
"Lenda Urbana 3: A Vingança de Mary" é um equívoco cinematográfico! Quase nada funciona, diverte ou entretem. A única justificativa, no meu entender, para a realização de tal produção é lucrar em cima da franquia. Esquecível! Esquecível! Esquecível!
"Lenda Urbana 2" é um longa MEDIANO ao extremo e não merece possuir este título, levando em consideração a falta de ligação com os acontecimentos de seu filme original. A trama, que outrora era consistente e nem tanto original, aqui transformou-se em uma grande besteira e insulto a nossa inteligência. Tudo o que está na tela não funciona, do diretor sem criatividade, do roteiro mal feito, das interpretações superficiais e da total falta de clima. Não existe tensão muito menos suspense. Os personagens e o clima totalmente falho e sem criatividade apenas prejudicam a nossa aceitação. E uma participação de Rebecca Gayheart, uma importante personagem do filme anterior rebaixa ainda mais o nível do absurdo e do ridículo deste longa. Uma pena...
O Castelo Animado
4.4 1,3K Assista AgoraEsta aventura do Extraordinário Hayao Miyazaki, o diretor do também Ótimo "A Viagem de Chihiro", é mais um tour de force artístico, em que a transbordante imaginação do animador se conjuga a uma história aparentemente simples e singela. A história é focada em uma garota de 18 anos chamada Sophie que, após atrair o olhar de uma bruxa para si, é vítima de uma maldição, que a transforma numa velha. Desesperada com a nova aparência, ela não se deixa ver por ninguém. Abandona a cidade e ruma para a Terra do Nada, onde dizem morar a bruxa que a enfeitiçou. Mas no caminho, Sophie encontra um castelo ambulante. Lá ela trabalha para um ser mágico, Hauru, que durante à noite, se transforma em uma ave gigantesca para entrar na perigosa batalha. Com sua complexidade e temática lúdica, "Castelo Animado" é muito mais do que um filme apenas para crianças. A Sophie do início do filme é o arquétipo da heroína de Miyazaki, ainda ingênua, longe de compreender a sua importância. Segue-se uma aventura que a guiará numa jornada de auto descoberta e superação pessoal. Do ponto de vista técnico também é um desenho que enche os olhos. Miyazaki, o último resistente da animação tradicional, continua a deslumbrar-nos com a precisão do seu traço. E aqui ele usa a batalha entre feiticeiros e criaturas mágicas para produzir uma festa de cores.
Recomendadíssimo!
Wolf Creek: Viagem ao Inferno
3.1 391O ponto de partida deste "Wolf Creek" é algo indistinto. Na Austrália, país cheio de redutos selvagens poucos explorados, desaparecem oficialmente por ano cerca de 30.000 pessoas. Mas, os três jovens amigos que estrelam o filme - um australiano e duas inglesas - pouco ligam para esse assunto. Partem para um fim-de-semana num mítico Parque Nacional na Austrália, Wolf Creek, local onde se situa uma gigantesca cratera gerada pela queda de um meteoro. Só que a jornada adquire, aos poucos, outros contornos. Uma avaria no automóvel ao anoitecer inquieta o grupo, quando eles pressentem que não estão sós.
Recorrendo a poucos meios, "Wolf Creek" contém personagens palpáveis na representação do horror. A espontaneidade e convicção dos três jovens atores - Cassandra Magrath, Kestie Morassi e Nathan Philips -, praticamente desconhecidos da grande audiência, é determinante, embora a estranha presença de John Jarratt na pele do macabro vilão seja o desempenho mais Memorável da película, compondo uma figura assustadora, com um sentido de humor cruel e sanguinário. Apesar de "Wolf Creek" 'demorar' algum tempo a entrar nos domínios do terror, desde cedo o diretor Greg McLean vai construindo uma intrigante atmosfera onde um ambiente paradisíaco se transforma gradativamente.
Com uma câmara (digital e ao ombro) McLean registra e modela de forma bastante segura, a sensação de medo e de isolamento sofridos pelos três amigos ao encontrarem o requinte de sadismo e a perversão personificados num ser humano completamente obcecado pela degradação e humilhação das suas vítimas. É um filme sufocante e bem acima da média do que se apresenta no gênero.
Número 23
3.4 1,7K Assista AgoraParanóia instigante!
Ao longo da história, o número 23 mostrou ter um profundo significado. O ser humano recebe 23 cromossomos de cada pai. A geometria é baseada em 23 leis naturais. Mas muitos acreditam que o número carrega também uma faceta sombria e malévola. É o caso, por exemplo, de Walter Sparrow (Jim Carrey, de "O Show do Truman"). Simplório pai de família, ele ganha um livro de presente de sua esposa (Virginia Madsen de Sideways - Entre Umas e Outras) e que promete mudar a sua vida para sempre. Chamada "O Número 23", a obra relata a terrível obsessão de um homem com o 23 e como isso começa a dominar a sua vida. O mais estranho é que diversas passagens do livro reproduzem fielmente detalhes da vida de Walter - e ele começa a perceber o número 23 em seu passado e também em seu presente. Tão paranóico quanto o personagem da história, ele descobre que o livro termina com uma morte brutal. Estaria Walter destinado a repetir este capítulo e também tornar-se um assassino?
“Número” 23 é um suspense BOM e INTRIGANTE que nos estimula a tentar descobrir o que se esconde por trás de uma grande obsessão e traz uma grata atuação de Jim Carey conseguindo se desvincular do estereótipo de comediante, mostrando sua outra face artística com o personagem de Sparrow. Eu Gostei e Recomendo!
A Mosca 2
2.9 144"A Mosca 2" tem os seus momentos bons, curiosos, divertidos, emocionantes, ágil e dinâmico, Mas, no seu todo é uma produção regular. O filme funciona melhor se for analisado longe das prováveis comparações com o seu antecessor.
Número 9
2.6 269 Assista Agora"Se DEUS é um Dez... Você é um Nove."
Esta primeira película do desde já enigmático John August na direção de seu próprio roteiro (lembrando que ele roteirizou três filmes de Tim Burton) é CURIOSA e REFRESCANTE. Seu filme originalmente chamado de ‘Os Noves’ possui uma premissa de início ABSURDA e o longa começa fazendo-nos coçar a cabeça inúmeras vezes. Isso inegávelmente nos desperta certo incômodo, mas é também EXTREMAMENTE interessante ver onde as idéias de August começam a se unir, no último segmento realmente FASCINANTE do longa. A irregularidade deve ser o principal "problema" de tudo. Algumas vezes, o cineasta "meio-que-derrapa" em o que quer dizer e em mais de uma vez ele desperta o desconforto ao invés da satisfação. É TUDO UMA QUESTÃO DE FICAR MESMO LIGADO NO FILME E NOS PERSONAGENS E TENTAR AO MÁXIMO COMPREENDER SEU FIM ENIGMÁTICO. O que o filme desperta ao final se revela derradeiramente SATISFATÓRIO, pois não decepciona, entregando-nos um desfecho reluzente em originalidade e idéias.
Todo o ÊXITO do longa se deve, e muito, ao seu elenco com suas atuações: Ryan Renolds surpreende e atingi o equilibrio total aqui. Interpreta três personagens diferentes e comuns, e traz algo especial, único, à eles. Outra surpresa é Melissa McCarthy, fantástica e cheia de emoção. Hope Davis também brilha, ao passo que a pequena Elle Fanning mostra desenvoltura definitivamente.
Então entre personagens interessantes, narrativas transviadas, diálogos excelentes e um fim definitivamente provocador, encontramos um filme intensamente interessante.
Excelente! Vale a viagem! Mas, RECOMENDADO Para Poucos.
O Predestinado
4.0 1,6K Assista Agora"Se Tem Uma Coisa Que Esse Trabalho Me Ensinou, é Que a Verdade é Mais Estranha Que a Ficção. "
"- Quem Nasceu Primeiro o Ovo ou a Galinha?
- O Galo.
-...
- Mas, Você Já Pensou Nisso?
- Nisso o Quê?
- Sobre Quem Nasceu Primeiro."
Entender a trama de 'O Predestinado" NÃO É TAREFA DAS MAIS FÁCEIS. Essa ficção científica de baixo orçamento nos deixa ATORDOADO com uma história COMPLEXA e INTRIGANTE. A fonte é o conto 'All You Zombies' de Robert A. Heinlein (1907-1988), autor de outras obras de ficção que viraram filmes, entre eles 'Tropas Estelares'. Sem revelar mais que o necessário, a produção tem Ethan Hawke na pele de um agente temporal que viaja no tempo para prevenir crimes antes que eles aconteçam. Sua missão é deter o chamado Detonador Sussurrante, que em 1975 explode dez quadras de Nova York, matando 11 mil pessoas. Em umas das paradas no passado, o agente trava papo com um sujeito estranho que conhece em um bar, e de quem escuta uma história impensável. A dupla de cineastas injeta dignos signos noir nessa obra sombreada na estética e nas emoções. A forma como os personagens se conectam através das dobras temporais é SURREAL, TRÁGICO e FASCINANTE. Apesar de a trama lembrar... o divertido 'Timecop - O Guardião do Tempo' (aquele estrelado por Jean Claude Van-Damme), "O Predestinado" foge do lugar comum e sempre arranja um jeito de nos surpreender. E acredite, todas as pontas se AMARRAM.
EXCELENTE! Vale a viagem! Mas, RECOMENDADO Para Poucos.
P. S. - Destaque para a ÓTIMA interpretação da jovem atriz Sarah Snook.
Segue Aqui Um Diálogo-Chave Interessantíssimo Entre o Agente Temporal e Robertson:
"- Ela sofrerá muita dor por causa do que eu faço.
- Mas, é assim que tem que ser. E sempre foi assim. Deveria entender isso melhor do que ninguém.
- A cobra que come o próprio rabo. Para todo o sempre.
- Você está aqui para criar história e influenciar o futuro.
- Acho que não consigo.
- Entenda, você é mais do que um agente. Você é uma dádiva, dado ao mundo em forma de Paradoxo de Predestinação(*). Você é o único livre da história, da ancestralidade.
- O "Galo".
- Mas, você precisa completar sua missão. Precisa lançar as sementes para o futuro. Contamos com você.
- E quando chegar o dia em que não terei mais conhecimento do meu futuro?
- Assim, como todo mundo, você terá que viver um dia de cada vez.
(*) O Paradoxo da Predestinação (também chamado de ciclo causal ou ciclo da causalidade, e não muito frequentemente, ciclo fechado ou ciclo do tempo fechado), é o paradoxo da viagem no tempo que muitas vezes é usado como uma convenção de ficção científica. Ele existe quando um viajante do tempo é pego em um ciclo de eventos que "predestina" ou "antecede" ele ou ela (O "viajante") para viajar de volta no tempo. Devido a possibilidade de influenciar o passado enquanto viaja no tempo, uma forma de explicar por que a história não muda, é dizendo que, o que aconteceu pode acontecer. Isso quer dizer que viajantes do tempo tentando alterar o passado, neste modelo, intencionalmente ou não, só deveria cumprir o seu papel na criação da história como a conhecemos e não mudar ela, ou os viajantes já teriam em seu conhecimento pessoal da história, as futuras viagens deles nas suas experiencias do passado.
Em outras palavras: Viajantes do tempo estão no passado, o que exige que eles estavam no passado antes. Por isso, sua presença é vital para o futuro, e eles fazem algo para garantir que o futuro ocorra da mesma forma que eles se lembram.
Maldito Feliz Natal
2.7 47 Assista Agora"Feliz Natal: Onde Estão Os Presentes" é uma comédia natalina mediana. Sua direção é fraca, seu roteiro não traz nenhuma novidade e mesmo com os clichês típicos do gênero, não empolga. Pouco se aproveita, senão, algumas piadas certeiras e ver uma das últimas aparições de um dos grandes atores de sua geração - Robin Williams, mesmo que essa aparição seja quase irrelevante para sua carreira.
Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos
4.0 550 Assista Agora"Mulheres à beira de um ataque de nervos" penetra como uma furadeira em busca da essência da mente feminina, seus anseios, mágoas, medos, alegrias… paixões. A estética do filme remete um mundo alegremente latino, cheio de cores vibrantes e personalidade expansiva. Ao contrário da personalidade dos personagens hollywoodianos, os personagens deste longa não se acanham em exprimir seus sentimentos. Contudo, as mulheres são o ponto de interesse maior da narrativa. A partir do momento em que são desnudadas (não seus corpos, mas suas mentes) realça-se o âmago do coração feminino, que é o de entregar-se e sofrer por amor.
Para quem espera por uma película EXTREMAMENTE DIVERTIDA, mas que ao mesmo tempo tenha um roteiro bem tecido, esta obra é uma EXCELENTE indicação.
Vale muito a pena assistí-lo. Extremamente divertido. Surpreendentemente inteligente e nada superficial.
Forrest Gump: O Contador de Histórias
4.5 3,8K Assista Agora“Dá para saber muito sobre alguém pelos sapatos. Para onde ela vai, onde ela esteve…”
"Forrest Gump - O Contador de Histórias" é um filme MARAVILHOSO, MÁGICO! Apresentando várias mensagens, o filme foi feito para EMOCIONAR e para que as pessoas REFLITAM sobre a vida. A ÓTIMA história, contada com um misto de drama e bom humor, surpreende-nos à cada cena.
O filme é uma OBRA-PRIMA do fazer narrativo cinematográfico já que não é qualquer diretor que tem a capacidade de coordenar tantos eventos históricos em uma única produção, sem deixar que a sequência de cenas fique desconexa, maçante ou desinteressante. Pelo contrário, "Forrest Gump - O Contador De Histórias" retrata 40 anos de acontecimentos importantes aos olhos do inocente Forrest, homem com Q. I. abaixo da média que, seja onde for que a história norte-americana esteja sendo escrita, está lá para participar. E é justamente esse olhar ingênuo que tornar o filme o clássico que representa para o cinema, com seu herói fora de qualquer padrão já visto.
Ganhador do Oscar de Melhor Ator, Tom Hanks encarna em Forrest o mais NOTÓRIO papel de sua carreira. O tom pelo qual o filme é conduzido deve muito à interpretação AMÁVEL, CATIVANTE, EMOCIONANTE e CARISMÁTICA que o ator dá a seu personagem icônico. Ainda é responsável por ETERNIZAR frases como “A vida é como uma caixa de bombons. Você nunca sabe o que vai encontrar.”
Em suma, "Forrest Gump - O Contador de Histórias" arrebatou, MERECIDAMENTE, nada menos que 6 Oscars, entre eles os de melhor filme, melhor roteiro, melhor direção e melhor ator. CERTAMENTE, a atuação de Tom Hanks é fantástica! Mas, menções especiais devem ser dadas a Gary Sinise, como o tenente Dan Taylor, Sally Field, como a mãe de Gump e Robin Wright Penn, como Jenny que com suas atuações tornaram este longa um CLÁSSICO ETERNO.
Recomendadíssimo! Vale a Viagem!
"Corre, Forrest, corre!"
Provocação
3.2 44 Assista AgoraNeste INSPIRADO e OUSADO drama independente, temos contato com um ator promissor, Jon Foster (Treze Dias, O Exterminador do Futuro 3), que interpreta com PERÍCIA o jovem Eddie O'Hare, e este tem cenas arrojadas de sexo para padrões americanos com a sempre belíssima Kim Basinger ( Los Angeles -Cidade Proibida). Eddie começa a trabalhar como assistente do renomado escritor infantil Ted Cole (Jeff Bridges, de "O Grande Lebowski), que está em crise matrimonial com Marion, alcoliza-se com freqüência e tem um caso com a rica vizinha Evelyn Vaughn (Mimi Rogers, do primeiro Austin Powers). O cenário outonal da casa de praia do escritor influencia o comportamento dos personagens adultos, mais afeitos a desajustes em suas relações pessoais. O filme, MUITO BEM dirigido e escrito por Tod Williams, a partir do romance homônimo de John Irving, valoriza diálogos e silêncios para atingir seu máximo potencial dramático.
Vale a Conferida!
Serenity: A Luta pelo Amanhã
3.4 200 Assista AgoraA aliança, um tipo de sociedade controladora cujos fins justificam os meios, mantém a jovem paranormal River Tam (Summer Glau) presa, depois de treiná-la para ser uma máquina de matar perfeita. Seu irmão, Simon (Sean Maher), quer que ela tenha uma vida normal e por isso resgata a garota do seu cativeiro contratando os serviços da tripulação da nave Serenity, os poucos 'independente' na ativa capazes de encarar a Aliança. Mas, o capitão Malcom Reynolds (Nathan Filion) não acha que a garota está valendo o risco e pretende abandoná-la. River e seu irmão, entretanto, o convence a partir em uma jornada reveladora.
Esqueça o mundo de maravilhas tecnológicas criado pela ficção de George Lucas ou Gene Roddenberry. Neste "Serenity - A Luta Pelo Amanhã" não há aliens, nem cidades espaciais gloriosamente equipadas com engenhocas coloridas. O princípio da aventura nem mesmo ocorre entre as estrelas, elas servem apenas como pano de fundo. O verdadeiro frisson desta película do roteirista e diretor Joss Whedon no cinema, é a exploração rica e cuidadosa dos personagens.
"Serenity" é o que os americanos chamam de 'Spin Off' (ou seja, um derivado) de um produto, cuja idéia já tinha sido testada com êxito antes. A origem aqui é um seriado de TV chamado 'Firefly', que infelizmente durou apenas 12 episódios. Whedon, que também estabeleceu a estrutura geral de "Buffy - A Caça Vampiros", percebeu que havia algumas verdades sobre a tripulação da astronave Serenity que eram mais amplas do que ele tinha desenvolvido naqueles poucos episódios de 45 minutos de duração e que poderiam render novas possibilidades em um longa-metragem.
Os 'Browncoats', apelido que os heróis receberam por andar com sobretudos marrom, são liderados por um capitão bonachão como o Han Solo de Star Wars. Mas não se engane com seu heroísmo, por trás do senso de humor, Malcom Reynolds (Nathan Fillion) é um sujeito prático, que atira primeiro, toma o que quer para si e está sempre brigando com alguém da tripulação que o reprova por suas manias. A propósito, até o nome da nave cargueiro Serenity engana, porque ocorre de tudo ali, menos serenidade.
Há uma grandalhona de pavio curto (Gina Torres) que zela pela tripulação quando Malcom está fora de circulação; um brutamontes (Adam Baldwin) que abre caminho no muque quando preciso; uma jovem mecânica (Jewel Statie) que improvisa consertos usando grampos de cabelo e um piloto boa praça (Alan Tudyk), que leva tudo muito a sério, enquantos todos parecem se importar só quando a situação está muito crítica. Interessa para Whedon como essa turma se relaciona, como conversam (os diálogos são mordazes), como evoluem. E é sempre essa falta de um padrão estratégico que impede a Aliança de capturá-los.
Os vilões da história também parecem tolos, mas fogem do senso comum. Os dirigentes da alta cúpula da Aliança nunca são vistos. Temos apenas o Operativo (Chiwetel Ejiofor), uma espécie de capataz da Aliança, designado para estudar uma jovem inimiga imprevisível (Summer Glau), que liquidou uma patrulha fortemente armada, usando apenas as mãos.
A tecnologia permite ao Operativo assistir a última investida da garota, River Tam, contra sua guarda. Ele literalmente entra na ação, caminha ao redor da adversária, congela os movimentos dela e a examina friamente como se fosse um entomologista. Mas, ele não pode tocá-la, porque aquela imagem é apenas uma reapresentação virtual do que aconteceu. River Tam e o irmão serão encontrados pela tripulação da Serenity, o que fará com que a polícia de toda Galáxia persiga os heróis sem trégua.
Vale notar o trabalho de câmera de Whedon, que parece querer seguir os atores para fora de seu enquadramento, observá-los de outros ângulos, vivenciá-los em três dimensões. É Impressionante o tremendo afeto que ele tem mesmos pelos bandidões. Até o sinistro Operativo, que adora quebrar pescoços, revela-se vulnerável. Ele age em nome de algo que julga que será bom para a Humanidade e como uma cobra admira a posição de suas presas. "Acreditamos nas mesmas coisas", ele diz ao capitão Malcom, "a diferença entre nós é que você quer ser livre e eu prefiro representar alguém."
Longe daquele tom grandioso que marca a ficção científica, Whedon vai a essência dos conflitos, apresentando combates corpo a corpo, nostálgicos tiroteios, prolongando o imaginário televisivo para o veículo de grande tela. E se sai MUITO BEM!
O Poderoso Chefão: Parte III
4.2 1,1K Assista AgoraÉ impressionante como "O Poderoso Chefão - Parte III" não se utiliza de meias-palavras. Enquanto o primeiro filme não mencionava a palavra máfia e jamais ousava sair do circuito familiar dos negócios dos Corleone, aqui Coppola e Mario Puzo vão até Wall Street e o Vaticano para deixar bem claras as implicações e as conexões entre a Igreja, as finanças e os negócios escusos da família. O cineasta não tem medo de explicitar a hipocrisia do catolicismo - dinheiro em troca de perdão incondicional - nem tampouco de especular sobre a morte do Papa, então no poder. As sequências religiosas do filme, aliás, estão entre as mais espetaculares do filme, em especial a emocionante confissão de Michael, arrependido e cheio de remorsos pelas mortes que carrega nas costas, em especial a do irmão Fredo - é arrepiante quando, em uma de suas crises de saúde, ele grita seu nome, em uma espécie de delírio que somente um ator do porte de Pacino é capaz de transmitir sem soar patético ou forçado. Absolutamente ciente de seu poder como intérprete, ele é, inclusive, a razão de ser de todo o filme, uma força catalisadora que transforma tudo em um espetáculo de encher a alma e os olhos.
Visualmente, o terceiro capítulo da saga dos Corleone é o mais bem-acabado. Lindamente fotografado por Gordon Willis e com uma direção de arte impecável, o filme de Coppola seduz com seus enquadramentos meticulosamente planejados, realizados com uma competência ímpar - coisa de quem sabe o que faz! A estética de algumas cenas casa com perfeição às incoerências do coração de Michael - um homem torturado por um passado negro que não o deixa vislumbrar um futuro brilhante, uma personagem de Shakespeare perdida em algum canto da Sicília. E é na Sicília, inclusive, que Coppola encerra sua história, em quarenta minutos dos mais excitantes que o cinema pode produzir.
Ao reunir todos os protagonistas de seu filme na apresentação da ópera "Cavalleria Rusticana", de Mascagni - que versa basicamente sobre vendetta - Coppola e Puzo praticamente montaram um ato final que beira à perfeição cinematográfica e emocional. A edição excepcional, a música poderosa e os desdobramentos de toda uma vida dedicada ao crime, ao sangue e à vingança são apresentados à plateia de forma arrebatadora, culminando na provavelmente mais angustiante cena de desespero de toda a série (e mais uma vez é Al Pacino o responsável por tamanho show). Poucas vezes foi visto no cinema uma conjunção de fatores tão alinhada quanto nessa derradeira meia-hora, em que fica patente o talento descomunal de Coppola de transformar em arte uma necessidade financeira. E quando o filme acaba, ao som da melancólica música de Nino Rota, até mesmo os pecados cometidos por ele acabam sendo perdoados, inclusive a escalação de sua filha Sofia no crucial papel de Mary Corleone. Pois, afinal, ela é um frágil elo do filme.
Em suma, "O Poderoso Chefão: Parte III", último filme da trilogia realizada por Francis Ford Coppola, se encerra com chave de ouro.
Al Pacino está fantástico, talvez em sua melhor performance de Don Michael Corleone. Diane Keaton, embora apareça menos, também está ótima. O filme conta, ainda, com um elenco de coadjuvantes de primeiríssima qualidade, com destaques para Talia Shire, Andy Garcia, Eli Wallach, Raf Vallone e Joe Mantegna. Bridget Fonda, embora ótima atriz, aparece pouco no filme. Sofia Coppola destoa do grupo com uma atuação fraquíssima.
O roteiro mostra, nesse terceiro filme, o final mais épico dos três. Os cenários da Sicília são maravilhosos. A trilha sonora de Nino Rota é, também, excelente. O diretor faz citações diretas ao suposto assassinato do Papa João Paulo I e às famosas transações comerciais ilícitas do Banco Ambrosiano.
Recomendadíssimo! Vale a viagem!
O Poderoso Chefão: Parte II
4.6 1,2K Assista AgoraEmbora o primeiro 'Chefão' seja o MELHOR da trilogia, esta continuação da história da família Corleone Tem Sua Grande Importância e Mantém o Ótimo Nível Cinematográfico estabelecido pelo seu antecessor.
Dessa vez, somos convidados a acompanhar duas histórias paralelas, que são o amadurecimento de Michael (Al Pacino) como patriarca da máfia e suas difíceis decisões diante de conflitos familiares, disputas de poder e traições, e a juventude de Vito Corleone (Robert De Niro), desde a fuga da Sicília até o desenvolvimento de seu poderoso clã. O longa conta com um roteiro preciso e precioso, que reúne frases marcantes (como "Mantenha seus amigos por perto e os seus inimigos mais perto ainda", de Michael), uma trilha sonora impecável, novamente organizada por Carmine Coppola, pai do diretor, e uma trama que prende do início ao fim - recheada, novamente, com uma avalanche de cenas MEMORÁVEIS.
Porém, vale destacar a sequência incrível em que, após ver um desenho de seu filho em cima da cama, Michael é questionado por Kay (Diane Keaton) sobre o porquê das cortinas estarem abertas. Em seguida, mal tendo tempo para reação, tiros estraçalham pelo quarto inteiro.
"O Poderoso Chefão - Parte II" é um dos filmes que provam que o cinema é realmente uma forma de arte, além de ser um entretenimento. Com uma habilidosa direção de Francis Ford Coppola, excelentes atuações de Pacino, De Niro, Gazzo, Strasberg, Cazale, Duvall, Keaton e Shire, com uma fantástica fotografia de Gordon Willis (em seqüências belíssimas gravadas na Sicília e durante a chegada dos imigrantes italianos à Nova York), com um roteiro muito bem escrito, "O Poderoso Chefão - Parte II" conta uma história de coragem, amor, traição e devoção que marcaram a vida e a saga dos Corleone.
Recomendadíssimo! Vale a viagem!
O Poderoso Chefão
4.7 2,9K Assista Agora"Eu Vou Uma Oferta Que Ele Não Poderá Recusar."
O MELHOR FILME DE MÁFIA DE TODA A HISTÓRIA DO CINEMA!
UM DOS MAIORES CLÁSSICOS DO CINEMA E UM DOS FILMES MAIS IMPORTANTES DE TODOS OS TEMPOS.
A mitologia do cinema ficaria manca sem as grandes cenas de "O Poderoso Chefão": o acordo de submissão e fidelidade do imigrante Bonasera com o padrinho Vito Corleone (Marlon Brando - EXCELENTE! - aparentando 20 anos a mais que seus 47 na época, e com cara de buldogue); a alegria solar de uma festa de casamento em contraponto com a escuridão no cômodo em que mafiosos acertam 'vendettas'; a cabeça de cavalo ensopando de sangue a cama de um inimigo; o balé terrível que é o fuzilamento do filho Sonny num pedágio; os diálogos que viraram fenômeno pop ("deixe a arma, pegue os cannoli); e a sequência final, conjugando o extermínio de famílias rivais com a solenidade de um batizado de criança. Entre os sacramentos do matrimônio e do batismo que amarram o longa, vemos 18 corpos assassinados. Incluindo o cavalo.
A trajetória dos Corleone, uma das mais influentes famílias mafiosas de Nova York, é referência de filme-ícone para dez entre dez cinéfilos - e eu sou um deles assumido. A lista de fatores que contribui para isso é praticamente infinita. Pode-se mencionar o preciosismo de Coppola, que enfrentou muita oposição e descrédito em quase todas as etapas da produção, além do orçamento baixo, a direção de arte detalhista e extremamente competente, que mesmo nas atitudes mais simples (como a flor vermelha diferente das demais no paletó de Don Corleone, no casamento da filha) demonstrando toda a hierarquia familiar, e as atuações ELOGIADÍSSIMAS de Marlon Brando e Al Pacino. Sustentar os valores familiares, custe o que custar - é essa a mensagem transmitida pelos personagens inesquecíveis desse longa.
Uma curioso detalhe se faz coerente em mencionar: Coppola nunca foi um grande fã de cenas de violência e, para isso, elaborou certas sutilezas para esses momentos, como as laranjas que rolam pelo asfalto durante um assassinato. Uma forma sublime de exibir a tensão.
Em suma, "O Poderoso Chefão" é uma oferta cinematográfica irrecusável que todo Cinéfilo de carteirinha deve, ou melhor, tem a OBRIGAÇÃO de pelo menos uma vez na sua vida ASSISTI-Lo!
Um Dia de Fúria
3.9 894 Assista AgoraQuem nunca teve um dia estressante e teve vontade de jogar tudo pro alto. Em "Um Dia de Fúria " de 1993 William Foster, personagem de Michael Douglas, depois de perder o emprego e se ver perdendo o aniversário da filha, simplesmente abandona seu carro no meio do tráfego e parte numa jornada para chegar em casa, mas para isso ele deve passar pelos subúrbios de Los Angeles.
O filme em si é uma GRANDE crítica! Ele critica o american way, o sistema dos bancos mostrando o tratamento diferente dado aos “não economicamente viáveis”, critica até os fast-foods com seus produtos enganadores, mas principalmente critica o comportamento 'deplorável' dos cidadãos das grandes cidades, que em meio ao estresse do dia só sabem piorar ainda mais a situação com seus semelhantes.
Embora William seja muito violento, isso não quer dizer que seja um monstro, ele é mais qualificado como um produto do meio onde vive. Depois de perder o emprego e se ver afastado da filha por ordem judicial, Willian acaba 'explodindo' não só por estar desempregado e longe da família, mas por causa da sociedade que faz com que um homem "digno" como ele esteja sem emprego e sem família.
Se por um lado temos o William com todo seu temperamento agressivo, por outro temos o detetive Prendergast, interpretado por Robert Duval, em seu último dia de trabalho antes de aposentar. Prendergast é exatamente o oposto de Willian, ele é calmo, amigável, mas é ridicularizado por seus colegas de trabalho por ser um pau-mandado muito preocupado com sua mulher e estar se aposentando por ela, ele é o responsável por capturar William Foster.
Realizado pelo cineasta nova-iorquino Joel Schumacher a partir de um roteiro escrito por Ebbe Roe Smith, “Um Dia de Fúria” é um ÓTIMO filme.
Sua trama é muito bem conduzida por Schumacher, no que é ajudado pelas ótimas atuações dos principais atores, Michael Douglas e Robert Duvall. Embora se trate de um policial-drama, o filme tem algumas passagens bastante engraçadas como aquelas que se passam num restaurante tipo fast-food, onde Foster pede um hambúrguer.
ENFIM, “UM DIA DE FÚRIA” É UM FILME QUE MERECE SER VISTO!
16 Quadras
3.4 328 Assista AgoraA ação deste longa de Richard Donner (responsável por grandes sucessos de bilheterias como a série 'Máquina Mortífera') é vertiginosa e a estrutura remete a do seriado '24 horas', um dos maiores sucesso da TV. O filme se passa em tempo real.
Em "16 Quadras", o astro Bruce Willis (Ótimo!) vive o depressivo detetive Jack Mosley. Ele corre contra o tempo para transportar o presidiário Eddie Bunker, interpretado pelo ator-rapper, Mos Def (Bom!) que deve testemunhar no tribunal às 10hs da manhã, em ponto.
Um trajeto de 16 quadras, que deveria levar no máximo 15 minutos de carro acaba se esticando para quase duas horas, onde o tira e o presidiário passam a ser caçados por atiradores sem maiores explicações. Sem saber o verdadeiro motivo da perseguição, o tira protege o bandido.
A dinâmica da ação é INTENSA, neste filme que se passa quase o tempo todo nas ruas. O policial tenta entender a dificuldade de chegar ao tribunal, mas então percebe que são os próprios companheiros de trabalho que estão atirando contra ele. Uma conversa com um parceiro de vinte anos de trabalho elucida a questão: na verdade o homem escoltado deve ser morto a todo custo antes de testemunhar, por saber demais, sobre a corrupção de seus colegas. Donner promove obstáculos de todo tipo para o herói e cenas de tiroteio MAGISTRAIS.
Bruce Willis é o destaque da película. Seu visual envelhecido, cansado traz uma considerável dramaticidade aos momentos de caçada.
Recomendado, principalmente, para os fãs de carteirinha - como eu - de Bruce Willis! Vale a viagem!
Topázio
3.2 84 Assista AgoraBaseado no livro homônimo de Leon Uris, "Topázio" é um bom filme de suspense e espionagem. Realizado por Hitchcock, a trama diz respeito a um episódio ocorrido em 1962, pouco antes da crise dos mísseis soviéticos em Cuba, crise essa enfrentada pelo governo do Presidente Kennedy.
O filme nos brinda com ótimos momentos como, por exemplo, o início intrigante, o roubo dos documentos, a morte de Juanita, a tortura de espiões cubanos, ou o almoço dos agentes franceses.
O elenco está muito bem, com atuações marcantes como as apresentadas por John Vernon, Karin Dor, Frederick Stafford e John Forsythe. Mesmo com pouco tempo de tela, merecem ser citadas, ainda, as participações de Michel Piccoli e Philippe Noiret.
Em suma, "Topázio" é CERTAMENTE um filme menor de Hitchcock, para alguns ou muitos uma obra ruim mesmo, se comparado à qualidade dos melhores títulos da filmografia do Mestre Do Suspense. Mas, não menos INTERESSANTE se tivermos a devida calma e paciência em procurar a apreciar esse esforço do diretor.
Ghost: Do Outro Lado da Vida
3.6 1,6K Assista AgoraMelodrama romântico com TODOS os artifícios a que tem direito, "Ghost - Do Outro Lado Da Vida" supera as demais obras semelhantes por dosar os fatores necessários para se encaixar no gênero tão amado pela audiência. O amor intenso do casal protagonista é o que IMPULSIONA a história e ENVOLVE-NOS, ainda que Whoopi Goldberg, no papel da médium charlatã Oda Mae, também se prove EXCEPCIONAL como alívio cômico. A ÓTIMA amarração destes pontos adversos: romance - drama - suspense e comédia é o que faz o filme MERECER SER VISTO.
São muitos os elementos que ETERNIZAM "Ghost" na nossa memória - amantes de um bom romance - mas, dois deles são ainda superiores. A música 'Unchained Melody' é o primeiro, mantendo-se sempre associada ao filme, seguida da cena clássica do casal moldando vasos, em uma das imagens mais replicadas do cinema.
Recomendadíssimo! Vale a Viagem!
Memórias de um Assassino
4.2 366 Assista Agora"Memórias De Um Assassino" é uma das MAIORES jóias do cinema sul-coreano. A película revela o primoroso trabalho de Bong Jun-ho, um realizador festejado e tido como gênio do cinema asiático. O longa opõe dois policiais de métodos extremamente opostos na caçada de um serial-killer numa região agrícola da Coréia do Sul, que está passando por profundas mudanças com a chegada do progresso industrial. Um deles é um investigador da cidade, com formação e cultura modernas, o outro é um inspetor local, que acredita ser capaz de descobrir um culpado olhando-o nos olhos. O homem do progresso sugere uma nova perspectiva e atitude, opondo os seus métodos científicos à 'intuição infalível' do policial local. Isso torna o convívio da dupla tenso e a um nível quase intolerável, quando os membros da polícia recorrem a dada altura, aos préstimos de um 'médium' para descobrir o assassino.
Para desespero de todos, as mulheres continuam a morrer e nem mesmo o milagre do inspetor da cidade parece ajudar na captura do culpado. O assassino pode estar escondido em qualquer lugar, numa vala, num túnel abandonado, agachado sob a plantação, esperando a hora certa de atacar de novo. O filme é baseado num caso real e É INTRIGANTE PELA FORMA COMO CONSTRÓI ESSE ESTADO DE HORROR.
Em Boa Companhia
2.9 140Está aqui uma comédia romântica bem acima da média, dirigida pelo mesmo Paul Weltz, de 'Um Grande Garoto'. "Em Boa Companhia" reforça os elementos que já são a marca deste diretor: tons agridoce, num equilibrado registro de comédia, e uma considerável atenção às personagens. O filme enfoca a tensa relação entre Dan Foreman (Dennis Quaid - Bom!), o chefe de publicidade de uma revista, e um jovem com cerca de metade da sua idade (Topher Grace - Ótimo!) que repentinamente o substitui em seu cargo. O longa proporciona uma abordagem MADURA a questões como a crise de valores, o desemprego e o quotidiano da vida empresarial. Scarlett Johansson (Linda e Talentosa!) cumpre o seu papel interpretando a filha do personagem de Quaid, que inicia uma relação amorosa com o chefe do pai.
Em suma, "Em Boa Companhia" é uma comédia daquelas que agradam pela sua simplicidade - um humor leve, bons personagens e um bom trabalho por parte de Paul Weitz, que escalou, escreveu e dirigiu.
P. S. - "Em Boa Companhia" parece um filme simples, mas, a produção teve apenas cinco dias para filmar externas em Nova York. A dificuldade maior foram as cenas em que Quaid participa de uma partida de basquete e que Scarlett joga tênis. Nenhum dos dois são bons no esporte e no filme fazem parecer.
Psicose
4.4 2,5K Assista Agora"Não é Que Minha Mãe Seja Uma Maníaca. Ela Só Fica Um Pouco Zangada Às Vezes."
O CINEMA DE TERROR AMERICANO NUNCA MAIS FOI O MESMO DEPOIS DE "PSICOSE"!
A secretária Marion Crane resolve roubar 40 mil dólares da imobiliária em que trabalha e fugir em busca de uma vida melhor. Durante a fuga, ela acaba enfrentando uma forte tempestade na estrada, o que faz errar o caminho e chegar a um velho hotel. Norman Bates é o administrador atencioso do local e nutre um imenso respeito e amor por sua mãe. Impressionada com a simpatia do rapaz, Marion decide passar a noite ali e ainda aceita o convite para um lanche. O perigo, no entanto, pairava sobre a vida da secretária sem que ela soubesse: depois de uma briga entre mãe e filho, Marion é esfaqueada durante o banho.
A cena do assassinato no chuveiro é provavelmente a mais emblemática da história das telonas até hoje. Ao falarmos de "PSICOSE", automaticamente lembramos da trilha sonora de Bernard Hermann que acompanha as facadas sofridas pela personagem de Janet Leigh, mais uma das musas Loiras do diretor. Mas, a QUALIDADE de "PSICOSE" vai além, e Hitchcock traz um filme com doses explícitas de tensão e suspense. A direção competente se reflete em especial nas expressões dos atores (Anthony Perkins brilha como o excêntrico Norman Bates), que servem de fio condutor para a perturbadora narrativa.
A película tem também como ponto alto a surpreendente troca de protagonista no meio do longa. O uso do recurso prova a genialidade do Mestre, que durante todo filme aposta em reviravoltas para manter-nos atento até o desfecho final.
Enfim, É ICÔNICO! É ETERNO! É OBRIGATÓRIO! É RECOMENDADÍSSIMO! E VALE, POR DEMAIS, A VIAGEM!
Hitchcock
3.7 1,1K Assista AgoraEm "Hitchcock", acompanhamos de maneira ficcional os bastidores da obra que se tornou a mais famosa do mestre do suspense: Psicose. Só que, ousando ir além, a película ainda explora as angústias e obsessões do diretor naquele conturbado período de sua carreira, e tenta sintetizar o relacionamento dele com a esposa Alma Reville, que foi uma peça FUNDAMENTAL para o êxito profissional do marido.
A semelhança dos personagens foi um fator perseguido com tenacidade pela produção, e o resultado mostrou-se EFICIENTE. Anthony Hopkins, sem palavras, está ótimo como Hitchcock - mesmo debaixo de uma elaborada maquiagem. Scarlett Johansson e James D'Arcy também ficaram muito parecidos com Janet Leigh e Anthony Perkins (astros centrais de "Psicose"), e NÃO decepcionaram com suas interpretações. No elenco temos ainda as ótimas participações de Michael Sthuhlbarg, como o dedicado empresário Lew Wasserman, e Helen Mirren, como a tolerante esposa Alma - o trabalho meticuloso da atriz britânica é destaque na obra.
Embora o conflito criado entre Hitchcock e sua esposa seja supérfluo e exagerado (o ciúme, o regime e a falta de afeição), ele serve a um propósito: tirar o diretor de sua zona de conforto, o que fatidicamente intensifica a pressão enfrentada naqueles dias de filmagens. Cobranças vinham de todos os lados. Sua batalha com a censura, por exemplo, envolvia uma absurda discussão sobre o vaso sanitário em que a personagem Marion elimina evidências: aparentemente isto nunca havia sido filmado antes, "e ainda mais dando descarga" - absurdos puritanistas dos EUA nos anos sessenta.
Os demais elementos abordados revelam-se instigantes, ainda que modelados por muita licença poética. Temos uma interessante análise da fixação de Hitchcock por suas protagonistas (sempre loiras, belíssimas e misteriosas), e também toda a audácia do diretor que, mesmo depois de um grande sucesso como "Intriga Internacional", teve de produzir "Psicose" de maneira independente (um verdadeiro papelão orquestrado pela Paramount). Suas conversas ilusórias com Ed Gein fazem de ambos deturpados amigos compreensivos, e a montagem simbólica das filmagens e cenas históricas é um prato cheio para os admiradores do mestre, como eu. Enfim, elementos que dão profundidade dramática ao homem de aparência inabalável, aproximando-o assim do público.
Em suma: "Hitchcok" consegue, de maneira agradável, homenagear quatro importantes ícones do cinema mundial: o primeiro foi o assassino Ed Gein, pois sem ele não existiriam Norman Bates. Em seguida vem a digna glorificação de Alma Riville, uma parceira multifuncional que acertava arestas de roteiros e dirigia quando necessário - a famosa cena da escada foi conduzida por ela. Em terceiro, temos uma convincente personificação de Hitchcock, com seus defeitos e qualidades expostos honestamente. E por fim, aquele que é considerado um dos maiores clássicos do cinema de horror e mistério: "Psicose" - Que vale muito a pena conferir!
Lenda Urbana 3: A Vingança de Mary
2.1 260 Assista Agora"Lenda Urbana 3: A Vingança de Mary" é um equívoco cinematográfico! Quase nada funciona, diverte ou entretem. A única justificativa, no meu entender, para a realização de tal produção é lucrar em cima da franquia. Esquecível! Esquecível! Esquecível!
Lenda Urbana 2
2.4 328 Assista Agora"Lenda Urbana 2" é um longa MEDIANO ao extremo e não merece possuir este título, levando em consideração a falta de ligação com os acontecimentos de seu filme original.
A trama, que outrora era consistente e nem tanto original, aqui transformou-se em uma grande besteira e insulto a nossa inteligência. Tudo o que está na tela não funciona, do diretor sem criatividade, do roteiro mal feito, das interpretações superficiais e da total falta de clima. Não existe tensão muito menos suspense.
Os personagens e o clima totalmente falho e sem criatividade apenas prejudicam a nossa aceitação. E uma participação de Rebecca Gayheart, uma importante personagem do filme anterior rebaixa ainda mais o nível do absurdo e do ridículo deste longa. Uma pena...